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sábado, 27 de março de 2010

CHUVA SUPERIOR A 100 MILÍMETROS CAUSA ESTRAGOS EM SANTA CATARINA

Na última postagem, havíamos comentado sobre os altos acumulados de chuva apresentados durante a terça e quarta-feira no Vale do Itajai, Grande Florianópolis e Norte do Estado. Pois é, na quinta-feira a área de chuva intensa migrou mais para sul, causando muitos estragos. Para se ter uma idéia, nas últimas 72 horas, choveu 211,6 milímetros em Timbé do Sul. De acordo com o CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) a média de chuva mensal para março na cidade é de 170 a 190 milímetros, ou seja, em 72 horas choveu mais que o esperado para o mês inteiro!

Abaixo, veja os acumulados de precipitação em 72 horas, bem como os efeitos dessa forte chuva sobre o Estado:

PLANALTO SUL:

Urubici116,0mm
Lages85,8mm

Alagamento em Lages

Em Lages, a chuva forte de 69,9 milímetros em 6 horas, fez o rio Cahará que corta a cidade transbordar, alagando as regiões próximas, sobretudo na região central. Ainda após a chuva, os alagamentos ainda perduravam. 

SUL:

Timbé do Sul211,6mm
Siderópolis118,2mm
Jacinto Machado109,7mm
Nova Veneza106,2mm
Turvo101,2mm
Criciúma97,6mm

Destruição de rodovia em Nova Veneza

Enchente em Jacinto Machado

No município de Nova veneza a chuva, que foi mais intensa na quinta-feira, provocou um acumulado de 106,2mm. Em virtude disso ocorreram alagamentos, deslizamentos de terra, interrupção de rodovias e queda de pontes. Em Jacinto Machado, a chuva contínua que desde a quinta-feira já soma 109,7 milímetros, causou aumento do nível do rio da Pedra e provocou alagamentos e isolamento de parte da cidade. 

GRANDE FLORIANÓPOLIS:

Florianópolis102,8mm
Antônio Carlos87,8mm
São José58,2mm


Queda de ponte em São José

Os estragos e a maior quantidade de chuva se deram na noite de quinta-feira, quando um intenso temporal provocou acumulados significativos nas estações meteorológicas da região. Em São José, onde choveu 58,2mm, houve queda de uma ponte. Em Antônio Carlos, chegou a chover 87,8 milímetros em apenas 3 horas de duração! Veja na imagem do radar meteorológico localizado no Morro da Igreja, a chuva forte na região, estimada em 45 milímetros por hora!

O motivo para tanta chuva é o já comentado aqui no blog, previsto pelos centros de previsão. Entre quinta e sexta-feira, o cavado (área alongada de baixa pressão) que estava no leste catarinense acabou evoluindo para um sistema de baixa pressão com circulação de ventos fechada. Essa conversão se deve ao Vórtice Ciclônico, que é um sistema de baixa pressão lá no alto da troposfera, o qual nesse caso encontrava-se a 5km de altitudo sobre o oeste da região sul do Brasil. Todas essas condições somadas ao ingresso de umidade marítima, foram cruciais para a forte chuva que estrapolou os 100mm. 

Neste sábado, o vórtice ciclônico perdeu um pouco de sua configuração, refletindo na superfície e causando a conversão do sistema de baixa pressão de volta para um cavado. Para o domingo, de acordo com o CPTEC/INPE, a tendência é que o vórtice ciclônico ganhe força em altitude, fazendo com que em baixos níveis da troposfera os ventos úmidos e quentes da Amazônia se alinhem com nosso Estado. Com isso, espera-se muita chuva ainda no domingo e início da semana. Mais informações em breve.

DADOS: CPTEC/INPE, INMET, EPAGRI-CIRAM, DIÁRIO CATARINENSE, PORTAL ENGEPLUS, PORTAL VENEZA.

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quarta-feira, 24 de março de 2010

CHUVA INTENSA JÁ PROVOCA ALAGAMENTOS E SUBIDA DOS RIOS EM SC

Já há alagamentos em Ilhota e Camboriu


As últimas horas foram de tempo instável e chuvoso em Santa Catarina, sobretudo no Vale do Itajai , Grande Florianópolis e norte catarinense. De acordo com a defesa civil, já há alagamentos pelo Estado. Em Ilhota, como mostra a foto acima, a tubulação não aguentou a força das águas, provocando alagamentos. A prefeitura pretende decretar situação de emergência. Em Camboriu também houve pontos de alagamentos em três regiões da cidade. O radar meteorológico do Morro da Igreja, estimou uma precipitação de 10 a 20 milímetros por hora pela manhã.

