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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

CAVADO DEIXOU TEMPO INSTÁVEL E COM TEMPORAIS ISOLADOS EM SANTA CATARINA

No dia de ontem (domingo), instabilidades já se formavam sobre Santa Catarina, em virtude da presença de um cavado, que é um alongamento de uma área de baixa pressão. Na imagem de satélite de hoje as 10 horas da manhã, podemos observar esse sistema (traços pretos) atuando, além das nuvens formadas.


Como estávamos com declínio de pressão atmosférica, houve advecção de ar quente e úmido da floresta amazônica, a partir de ventos de noroeste a 1500 metros de altitude, chamados de Jato de Baixos Níveis (JBN). Consequentemente as temperaturas máximas subiram mais e alcançaram os 33,9ºC em Caibi, 33,3ºC em Urussanga, 33,2ºC em Criciúma, 33,0ºC em Chapecó, 32,5ºC em Concórdia, 32,1ºC em Abdon Batista e 32,0ºC em Indaial.

Por sua vez, o calor acabou gerando energia potencial disponível para o levantamento do ar sobre SC. Essa ascenção de ar quente e úmido foi estimulada e acelerada por correntes de vento forte a 10km de altitude, o Jato Subtropical. Na figura a seguir, observe que a parte norte do Jato já estava situada no centro-sul e leste catarinense.


As chuvas mais intensas associadas aos temporais do domingo se concentraram em pontos isolados do extremo oeste, planalto serrano, Vale do Itajai e Sul do Estado. Em Turvo, por exemplo, um temporal durante a noite acabou despejando 25mm de chuva. No município de Rio do Oeste, também no período noturno, a chuva chegou e deixou um acumulado de 22,2mm no pluviômetro da estação automática do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina). Sobre Canoinhas, o temporal foi tão isolado, que em uma parte da cidade choveu 33,6mm e na outra apenas 3,6mm! Em São Miguel do Oeste, além dos 15,8mm precipitados, houve rajada de vento de 61,5km/h.

Durante a segunda-feira, o cavado continuou gerando nuvens com desenvolvimento vertical e chuvas em forma de pancadas sobre o território catarinense. Uma delas ocorreu por volta das 21h sobre Lages. Durante 30 minutos de chuva, o pluviômetro do CIRAM acusou um acumulado de 33mm, causando enxurrada na cidade. Segundo a defesa civil, foram registrados estragos por queda de muro e alagamento nos bairros: Jardim Panorâmico, São Miguel, Sagrado Coração de Jesus, Passo Fundo, Dom Daniel, Guarujá, Conta Dinheiro, Beatriz e Frei Rogério.

Em Ibirama, localizado no Alto Vale do Itajaí, o temporal que iniciou-se as 20h, durou o bastante para acumular 39,5mm em pouco tempo. Na mesma região, choveu 36,2mm em Ituporanga e 26,8mm em Aurora. No litoral norte, Itajaí teve chuva forte

Já Timbé do Sul, no sul do estado, a chuva que começou com uma forte pancada, acabou se tornando contínua entre a metade da tarde e final da noite, tendo um total de 48,2mm. Também no sul do estado, o que impressionou foi Jacinto Machado, onde choveu incríveis 73,4mm entre o final da tarde e começo da noite. Olhando a imagen de satélite abaixo, podemos ver a linha de instabilidade sobre o sul e planalto sul catarinense. Veja:


Somando o total de chuva precipitada durante os temporais de domingo e da segunda-feira, teremos os seguintes valores registrados.

Cidade (ESTAÇÃO)Chuva (mm) entre 28 e 29/11
Urubici (CIRAM)116,3
Jacinto Machado (CIRAM)98,6
Lages (INMET)75,1
Timbé do Sul (CIRAM)67,8
Urupema (CIRAM)62,4
Urussanga (CIRAM)62,0

DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, CPTEC/INPE, MARINHA DO BRASIL, CORREIO LAGEANO

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

VÓRTICE CICLÔNICO PROVOCOU VENDAVAIS E GRANIZO EM SC

Postado dia 24, mas reeditado devido a informações novas

Como foi salientado no último post, estamos tendo um bloqueio atmosférico nessa semana sobre o sudeste do oceano Atlântico. O sistema frontal estacionário que estava no Uruguai na terça-feira, acabou recuando para o litoral argentino, motivado pelo bloqueio. Na noite de ontem, enquanto estava digitando a postagem, uma área de baixa pressão se formava no nordeste da Argentina e favorecia circulação de umidade. Algumas células convectivas geraram temporais isolados no oeste e meio-oeste catarinense, como em Alto Bela Vista, onde foi registrado queda de granizo, que provocou um prejuízo de 100% nas plantações de milho. Na foto abaixo, um servidor ajuda a retirar as pedras de granizo do asfalto.


Como em Alto Bela Vista não há estação meteorológica instalada, podemos pegar o município de Concórdia que fica próximo e que obteve 15mm de chuva durante aproximadamente 40 minutos de temporal. Na imagem de satélite abaixo, podemos ver a célula que convectiva que provocou o fenômeno. Note que a temperatura do topo das nuvens era de -40ºC, o que indica que esses topos chegavam até 8km de altitude.


Analisando a figura abaixo, percebemos que sobre o meio-oeste do estado, os indices de instabilidade K e Showalter estavam com valor de 35 e -1, respectivamente. Isso indica que a atmosfera estava suficiente úmida, com bastante variação vertical de temperatura e significativo levantamento do ar quente.


