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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

AUMENTO DA CONCENTRAÇÃO DE GÁS CARBÔNICO PODE FORTALECER SAÚDE DAS PLANTAS

 Matéria publicada no jornal Correio do Povo

Pesquisas realizadas em diversas culturas nos Estados Unidos, e também no Brasil, mostram que a ampliação dos níveis de gás carbônico na atmosfera e, consequentemente, nas plantas, resulta no aumento da fotossíntese, devido à pressão exercida. O que resultaria na ampliação da produção. "A atmosfera faz com que a planta 'engula' mais CO2. Com isso, a fotossíntese torna-se mais eficiente e faz crescer o rendimento na lavoura", explica o doutor em meteorologia e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Luiz Carlos Molion. "Se dobrarmos ou triplicarmos a atual média de CO2 que temos no meio ambiente,a produtividade das plantações pode ser de 30% a 50% maior", explica, referindo-se a pesquisas já realizadas com milho, arroz e soja. Ele sugere aos produtores, inclusive, que coloquem o gás nos condutores da irrigação para que chegue até às plantas, já que a concentração próxima da superfície favorece a absorção.

O meteorologista norte-americano Joseph D'Aleo, primeiro diretor de meteorologia do Weather Channel, acrescenta que, com os níveis de CO2 mais altos, as lavouras tendem a ser mais resistentes à seca. "À medida que as plantas tornam-se mais vigorosas, têm raízes mais profundas e fazem mais sombra no solo, reduzindo a evaporação. Com isso, as necessidades de água são menores", avalia. Ele afirma que há testes nos Estados Unidos em estufas com plantas expostas a três vezes mais CO2 que o normal. "O resultado são plantas que crescem mais fortes e têm aparência mais atrativa." Há testes com cana-de-açúcar nos mesmos níveis no Brasil, com resultados que indicam incremento de 40% de bio-massa nas áreas com mais CO2.

Ambos concordam que a luta mundial contra o dióxido de carbono é desnecessária e a posição de vilão atribuída a ele, injusta. "Pensando no futuro, esta é uma das coisas que nos ajudaria na agricultura, além de tecnologia, fertilização e manejo", argumenta D'Aleo. Para ele, o gás não é prejudicial. Os reais poluidores seriam o dióxido sulfúrico e metais pesados. "Ironicamente, estamos gastando o nosso dinheiro e tempo lutando contra um inofensivo gás de vida." Molion faz coro e afirma que o CO2 é essencial para que se faça fotossíntese e para que as pessoas sobrevivam.

FONTE: CORREIO DO POVO

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

FIM DE ANO COM CHUVA CONVECTIVA NO OESTE E OROGRÁFICA NO LITORAL

O ano de 2010 está chegando ao seu fim e o que está marcando essa última semana do ano é uma divisão nas características de tempo entre as regiões de Santa Catarina. No oeste, onde o predomínio é do sol, estão ocorrendo chuvas convectivas, ou seja, aquelas de verão associadas ao calor e alta umidade do ar. Essa umidade alcança essa região a partir dos Jatos de Baixos Níveis - JBN, que são ventos quentes e úmidos a 1500 metros de altitude, provenientes da floresta amazônica. Na Na terça-feira, por exemplo, o município de Itá no oeste, registrou uma pancada de chuva com trovoadas no fim da tarde, acumulando 7 milîmetros na estação automática do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina).

Já no litoral, o que vem ocorrendo são chuvas orográficas, ou seja aquelas em que o ar ascende ao encontrar uma região montanhosa ou com montanhas ao redor. Diferentemente do oeste, este ar úmido no litoral é proveniente de ventos úmidos de sudeste que vem de um sistema de alta pressão (A) no oceano Atlântico na altura da costa argentina. Como houve a formação de um centro de baixa pressão (B) também em alto mar, a diferença de pressão entre os dois sistemas citados causa um aumento na velocidade dos ventos úmidos de sudeste, que acaba potencializando a convergência de umidade. Na figura a seguir é possível notar esses dois sistemas atuando juntos, além dos ventos de sudeste na costa catarinense.
Em Imbituba, o penúltimo dia do ano já amanheceu nublado e com chuvas ao horizonte, como mostra a foto a seguir.


Como a chuva é orográfica, ela se torna mais intensa nas montanhas e na subida delas. No Morro da Igreja em Urubici (1810 metros de altitude), por exemplo, choveu 25,4mm, enquanto que na própria cidade de Urubici sequer choveu. Outro caso é em Timbé do Sul (658 metros de altitude) que fica na encosta da Serra Geral e teve um acumulado de 19mm. Porém em Araranguá, que está localizada também no sul mas num local bem mais baixo, não foi somado mais que 2,6mm. Na grande Florianópolis não foi diferente. Enquanto em Anitápolis, que fica a 802 metros de altitude, precipitou 4,8mm de chuva, a capital obteve apenas 1,3mm.

Se há divergência nos tipos de tempo, não se pode dizer o mesmo do calor. As temperaturas estão altas em todo o estado, especialmente no oeste onde hoje chegou a fazer 32,5ºC em Caibi. No leste a mais alta se deu no Vale com 30,2ºC em Indaial. Entretanto com relação as mínimas, elas estão abaixo dos padrões de dezembro. Na serra catarinense por exemplo, São Joaquim amanheceu com 6,6ºC, seguido de Urupema com 7,3ºC! E isso não se restringe a serra não! Em Água Doce no meio-oeste, a mínima foi de 13,5ºC. No oeste, foi acusado 16,6ºC em Novo Horizonte. No leste, nenhuma mínima hoje passou dos 20ºC, o que é incomum para fim de dezembro, em pleno verão!

Para o último dia do ano, a previsão segue indicando sol e calor, com pancadas de chuva e trovoadas isoladas no fim do dia no oeste. No leste e encosta da Serra Geral, a circulação de umidade oceânica continua configurada, formando nuvens e provocando chuvas orográficas, sobretudo no início e fim do dia. Na hora da virada não está descartado algum chuvisco isolado. Em Florianópolis, particularrmente, segundo dados coletados desde de 1996 no aeroporto Hercílio Luz, a maioria das viradas de ano se dão com tempo bom. 

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, TERRA WAVES.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

DESMISTIFICANDO O AQUECIMENTO GLOBAL

Entrevista feita pelo site UOL com Luiz Carlos Molion.

Com 40 anos de experiência em estudos do clima no planeta, o meteorologista da Universidade Federal de Alagoas Luiz Carlos Molion apresenta ao mundo o discurso inverso ao apresentado pela maioria dos climatologistas. Representante dos países da América do Sul na Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Molion assegura que o homem e suas emissões na atmosfera são incapazes de causar um aquecimento global. Ele também diz que há manipulação dos dados da temperatura terrestre e garante: a Terra vai esfriar nos próximos 22 anos.