De acordo com as estações do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (CIRAM), o maior acumulado até agora foi em José Boiteux, com 104, 8 milímetros nas últimas 24 horas, seguida de Rio do Oeste com 82,4mm. Foram registrados acumulados significativos em outras cidades, com excessão do sul catarinense. Veja:

José Boiteux

104,8mm
Rio do Oeste

82,4mm

Apiúna81,0mm

Rio do Campo

62,2mm
Itajai
61,4mm

Indaial

59,8mm
Aurora
56,1mm
Ibirama50,0mm
Blumenau41,4mm
Antônio Carlos31,4mm
São José24,7mm
Joinville19,2mm
Anitápolis18,9mm
Florianópolis14,9mm
Laguna11,2mm

O motivo para tanta chuva é ilustrado abaixo:


Os traços pretos sobre o leste catarinense representam um cavado, que é uma área alongada de baixa pressão, ou seja, onde o ar sobe e há a formação de nuvens e chuva. Além disso temos outro sistema de baixa pressão, só que a 5km de altitude, denominado Vórtice Ciclônico (VC) entre o sul do Paraguai e oeste do RS, que acelera a subida do ar e a chegada de umidade marítima sobre o leste de SC.

Segundo o CPTEC/INPE e EPAGRI-CIRAM, a tendência é que a chuva continue e fique mais intensa amanhã e sexta-feira, quando haverá a formação de um sistema de baixa pressão em superfície a leste do nosso litoral, o que reforçará a convergência de umidade vinda do oceano. Os acumulados podem variar entre 50 a 70 milímetros até o domingo, o que somado ao que já choveu, pode causar transtornos para quem mora em regiões de risco.

DADOS: CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, INMET, DEFESA CIVIL, A NOTÍCIA.

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domingo, 21 de março de 2010

FRENTE FRIA " EXPLOSIVA" NO SUL DO BRASIL

A imagem de satélite acima, registrada pelo satélite GOES-12 as 23h da noite deste domingo impressiona. Uma verdadeira explosão de convecção está sobre o território gaúcho, com nuvens de forte desenvolvimento vertical, tendo topos frios com uma temperatura de -80 (cor rosa) a -100ºC (cor branca). O sistema é uma frente fria de forte intensidade, acompanhada de um centro de baixa pressão frio em processo de intensificação. 

A tendência, segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos - CPTEC, é que a frente fria provoque temporais em Santa Catarina nessa segunda-feira. No oeste, meio-oeste e toda a divisa com o RS a chuva começa pela manhã. Nas demais áreas a mudança no tempo ocorre a tarde. Risco de chuva moderada a forte em alguns pontos, com altos acumulados em pouco tempo.

Acompanhe o deslocamento da frente fria pela animação de satélite no lado direito da página do blog Paulo Tempo.

DADOS: CPTEC/INPE, INMET, MASTER

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sábado, 20 de março de 2010

INSTABILIDADES VÃO EMBORA E SÓ RESTAM OS NEVOEIROS EM SC


Acima, mediante o mapa de precipitação do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos - CPTEC, você pode conferir onde e quanto choveu neste primeiro dia de outono em Santa Catarina. Note que no oeste, bem na divisa com o RS o acumulado de precipitação chegou aos 25 milímetros, o que não chega a ser tanto. No restante do Estado catarinense, a chuva ficou entre 1 e 20mm.

A chuva veio acompanhada de temporal em algumas regiões catarinenses, como vê-se na imagem de satélite acima, das 9h local, mostrando nuvens com desenvolvimento vertical do oeste ao planalto sul. Em São Miguel do Oeste, por volta das 7 horas da manhã deste domingo, um intenso temporal com ventos de até 55,8km/h, despejou na cidade 16,4 milímetros de chuva. Logo mais tarde, as 10h, foi a vez de Joaçaba, onde choveu 11,8mm, não tendo vento forte. 