Nesta quarta-feira, a formação de um Vórtice Ciclônico (sistema de baixa pressão) entre 3000 e 5000 metros de altitude, estimulou a formação de nuvens com desenvolvimento vertical sobre o Sul do Brasil. Na imagem de satélite abaixo, note que essa nebulosidade cresce em forma de arco no leste do Vórtice Ciclônico (VC), o que é explicado pela maior ascenção do ar nessa borda dele.


Por volta das 19h, uma das células convectivas formadas pelo Vórtice Ciclônico, provocou um forte temporal em Caçador no meio-oeste catarinense, onde foi registrado um fenômeno chamado microexplosão, que é uma corrente muito forte de ar que desce das nuvens de tempestade e chegam com violência ao solo, onde se espalham para os lados causando as destruições. Na figura ilustrativa abaixo, podemos ter uma noção mais didática do que é uma microexplosão.


Com a foto abaixo tirada dos estragos em Caçador, podemos ver pelas setas elaboradas pelo CIRAM, que as árvores cairam praticamente para a mesma direção, característica comum em microexplosões.


Na imagem de satélite a seguir, é possível ver destacado a célula convectiva que estava sobre Caçador, que além da microexplosão, também causou chuvas com acumulado de até 16,7mm.


Além de Caçador, houve temporais também em outras cidades, como em Rio do Campo no Vale, com acumulado de precipitação de 21,4mm em menos de uma hora de duração. No leste do estado a chuva foi mais em forma de pancadas passageiras, sem descargas elétricas.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, DIÁRIO CATARINENSE

terça-feira, 23 de novembro de 2010

BLOQUEIO ATMOSFÉRICO NO ATLÂNTICO DIFICULTA DESLOCAMENTO DOS SISTEMAS NO SUL DO BRASIL

Inicio esta postagem perguntando a você qual foi a última frente fria que nos atingiu? Pois é, foi no dia 9 deste mês, quando o sul do estado teve um aquecimento pré frontal de até 40ºC, seguidos de temporais e granizo (veja), finalizando com frio abaixo de zero grau na serra. Desde lá, o sul do Brasil não recebeu mais nenhum sistema frontal pelo menos até esta terça-feira, sendo que as últimas chuvas e temporais tem sido provocadas única e exclusivamente por áreas de baixa pressão atmosférica vindas do norte da Argentina e/ou do Paraguai. Esse tipo de chuva até tem ajudado, porém se torna na maioria das vezes insuficiente por chover muito em poucas horas e em poucos lugares isolados, deixando boa parte da região sul com poucas chuvas.

A razão para esse atraso na chegada de frentes frias é um padrão de bloqueio atmosférico no sudeste do oceano Atlântico, o qual consiste na presença de um anticiclone (alta pressão) anômalo nos níveis superiores da troposfera, em torno dos 10km de altitude sobre aquela região do oceano. Esse anticiclone anômalo acaba fazendo as correntes de jato (ventos fortes em altos níveis) polar e subtropical desviarem dele, sendo que um dos jatos segue para sudeste e o outro para nordeste. Veja mais claramente na figura abaixo, feita da análise de ontem.


Em superfície, como resultado disso, a alta pressão subtropical do Atlântico (massa de ar tropical Atlântica) fica mais ao sul que sua posição climatológica. Como os jatos polares desviam do anticiclone anômalo, as frentes frias acabam ficando estacionadas sobre a Argentina e muitas vezes desviam para leste/sudeste acompanhando a circulação das correntes de jato polar de altitude. 

Normalmente, os sistemas de baixa pressão e ciclones tem deslocamento para sudeste, porém devido ao anticiclone de bloqueio eles tendem a ficar quase estacionados ou então se juntar a outros sistemas, como foi o caso daquele sistema de baixa pressão que ontem estava no litoral sul catarinense e hoje se encontra no mar a leste do PR (letra B), dando suporte a ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul). Se olharmos a imagem de satélite ao meio-dia desta terça-feira, podemos notar esse padrão, observando que a Alta Subtropical do Atlântico (letra A) está lá no sudeste do Atlântico, bem na região de bloqueio. Note a frente semi-estacionária sobre o Uruguai, que não consegue avançar direito.


Segundo estudos feitos pelo Centro de Ciências Atmosféricas da universidade de São Paulo (USP), eventos de bloqueios atmosféricos são mais numerosos durante períodos de La Niña, que é o resfriamento das águas do oceano Pacífico Equatorial. Estamos exatamente sendo influenciados pelo La Niña esse ano, que apresenta-se forte com anomalias de até -3ºC naquele oceano, como mostra a figura abaixo através das áreas azuis.

Com a presença do sistema de baixa pressão em lento deslocamento, o leste catarinense ainda sofreu com o ingresso de umidade do oceano para a região, causando chuvas, sobretudo nas encostas da serra geral e serra do mar. Em Timbé do Sul, por exemplo, hoje choveu 43,2mm, o que somado ao que choveu ontem acaba-se tendo um total de 168mm! Isso é maior do que a média do mês inteiro. Na tabela abaixo você confere os demais valores de chuva acumulada hoje em Santa Catarina.

