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terça-feira, 26 de abril de 2011

STORM RELATOS: TEMPESTADE ASSOCIADA A UM SCM NA NOITE DO DIA 22/04/2011

A postagem de hoje faz parte do quadro "Storm Relatos", onde o visitante colabora relatando uma tempestade em sua localidade, com o uso também de fotos e/ou vídeos. O relato foi feito pelo colaborador Euller Simiano, que com auxílio de sua câmera gravou o vídeo onde aparecem as descargas elétricas da tempestade durante a noite do dia 22/04 em Araranguá (sul catarinense), última sexta-feira. O vídeo segue abaixo.


Segundo Euller, a chuva foi de intensidade moderada, com ausência de ventos fortes e também não houve granizo, pelo menos no seu local de observação. O que chamou a atenção mesmo, de acordo com ele, foram os relâmpagos. Na imagem de satélite com detecção de descargas elétricas (abaixo), percebemos elas concentradas justamente sobre a região do litoral sul do estado.
Se pegarmos os dados da estação meteorológica do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) em Araranguá, veremos que durante o evento o pluviômetro somou 11,8mm, o que consiste em uma chuva moderada e breve. O vento, como bem afirmou Euller, esteve longe de ser forte, atingindo no máximo 35,2km/h por volta das 21h.

Através da imagem abaixo, podemos notar que o radar meteorológico do Morro da Igreja detectava uma refletividade em torno de 40 dBZ (cor laranja dentro da cor amarela) sobre a célula convectiva de Araranguá (destacada na figura) na hora do temporal, o que indica tempestade moderada e com nuvens do tipo Cumulunimbos profundas, ou seja, atingindo altas altitudes. 

Perceba que na próxima imagem, o radar nos mostra nuvens em forma de um arco, que vai desde a região de São Joaquim até o mar na altura do litoral sul catarinense. 

Esse formato de um arco tendendo para norte/nordeste, indica que ali se formou uma frente de rajada. Esse fenômeno decorre pelo grande entranhamento  de ar frio na traseira da tempestade, gerada pela precipitação e pelo grande influxo de ar frio nos níveis superiores. Esse ar frio desce com tanta força, que cria fortes rajadas de ventos, gerando aquela forma de arco nas nuvens e possibilitando que o ar quente na sua frente ascenda rapidamente, gerando as nuvens do tipo Shelf Cloud (nuvem de prateleira). 

As principais características na passagem de uma frente de rajada são o rápido aumento de pressão atmosférica, diminuição rápida de temperatura e mudança brusca na direção e velocidade do vento. Isso foi observado em Laguna, ao norte de Araranguá. Por lá, o vento alcançou 69km/h, a pressão subiu 2 hPa (Hectopascais) em menos de 2 horas e a temperatura mínima horária caiu de 22,3ºC para 19,7ºC.

Tempestades com muitos relâmpagos, frentes de rajada, linhas de instabilidade e chuvas intensas na noite daquela sexta-feira, estiveram associadas a um Sistema Convectivo de Mesoescala - SCM, que é um conjunto de várias tempestades que se fundem, compartilhando suas energias potencias, sendo que a dissipação de uma ajuda na formação da outra e sim por diante. Os SCM's podem possuir formas lineares ou quase circulares, podendo durar mais que 12 horas. O do dia 22/04, sexta-feira, se formou por volta das 9 horas da manhã e perdeu sua configuração na manhã de sábado, quando entrou uma frente fria no Sul do Brasil. Na animação de imagens de satélite, é possível acompanhar esse desenvolvimento.
cXGlTZ on Make A Gif, Animated Gifs