Nas demais áreas, de acordo com o Centro de Informações de Recurso Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina - CIRAM, também houve chuva considerável. Os acumulados foram de: 

Turvo

30,4mm
Jacinto Machado

27,0mm

Ponte Alta24,0mm

Lages 

22,6mm
São Joaquim
20,9mm

Timbé do Sul

 17,0mm
Siderópolis
15,8mm
Joinville13,5mm
Campo Belo do Sul8,2mm

Pela imagem do radar do Morro da Igreja, das 10 horas da manhã de hoje, podemos notar pelas cores vermelhas, a intensidade da chuva entre o planalto sul e sul catarinense hoje. Em alguns pontos chegou a chover entre 15 e 20 milímetris por hora. Veja:

Esse tempo mais encoberto e chuvoso em Santa Catarina foi provocado por um cavado (área de baixa pressão alongada) nos médios níveis da troposfera, algo em torno de 5km de altitude. esse sistema esteve aliado ao Jato de Baixos Níveis, que transporta umidade e calor da floresta amazônica para a região Sul do Brasil. 

Durante esta noite as nuvens carregadas do cavado se deslocaram para o oceano e assim o céu ficou mais limpo em Santa Catarina. Como ainda há bastante umidade no ar e a temperatura baixou um pouco, temos a formação de nevoeiros no Estado, evidenciado pela imagem abaixo onde os pontos em azul representam os nevoeiros.

Segundo a EPAGRI-CIRAM e CPTEC/INPE, a tendência é que tenhamos um domingo e segunda-feira de sol em Santa Catarina, porém com chance de pancadas de chuva com trovoadas no fim da tarde devido ainda ao ingresso de umidade e calor da amazônia. Risco de temporal isolado, principalmente do oeste ao planalto norte. 

DADOS: CPTEC/INPE, INMET, EPAGRI-CIRAM

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sexta-feira, 19 de março de 2010

INGRESSO DE UMIDADE E CALOR DA AMAZÔNIA EM SC

Essa sexta-feira foi um dia de sol e calor em Santa Catarina. Como estamos com um forte ingresso de umidade e calor vindos da Amazônia, através do Jato de Baixos Níveis - JBN, que é um uma corrente de fortes ventos em torno de 2km de altitude, as temperaturas se mantém mais altas inclusive durante a noite, com sensação de abafamento. Para se ter uma idéia, agora pouco as 22h fazia 25ºC no aeroporto Hercílio Luz em Florianópolis. 

No mapa abaixo, retirado do modelo de previsão Eta, vemos as linhas de corrente (ventos) em 850 hPa, ou seja baixa troposfera, porém não na superfície e sim a 2km de altitude. Pode-se notar ventos de noroeste chegando até a região sul do Brasil, caracterizando o JBN.

Confira na tabela abaixo os valores máximos de temperatura registrados hoje em Santa Catarina:

Caibi

33,7ºC
Abdon Batista

31,0ºC

Joinville 30,0ºC

Florianópolis

 29,0ºC
Dionísio Cerqueira
28,9ºC

Itajai 

 28,4ºC
Itapoá
28,4ºC
Campo Belo do Sul
27,1ºC

Na Grande Florianópolis e algumas áreas do litoral norte houve pancadas de chuva no início da manhã, provocadas pelas nuvens do tipo Cumulus Congestus, que são aquelas nuvens gigantes e com o topo brilhante no céu, lembrando um grande couve-flor. Essas não provocam granizo, trovoadas e tornados, porém há bastante água precipitável dentro delas. De acordo com o CIRAM, houve acumulado de chuva de 5,8mm (milímetros) em Itajai e 4,4mm em Florianópolis.

Na imagem de satélite abaixo, no horário das 23h de hoje, nota-se já nuvens com um desenvolvimento vertical mais evoluído em SC, porém ainda fraco. Isso pode ser evidenciado pela cor vermelha, indicando que o topo das nuvens estão com uma temperatura de -30ºC.

Isso se deve ao Jato de Baixos Níveis e também um cavado (área de baixa pressão alongada) nos médios níveis da troposfera, a uma altitude de 5km. De acordo com o CPTEC/INPE e EPAGRI/CIRAM, esses sistemas irão ditar o tempo neste primeiro fim de semana de outono em Santa Catarina. Por isso há chance de pancadas de chuva associadas a temporais em SC amanhã, domingo e segunda-feira.