Cidade (ESTAÇÃO)Chuva 23/11 (mm)
Timbé do Sul (CIRAM)43,2
Joinville (CIRAM)37,8
Criciúma (CIRAM)31,2
Laguna (INMET)22,6
Massaranduba (CIRAM)20,8

A circulação de umidade determinada pelo sistema de baixa pressão deve influenciar no tempo em SC até sexta-feira, deixando a nebulosidade variável no leste e com chance de chuva isolada, sobretudo nas encostas da serra. No interior do estado, uma nova área de baixa pressão formada no norte argentino deve trazer temporais isolados, mas ainda faz sol e calor.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, MASTER

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

SEGUNDA-FEIRA COM MUITA CHUVA EM SANTA CATARINA

Essa segunda-feira foi sem dúvidas um dia de chuvas abundantes em Santa Catarina, sobretudo no leste do estado. Dessa região, se destaca o sul catarinense, onde teve-se acumulados de precipitação abundantes, próximos e até acima dos 100 milímetros. Para se ter uma idéia, em Timbé do Sul, localizado na encosta da Serra Geral, choveu 125mm hoje, sendo correspondente a 96% do esperado para todo o mês de novembro. No município de Jacinto Machado, também no litoral sul, foi acumulado 99,4mm. Em Araranguá, foi despejado 89,6mm no pluviômetro da estação do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), o que além de outras consequências ainda não apuradas, deixou a rodovia BR-101 com pista muito escorregadia (foto abaixo).


Nas outras áreas do leste, o valor acumulado de chuva alternou entre 20 e 70mm, com picos de 73,9mm em Lages e 60,6mm em Rio do Oeste. Na tabela a seguir, você confere os valores de precipitação acumulado durante esta segunda-feira no estado, nas estações do INMET e CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina).

Cidade (ESTAÇÃO)Chuva 22/11 (mm)
Timbé do Sul  (CIRAM)125,0
Jacinto Machado (CIRAM)99,4
Araranguá (INMET)89,6
Turvo (CIRAM)83,0
Criciúma (CIRAM)80,2
Laguna (CIRAM)76,4
Lages  (CIRAM)73,9
Morro Grande  (CIRAM)66,6
Ponte Alta (CIRAM)57,6
Nova Veneza  (CIRAM)57,2
Urubici (CIRAM)56,5
Urussanga  (INMET)53,6
São José (INMET)50,6
Joinville (CIRAM)43,4
São Joaquim  (CIRAM)42,8
Urupema  (CIRAM)41,8
Canoinhas  (CIRAM)31,0

No oeste e meio-oeste a chuva não foi expressiva, com valores inferiores a 5mm. O sol apareceu mais na região, fazendo as temperaturas máximas do estado se darem lá. Fez 28,0ºC em Abdon Batista, 27,5ºC em Caibi, 26,4ºC em Caçador e 26,1ºC em Chapecó.

A chuvarada registrada no centro-leste catarinense foi causada pelo sistema de baixa pressão que ontem estava sobre o oeste de SC, e hoje encontrava-se entre o litoral sul catarinense e oceano Atlântico. Uma área alongada de baixa pressão se estendia do sistema e ia até o litoral de SP. Na imagem de satélite abaixo, podemos ver a ilustração da baixa pressão (letra B) e as nuvens formadas.


Com essa posição, o sistema de baixa pressão acabou causando um fluxo grande de umidade tanto da Amazônia como do oceano Atlântico para o leste catarinense. No gráfico da estação meteorológica de Araranguá no litoral sul, podemos notar os ventos predominantes de leste, justamente vindos do mar.


A camada úmida se estendeu por boa parte da troposfera. Na sondagem atmosférica (figura abaixo) feita diariamente com balões meteorológicos no aeroporto Hercílio Luz em Florianópolis, podemos perceber na área destacada que a umidade beira o ponto de saturação (equivalente a 100%) do ar até quase 6000 metros de altitude. Isso foi causado pela entrada de uma camada de ar mais frio e úmido nessas altitudes, motivada por outra área de baixa pressão entre 3000 e 5000 metros de altitude que dava suporte ao sistema de superfície.

Como a baixa pressão deve ter lento deslocamento, a tendência é que a semana continue com chuvas no leste do estado, podendo ser forte em alguns momentos, não descartando alagamentos e deslizamentos localizados de terra. No interior, sol com chance de temporais isolados no fim do dia.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, ENGEPLUS

domingo, 21 de novembro de 2010

INSTABILIDADE SE FORTALECEU E DEIXOU O TEMPO AINDA MAIS INSTÁVEL


Neste sábado o ar ficou ainda mais instável em Santa Catarina. O motivo para isso, foi a intensificação e conversão do cavado de ontem em um centro de baixa pressão neste domingo (letra B na imagem de satélite acima). Essa transformação se deu pela presença do jato subtropical, que são ventos fortes lá no alto da troposfera e que estimulam a subida maior do ar que está em superfície. Tal jato pode ser observado na figura abaixo, nas áreas com cor mais escuras, justamente sobre o território catarinense e também parte do RS.