O meteorologista defende que a discussão deixou de ser científica para se tornar política e econômica, e que as potências mundiais estariam preocupadas em frear a evolução dos países em desenvolvimento.

UOL: Enquanto todos os países discutem formas de reduzir a emissão de gases na atmosfera para conter o aquecimento global, o senhor afirma que a Terra está esfriando. Por quê?

Luiz Carlos Molion: Essas variações não são cíclicas, mas são repetitivas. O certo é que quem comanda o clima global não é o CO2. Pelo contrário! Ele é uma resposta. Isso já foi mostrado por vários experimentos. Se não é o CO2, o que controla o clima? O sol, que é a fonte principal de energia para todo sistema climático. E há um período de 90 anos, aproximadamente, em que ele passa de atividade máxima para mínima. Registros de atividade solar, da época de Galileu, mostram que, por exemplo, o sol esteve em baixa atividade em 1820, no final do século 19 e no inicio do século 20. Agora o sol deve repetir esse pico, passando os próximos 22, 24 anos, com baixa atividade.

UOL: Isso vai diminuir a temperatura da Terra?

Molion: Vai diminuir a radiação que chega e isso vai contribuir para diminuir a temperatura global. Mas tem outro fator interno que vai reduzir o clima global: os oceanos e a grande quantidade de calor armazenada neles. Hoje em dia, existem boias que têm a capacidade de mergulhar até 2.000 metros de profundidade e se deslocar com as correntes. Elas vão registrando temperatura, salinidade, e fazem uma amostragem. Essas boias indicam que os oceanos estão perdendo calor. Como eles constituem 71% da superfície terrestre, claro que têm um papel importante no clima da Terra. O [oceano] Pacífico representa 35% da superfície, e ele tem dado mostras de que está se resfriando desde 1999, 2000. Da última vez que ele ficou frio na região tropical foi entre 1947 e 1976. Portanto, permaneceu 30 anos resfriado.

UOL: Esse resfriamento vai se repetir, então, nos próximos anos?

Molion: Naquela época houve redução de temperatura, e houve a coincidência da segunda Guerra Mundial, quando a globalização começou pra valer. Para produzir, os países tinham que consumir mais petróleo e carvão, e as emissões de carbono se intensificaram. Mas durante 30 anos houve resfriamento e se falava até em uma nova era glacial. Depois, por coincidência, na metade de 1976 o oceano ficou quente e houve um aquecimento da temperatura global. Surgiram então umas pessoas - algumas das que falavam da nova era glacial - que disseram que estava ocorrendo um aquecimento e que o homem era responsável por isso.

UOL: O senhor diz que o Pacífico esfriou, mas as temperaturas médias Terra estão maiores, segundo a maioria dos estudos apresentados.

Molion: Depende de como se mede.

UOL: Mede-se errado hoje?

Molion: Não é um problema de medir, em si, mas as estações estão sendo utilizadas, infelizmente, com um viés de que há aquecimento.

UOL: O senhor está afirmando que há direcionamento?

Molion: Há. Há umas seis semanas, hackers entraram nos computadores da East Anglia, na Inglaterra, que é um braço direto do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática], e eles baixaram mais de mil e-mails. Alguns deles são comprometedores. Manipularam uma série para que, ao invés de mostrar um resfriamento, mostrassem um aquecimento.

UOL: Então o senhor garante existir uma manipulação?

Molion: Se você não quiser usar um termo tão forte, digamos que eles são ajustados para mostrar um aquecimento, que não é verdadeiro.

UOL: Se há tantos dados técnicos, por que essa discussão de aquecimento global? Os governos têm conhecimento disso ou eles também são enganados?

Molion: Essa é a grande dúvida. Na verdade, o aquecimento não é mais um assunto científico, embora alguns cientistas se engajem nisso. Ele passou a ser uma plataforma política e econômica. Da maneira como vejo, reduzir as emissões é reduzir a geração da energia elétrica, que é a base do desenvolvimento em qualquer lugar do mundo. Como existem países que têm a sua matriz calcada nos combustíveis fósseis, não há como diminuir a geração de energia elétrica sem reduzir a produção.

UOL: Isso traria um reflexo maior aos países ricos ou pobres?

Molion: O efeito maior seria aos países em desenvolvimento, certamente. Os desenvolvidos já têm uma estabilidade e podem reduzir marginalmente, por exemplo, melhorando o consumo dos aparelhos elétricos. Mas o aumento populacional vai exigir maior consumo. Se minha visão estiver correta, os paises fora dos trópicos vão sofrer um resfriamento global. E vão ter que consumir mais energia para não morrer de frio. E isso atinge todos os países desenvolvidos.

UOL: O senhor, então, contesta qualquer influência do homem na mudança de temperatura da Terra?

Molion: Os fluxos naturais dos oceanos, polos, vulcões e vegetação somam 200 bilhões de emissões por ano. A incerteza que temos desse número é de 40 bilhões para cima ou para baixo. O homem coloca apenas 6 bilhões, portanto a emissões humanas representam 3%. Se nessa conferência conseguirem reduzir a emissão pela metade, o que são 3 bilhões de toneladas em meio a 200 bilhões?Não vai mudar absolutamente nada no clima.

UOL: O senhor defende, então, que o Brasil não deveria assinar esse novo protocolo?

Molion: Dos quatro do bloco do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil é o único que aceita as coisas, que “abana o rabo” para essas questões. A Rússia não está nem aí, a China vai assinar por aparência. No Brasil, a maior parte das nossas emissões vem da queimadas, que significa a destruição das florestas. Tomara que nessa conferência saia alguma coisa boa para reduzir a destruição das florestas.

UOL: Mas a redução de emissões não traria nenhum benefício à humanidade?

Molion: A mídia coloca o CO2 como vilão, como um poluente, e não é. Ele é o gás da vida. Está provado que quando você dobra o CO2, a produção das plantas aumenta. Eu concordo que combustíveis fósseis sejam poluentes. Mas não por conta do CO2, e sim por causa dos outros constituintes, como o enxofre, por exemplo. Quando liberado, ele se combina com a umidade do ar e se transforma em gotícula de ácido sulfúrico e as pessoas inalam isso. Aí vêm os problemas pulmonares.

UOL: Se não há mecanismos capazes de medir a temperatura média da Terra, como o senhor prova que a temperatura está baixando?

Molion: A gente vê o resfriamento com invernos mais frios, geadas mais fortes, tardias e antecipadas. Veja o que aconteceu este ano no Canadá. Eles plantaram em abril, como sempre, e em 10 de junho houve uma geada severa que matou tudo e eles tiveram que replantar. Mas era fim da primavera, inicio de verão, e deveria ser quente. O Brasil sofre a mesma coisa. Em 1947, última vez que passamos por uma situação dessas, a frequência de geadas foi tão grande que acabou com a plantação de café no Paraná.