DADOS: CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, REDEMET, INMET

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terça-feira, 16 de março de 2010

EFEITOS DA CIRCULAÇÃO MARÍTIMA

Observe abaixo, a imagem do satélite GOES-12 no canal visível das 10 horas da manhã de hoje (local):

Note que há poucas nuvens em Santa Catarina. Isso se deve ao centro de alta pressão da massa de ar frio (letra A) está localizado no continente sobre o litoral norte da Argentina, próximo do sul uruguaio, sendo assim possuindo características secas, ou seja, uma massa de ar frio e seco. Agora olhe a imagem de satélite no mesmo canal, porém no horário das 16h local:

Observe que a nebulosidade baixa do tipo Stratus e Stratocumulus aumentou significativamente sobre o leste de Santa Catarina, deixando até o céu nublado. O motivo disso é o deslocamento daquele centro de alta pressão para leste, ficando sobre o oceano. Essa configuração torna esse sistema úmido, pois está sobre uma superfície líquida. Consequentemente seus ventos advectarão umidade do oceano para o continente, o que chamamos de Circulação Marítima.

Como anunciado na postagem de ontem, as temperaturas sofreriam uma queda nas mínimas em Santa Catarina. O frio de outono hoje, obviamente, foi mais sentido na região serrana. Em São Joaquim, a cidade mais fria do Brasil, obteve-se a menor temperatura dessa madrugada no Estado: 8,6ºC na Vila Francioni. As outras menores mínimas em território catarinense foram de 10,2ºC em Urupema e 11,1ºC em Caçador.

De acordo com o CPTEC/INPE e EPAGRI-CIRAM, os próximos três dias devem ser de sol e calor em Santa Catarina, porém sempre com temperaturas mais amenas ao amanhecer. No litoral norte pode haver mais nuvens baixas. No sábado, uma frente fria muda o tempo no Estado.

DADOS: CPTEC/INPE, INMET, EPAGRI-CIRAM, CLIMATERRA.

segunda-feira, 15 de março de 2010

INTENSO CICLONE EXTRATROPICAL PRÓXIMO DAS ILHAS MALVINAS IMPULSSIONA AR MAIS FRIO PARA SC

Na imagem do satélite GOES-12 no canal infravermelho colorido acima, mostra-se bem o estado da atmosfera nese exato momento. Temos um intenso ciclone extratropical ao sul do Atlântico (letra B) com pressão mínima de 969 hPa (Hectopascal). Esse sistema durante as últimas horas tem favorecido a entrada de ar frio subantártico para a América do Sul, formando um sistema de alta pressão sobre a Argentina, também ilustrado na imagem acima (letra A). O sistema possui pressão central de 1020 hPa. Essa enorme diferença de pressão atmosférica entre o ciclone e a alta pressão, tem causado ventos fortes de quase 100km/h no sul da Argentina. Para se ter uma idéia, de acordo com dados de Metar, na região as províncias de Ushuaia e Rio Grande estão registrando agora rajadas de vento de 81 e 72km/h, respectivamente. 


Sobre o oceano nota-se na imagem de satélite nuvens do tipo célula aberta, indicando que o ar mais frio está passando por uma superfície líquida mais aquecida. Com a entrada desse ar frio, muitas cidades, inclusive do norte da Argentina tem sentido frio. Em Buenos Aires, por exemplo, a temperatura agora é de 18ºC. Em Mar del Plata, litoral norte argentino, faz apenas 11ºC neste momento. E o ar mais frio não se limita a essas regiões não! Ele chegou já no sul do Brasil. No momento faz 14ºC em Pelotas e 15ºC em Porto Alegre, ambas no RS.

Em Santa Catarina, os moradores das regiões litorâneas já puderam ter uma sensação de mais frio em virtude do vento de sul a sudeste soprando. Na capital catarinense as rajadas já chegam a 27km/h nesta noite. Na região serrana já faz frio de outono! As 03h UTC, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia - INMET, fazia 11,7ºC em São Joaquim! No norte do Estado ainda predomina um ar mais aquecido, mesmo no período noturno.

Com o ingresso desse sistema de alta pressão frio, a pressão atmosférica já obteve um considerável aumento nas últimas 12 horas. Em São José a estação do INMET já tem pressão de 1017,3 hPa, sendo que no início do dia ela esgtava abaixo dos 1010 hPa ! Veja no gráfico abaixo, a variação da pressão na estação.

Para a terça-feira a previsão é que o centro de alta pressão da massa de ar frio que se encontra no litoral norte argentino, se desloque para leste e estimule o transporte de umidade do oceano para o litoral de Santa Catarina mediante os ventos de sudeste. Por isso o dia deve intercalar com muitas nuvens baixas (stratus e Stratocumulus) e sol com calor. O frio se faz presente na serra pela manhã, com mínimas de 10 a 12ºC. Nas demais áreas, noite amena. Há chance de chuvas isoladas no início e fim do dia no litoral norte catarinense, segundo a Epagri-Ciram. 