Com essa situação, maior quantidade de massa de ar úmido e quente foi transportada da floresta amazônica para Santa Catarina através do Jato de Baixos Níveis, que são correntes de ventos úmidos e quentes de noroeste a 1500 metros de altitude. Associado a esses fatores, tinhamos uma incursão maior de ar seco e frio numa altitude de 5km, o que desta forma torna as tempestades mais severas e com risco de granizo. Um Sistema Convectivo de Mesoescala (SCM) intenso se formou em virtude dos fatores apresentados anteriormente, explodindo em convecção durante o dia de hoje. Nas imagens de satélite animadas abaixo, podemos ver a evolução desse SCM. Perceba que no lado direito do sistema as nuvens estão avançando em forma de linhas, o que é explicado pela atuação do Jato Subtropical.


A pressão atmosférica consequentemente declinou sobre o território catarinense em relação ao dia anterior. Isso pode ser notado no gráfico da estação meteorológica de Urussanga, onde a pressão chegou a marcar 1004,4 hPa a tarde.

Houve ocorrência de temporais em SC, nas regiões oeste, meio-oeste, parte do planalto norte e do planalto sul. Em Caibi no oeste, a chuva acumulou 31,4mm em pouco tempo, sendo que a rajada máxima de vento alcançou os 63,8 km/h. Já nas outras regiões citadas, as tempestades aconteceram em pontos ainda mais isolados, acumulando 26,6mm em Água Doce (Meio-oeste), 26,8mm em Irineópolis (Planalto Norte) e 30,8mm em Lages (Planalto Sul). Na tabela a seguir, você confere os demais valores de chuva associadas aos temporais de hoje no estado.

Cidade (ESTAÇÃO)Chuva 21/11 (mm)
Itá (CIRAM)35,0
Caibi (CIRAM)31,4
Lages (CIRAM)30,8
Irineópolis (CIRAM)26,8
Porto União (CIRAM)26,4
São Joaquim (CIRAM)24,2
Dionísio Cerqueira (INMET)22,0

Durante essa noite o sistema ainda continua sobre Santa Catarina, sendo que as nuvens com maior desenvolvimento vertical estão concentradas no Planalto Sul, Litoral Sul, Grande Florianópolis e parte do Vale do Itajaí. A previsão para a segunda-feira é de tempo instável e pancadas de chuva do centro ao litoral catarinense. Há risco de temporais e queda de granizo isolado, sobretudo nas áreas próximas ao PR.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL

sábado, 20 de novembro de 2010

ÁREA DE BAIXA PRESSÃO FAVORECE FLUXO DE UMIDADE DA AMAZÔNIA PARA SANTA CATARINA

Uma área alongada de baixa pressão atmosférica, denominada na meteorologia como cavado, estendeu-se da intensificação do centro de baixa pressão localizado entre o Paraguai e PR. Na imagem de satélite abaixo, podemos ver as nuvens associadas  sobre o território catarinense, onde o cavado foi ilustrado sinoticamente pelos traços pretos.


Com a queda de pressão atmosférica, o escoamento de ventos úmidos e quentes de noroeste (setas vermelhas na imagem de satélite) provenientes da floresta amazônia, acabou sendo direcionado para Santa Catarina, favorecendo a entrada então de uma massa de ar quente e úmido no estado. Isso é evidenciado no gráfico da estação meteorológica localizada no Morro da Igreja em Urubici (1810 metros de altitude), que mostra claramente os ventos na direção noroeste.

Consequentemente, o sábado foi de tempo instável e poucas horas com aparecimento do sol em boa parte de SC. Com excessão do oeste, houve chuva em todo o estado, sendo em sua maioria com intensidade fraca e não acumulando mais que 4 milîmetros. No entanto, nas regiões catarinenses próximas ao Paraná houve alguns picos maiores de precipitação devido a temporais isolados, como em Caçador no meio-oeste, onde a estação meteorológica automática do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) registrou 24,4mm. Situação semelhante no planalto norte, onde Monte Castelo e Três Barras acumularam 16,9mm e 17,0mm, respectivamente.

O calor, apesar das muitas nuvens, se fez também presente hoje em território catarinense. Junto a ele, o fator umidade relativa alta foi crucial na sensação de abafamento notada hoje pelos catarinenses. A maior temperatura foi em Caibi com 31,6ºC. Inclusive o maior aparecimento do sol na primeira metade do dia nas regiões de SC próximas ao PR, contribuiu para um maior aquecimento e assim participando na formação dos temporais por lá. Na tabela a seguir, você confere os maiores valores máximos de temperatura hoje em SC.

Cidade (ESTAÇÃO)Temperatura máxima (ºC)
Caibi (CIRAM)31,6
São Miguel do Oeste (INMET)29,6
Chapecó (CIRAM)29,1
Major Vieira (INMET)28,9
Indaial (INMET)27,1

A tendência é que junto com o suporte do Jato Subtropical (ventos fortes em altos níveis da troposfera), o cavado deixe o tempo instável nesse domingo em Santa Catarina. Pode ocorrer temporais isolados e possível queda de granizo, sobretudo no oeste e metade norte do estado. 

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

TEMPO SECO FAVORECE ALTA AMPLITUDE TÉRMICA EM SANTA CATARINA

O ciclone subtropical que nos influenciou na terça e quarta-feira, deslocou-se para o alto mar, permitindo a entrada de uma massa de ar seco em Santa Catarina nesta sexta-feira. Esse ar favoreceu uma alta amplitude térmica, fazendo os catarinenses sentirem frio pela manhã e calor durante a tarde. Hoje a temperatura mínima no estado se deu em Urupema com 2,3ºC e registro de geada. Porém durante a tarde a máxima por lá alcançou 24,3ºC, sendo uma diferença significativa de 22ºC. Em São Joaquim a mesma situação, fez 3,4ºC de mínima e 24,2ºC de máxima. No oeste, o munícípio de Caibi onde havia feito 11,6ºC no início da manhã, teve máxima de 32,3ºC pela tarde.