UOL: E quanto ao derretimento das geleiras?

Molion: Essa afirmação é fantasiosa. Na realidade, o que derrete é o gelo flutuante. E ele não aumenta o nível do mar.

UOL: Mas o mar não está avançando?

Molion: Não está. Há uma foto feita por desbravadores da Austrália em 1841 de uma marca onde estava o nível do mar, e hoje ela está no mesmo nível. Existem os lugares onde o mar avança e outros onde ele retrocede, mas não tem relação com a temperatura global.

UOL: O senhor viu algum avanço com o Protoclo de  Kyoto?

Molion: Nenhum. Entre 2002 e 2008, se propunham a reduzir em 5,2% as emissões e até agora as emissões continuam aumentando. Na Europa não houve redução nenhuma. Virou discursos de políticos que querem ser amigos do ambiente e ao mesmo tempo fazer crer que países subdesenvolvidos ou emergentes vão contribuir com um aquecimento. Considero como uma atitude neocolonialista.

UOL: O que a convenção de Copenhague poderia discutir de útil para o meio ambiente?

Molion: Certamente não seriam as emissões. Carbono não controla o clima. O que poderia ser discutido seria: melhorar as condições de prever os eventos, como grandes tempestades, furacões, secas; e buscar produzir adaptações do ser humano a isso, como produções de plantas que se adaptassem ao sertão nordestino, como menor necessidade de água. E com isso, reduzir as desigualdades sociais do mundo.

UOL: O senhor se sente uma voz solitária nesse discurso contra o aquecimento global?

Molion: Aqui no Brasil há algumas, e é crescente o número de pessoas contra o aquecimento global. O que posso dizer é que sou pioneiro. Um problema é que quem não é a favor do aquecimento global sofre retaliações, têm seus projetos reprovados e seus artigos não são aceitos para publicação. E eles [governos] estão prejudicando a Nação, a sociedade, e não a minha pessoa.
 
FONTE: UOL

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

SEMANA NATALINA FOI ÚMIDA, MAS O FINAL DO ANO SERÁ DE TEMPO BOM

A semana que antecedeu o natal, foi marcada pela presença de uma área de baixa pressão alongada (cavado), que alternava sua posição, ora ficando sobre Santa Catarina e ora se posicionando entre nosso estado e o território gaúcho. Esse sistema era responsável por provocar transporte de umidade e calor da floresta amazônica para o estado catarinense, deixando a semana úmida e muito abafada.

Por falar em abafamento, ele é permitido pelo que denomina-se sensação térmica, ou seja, o calor sentido e que é calculado em função da umidade relativa e velocidade do vento. Vejamos o exemplo de Itajaí. Na terça-feira, segundo o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), a temperatura por lá as três horas da tarde era de 29,5ºC, mas com a umidade relativa de 72%, a sensação térmica calculada apontou 34ºC.

A camada úmida ia bem além dos baixos níveis, chegando até a média troposfera. Um exemplo disso está na figura abaixo, onde a radiosondagem feita no aeroporto Hercílio Luz em Florianópolis as 10 horas de quinta-feira  nos mostra umidade relativa do ar acima dos 70% até 5810 metros de altitude.

Esse fator mostrado, aliado a advecção de ar mais frio na média troposfera, implicou em pancadas de chuva e até temporais isolados. Na quarta-feira, por exemplo, um deles provocou danos na região de Blumenau onde choveu 42mm em uma hora de duração. Segundo a defesa civil, ocorrem deslizamentos de terra e alguns alagamentos.

Na figura a seguir, pode-se observar os acumulados de chuva dessa semana em Santa Catarina. Perceba que ela foi mais expressiva na divisa do PR com o oeste catarinense, no Planalto Sul, encosta da Serra Geral, Vale do Itajaí e Litoral Norte. O litoral sul do estado, assim como todo esse mês e nos anteriores, está com deficiência de chuvas, cujo assunto vai ser abordado na análise mensal aqui no blog no início de janeiro.

No sábado de natal, uma frente fria passou pelo litoral e acabou trazendo uma massa de ar mais seco que estabilizou momentaneamente o tempo. Na figura abaixo, podemos ver esse sistema pela mudança na direção dos ventos, que passou de noroeste para sul/sudoeste.

A frente fria entrou com ventos consideráveis, provocados pela pressão que estava baixa em SC. As rajadas variaram em torno dos 50km/h pelo litoral. Já ontem, o sistema frontal com pouco suporte, acabou tendo um deslocamento para leste em direção ao oceano. Os ventos começaram a virar para sudeste no litoral catarinense, como mostra a figura a seguir.

Hoje, segunda-feira, como o ar frio e muito seco conseguiu entrar com mais força numa altitude de 1500 a 3000 metros, a madrugada teve temperaturas mínimas expressivas na serra catarinense, fazendo 2,4ºC em Urupema e 4,7ºC em São Joaquim, com registro de geada nestas duas cidades. Já é a segunda vez nesse mês que temos mínimas perto dos zero grau em SC. Como foi dito, o ar é muito seco e por isso pela tarde fez calor, inclusive na própria Urupema onde fez 26,5ºC.

Na tabela a seguir, você confere as demais temperaturas máximas desta segunda-feira em Santa Catarina.

Cidade (ESTAÇÃO)Temperatura máxima (ºC)
Caibi (CIRAM)33,9
Chapecó (CIRAM)31,9
Concórdia (INMET)31,4
Abdon Batista (CIRAM)31,0
Indaial (CIRAM)30,9
Criciúma (CIRAM)29,6
Florianópolis (CIRAM)28,3

A semana deve seguir com tendência a tempo bom na maior parte do estado. Podem ocorrer pancadas de chuva com trovoadas, especialmente no oeste e meio-oeste. No litoral o vento de sudeste pode por vezes trazem uma nebulosidade maior. As temperaturas ficam agradáveis de madrugada e sobem durante o dia. No interior do litoral sul e na serra ainda faz um pouco de frio pela manhã.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, WYOMING, MARINHA DO BRASIL.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

CAVADO GERA CÉLULAS CONVECTIVAS EM SANTA CATARINA


Nesta segunda-feira tivemos a presença de uma área alongada de baixa pressão (cavado) sobre Santa Catarina, representado pelos traços pretos na figura acima. Esse sistema acaba atraindo ar quente e úmido da floresta amazônica para o território catarinense, mediante a ventos de noroeste, que a 1500 metros de altitude são denominados Jato de Baixos Níveis. Na sondagem feita por balão meteorológico no aeroporto Hercílio Luz em Florianópolis as 10 horas da manhã de hoje percebemos na área selecionada que a direção dos ventos entre 45 e 3000 metros de altitude predominava de 320º a 345º, ou seja direção noroeste.