DADOS: CPTEC/INPE, INMET, EPAGRI-CIRAM, ALLMETSAT.

domingo, 14 de março de 2010

UM DOMINGO DE EXPERIÊNCIAS

Hoje, domingo dia 14 de março de 2010, foi um dia de experiências para eu (Paulo Ricardo Hames) e meu amigo do curso técnico de meteorologia do Instituto Federal Santa Catarina Piter Rafael Scheuer. Somos dois amantes dessa ciência maravilhosa, a ciência atmosférica. 

Bom vamos a experiência. Queriamos há algum tempo encontrar um meio de medir a temperatura há alguns metros do chão. Isso é feito todos os dias nos aeroportos do mundo inteiro, por meio de um balão de gás hélio ou hidrogênio, acompanhado de uma radiossonda, a qual mede as variáveis meteorológicas (temperatura, pressão atmosférica, etc) ao longo da camada troposférica, chegando até o topo da mesma, dependendo das condições do dia. Sabemos que a temperatura e a pressão atmosférica diminuem com a altitude. Em nosso caso o que nos interessa no momento é a temperatura. 

De acordo com Comando da Aeronáutica, as observações tem que ser feitas as 00h e 12h UTC (-3 horas no Brasil), sendo que o balão deve ser lançado 30 minutos antes, para que esteja pelo menos acima já do nível de 500 hPa (5km de altitude) no horário prescrito.Em nossa experiência, não realizamos no horário padrão, sendo feita por volta das 15h local. Para tal, usamos uma pipa, daquelas em formato de morcego bem resistentes e um termometro de mínima e máxima analógico, também chamado de termometro de Six. O instrumento consite dois termômetros de mercúrio e álcool em um só, como mostra a figura abaixo:

O lado esquerdo mede a temperatura mínima, mediante aquele filete azul, sendo o mesmo procedimento para o lado direito onde se dá a máxima temperatura.

Confira abaixo o vídeo com o vôo de nosso "morcego sonda". 




A experiência foi realizada no bairro Campeche em Florianópolis, sob a condição de céu nublado a encoberto (nuvens altostratus e altocumulus com asperatus). Foi utilizado na pipa uma linhaa de anzol de 100 metros de comprimento, para melhor resistência. Como a pipa fica inclinada, esse valor reduziu-se para em torno de 90 metros. Em superfície foi verificada uma temperatura de 26,5ºC. Após a pipa ter subido, deixamos-a um pouco em altitude e depois capturamos-a. A temperatura mínima observada a 90 metros foi de 23,5ºC, ou seja, 3ºC de variação em relação a superfície. Analisando a radiossondagem do aeroporto de Florianópolis as 12h UTC, nota-se uma temperatura a 5 metros de 26,0ºC, contra 24,6ºC a uma altura de 58 metros, ou seja, variação de 1,4ºC em 53 metros. Veja:

Mediante a essa comparação com os dados do aeroporto, pode-se afirmar que nossa experiência se mostrou coerente. Porém vamos arriscar mais. No próximo domingo tentaremos com uma linha superior a 200 metros. Você acompanha tudo aqui no blog. Até lá!

DADOS: REDEMET, CPTEC/INPE

CAVADO ESTIMULA FORMAÇÃO DE NUVENS CARREGADAS EM SC

Vento chegou a 85,6km/h em Novo Horizonte

Como mencionado na postagem de sexta-feira, um cavado (área de baixa pressão alongada) nos médios níveis da troposfera se deslocou ontem (sábado) pela Argentina e Paraguai, chegando até Santa Catarina. O sistema estimulou o ingresso de umidade e calor da amazônia para SC e a subida desse ar quente e úmido sobre o Estado, consequentemente gerando nuvens carregadas. Provocou chuvas fortes no oeste e meio-oeste durante a tarde. No entanto uma segunda perturbação atmosférica no mesmo nível de altitude do cavado, também auxiliada pela umidade da amazônia, acabou instabilizando a atmosfera sobre o leste catarinense, formando um poderoso núcleo convectivo, o qual neste momento, nas primeiras horas de domingo, ainda dá o ar de sua graça.