Na tabela a seguir, você confere as temperaturas mínimas e máximas registradas hoje em SC.

Cidade (ESTAÇÃO)Temperatura mínima (ºC)Temperatura máxima (ºC)
Urupema (CIRAM)2,324,3
São Joaquim (CIRAM)3,424,2
Caibi (CIRAM)11,632,3
Chapecó (CIRAM)13,230,4
Curitibanos (INMET)9,626,9
Abdon Batista (CIRAM)8,929,8
Urussanga (CIRAM)13,427,1
Rio do Campo (INMET)9,529,7
Major Vieira (INMET6,529,2

No litoral norte, Vale e Grande Florianópolis as amplitudes não foram não significativas. Porém fez calor, sendo que Indaial teve a segunda maior temperatura do estado hoje, registrando 31ºC. Na capital, a máxima anotada foi de 26,4ºC. Já em Massaranduba fez 29,1ºC.

Para o fim de semana, a previsão é de sol e temperaturas altas, em torno dos 30ºC em boa parte do estado. Porém há chance de pancadas de chuva com trovoadas a tarde, tanto no sábado como no domingo. Risco de granizo isolado, principalmente no domingo.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, CLIMATERRA, EPAGRI-CIRAM, TERRA WAVES.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

CICLONE SUBTROPICAL PROVOCOU CHUVA LOCALMENTE FORTE EM SANTA CATARINA

Um ciclone subtropical (letra B na imagem acima) mantém-se praticamente estacionado sobre a costa do Uruguai e acaba estendendo uma área alongada de baixa pressão (cavado) sobre o leste catarinense, o que atrai umidade amazônica e também do oceano Atlântico. Isso acaba gerando nuvens com desenvolvimento vertical sobre o leste catarinense. Ciclones subtropicais são comuns se formarem as vezes na primavera e verão, sendo diferentes dos extratropicais por possuírem centro quente em baixos níveis e frio em altos níveis. Além disso, por terem pouco gradiente de pressão e de temperatura com o ar próximo, favorecem mais chuvas do que propriamente ventos fortes.

Pela carta de temperatura as 10 horas da manhã de hoje (figura abaixo), podemos notar claramente que não há tanta diferença entre o ar ao sul (20ºC) com o ar sobre o RS e SC (26ºC), o que descarta a hipótese de que seja uma frente fria.


Na animação das imagens de satélite entre as 10h e 16h de hoje, podemos ver a formação rápida das nuvens e o lento deslocamento do ciclone subtropical.


Durante a segunda-feira, quando houve o granizo, o ciclone ainda era uma área de baixa pressão sobre o continente sul brasileiro. No entanto, ontem na evolução para ciclone subtropical, provocou estragos no sudeste gaúcho. Aqui em Santa Catarina a terça-feira não teve registro novamente de granizo, mas houve pancadas de chuva e até com intensidade forte em pontos localizados. Em Joinville, por exemplo, a combinação da maré alta e os 41,4mm de chuva precipitados em pouco tempo, acabou desencadeando alagamentos e alguns deslizamentos de terra pela cidade (foto a seguir)


Na tabela a seguir você acompanha os maiores valores acumulados de chuva no dia de ontem, nas estações do CIRAM e INMET.

Cidade (ESTAÇÃO)Chuva em 16/11 (mm)
Meleiro (CIRAM)55,2
Rio do Campo (INMET)54,0
Aurora (CIRAM)47,2
Lages (CIRAM)42,8
Joinville (INMET)41,4
Painel (CIRAM)35,2
Três Barras (CIRAM)28,8

Durante esta quarta-feira, o sistema deixou o dia com aparecimento do sol entre nuvens verticais do tipo cumulus e cumulus congestus, além de nuvens médias como as altocumulus e altostratus. Em Lages no Planalto Sul, houve algumas pancadas fracas de chuva isoladas intercaladas com períodos de sol, proporcionando a formação de um arco-íris e até uma nuvem funil, como mostram as belas fotos a seguir, enviadas para o blog pelo colaborador Thiago Paes.


No sul do estado os valores de chuva foram novamente altos hoje, porém é preciso salientar que essas chuvas se deram na forma de pancadas e principalmente na primeira metade da tarde. Em Morro Grande, por exemplo, choveu 50,2mm entre o meio-dia e as 15h. Mesmo caso de Jacinto Machado onde a precipitação acumulou 50,0mm. No município de Siderópolis, além da chuva que despejou 45,4mm no pluviômetro, o vento alcançou 53,6km/h. Em Criciúma, onde as nuvens Cumulunimbos fizeram o dia parecer noite, houve estragos como alagamentos (fotos abaixo), destelhamento de algumas casas e interrupção do fornecimento de energia elétrica em virtude das rajadas de vento. A chuva acumulada na estação do CIRAM foi de 22,2mm.


Na tabela a seguir, você confere desta vez alguns acumulados de chuva registrados hoje sobre Santa Catarina.