O ar quente e úmido provocou um dia muito quente e abafado em Santa Catarina. Em Criciúma no sul do estado, a temperatura máxima chegou a 35,1ºC na estação meteorológica do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina). Em Indaial não foi diferente, alcançando os 35,0ºC. Na tabela abaixo você confere mais detalhes no restante de SC.

Cidade (ESTAÇÃO)Temperatura máxima (ºC)
Criciúma (CIRAM)35,1
Indaial (INMET)35,0
Urussanga (INMET)34,7
Massaranduba (CIRAM)32,9
Itajaí (CIRAM)32,0
Caibi (CIRAM)31,3
Florianópolis (CIRAM)31,0
Abdon Batista (CIRAM)30,4

A pressão atmosférica baixa resultante da atuação do cavado e a presença do ar quente e úmido, causaram a formação de células convectivas em pontos isolados do estado. O resultado foram alguns temporais, como em Lages, onde em apenas dez minutos choveu 23,1mm e houve registro de granizo. Os ventos de 77,2km/h causaram queda de árvores, destelhamentos de casas e danos em alguns semáforos (fotos abaixo).



Quase no mesmo instante, o oeste catarinense era influenciado por outra célula de tempestade, a qual provocou estragos. Em Maravilha, por exemplo, a chuva forte causou elevação de até 5 metros do rio Iracema, implicando em alagamentos de casas e estabelecimentos comerciais do centro de cidade. Como não há estação meteorológica por lá e essas chuvas costumam ser isoladas, não há como saber o quanto choveu. O município de Dionísio Cerqueira também teve temporal, com um acumulado de precipitação de 21,8mm em pouco tempo, sem registro de estragos.

Logo mais foi a vez do sul do estado ser atingido por outra célula convectiva, a qual despejou 20mm de chuva sobre Timbé do Sul. Em Turvo, após o calor escaldante deu lugar a chuva, que segundo dados do CIRAM, acumulou 14,4mm na cidade. Continuando pelo litoral, outra célula convectiva se formou entre Laguna e Paulo Lopes, ganhando força e deslocando-se lentamente para nordeste, atingindo a Grande Florianópolis, onde trouxe chuva e ventos que acusaram até 53km/h em Santo Amaro da Imperatriz. No interior da região a chuva foi expressiva, com 23mm acumulados em Anitápolis. Entretanto no litoral a célula convectiva parece ter perdido intensidade, somando não mais que 7mm de chuva. A foto abaixo, captada pelo colaborador do blog Paulo Tempo Rafael Bernadino, mostra o temporal se aproximando de Florianópolis e São José.


No Vale do Itajaí, outra célula convectiva formada provocou também tempestades. Em Indaial, por exemplo, precipitou 19mm e os ventos chegaram a rajadas de 61,5km/h. A foto abaixo, tirada por Jaime Batista da Silva, mostra a chegada da chuva em Blumenau, que acumulou 14mm em poucos minutos.


No norte do estado, outra formação convectiva foi responsável pela forte chuva em Joinville agora a noite, por volta das 21h. Na estação do CIRAM localizada no bairro Quiriri, chegou a chover 38mm em menos de uma hora de duração. Já no bairro Itaum, o colaborador do blog Paulo Tempo David de Andrade registrou 21mm em seu pluviômetro. A chuva foi tão mal distribuída que na zona sul de Joinville não choveu mais que 2mm.

A semana que antecede o natal e que compreende o início do verão astronômico, será marcada por essa área de baixa pressão, que deve deixar os dias quentes e formar células de convecção em pontos do estado, provocando temporais isolados e chuvas mal distribuídas.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, CORREIO LAGEANO, BLOG FOTO E NOTÍCIAS DE BLUMENAU, DIÁRIO CATARINENSE.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

CIRCULAÇÃO DE UMIDADE MARÍTIMA TRAZ CHUVA PARA SANTA CATARINA

Chuva na Praia Mole - Florianópolis,SC
A quinta-feira, como previsto, foi de tempo instável com chuvas persistentes em boa parte de Santa Catarina, principalmente no nordeste e litoral do estado, como mostra a foto acima tirada na praia Mole em Florianópolis por Adriano Matias do site Terra Waves. O acumulado mais alto se deu em Três Barras no planalto norte, com 29,2mm. Na tabela abaixo você acompanha alguns valores de precipitação ocorridos hoje no estado, nas estações do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) e CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina).

Cidade (ESTAÇÃO)Chuva 24 horas (mm)
Três Barras (CIRAM)29,2
Major Vieira (INMET)27,4
Laguna (CIRAM)24,4
Itaiópolis (CIRAM)22,8
São Francisco do Sul (CIRAM)20,3
Florianópolis  (CIRAM)19,5
Joinville (CIRAM)17,6
Biguaçú (CIRAM)17,4
Indaial (CIRAM)16,2
Piratuba (CIRAM)16,0
Caçador (INMET)14,6
Blumenau (CIRAM)14,4
Videira (CIRAM)14,0
Itajaí (INMET)13,7
Rio do Campo (INMET)13,6
Morro da Igreja - Urubici (INMET)6,0


Essas chuvas estão sendo provocadas por dois sistemas no oceano Atlântico. Um é de baixa pressão e estava na altura do PR hoje pela manhã. O outro é um sistema de alta pressão (centro do ar polar que nos atingiu) na altura do estuário do rio da Prata. A diferença de pressão entre esses dois sistemas, provoca ventos de leste a sudeste (gráfico acima) em território catarinense já desde ontem a noite, injetando umidade oceânica e formando nuvens de chuva. Na figura abaixo, podemos ver essa configuração e a nebulosidade gerada.


Perceba que a nebulosidade ultrapassou a encosta da Serra Geral e conseguiu alcançar o planalto. Isso se deve ao fato de os dois sistemas com pressão diferentes estarem definidos além da superfície, alcançando até 4000 metros de altitude, ou seja, possuem suporte para levar a umidade até o interior. Isso é evidenciado olhando a sondagem atmosférica feita agora a noite no aeroporto Hercílio Luz em Florianópolis, que nos mostra umidade relativa (RELH) acima dos 80% até 4048m. Observe também que a razão de mistura (MIXR) até essa altitude fica sempre acima de 7g por kg de ar seco.


A tendência é que no decorrer da sexta-feira o sistema de baixa pressão se desloque para sul ao largo da costa catarinense, ainda provocando ingresso de umidade e formação de nuvens de chuva no estado. No final de semana esse sistema ainda deve garantir chuvas isoladas, porém o sol deve aparecer mais e esquenta bastante.

DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, CPTEC/INPE, MARINHA DO BRASIL, WYOMING

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

MASSA DE AR POLAR TRAZ FRIO INCOMUM PARA DEZEMBRO EM SC

Lages - SC.  Foto: Thiago Paes
A massa de ar polar que estava ingressando ontem em Santa Catarina, provocou um frio incomum para dezembro na madrugada e manhã desta terça-feira. No Morro da Igreja em Urubici (1810 metros de altitude), a temperatura mínima chegou a 1,1ºC. Em São Joaquim, a estação meteorológica do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) registrou mínima de 4,2ºC, porém a da Climaterra localizada na Vila Francioni apontou 3,4ºC. Em Urupema a estação convencional do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) teve 4,9ºC. O município serrano de Lages (foto do colaborador Thiago Paes acima), amanheceu também com frio fora de época, com registro de 7ºC. Segundo o CIRAM, as temperaturas mínimas desta terça-feira na serra catarinense foram as mais baixas em dezembro desde 1995.  

No meio-oeste, a menor temperatura mínima foi no município de Celso Ramos, com 3,4ºC, sendo uma das mais baixas nos últimos anos. No litoral, a estação meteorológica do aeroporto de Joinville teve mínima de 14ºC, perdendo apenas para dezembro de 2007 quando havia feito 13ºC. Já em Florianópolis, a mínima chegou a 14,6ºC, a menor em dezembro desde 1992. No interior do litoral sul, Jacinto Machado amanheceu com 7,5ºC.

Na tabela a seguir, você confere os demais valores de temperatura mínima hoje pelo estado.

Cidade (ESTAÇÃO)Temperatura mínima (ºC)
Morro da Igreja - Urubici (INMET)1,1
São Joaquim - Vila Francioni (CLIMATERRA)3,4
Celso Ramos (CIRAM)3,4
Campo Belo do Sul (CIRAM)4,1
São Joaquim (INMET)4,2
Anitápolis (CIRAM)5,5
Abdon Batista (INMET)5,7
Timbé do Sul (CIRAM)6,7
Lages (CIRAM)7,0
Concórdia (CIRAM)7,0
Caibi (CIRAM)7,3
Jacinto Machado (CIRAM)7,5
Turvo (CIRAM)8,1
Ituporanga (INMET)9,0
Major Vieira (INMET)10,2
Itajaí (INMET)13,3
Florianópolis (CIRAM)14,6

A maior chance de geada era no Planalto Sul devido ao suporte maior de ar frio. Porém dois fatores não permitiram a formação do fenômeno. Um deles é o vento, que causou mistura de ar, impedindo a inversão térmica (ar frio mais denso embaixo e ar menos frio acima). No gráfico da estação meteorológica do Morro da Igreja em Uribici, podemos notar que a velocidade média do vento alternava entre 30 e 40km/h.


O segundo fator foi a presença de nebulosidade, que atrapalha a perda radiativa. Essa nebulosidade também predominou no nordeste do estado e parte do litoral, como é visto na imagem de satélite abaixo.


Essas nuvens eram causadas porque apesar de a frente fria ter ido embora, ela permaneceu em forma de cavado entre 2500 e 3000 metros de altitude (traços brancos na imagem de satélite) sobre SC, formando nebulosidade do tipo altostratus e alguns stratus. Inclusive houve ainda algumas chuvas isoladas em Itajaí, Joinville, Itapoá e Florianópolis.

Durante a tarde, com menos nuvens e sob condição de ar mais seco, as temperaturas se elevaram rapidamente no planalto e interior do litoral sul, fazendo até calor em algumas cidades, com máximas de 27,1ºC em Criciúma e 26,7ºC em Caibi. A umidade relativa do ar entrou em queda, registrando 37% a tarde em São Joaquim.

A tendência é que o sistema de alta pressão pós frontal, ou seja, o centro do ar frio, se desloque para alto mar nas próximas horas. A partir desta quarta-feira, a interação desse sistema com a atuação de uma área de baixa pressão na costa de SP, deve favorecer a persistência de ventos de leste no litoral catarinense, que trazem umidade marítima e formam nuvens, provocando chuvas. Segundo o CIRAM, há risco de alagamentos e alguns deslizamentos de terra em alguns pontos devido ao solo que está já saturado devido as últimas chuvas.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, CLIMATERRA, DIÁRIO CATARINENSE

FOTO: Colaborador Thiago Paes - Lages

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

DEPOIS DAS TEMPESTADES, FRIO É O NOVO PROTAGONISTA

Os temporais que se manifestaram sobre o território catarinense nos últimos dias provocaram vendavais, algumas destruições, além de muita chuva. Segundo dados da Epagri-Ciram, só entre sábado e hoje, já choveu mais de 150mm no oeste e meio-oeste catarinense. Na tabela abaixo você confere os valores de chuva nesse mesmo período em algumas cidades de Santa Catarina.

Cidade (ESTAÇÃO)Precipitação acumulada em 72h (mm)
Chapecó (CIRAM)167,3
Xanxerê(CIRAM)156,2
Dionísio Cerqueira (INMET)121,6
Caibi (CIRAM)120,7

Nesse período estávamos sendo dominados por ingresso quase que constante de umidade e calor da floresta amazônica, em virtude da contínua formação de áreas de baixa pressão sobre o Sul do Brasil e países adjacentes. Ontem, uma frente fria formada na Argentina avançou mais pelo continente e foi alcançando o território catarinense.

Esse sistema além de alinhar a nebulosidade, levantou o ar quente e consequentemente causou uma queda expressiva de pressão atmosférica em superfície, a qual ficou abaixo dos 1000 hPa sobre boa parte do estado. Para se ter uma idéia, na própria capital que fica ao nível do mar, a pressão atmosférica chegou a marcar 998 hPa! Em Araranguá ficou um pouco mais baixa, com valor de 996,5 hPa no barômetro automático da estação meteorológica do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). 

Por outro lado, um sistema de alta pressão de origem polar pouco comum nessa época sobre o norte da Argentina, com valor central de 1020 hPa, avançava na retaguarda da frente fria. Isso mesmo! No mesmo lugar onde há dias se via pressões baixas e intensas instabilidades. A diferença de pressão entre esse anticiclone e o território catarinense, provocou ventos fortes ao longo da entrada da frente fria. Em Laguna, por exemplo, as rajadas acusaram 81,3km/h. Em Florianópolis chegou a 59,2km/h pela manhã. Na figura abaixo pode-se entender melhor na ilustração.