Pelas imagens do radar do Morro da Igreja, operado pela Aeronáutica, você consegue notar as áreas de chuva forte em vermelho, indicando em torno de 30 a 40 milímetros por hora (estimado) nos horários das 23:30h e 00:00h:

Os destaques do dia foram Itajai, onde agora pouco desabaram 19,5 milímetros de chuva em menos de uma hora. A temperatura na cidade que antes era de 26,9ºC, caiu para 22,0ºC após o temporal. O vento chegou a 57,1km/h. Na capital catarinense, a temperatura antes da tempestade era de 26,7ºC, caindo para 22,8ºC após ela. Sobre o oeste de SC, a cidade onde choveu mais foi Novo Horizonte, cuja qual obteve 19,2 milímetros de precipitação em pouco tempo, sendo que o vento forte na hora do evento alcançou os 85,6km/h.

De acordo com as estações automáticas do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (CIRAM), o acumulado de chuva durante os temporais hoje em SC foram de:

Novo Horizonte

19,5mm
Itajai

19,2mm

Videira

 14,8mm
Joaçaba 
13,5mm

Caibi

 13,2mm
Campos Novos
12,4mm
Curitibanos
11,8mm
Itá
11,0mm
Anitápolis
10,3mm
Antõnio Carlos
10,0mm
Florianópolis - Itacorubi
9,4mm
Celso Ramos
8,8mm
Laguna 
8,7mm
Florianópoliss - Casan
8,6mm
Siderópolis
5,4mm

Abaxo você confere uma animação das imagens do satélite GOES-12 no canal infravermelho realçado, mostrando a entrada das instabilidades provocadas pelo cavado em Santa Catarina. Note o forte crescimento e intensidade do núcleo formado na Grande Florianópolis.



De acordo a Epagri-Ciram e Cptec/Inpe, o cavado em médios níveis da troposfera aliado a umidade e calor vindos da floresta amazônica devem favorecer um domingo com muitas nuvens e chuva em Santa Catarina, que pode ser localmente forte. Na segunda-feira o tempo volta a melhor e as temperaturas ultrapassam os 30ºC.

DADOS: CPTEC/INPE, INMET, EPAGRI-CIRAM, REDEMET

sexta-feira, 12 de março de 2010

TEMPESTADE TROPICAL FOI BATIZADA COMO ANITA

Apesar de não ter causado danos maiores ao continente, tendo apenas formação de instabilidades isoladas associadas ao seu giro ciclônico e ressaca nas praias, a tempestade tropical que se formou sobre as águas do Oceano Atlântico sul a não mais que 200km da costa sul do Brasil, foi sem sombra de dúvida um fenômeno a ser estudado em virtude de sua raridade, sendo apenas ela e o furacão Catarina registrados até hoje sobre essa área do mundo. 


Hoje a tempestade foi nomeada Anita, em homenagem a Anita Garibaldi, que marcou a história de SC e RS. A escolha foi feita pelos centros regionais de meteorologia dos dois estados, são eles: Epagri-Ciram (SC), Metsul Meteorologia (RS), RBS Meteorologia (RS e SC), Climaterra (SC), Atmosfera Meteorologia (RS) e Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Rural de SC.

A tendência é que amanhã um cavado, área alongada de baixa pressão, se desloque pela Argentina e Paraguai, influenciando o oeste e meio-oeste de Santa Catarina com formação de instabilidades e chuva associada a temporais isolados.

DADOS: CPTEC/INPE, NEXSAT, METSUL

quinta-feira, 11 de março de 2010

O ROMANCE DOS CICLONES

Viu a imagem de satélite acima? Notou algo diferente? O ciclone tropical (tempestade tropical), segundo no Atlântico sul desde o Catarina em 2004, se encontra em alto mar a mais ou menos 800 quilômetros da costa sul do RS na tarde de hoje. Porém o curioso é que no mesmo horário aparecia outro ciclone ao sul desse, porém de natureza extratropical, o que estamos acostumados a presenciar. Note que um parece visualmente interagir com o outro. Segundo a Metsul Meteorologia, isso talvez pode estar atribuído ao fenômeno conhecido como Efeito Fujiwhara, descoberto após a primeira guerra mundial pelo japonês Sakuhei Fujiwhara, chefe do escritório de meteorologia do Japão. O efeito é uma interação entre dois ciclones, não sendo necessário serem de diferentes naturezas.

Pela carta sinótica da Marinha, onde são descritos todos os sistemas atuantes no momento e suas pressões atmosféricas a superfície, podemos ver o ciclone extratropical com pressão de 996 hpa associado a frente fria a leste da Argentina e o ciclone tropical a leste do RS com pressão mínima de 1000 hPa.