Analisando sinoticamente, percebemos que durante o dia de sexta-feira, havia ventos fortes nos altos níveis da troposfera, as chamadas correntes de jato subtropical, que estavam com velocidades de 140 a 200km/h entre a Argentina, Uruguai, RS e sul de SC, como mostra a figura abaixo.
Esse jato subtropical em altitudes superiores permitiu com que o ar dos baixos níveis ascendesse mais rapidamente, gerando uma área de baixa pressão atmosférica. Isso acabou aumentando a velocidade da corrente de jato em baixos níveis da troposfera, que trazem umidade e calor da floresta amazônica. Na próxima figura, vemos que já na noite de sexta-feira esses ventos amazônicos sopram com força direcionados para o Sul do Brasil (áreas avermelhadas).
Na próxima figura, temos um corte vertical da troposfera, mostrando os valores de ômega (velocidade vertical do ar) desde os baixos níveis até uma altitude de 12km, sobre a latitude 30ºS e entre as longitudes 58ºW e 46ºW. Essa região compreende a parte mais intensa do SCM, ou seja, aquela sobre o RS. Note que as correntes de ar ascendente (valores negativos representados pelas cores entre amarelo queimado e vermelho) vão desde a superfície até quase o topo da troposfera, sendo mais intensas na média troposfera (em torno de 5km de altitude). Ou seja, o ar sobe com tanta força que chega a ultrapassar a média troposfera, gerando nuvens muito bem desenvolvidas.
Outro padrão importante é a umidade relativa. Na figura abaixo temos a mesma posição da figura anterior, porém agora mostrando umidade. Perceba que os valores acima de 60% (cor azul), o que já é alto, cobrem boa parte da troposfera. Observe que fora do SCM, ou seja a oeste da longitude 56ºW e a leste da longitude 50ºW, há uma intensa camada de ar mais seco (cor vermelha) logo acima da superfície, formada pelo eixos de cavados (onde o ar descende).
Analisando isso sobre Santa Catarina, temos um novo corte vertical da troposfera, mostrando os valores de ômega (velocidade vertical do ar) sobre a longitude 49ºW entre as latitudes 36ºS e 24ºS. O município de Araranguá está localizado entre as latitudes 28ºS e 29ºS, onde há forte elevação do ar. Note que entre cada área de ascendência de ar (ômega negativo), há áreas de descendência (ômega positivo), ou seja, mostrando que são várias células convectivas unidas entre si.
Gostaria de agradecer ao colega Euller por ter colaborado com o blog. Espero que continue acompanhando e quando puder colaborar novamente, esteja a vontade. A ajuda de vocês me motiva a continuar com este blog. Abraços e até mais.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, REDEMET
VÍDEO: Euller Simiano
Mapas de criação própria

sábado, 23 de abril de 2011

BLOG PAULO TEMPO COMPLETA 4 ANOS!

Neste sábado, dia 23 de abril de 2011, o blog meteorológico Paulo Tempo completa exatamente 4 anos de existência. Me lembro muito da primeira postagem, a vontade de criar um espaço onde haveria publicação de análises do tempo em Santa Catarina. Sempre dedicado ao meu querido estado, procurei e procuro levar a melhor análise técnica do tempo e clima para os catarinenses e também outros visitantes.

Os primeiros métodos de análise se baseavam em imagens de satélite, radares e estações meteorológicas. Logo, comecei a utilizar também cartas sinóticas (onde há descrição dos fenômenos meteorológicas e valores de pressão atmosférica), colocar fotos, vídeos e informações de observadores voluntários, os quais quero agradecer profundamente pela ajuda. Mais recentemente, após ter me formado como técnico em meteorologia no IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina) e ganhado ainda mais conhecimento, comecei a gerar mapas meteorológicos baseados em dados de modelos numéricos computacionais aplicados a meteorologia, com variáveis tais como pressão a superfície, vento, temperatura, índices de instabilidade, etc. 

De maneira geral, o blog foi se transformando ao longo do tempo, tendo na página principal os dados atuais de estações meteorológicas, imagens de satélite, radar, temperatura média global, aviso de tempo severo, entre outros. O blog também ganhou espaço nas rede sociais, tais como Orkut, Facebook e Twitter. Foram criadas subpáginas com informações do tempo no mundo, acompanhamento de ciclones e tornados, espaço para relatos de tempestades, imagens de webcams do tempo, entre outros. Peço desculpas por não poder muitas vezes atualizar todas essas páginas em virtude de falta de tempo disponível. No entanto, tento manter em primeiro lugar as postagens diárias, que para mim servem também de auto aprendizado. Uma inovação foi também a criação do pequeno fórum "Como está o tempo aí?", onde o visitante informa como está o tempo atual em sua região de forma rápida e fácil.