Cidade (ESTAÇÃO)Chuva em 17/11 (mm)
Morro Grande (CIRAM)50,2
Jacinto Machado (CIRAM)50,0
Siderópolis (CIRAM)45,4
Turvo (CIRAM)34,4
Meleiro (CIRAM)31,6
Campos Belo do Sul (INMET)31,2
Biguaçú (CIRAM)24,8

A tendência é que o ciclone subtropical continue com lento deslocamento, o que deixará a quinta-feira ainda com tempo instável e chuvas isoladas, principalmente próximo das encostas. O ar continua quente e não há previsão de frio intenso. Máximas de 28ºC no oeste e meio-oeste, 23ºC na Serra e 26ºC no leste. A umidade alta aumenta a sensação de calor.

DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, CPTEC/INPE, MARINHA DO BRASIL, METSUL, JORNAL A TRIBUNA, DIÁRIO CATARINENSE

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

FERIADO COM TEMPORAIS ISOLADOS E QUEDA DE GRANIZO EM SANTA CATARINA

Reeditado as 12h de 16/11/2010 devido a novas notícias

Hoje os brasileiros comemoram os 121 anos da proclamação da república no Brasil. O dia, que começou e foi com muitas nuvens e pouco sol no nordeste catarinense, parecia não reservar grandes coisas. Chegou a chover fraco pela manhã no litoral norte, somando 6,2mm em Itajai e 7,6mm em Itapoá.

No oeste, meio-oeste e sul do estado, o sol foi garantido graças as boas aberturas entre as nuvens, elevando as temperaturas. De acordo com o CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina), a temperatura máxima alcançou os 30ºC em Caibi, 29,3ºC em Chapecó e 27,1ºC em Urussanga. 

Foi justamente essa presença do sol e a consequente elevação das temperaturas, que ajudou a intensificar as nuvens de desenvolvimento vertical que já estavam associadas a uma área de baixa pressão sobre o Sul do Brasil, especificamente entre o território catarinense e gaúcho. Na animação das imagens de satélite abaixo, podemos ver o desenvolvimento rápido dessas nuvens. Acompanhe:


Durante a tarde verificou-se já alguns temporais isolados associados a área de baixa pressão. Em Joaçaba, por exemplo, o temporal que durou menos de 15 minutos, veio com rajadas de vento de 82km/h e queda de granizo, como é visto na foto abaixo.


Em Piratuba, no Vale do Rio do Peixe, outra tempestade acumulou altos 39,2mm no pluviômetro da estação meteorológica automática do CIRAM. No município de Celso Ramos no meio-oeste, choveu 22mm durante o temporal, mas o destaque por lá foi o vento forte de 115,3km/h. Próximo dali, o muncípio de Campos Novos teve expressiva queda de granizo (foto abaixo).


Continuando pelo meio-oeste catarinense, o internauta Juarez fez um vídeo no momento em que precipitava granizo sobre a BR-282 em Jaborá. Acompanhe:



No planalto sul do estado, o granizo também transformou a paisagem de Bom Jardim da Serra, como mostra a foto a seguir.


Também no final da tarde, por volta das 17h, o sul do estado foi isoladamente atingido por chuva localmente intensa, com 22,6mm acumulados em menos de uma hora em Siderópolis. Contudo, o destaque na região também foi o granizo, que caiu sobre o sul de Criciúma e também no município de Forquilhinha, que pode ser visto nas fotos abaixo.


Apesar de eu não poder fazer previsão do tempo pois sou técnico em meteorologia e não meteorologista, tive conhecimento da chance alta de granizo em especial no sul catarinense ao olhar alguns mapas durante a última madrugada. Coloquei inclusive o aviso no twitter Paulo Tempo por volta das 4 horas da madrugada (veja aqui)

Sobre tubarão, também no sul, não houve granizo, mas a chuva veio moderada no final da tarde e começo da noite. Na foto abaixo, enviada pelo nosso observador João Victor Damiani, podemos notar o céu carregado na cidade.


Analisando a carta de ventos em altitude, havia hoje ao meio-dia fortes correntes de jato, que são vento superiores a 200km/h a mais de 10km de altitude, como pode ser visto na imagem abaixo através das cores avermelhadas .


Esses ventos fisicamente estimulam a ascendência do ar que está abaixo a eles, ou seja, desde a superfície. Porém como o sol apareceu apenas no oeste, meio-oeste e sul catarinense, o ar se aqueceu melhor nessas áreas e com a ajuda das correntes de jato acabou se elevando mais rapidamente. Ao mesmo tempo, havia ingresso de umidade da floresta amazônica por ventos de noroeste a 1500 metros de altitude entrando nessa região de instabilidade, o que levou a formação das nuvens com desenvolvimento vertical (cumulunimbos). A estação meteorológica localizada no Morro da Igreja em Urubici, identificava claramente vento de noroeste durante o dia de hoje, como é visto no gráfico a seguir.

Para a formação do granizo é preciso que o ar quente e úmido suba com velocidade e que se tenha ar bastante frio e seco já acima dos 3000 metros de altitude, fazendo as gotículas de água congelarem, cairem até a base das nuvens onde as correntes de ar que sobem, acabam levando essas pedras de gelo novamente para cima e que vão agregando novas gotículas de água no caminho, as quais congelam a fazer as pedras principais crescerem. Quando o granizo vence as correntes de ar ascendentes, ele acaba se precipitando na superfície. 