O sistema, de acordo com a própria Metsul, a Epagri-Ciram e Cptec/Inpe já não oferece mais risco algum a costa sul do Brasil, até mesmo porque no dia de hoje ele se converteu para extratropical em virtude de a frente fria que entrou no RS ter causado entrada de ar frio dentro do mesmo. A imagem de satélite de agora mostra o sistema já bem deslocado em alto mar, mas com formação muito bonita. Veja:

Em Santa Catarina o dia foi de sol, porém com aumento de nuvens e algumas chuvas convectivas isoladas, provocadas por pequenas células de convecção. Na imagem de satélite podemos vê-las, dando destaque novamente e formação sobre a Grande Florianópolis (cor vermelha):

Por volta das 14:30 o céu começou a ser encoberto por nuvens de desenvolvimento vertical em Florianópolis, como mostra as fotos abaixo:

Chegou a chover um pouco na região, no entanto muito fraco, exceto em Anitápolis onde de acordo com o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina - CIRAM, choveu 15,2 milímetros. A estação do Ciram no bairro Itacorubi em Florianópolis acumulou apenas 0,6mm. Na estação do Instituto Nacional de Meteorologia - INMET em São José o pluviômetro totalizou 2,4mm de precipitação.

Para os próximos dias a previsão é que se mantenha essa condição, ou seja, sol em todo o Estado e chance de pancadas de chuva com trovoadas muito isoladas no leste e planalto sul em função da circulação do ciclone em alto mar. As temperaturas máximas devem tranquilamente ultrapassar os 30ºC. A excessão fica para o leste no sábado, que pode ter chuva mais intensa devido a um cavado invertido (área de baixa pressão) associado a Zona de Convergência do Atlântico Sul - ZCAS.

DADOS: CPTEC/INPE, INMET, EPAGRI-CIRAM, NEXSAT, NASA, METSUL

quarta-feira, 10 de março de 2010

ALÍVIO! TEMPESTADE TROPICAL EM DESLOCAMENTO PARA LESTE

A imagem acima é do satélite GOES-12 no canal visível das 14:45 UTC (-3 horas no Brasil). Note que o ciclone tropical, que não é um furacão mas sim uma tempestade tropical, estava com um formato bem característico de sistemas de tal configuração. Durante a última madrugada foi possível observar um olho no centro do sistema:

De acordo com NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), o ciclone tropical próximo da costa sul do Brasil está se deslocando para leste, sendo que entre o fim da manhã e início da tarde de hoje a tempestade avançou em torno de 1º de longitude para leste. Portanto os maiores problemas se encontram em alto mar. Na imagem de satélite de agora pode-se ver a localização do sistema, bem como a seta ilustrando a direção para a qual ele irá.

Agora pouco a Metsul Meteorologia, a qual merece meus sinceros elogios pela dedicação e monitoramento de primeira qualidade, publicou em seu blog o mapa da NOAA onde aparece a nossa tempestade tropical, sob o nome de Invest. Veja:

Durante esta noite, os ventos sustentados do ciclone aumentaram de 35 para 40 nós, o que equivale a 72km/h. Vale lembrar que as tempestades tropical possuem ventos entre 60 e 120km/h, sendo considerado furacão acima desse valor. 

Em Santa Catarina não houve maiores problemas. O dia amanheceu com sol e ventos de oeste, os quais associados a subsidência (ar descendo), estimularam o predominio do sol e calor durante a manhã, como mostra a foto abaixo tirada por mim em Florianópolis.

Contudo, a banda do ciclone novamente provocou a formação de um núcleo convectivo, que curiosamente foi novamente na Grande Florianópolis. Na região da capital a intensidade dele foi menor que o de ontem. No entanto dessa vez foi o interior da região que registrou os maiores volumes. Confira na imagem de radar abaixo, a estimativa de chuva no horário das 15:15h local. Note que em alguns pontos a cor é vermelho escuro, representando uma precipitação de 30 a 40 milímetros por hora.

Esse era o céu de Florianópolis na hora da chegada do núcleo:

De acordo com as estações meteorológicas automáticas do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina - CIRAM na região, choveu na tarde de hoje 10,4 milímetros em Antônio Carlos. No sul catarinense também houve pancadas de chuva isoladas, como em Siderópolis onde o pluviômetro acumulou 12,8 milímetros.

A quinta-feira deve ser de sol em todo o Estado catarinense, com chance de pancadas de chuva com trovoadas no fim da tarde no litoral devido ao calor e entrada de umidade marítima, proporcionada pelo ciclone tropical em alto mar. De acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos - CPTEC, o deslocamento de uma frente fria que chegará amanhã no sul do RS, deve favorecer a dissipação desse ciclone em virtude do ingresso de ar frio dentro do mesmo.