Com relação a visitantes, infelizmente eu não havia colocado um contador de visitas desde a criação do blog em 23 de abril de 2007. Inseri um em 2008, mas que sem motivos aparentes parou de funcionar. Porém, o contador mais antigo foi colocado pelo próprio blogspot, chamado "Estatísticas do Blogger". Segundo esse contador, o blog teve 87375 visitas desde maio de 2010 até ontem (22/04). 

O blog Paulo Tempo se tornou conhecido também mundialmente. Os 5 países que mais visitaram foram Portugal, Estados Unidos, Argentina, Paraguai e Uruguai. A postagem mais vista foi "TORNADO EM BARRA VELHA E TROMBA D'ÁGUA EM FLORIANÓPOLIS. HAJA FÔLEGO!". Já a página mais visitada foi a de "webcams", seguida de "Monitoramento de Ciclones tropicais". 

Gostaria de agradecer a todos os visitantes, colaboradores, observadores voluntários e parceiros. Sem vocês esse trabalho não seria completo. Apesar de estar atarefado com a faculdade de física, não irei de jeito algum largar o blog. Tentarei sempre mantê-lo atualizado e com qualidade para seus leitores. Abraço a todos e também claro: Feliz Páscoa!.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

ESTAÇÃO BRASILEIRA NA ANTÁRTIDA APRESENTA RESFRIAMENTO NOS ÚLTIMOS 14 ANOS

Nos últimos 14 anos as temperaturas médias anuais do ar registradas na Estação Antártica Brasileira Com. Ferraz apresentaram tendência de queda, cerca de -0,6ºC/década.

Esta condição pode ser constatada, por exemplo, nos anos de 2007 e 2009, quando o inverno rigoroso congelou os dois lagos de água doce que abastecem a Estação. Nos anos de 1995, 2007 e 2009, a extensão do gelo que cobre a Baía do Almirantado durante o inverno, atingiu a categoria 5, ou seja, o nível máximo, com o mar congelando até mesmo nas proximidades da estação polonesa Arcktowski.

Desde 1986, ano de início das coletas de dados na EACF, com excessão de 1987, osinvernos (médias de junho-julho-agosto) mais frios concentraram-se nos últimos 14 anos, a exemplo de 1995 com -10,3ºC, e 2007 e 2009 com -8,5ºC, de temperaturas médias. Ao longo de 2009, as temperaturas ficaram abaixo da média, com exceção de janeiro e março. A temperatura mínima absoluta do ano, –25,6ºC, ocorreu em 05/agosto, sendo que há 18 anos a mínima Ferraz em um mês de agosto não caía abaixo dos -25ºC. 

Janeiro/2010, com média +1,0ºC, foi o janeiro (média climát. +2,3ºC±0,7ºC) mais frio na área em 37 anos; Fevereiro/2010 teve a média +0,2ºC (média climát. +2,2ºC±1,0ºC), e valores menores ocorreram 39 anos atrás. Estas temperaturas justificam a situação inusitada no Proantar, com os dois lagos de água doce que abastecem Ferraz ainda cobertos de neve e gelo no início de março!
O clima nesta região apresenta grande variabilidade interanual, como se nota no quadriênio 2006 a 2009, com alternância entre anos mais quentes e frios, e variações significativas de ~3 ºC nas médias entre eles. Neste contexto, é difícil prever as temperaturas futuras, mesmo no prazo de um ano.

Ainda em relação à tendência da temperatura do ar na área de Ferraz, cabe notar que se consideradas as médias anuais dos últimos 65 anos, houve aquecimento médio de +0,23ºC por década. Porém, para os últimos 29 anos, que de um ponto de vista prático configuram os 30 anos convencionais de uma climatologia padrão, os dados médios mostram estabilidade, portanto sem indicação de aquecimento do clima.