Na figura a seguir, há um gráfico de pressão atmosférica e outro de velocidade do vento. O leitor pode notar que assim que o vento começou soprar com intensidade, a pressão começou a aumentar. Veja:


Com o rápido deslocamento da frente fria para o PR e sudeste do Brasil, ar polar foi ingressando no decorrer desta segunda-feira. Para se ter uma idéia, a temperatura máxima de hoje se deu na madrugada, como em São José onde fazia 24,4ºC a uma hora da manhã, enquanto que pela tarde não passou os 20ºC. E na serra catarinense então! No Morro da Igreja em Urubici, fazia 7,8ºC ao meio-dia em pleno mês de dezembro! Até em Dionísio Cerqueira onde fazia bastante calor nos últimos dias, hoje pelas 17h o termômetro acusava temperatura de 14,4ºC.

A próxima madrugada será uma das mais frias de dezembro nos últimos anos, podendo ocorrer geada nas áreas da serraa onde não houver nebulosidade e vento. No planalto e interior do litoral sul são esperadas mínimas entre 5 e 12ºC. No litoral em torno de 18ºC devido a nebulosidade, com risco de chuva fraca.

DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, CPTEC/INPE, MARINHA DO BRASIL

sábado, 11 de dezembro de 2010

MAIS UM SCM CAUSOU TEMPORAIS E ALAGAMENTOS EM SANTA CATARINA

A massa de ar quente e úmido que está presente sobre Santa Catarina, sendo trazida da floresta amazônica por ventos de noroeste (jato de baixos níveis), aliada a injeção de ar frio a 5km de altitude e perturbações ciclônicas no escoamento de ventos, deixaram novamente o ambiente favorável a novas instabilidades. Mais um Sistema Convectivo de Mesoescala (SCM) se formou. Lembrando novamente que esses sistemas se formam entre um dia e outro, durando aproximadamente 18 horas ou mais, sendo mais intensos na madrugada e início da manhã.

Na imagem de satélite das dez horas da noite de ontem, pode-se ver algumas células convectivas se formando sobre a Argentina. Era já a gênese do SCM.


Se olharmos a figura abaixo, vemos que os índices de instabilidade estavam bastante significativos na região. Na área circulada onde o índice Lifted apresenta valor de -9, significa que a temperatura das parcelas de ar que sobem estão mais quentes que o ar em volta, ou seja, o ambiente está instável. Já o índice Total Totals que está variando de 44 a 56, indica que o ar está muito úmido e há bastante frio na camada média da troposfera, levando a condição de granizo e muitos raios.


Na próxima imagem de satélite, feita por volta das 6 horas da manhã de hoje, o SCM já estava em sua fase madura, tendo nuvens com topos congelados a temperaturas de até -80ºC, o que denota que esses topos estavam numa altitude superior a 15km.


Perceba que o sistema já estava sobre o centro-oeste de Santa Catarina. Em Chapecó a estação meteorológica automática da Epagri-Ciram registrou um acumulado de precipitação de 94,5mm, sendo que na hora do início da tempestade já havia acusado 32mm em menos de uma hora. Segundo informações do jornal Diário Catarinense, um riacho que passa pela cidade transbordou em virtude da chuva forte, alagando casas nos bairros Vila Real (foto abaixo), São Pedro e Pinheirinho.


Em Água Doce no meio-oeste, o temporal chegou forte, acumulando de início 18,5mm, totalizando 73,1mm durante toda a chuva do SCM, que se tornou estratiforme (chuva contínua e fraca) ao longo da manhã e tarde. Na tabela abaixo, você confere os valores de chuva acumulada hoje por conta do SCM em alguns municípios catarinenses.

Cidade (ESTAÇÃO)Precipitação acumulada (mm)
Chapecó (CIRAM)94,5
Xanxerê(CIRAM)76,2
Água Doce (CIRAM)73,1
Dionísio Cerqueira (CIRAM)69,6
Caibi (CIRAM)58,4
Novo Horizonte (CIRAM)49,0
Canoinhas (CIRAM)34,0
Rio do Campo (CIRAM)20,4

Nas outras como o litoral o tempo ficou a maior parte do tempo nublado e abafado. Choveu no litoral norte e na parte alta da Grande Florianópolis.

DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, CPTEC/INPE, DIÁRIO CATARINENSE.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

SISTEMA CONVECTIVO DE MESOESCALA PROVOCOU TEMPESTADES NO OESTE E MEIO-OESTE CATARINENSE

Diferente de ontem quando o tempo se apresentava mais estável, hoje o tempo já dava sinais de mudança. Uma perturbação ciclônica no escoamento de ventos da média troposfera (em torno de 5km de altitude), causou a formação de uma nova área de baixa pressão. Devido a essa queda de pressão atmosférica, os ventos úmidos e quentes vindos da Amazônia (jato de baixos níveis) a 1500 metros de altitude voltaram a se direcionar para o Sul do Brasil e países adjacentes, como mostra a figura abaixo.


Como resultado disso, um Sistema Convectivo de Mesoescala intenso começou sua gênese hoje pela manhã, ganhando tamanho e intensidade ao longo do dia. Pela animação das imagens de satélite podemos ver seu crescimento e deslocamento, atingindo inclusive o oeste e meio-oeste de Santa Catarina.


Havia muitos registros de descargas elétricas (pontos azuis na figura abaixo) nesse sistema convectivo, o que denotava a ocorrência de temporais significativos.


Foi isso que ocorreu por volta do fim da tarde no oeste e meio-oeste catarinense. Em Caibi, os poucos minutos de chuva acumularam 31,6mm. O vento alcançou 86,7km/h, mas por enquanto sem relato de estragos. No mesmo instante, Chapecó registrava outro temporal, que despejou 16,3mm na cidade. Logo foi a vez de Xanxerê, que teve precipitação de 37,6mm somadas em duas fortes pancadas de chuva durante a tempestade. No meio-oeste o município mais atingido pelo sistema foi Água Doce onde choveu 19,6mm.

A chuva, é preciso que se enfatize, não foi bem distribuída. Por exemplo, no extremo oeste vimos que Caibi teve 31,6mm, porém em São Miguel do Oeste que fica na mesma região, não caiu mais que 3mm!.

Da serra ao litoral, o predomínio hoje foi do sol, apesar de ter amanhecido com nuvens baixas do tipo stratocumulus, as quais evaporam ao longo da manhã devido ao aquecimento solar. Elas deram lugar as cumulus. Perceba na animação das imagens de satélite do sistema convectivo, que nuvens mais ralas fora da parte colorida, conseguem entrar no centro-leste do estado. São nuvens altas e médias, que durante esta noite estão associadas as nuvens baixas noturnas, dando a condição de céu nublado. Inclusive em minha residência aqui em Florianópolis, pude ver algumas gotículas pequenas de chuvisco, bem características de nuvens baixas.

O sábado deve ser de sol com temperaturas e sensação de ar abafado em Santa Catarina. Risco de temporais isolados, principalmente próximo da divisa com o RS.

DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, CPTEC/INPE, MARINHA DO BRASIL, SIMEPAR

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

FRENTE FRIA PASSA PELO MAR E PROVOCA CHUVA COM VENTOS FORTES EM SC

A área de baixa pressão pressão alongada que foi verificada ontem sobre Santa Catarina, ainda deixou o estado com ar úmido e quente. No entanto o sol voltou aparecer e levou as temperaturas acima dos 30ºC em boa parte do território catarinense, chegando a fazer 35ºC em Itajaí. Confira mais detalhes das máximas hoje pelo estado na tabela abaixo.

Cidade (ESTAÇÃO)Temperatura máxima (ºC)
Itajaí (CIRAM)35,0
Criciúma (CIRAM)34,9
Jacinto Machado (CIRAM)32,6
Caibi (CIRAM)32,5
Florianópolis (CIRAM)32,3
Chapecó (CIRAM)31,2
Lontras (CIRAM)30,7

Enquanto isso, uma frente fria passava sobre o mar ao largo da costa, fazendo o ar quente e úmido levantar sobre o litoral catarinense e formar nuvens em forma de núcleos, visto que o sistema frontal não estava sobre o continente. Na figura abaixo é possível notar essa configuração. No sul do estado, a chuva veio com vendaval. Em Criciúma, os ventos chegaram a 56km/h e houve suspeita de tornado por parte da RBS meteorologia, ainda não confirmado. Choveu 6mm no município. Em Içara, placas de trânsito, Outdoors e algumas árvores cairam devido ao forte vento, como vê-se nas fotos abaixo.


No litoral norte, o município mais atingido pela chuva forte foi São Francisco do Sul, onde em pouco tempo foi precipitado 14,5mm sobre a cidade. A rajada de vento na hora da chuva alcançou incríveis 100,5 km/h. Não houve relato de estragos. No gráfico abaixo, vemos que São Francisco do Sul, apresentava ventos inferiores a 25km/h antes da forte rajada.


Como o envio da imagem do satélite GOES-12 atrasou bem na hora da chuva, pegamos a imagem que mostra o núcleo ainda encosta sobre a cidade, mas já praticamente no mar. Veja:


Para amanhã, a presença do anticiclone pós frontal sobre o RS, deve deixar o ar seco e com temperaturas baixas ao amanhecer em Santa Catarina. Porém a tarde faz calor, podendo ultrapassar os 30ºC. O tempo volta a mudar no domingo.

DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, CPTEC/INPE, MARINHA, A TRIBUNA

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

CAVADO PROVOCOU CHUVA FORTE ENTRE MEIO-OESTE E PLANALTO SUL CATARINENSE

A presença do jato subtropical (ventos fortes a 10km de altitude) estimulou a formação de um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) sobre Santa Catarina. A presença dessa área com desvio de pressão causou o aumento de convergência de ventos úmidos da floresta Amazônica para o território catarinense, os chamados jatos de baixos níveis. Na imagem de satélite abaixo, podemos notar as nuvens formadas por esse sistema, o qual é representado pelos traços pretos.


Os maiores valores de chuva se deram entre o meio-oeste e planalto sul catarinense, o que foi motivado pelo maior encontro de ventos nessa região. Se olharmos a análise de ventos a 1500 metros de altitude, veremos que as correntes de jato de baixos níveis se aproximam bem na área onde choveu mais intensamente (circulada na figura). Veja:


Em Abdon Batista no meio-oeste, por exemplo, o acumulado de chuva nesta terça-feira chegou a 83,4mm, sendo que boa parte foi precipitada entre a metade e final da manhã. Para se ter uma idéia, esse valor em menos de 24 horas representa aproximadamente 56% da média esperada para todo o mês de dezembro. No município de Celso Ramos não foi diferente, o valor expressivo de chuva em pouco tempo despejou 72,4mm no pluviômetro da estação meteorológica do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina). Nas outras regiões o tempo ficou instável, porém choveu menos. Na tabela abaixo, você confere os maiores acumulados de precipitação pluviométrica de hoje em Santa Catarina.

Cidade (ESTAÇÃO)Chuva 07/12 (mm)
Abdon Batista (CIRAM)83,4
Celso Ramos  (CIRAM)72,4
Campo Belo do Sul (CIRAM)58,8
Ponte Alta (CIRAM)50,4
Aurora (CIRAM)44,2
Rio do Oeste (CIRAM)42,8
São José do Cerrito  (CIRAM)33,8
Ituporanga  (CIRAM)28,0
Concórdia (CIRAM)26,7
Apiúna  (CIRAM)25,4
Caçador (CIRAM)20,2
Papanduva  (CIRAM)20,0

Como as nuvens tiveram um desenvolvimento vertical, seus topos ficaram congelado e assim foram registradas algumas descargas elétricas (raios), vistas na figura abaixo pelos pontinhos em azul na área circulada.

A tendência ainda é de tempo instável na quarta-feira em Santa Catarina, com chuva isolada. No decorrer do dia um sistema de alta pressão mais frio se desloca zonalmente para leste no RS, o que faz os ventos virarem para sudeste em território catarinense, implicando na melhora do tempo no interior na quinta-feira, mas ainda nuvens baixas no litoral. Deve continuar quente, com máximas acima dos 30ºC no final de semana.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

RESUMO E ANÁLISE DE NOVEMBRO-2010

Sinoticamente, novembro de 2010 foi caracterizado por poucos sistemas frontais atravessando o estado de Santa Catarina. Apenas duas frentes frias passaram pelo estado vindas do sul da Argentina, todas no início do mês, nos dias 5 e 9. A segunda frente fria provocou um alto aquecimento pré frontal, com até 40,4ºC em Criciúma antes da virada dos ventos, sendo a maior temperatura do estado. A massa de ar frio em sua retaguarda foi responsável por deixar as temperaturas baixas para essa época do ano, além de formação de geada. Na serra catarinense, as mínimas no dia 10 chegaram a -1,8ºC em Urupema e -0,5ºC em São Joaquim. Na capital catarinense o valor de 11,7ºC foi o menor em novembro desde 1979.

Do dia 11 em diante, o estado passou a ter o predomínio de incursões constantes de umidade e calor da Amazônia pelo Jato de Baixos Níveis (ventos fortes de noroeste a 1500 metros de altitude), o que aliado a áreas de bloqueio atmosférico no sudeste do oceano Atlântico e a própria época do ano, acabaram contribuindo para manter o ar quente e consequentemente as temperaturas máximas dentro e levemente acima da média pelo estado, como mostra a figura a seguir.