Na carta abaixo, podemos ver as temperaturas a 5000 metros de altitude na tarde de hoje. Observe que a isoterma (linhas com mesma temperatura) com -15ºC passa dentro do sul catarinense e encosta no oeste e meio-oeste e planalto sul, facilitando a queda de granizo nessas áreas, como foi verificado em Joaçaba, Bom Jardim da Serra, Criciúma e Forquilhinhas.


Para a terça-feira, a previsão é de tempo instável e aberturas de sol em Santa Catarina, podendo ter temporais isolados no fim do dia. Novamente o risco de granizo é maior no sul do estado, além do extremo oeste.

DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, METSUL, CPTEC/INPE, MARINHA DO BRASIL, ENGEPLUS, DIÁRIO CATARINENSE

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

NOVEMBRO ABAIXO DE ZERO GRAU NA SERRA CATARINENSE

GEADA EM SÃO JOAQUIM

GEADA EM URUPEMA

Viu as fotos acima? Então deu para ter então uma noção do tamanho frio que fez hoje na madrugada e início da manhã em Santa Catarina, sobretudo na região serrana, onde houve formação de geada com intensidade entre moderada e forte. A temperatura mínima desta quinta-feira em Urupema chegou a -1,8ºC. No distrito do Cruzeiro, interior de São Joaquim, a estação monitorada pela Climaterra registrou -0,5ºC. Em Florianópolis, fez 11,7ºC, sendo a quinta temperatura mínima mais baixa em novembro em 100 anos de dados. A última vez que a capital registrou esse valor foi em novembro de 1979! Contudo, a menor temperatura na cidade num mês de novembro durante toda a série histórica foi de 9,4ºC em 1970.

Na tabela abaixo, você confere os demais valores mínimos de temperatura registrados hoje no estado.

Cidade (ESTAÇÃO)Temperatura mínima (ºC)
Urupema (CIRAM)-1,8
São Joaquim - Cruzeiro (CLIMATERRA)-0,5
São Joaquim - Pericó (CLIMATERRA)-0,3
São Joaquim - Cetrejo (CIRAM)-0,1
Morro da Igreja (INMET)0,9
Caçador (CIRAM)2,5
Campos Novos (INMET)3,4
Abdon Batista (CIRAM)3,9
Lages (CIRAM)4,1
Água Doce (CIRAM)4,3
Joaçaba (CIRAM)4,5
Rio das Antas (CIRAM)4,6
Celso Ramos (CIRAM)4,9
Concórdia (CIRAM)6,2
Anitápolis (CIRAM)7,2
Timbé do Sul (CIRAM)8,9
Jacinto Machado (CIRAM)11,0
Florianópolis (CIRAM)11,7

No litoral norte, as temperaturas não declinaram mais devido a nebulosidade presente na região. A foto abaixo, tirada por Ezekiel Gringo do site Terra Waves, podemos ver a nebulosidade sobre Barra Velha por volta das 8 e meia da manhã.

Olhando a imagem de satélite (figura abaixo), podemos ver a nebulosidade e entender melhor. A letra B representa um ciclone extratropical em alto mar, associado a frente fria que nos atravessou na terça-feira e provocou os temporais. Note que devido a distância dele em relação a costa, parte de seus ventos desviam e acabam entrando de sudeste no litoral norte catarinense. Esse vento chega úmido, encontra a barreira da Serra Geral e acaba provocando nuvens e até chuva do tipo orográfica. Em Itapoá, por exemplo, a estação meteorológica do CIRAM teve 1 milímetro acumulado.


Durante o final da tarde e noite, o vento também virou para sudeste no restante do litoral em virtude do deslocamento do sistema de alta pressão (centro da massa de ar frio), representado pela letra A na figura anterior, um pouco mais para o oceano. A tendência segundo o CIRAM, é que a situação configurada nesta noite, provoque uma sexta-feira e final de semana com maior presença de nuvens no litoral, aparecendo o sol mas podendo chover fraco e isolado a noite. As temperaturas aumentam, principalmente no oeste onde chega próximo dos 30ºC.

DADOS: INMET, CLIMATERRA, EPAGRI-CIRAM, CPTEC/INPE, METSUL, MARINHA DO BRASIL, TERRA WAVES

FOTOS: Ronaldo Coutinho, Terra Waves e Diário Catarinense

terça-feira, 9 de novembro de 2010

DOS 40ºC PARA OS VENDAVAIS E GRANIZO

Criciúma-SC
O forte calor que foi sentido e medido nesta terça-feira, já era um prenúncio da chegada de uma frente fria, sendo chamado na meteorologia de aquecimento pré-frontal. Ele ocorre quando massa de ar frio provoca a ascenção do ar quente em sua dianteira, criando uma área com baixa pressão atmosférica, para onde vão os ventos quentes que se originam no norte do país. Como o ar quente fica acumulado nessa área, as temperaturas se elevam bastante, como foi o caso hoje de Criciúma onde fez 40,4ºC na estação meteorológica do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina). Em todo o sul do estado, as máximas variaram entre 36 e 40ºC. Na tabela a seguir você confere os valores nessa região e também nas outras localidades do território catarinense.