FONTE: CPTEC/INPE

domingo, 17 de abril de 2011

NOVA FRENTE FRIA E NOVO CICLONE

Nem bem passou a frente fria ontem a noite pelo litoral catarinense, outra já se formava a partir da gênese de um novo ciclone extratropical na costa argentina. Na figura abaixo, é possível ver essa frente fria representada pela linha com triângulos azuis e o ciclone pela letra B.
Na próxima figura, temos um corte vertical da troposfera na região onde está localizada a frente fria, mostrando as temperaturas desde a superfície até uma altitude de 12km, entre as latitudes 46ºS e 23ºS. Note que da latitude 39ºS a 35ºS o ar frio "afunda", fazendo formar uma parede de ar quente na latitude 32ºS. Isso indica que o ar frio passa por baixo do ar quente e o faz levantar, ou seja, a frente fria em si.
Quem favoreceu a formação desse novo ciclone extratropical foi um intenso cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) na média troposfera (5km de altitude), que é representado na figura abaixo pelos traços pretos. Esse cavado nessa altitude favorece a ascenção e consequente confluência de ar quente e úmido em superfície, gerando uma baixa pressão e por fim um ciclone de origem extratropical.
A frente fria se deslocou muito rápido e já está sobre o norte do RS, mas também atuando sobre Santa Catarina nesta noite. Na imagem de satélite abaixo, percebemos nuvens com alto desenvolvimento vertical sobre o estado, ou seja as Cumulunimbos, que provocaram pancadas de chuva com trovoadas e até granizo e vendavais. Tais nuvens, se estendem até o oceano, onde está o ciclone extratropical.
Segundo as estações do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) e CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina), já houve pancadas de chuva isoladas nas últimas horas em boa parte do estado, principalmente no planalto serrano e meio-oeste. Em Campo Belo do Sul, por exemplo, choveu 38,8mm as 22h. No município de Xanxerê, além da chuva de 14,8mm, o vento alcançou um velocidade máxima de 55,8km/h. Mas vento forte mesmo aconteceu em Celso Ramos, onde agora pouco foi acusado uma rajada de 97km/h. Já em Abdon Batista, o vento chegou a 40km/h e precipitou 21,6mm, sendo isso dividido em duas pancadas de chuva, uma as 16h e a outra as 23h. Em Porto União a chuva começou as 19h e foi até as 21h, acumulando 21,7mm na estação do CIRAM. No sul do estado, a chuva mais intensa, apesar de pouco expressiva, se deu em Criciúma, onde precipitou 9,4mm com rajada de vento de 38km/h.

Antes da chegada das nuvens de chuva, o território catarinense teve um dia de sol e calor, como estava previsto pelo CIRAM. As temperaturas máximas altas hoje foram de 32,9ºC em Caibi, 31,4ºC em Criciúma, 30,6ºC em Urussanga, 30,4ºC em Concórdia e 28,4ºC em São José. As cidades que tiveram as maiores temperaturas mínimas de hoje foram Massaranduba com 21,5ºC e Florianópolis com 21,3ºC.

A tendência, segundo o CIRAM, é que a a frente fria ainda provoque risco de tempestades amanhã (segunda-feira), podendo cair granizo e ter ventos fortes em pontos isolados.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL

sábado, 16 de abril de 2011

FRENTE FRIA PASSA POR PARTE DE SANTA CATARINA

A frente fria que estava no RS ante-ontem, teve aumento em sua intensidade devido a uma ciclogênese extratropical (formação de um ciclone extratropical) sobre o mar na altura do litoral sul gaúcho. Na figura abaixo, vemos a análise de ventos e pressão atmosférica a superfície. O ciclone em formação é representado pela letra B.
Nas duas figuras abaixo, temos um corte vertical de temperatura na troposfera entre a superfície e uma altitude de 12km, desde a latitude 44ºS até 25ºS, sendo uma longitude fixa de 51ºW. Nela é possível identificar bem quando tem-se uma frente fria, frente quente, estacionária, oclusa, entre outros sistemas. Perceba que na segunda figura (hoje), o ar frio se deslocou mais em relação a primeira (ontem). Note ainda que a camada de ar mais quente (isoterma de 21ºC) subiu um pouco em relação a ontem, e que o ar frio nas latitudes mais altas teve um pequeno achatamento. Isso nos indica que a formação do ciclone realmente impulssionou a frente fria, que pela segunda figura parece estar em torno da latitude 32ºS.
Antes da chegada desse sistema frontal, o dia se comportou com sol e variação de nuvens em Santa Catarina. No sul catarinense, a presença de nebulosidade foi um pouco maior, como vemos na foto tirada em Imbituba pela manhã, disponível no site Terra Waves.
Imbituba-SC
Justamente no sul ocorreram as menores temperaturas máximas de hoje, tendo feito 25,0ºC, 24,3ºC em Turvo e 23,9ºC em Meleiro. Já no restante do estado fez mais calor, com máximas de 30,5ºC em Massaranduba, 30,0ºC em Itajaí, 29,0ºC em Três Barras, 28,5ºC em Caibi e 28,0ºC em Andon Batista.
No decorrer do dia, a nebulosidade aumentou (satélite acima) e foi registrado chuva desde a metade da tarde em diante. Foi o caso de Lebon Régis no meio-oeste, onde por volta das três horas da tarde choveu 16,2mm. No planalto norte a chuva veio um pouco mais tarde, porém com acumulados baixos, sendo que precipitou apenas 3,2mm em Major Vieira. No sul do estado onde a nebulosidade era maior e onde passava a frente fria, o maior valor de chuva se deu em Criciúma com 9,2mm. Em Urussanga choveu menos, totalizando 4,4mm no pluviômetro.

Na imagem de satélite de agora, vemos uma nebulosidade mais acentuada sobre o oceano, sendo mais fraca sobre SC. No alto mar, a letra B representa a atual posição do ciclone extratropical, que ainda não teve sua oclusão completa.
Por causa da presença desse ciclone, a entrada de vento do quadrante sul em solo catarinense foi com rajadas. Em Araranguá, por exemplo, o vento máximo registrado pela estação meteorológica do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) foi de 53,6km/h.

Como o sistema frontal frio (frente fria) passou ao largo do litoral e tende a se deslocar para o mar, o domingo deve ser de sol e continuação do calor, sobretudo no interior e regiões próximas do PR. No litoral o vento começa de leste mas passa para nordeste no decorrer do dia em virtude do deslocamento da massa de ar frio pós frontal para alto mar. O vento de leste citado, pode provocar alguma chuva isolada no período noturno.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM MARINHA DO BRASIL, TERRA WAVES.
Mapas de elaboração própria

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quinta-feira, 14 de abril de 2011

ADVECÇÃO DE AR QUENTE E ÚMIDO DÁ CONDIÇÕES PARA TEMPORAIS EM SC

Na imagem de satélite acima, é possível ter uma noção da tamanha instabilidade que se estabeleceu sobre o Sul do Brasil. Note que a temperatura de topo das nuvens chega a alcançar os -80ºC no oeste e meio-oeste catarinense. Essas nuvens com alto desenvolvimento vertical, ou seja, as chamadas Cumulunimbos, provocaram temporais isolados em algumas partes do estado. A maior parte dessas chuvas aconteceram entre o final de tarde e início da noite desta quinta-feira. 

Em Chapecó, por exemplo, a tempestade veio por volta das 19h, com ventos fortes de 66,6km/h. Só na primeira hora de chuva o pluviômetro automático do CIRAM já havia registrado um acumulado superior a 15mm, sendo no total 38,3mm durante toda a precipitação. Ainda no oeste, porém mais no extremo da região, o município de Dionísio Cerqueira teve temporal a partir das 21h, com ventos de 68,4km/h, tendo chovido 25,6mm. Seguindo até o meio-oeste, Caçador apresentou chuva forte entre as 19 e 20h, acumulando altos 33,6mm. O vento por lá chegou a 59km/h.

No Vale do Itajaí, um dos municípios mais atingidos foi Blumenau, onde choveu 51,5mm em pouco tempo, o que resultou em alagamentos, como mostra a foto a seguir, registrada pelo colaborador Jaime Batista da Silva.