Da interação do ar quente e úmido com o Jato Subtropical (ventos fortes a 10km de altitude), diversas áreas alongadas de baixa pressão (cavado) se formaram ou avançaram para o estado durante o mês de novembro de 2010, o que implicou em vários temporais. O granizo foi o grande vilão do mês, com 13 registros oficiais, sendo eles nas cidades: São Lourenço do Oeste, Joaçaba, Palmeira, Alto Bela Vista, Criciúma, Forquilhinha, Campos Novos, São Joaquim, Urubici, Bom Jardim da Serra, Jaborá e São José.

Como os temporais são muito localizados e provocam em muitas vezes mais destruição do que chuva, a precipitação pluviométrica ficou abaixo da média climatológica para novembro. Em Videira no meio oeste, por exemplo, choveu quase 60% a menos que a média. Porém no mapa abaixo, perceba que por outro lado o planalto sul, litoral sul e Alto Vale do Itajai tiveram valores de precipitação mensal acima da média. 
No litoral sul e interior de Joinville, os acumulados variaram entre 215 e 280mm, sendo que no fim do mês o município de Timbé do Sul teve 125mm despejados em um único dia devido a interação de um cavado com a umidade marítima que encontrava a encosta da serra geral. Tanto que em Joinville, o bairro Quiriri que fica perto da encosta da serra obteve 278mm nos trinta dias do mês.

Na tabela abaixo, você confere os valores totais de chuva em novembro e a anomalia de precipitação em relação a média climatológica. Algumas cidades não tem dados de anomalia porque a respectiva estação meteorológica não possui tempo suficiente de operação.

CidadePrecipitação Acumulada (mm) Nov/2010Anomalia de precipitação (%) Nov/2010
Joinville 278,0S/D
Urussanga 217,9+62,4%
Matos Costa 215,6S/D
Ituporanga208,9+53,4%
Lages 207,8+51,5%
São Joaquim 180,2+19,7%
Rio do Campo 170,4S/D
São José156,3+7,5%
Rio Negrinho 155,8+9,8%
Florianópolis 150,7S/D
Ponte Serrada 136,1-26,5%
Blumenau 135,4S/D
Indaial 122,8-4,1%
Itajaí 121,5-12,0%
Caçador 117,6-12,9%
Chapecó 115,8-32,7%
São Miguel do Oeste 109,8-36,7%
Major Vieira 89,2-33,7%
Campos Novos 82,0-47,1%
Itapiranga 75-47,8%
Videira64,6-59,8%

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM,

domingo, 5 de dezembro de 2010

QUASE UM MÊS EM CINCO DIAS!


Os últimos dias foram novamente de atuação do jato de baixos níveis (setas vermelhas na figura acima), que é um vento a 1500 metros de altitude e que transporta grande quantidade de ar quente e úmido para o território catarinense. Esse transporte era garantido pela pressão baixa sobre o Sul do Brasil, a qual havia sido estimulada pelo jato subtropical (setas pretas na figura), que também são ventos fortes, mas a uma altitude superior a 10km.

Essa configuração dos sistemas, acabou formando nuvens de desenvolvimento vertical associadas a temporais isolados em território catarinense. Em Caçador no meio-oeste, por exemplo, a chuva na tarde de quinta-feira durou 15 minutos e acumulou 6,3mm, porém devido a um córrego, cem casas tiveram problemas com alagamentos, além de deslizamentos por conta do solo encharcado. Também no meio-oeste, houve prejuízo com queda de granizo e duas pessoas morreram ao serem atingidas por raios. Nas demais áreas da região, os acumulados de precipitação foram altos, como em Xanxerê onde em menos de duas horas choveu 32,8mm.

Ainda na quinta-feira, só que pela manhã, a chuva intensa provocou alagamentos em Balneário Camboriu. Como lá não há estação meteorológica, pegamos a de Itajaí que fica próximo e obteve 19,8mm durante o temporal. Em Araquari, perto de Joinville, um raio causou incêndio de uma casa em função de um curto-circuito. Em São José na Grande Florianópolis, no mesmo horário cairam 11mm de chuva, causando alguns transtornos. No Alto Vale, o município de Rio do Sul teve acumulado pluviométrico de 27,3mm, o que causou alagamentos, como mostra a foto abaixo. 


Na sexta-feira a mesma combinação, associada agora a entrada de um ar muito frio na média troposfera, formou um Complexo Convectivo de Mesoescala (CCM). Esse sistema é um aglomerado de nuvens do tipo Cumulunimbos, que se unem e adotam um formato circular na imagem de satélite, como é visto abaixo.


Perceba que a cor rosa na imagem atinge o oeste e meio-oeste catarinense, o que representa que as nuvens nessa área estavam com topos frios de -80ºC, estando estes topos numa altitude de 15km. Em Chapecó, o temporal associado ao CCM, despejou 27,6mm no pluviômetro da estação meteorológica do CIRAM, com ventos de até 60km/h. No município de Piratuba, choveu 20mm. É comum também chover muito em regiões localizadas durante a atuação dos CCM's. Por exemplo, enquanto Chapecó teve 27,6mm, São Miguel do Oeste que fica na mesma região não teve mais que 1mm! Além da chuva houve relato de granizo isolado.

Pela análise dos índices de instabilidade (valores numéricos que denotam o grau de instabilidade atmosférica) K e Cape, percebemos que o primeiro estava com 40 sobre o oeste e meio-oeste de SC, significando que havia bastante umidade e variação vertical de temperatura na troposfera (ar quente embaixo e ar frio encima). O índice Cape apresentava valor superior a 2000, o que indica grande energia potencial disponível para o levantamento do ar.


No sábado, os temporais se concentraram novamente do oeste ao norte do estado. Em José Boiteux, por exemplo, o acumulado total foi de 72mm, porém em menos de 1 hora já havia chovido 27,4mm! No interior de Joinville, a estação localizada no bairro Quiriri obteve 39,4mm de precipitação.

Durante esses primeiros 5 dias de dezembro, já tivemos mais de 100 milímetros de chuva acumulados em boa parte de Santa Catarina, sendo que o total esperado para o mês de dezembro no estado fica entre 130 e 170mm, segundo a média climatológica. Tais valores estiveram associados principalmente a pancadas de chuva e não chuva constante. No mapa abaixo pode-se ver que entre o dia primeiro e hoje (domingo), já tivemos máximos de 200mm acumulados no oeste, sendo 30% a mais que a média climatológica. Nas outras áreas houve picos de 100mm, como no Vale do Itajaí.

No Vale do Itajaí e Litoral Norte, a preocupação é com o solo que já está encharcado e os rios que estão em elevação. Já houve alagamentos e deslizamentos de terra nessa área durante a semana. A defesa civil está em alerta e retirando quem está em áreas consideradas de risco. 

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, O RIOSSULENCE, DIÁRIO CATARINENSE