DADOS: CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, METSUL, NEXSAT, NOAA, REDEMET

terça-feira, 9 de março de 2010

OLHOS VOLTADOS A COSTA SUL DO BRASIL

Há alguns dias aqui no blog Paulo Tempo, você leitor viu sobre ciclone subtropical, que estava se formando na costa do sudeste e viria para sudoeste em direção a costa sul do Brasil. Pois é, dito cujo chegou e durante ontem e hoje obteve muito pouco deslocamento, ficando praticamente parado no dia de hoje. No entanto o que chama a atenção, é o informe do NCEP (National Centers for Environmental Prediction), que é o centro nacional de previsão de tempo lá dos Estados Unidos. Segundo o NCEP, o ciclone subtropical ao longo da orla sul do Brasil, o qual está com ventos sustentados entre 50 e 70km/h e  pressão de 1003 hPa (Hectopascal) em seu centro, poderia converter-se para um ciclone tropical (depressão tropical, tempestade tropical ou furacão) nas próximas 12 horas. Inclusive na imagem acima pode-se notar até um "olho" no centro do sistema. Um alerta a respeito disso está no site do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina - CIRAM. Clique aqui para ver o aviso

Ressalta-se que deve-se ter cautela, muita cautela, pois é uma possibilidade. Contudo o alerta sempre é bem vindo e indispensável.  Durante o dia de hoje, o ciclone subtropical provocou variação de nuvens. Em virtude de o centro desse sistema hoje ter se deslocado mais para fora da costa, sua banda de nuvens ficou sobre o litoral. Ao fim da tarde de hoje essa banda do ciclone estimulou a formação de um intenso núcleo convectivo sobre a Grande Florianópolis, o qual provocou um forte temporal na capital e cidades próximas. Havia muito vento, raios e chuva intensa. O nosso colaborador do blog Paulo Tempo Jhonatas registrou a entrada do núcleo na capital, com uma linda Shelf Cloud, ou nuvem de prateleira, resultado da condensação do ar quente que sai das nuvens de tempestade:

Outras fotos da tempestade, retiradas do blog De Olho No Tempo:

Autor: Ricardo Duarte

Autor: Ricardo Duarte

Autor: Daniel Conzi

Na imagem de satélite no canal realçado, mostra-se bem o núcleo convectivo, onde havia nuvens com topos frios de até -60ºC (azul claro). 

Na imagens do radar meteorológico do Morro da Igreja em Urubici, mostra na entrada do sistema intensa precipitação, tendo um ponto em vermelho mais escuro, indicando uma chuva estimada com intensidade de 40 milímetros por hora. Veja:

Na saída do núcleo, muita chuva no norte da ilha e região de Governador Celso Ramos e Biguaçú:

Na estação automática particular do colaborador do blog Paulo Tempo Piter Rafael Sheuer no bairro Campeche em Florianópolis, chegou a acumular 87,0 milímetros de chuva em pouco tempo, causando alagamentos pela região. Os ventos alcançaram os 37,8km/h. Outra estação particular localizada na Lagoa da Conceição acusou 22,9mm, porém o que chamou a atenção foi o vento de até 77,7km/h durante o temporal. Em minha estação no bairro Capoeiras, parte continental de Florianópolis, obtive apenas 5mm. A estação oficial do Ciram no bairro Itacorubi registrou 37,5 milímetros. Pela Grande Florianópolis os acumulados foram bem mais baixos, somando 2mm no INMET em São José e 1,5mm numa estação particular em Santo Amaro da Imperatriz.

Vamos aguardar o monitoramento feito pelos centros regionais e nacionais de previsão do tempo em conjunto com os principais centros do exterior em torno do atual ciclone subtropical sobre o oceano a leste da costa de SC e RS. Com isso dar informação mais precisa e concreta, não causando pânico, mas já advertindo sobre as chuvas intensas que devem ocorrer no sul catarinense, além da ressaca no litoral, em virtude dos ventos mais intensos na manhã dessa quarta-feira. 

DADOS: CPTEC/INPE, INMET, EPAGRI-CIRAM, METSUL, NEXSAT

FOTOS: DE OLHO NO TEMPO, JHONATAS

AGRADECIMENTOS: Ao colega Piter Rafael Sheuer pelos dados.