Cidade (ESTAÇÃO)Temperatura máxima (ºC)
Criciúma (CIRAM)40,4
Urussanga (INMET)38,3
Turvo (CIRAM)38,2
Jacinto Machado (CIRAM)37,8
Meleiro (CIRAM)37,1
Indaial (CIRAM)32,6
Abdon Batista (CIRAM)32,3
Massaranduba (CIRAM)31,7
Concórdia (CIRAM)31,7
Florianópolis (CIRAM)30,8
Itajaí (CIRAM)30,4

A frente fria se deslocou muito rápido pelo Sul do Brasil. Para se ter uma idéia, a nebulosidade associada a ela estava no sul do RS as 10 horas da manhã. Porém por volta das 14h, o sistema já estava entre o oeste catarinense e leste gaúcho. Pela animação de imagens de satélite capturadas a cada 1 hora, é possível ter uma noção do rápido deslocamento.


No entanto, no oeste de Santa Catarina, as chuvas iniciaram-se no final da manhã devido a uma célula convectiva formada na dianteira da frente fria, como mostra a imagem de satélite abaixo.


No início da tarde, ventos fortes de 82,9km/h atingiram Chapecó no oeste, provocando queda de árvores e destalhamento em 25 residências segundo o corpo de bombeiros (foto abaixo).


Houve também registro de destelhamentos em Pinhalzinho e São Miguel do Oeste onde a rajada de vento alcançou 74,1km/h. De acordo com o jornal Diário Catarinense, ocorreu queda de granizo em São Lourenço do Oeste. Também os acumulados de chuva foram significativos na região oeste, com 43,2mm em Dionísio Cerqueira e 23,4mm em Chapecó.


No meio-oeste, um torre de telefonia caiu sobre uma escola devido o vento forte em Piratuba (foto acima). Como não há medição de vento lá, podemos pegar os dados da estação do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) em Campos Novos que fica próximo e registrou 80,7km/h. Também em função dos vendavais, uma árvore caiu sobre a pista da SC-135 em Machadinho e galhos de árvores interromperam o fornecimento de energia elétrica no município de Ipira. O maior acumulado de chuva na região foi de 22,1mm em Água Doce, seguido de Caçador com 18,0mm.

Na Serra catarinense, a estação meteorológica do CIRAM em Campo Belo do Sul registrou rajadas de vento de 103km/h. Em São Joaquim e interior de Urubici houve queda de granizo isolado, segundo Ronaldo Coutinho da Climaterra. De maneira geral, choveu pouco no Planalto Sul.

Situação semelhante foi verificada hoje sobre o sul catarinense onde a chuva não foi a grande protagonista. Em Orleans, segundo informações do colaborador do blog Paulo Tempo José Luiz Mattei, a chuva esporádica e irregular veio com vento forte de sul. Em Siderópolis, a estação do CIRAM mediu uma rajada de 113km/h por volta das 5 horas da tarde. No sul de Criciúma houve queda de granizo isolado, sendo que o vento de 71,6km/h causou a queda de cinco postes na Rua Jorge Lacerda e destelhamento parcial de uma creche no bairro Verdinho, como é visto na foto abaixo.


No município de Araranguá no litoral sul, as rajadas de vento chegaram a 95,4km/h. Próximo dali, houve estragos no Balneário Arroio Silva, com destelhamento de casas e o desabamento do telhado de um supermercado, segundo o portal Engeplus.

Na Grande Florianópolis, o observador do blog Paulo Tempo Luan registrou um temporal na Enseada de Brito em Palhoça. O fenômeno foi tão isolado, que na própria capital e até São José não tiveram chuva expressiva. No Litoral Norte e Planalto Norte, tanto a chuva como os ventos foram consideráveis, porém sem registro de danos. Por volta das 8 horas da noite, o temporal chegou a Itapoá com rajadas de vento de 69,4km/h, acumulando 20,4mm em poucos minutos. Em Rio Negrinho, o vento máximo alcançou os 89,6km/h. Na imagem de satélite abaixo, percemos que uma parte intensa da frente fria atravessou o norte catarinense, daí a chuva e vento forte por lá.


Analisando os indices de instabilidade atmosférica, ou seja, valores numéricos representativos do grau de instabilidade da atmosfera, pode-se concluir que estavam bastante significativos. Na figura abaixo, do modelo numérico MBAR, temos o índice K (contorno) e Showalter (colorido).


Perceba na área quadrada ilustrada sobre o oeste, que as linhas do índice K com valor de 40, fazem intersecção com os valores de de Showalter muitos negativos. Isso explica o granizo ocorrido em São Lourenço do Oeste e áreas próximas, pois essa situação vista na figura indica que havia alta concentração de umidade na atmosfera e grande liberdade das parcelas de ar para subir e formar nuvens. O índice K alto indica que havia um ar muito quente em superfície e um ar muito frio a 3000 metros de altitude, o que colaborou para o congelamento continuo das góticulas de água e a queda de granizo. A mesma situação foi verficada sobre parte do Planalto Sul e Sul do estado, onde também ocorreu o granizo. Veja na próxima figura.


Agora em diante é a vez do ar frio polar entrar com tudo em solo catarinense. Durante essa quarta-feira, a previsão é que o vento continua intenso de sul com rajadas de até 70km/h, provocando mar bastante agitado. O vento deve trazer o ar bastante frio para essa época do ano, declinando as temperaturas para valores negativos na serra catarinense na manhã de quinta-feira. A geada deve estar presente, atrapalhando as culturas de estação quente.

DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, CPTEC/INPE, CLIMATERRA, METSUL, ENGEPLUS, DIÁRIO CATARINENSE.