Blumenau-SC
No Alto Vale, quem teve também chuva forte foi Rio do Oeste, onde precipitou 31mm. No Sul do estado, um dos municípios que mais registrou chuva forte em poucas horas foi Turvo, com 32,1mm. O vento mais intenso se deu em Siderópolis, com 58km/h. Na Grande Florianópolis, a chuva foi até bem uniforme, sendo que choveu 17,8mm em São José e 17,5mm em Florianópolis. Na capital catarinense, as rajadas de ventos no aeroporto Hercílio Luz alcançaram  56km/h no início da noite. A temperatura que marcou 32,4ºC, foi caindo com a nebulosidade, até registrar 22,3ºC no início da chuva.

O motivo para a formação desses temporais é a aproximação de uma frente fria pelo RS (vista na primeira figura desse post). Como esse sistema gera uma rampa onde o ar quente é forçado a subir, cria-se uma área com baixa pressão, que mesmo estando mais significativa sobre o estado gaúcho, acaba aumentando a advecção de calor e umidade da floresta amazônica para Santa Catarina. Na figura abaixo, esses ventos úmidos amazônicos são vistos na cor avermelhada sobre o Paraguai até o oeste catarinense, sendo sua direção noroeste.
Além desse fator na baixa troposfera, temos ainda a presença de um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) de onda curta em altitudes superiores sobre os Andes, que gera divergência de ventos na sua borda leste e assim aumenta ascenção do ar nos baixos níveis troposféricos, o que favorece a "esteira" de ar quente e úmido amazônico para o Sul do Brasil. Tal cavado é visto na próxima figura, representado pelos traços pretos.
Para a sexta-feira, o CIRAM prevê um dia com sol, variação de nuvens e chance de temporais isolados.

DADOS: CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRA, INMET, MARINHA DO BRASIL
Mapas de geração própria.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

PALESTRA SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS COM LUIZ CARLOS MOLION

Publico aqui no blog hoje, uma palestra sobre "Mudanças Climáticas - Contra as certezas: pelo debate científico", realizada na Universidade de São Paulo em novembro de 2010, pelo meteorologista e membro da OMM (Organização Meteorológica Mundial) Luiz Carlos Baldicero Molion. O palestrante aborda vários temas que vão contra a idéia de aquecimento global antropogênico defendida por muitos cientistas e oportunistas. A palestra é dividida em quatro vídeos, os quais são apresentados a seguir.









Assistiu tudo? Dê sua opinião nos comentários desse post. Sua participação é muito importante para criar uma ciência séria e sem "achismos".

domingo, 10 de abril de 2011

AO CONTRÁRIO DAS PREVISÕES CATASTRÓFICAS, AS GELEIRAS DO HIMALAIA ESTÃO SE EXPANDINDO

Um novo estudo publicado na revista científica Nature Geoscience concluiu que o afirmado derretimento das geleiras do Himalaia, proclamado pela ONU como “prova” da catástrofe do aquecimento global, não corresponde à evidência. Ao contrário, os pesquisadores constataram que muitas geleiras nos Himalaias estão se expandindo ou ficando estáveis.
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Notando que seu estudo corrige “declarações incorretas no quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática”, os autores dizem que seus resultados mostram “que não há nenhuma resposta uniforme de geleiras dos Himalaias para a mudança climática”.
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Rajendra K. Pachauri, diretor do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) da ONU, fez a famosa afirmação no quarto relatório de avaliação do IPCC em 2007 de que a probabilidade de que as geleiras do Himalaia “estarão desaparecendo até o ano 2035 e talvez antes é muito alta”, uma afirmação rejeitada na época pelo importante glaciologista da Índia, Dr. Vijay Raina. Pachuari respondeu chamando Raina de adepto da “ciência do vodu”.
 
FONTE:  LIFESITENEWS

sexta-feira, 8 de abril de 2011

TEMPERATURA MÉDIA GLOBAL FICOU 0,1ºC ABAIXO DO NORMAL EM MARÇO-2011

Os satélites desde o ano de 1978, conseguem medir a temperatura da baixa troposfera no globo todo, incluindo continentes e oceanos. Já o que o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) nos mostra em seus gráficos, são dados de estações meteorológicas, que devido ao aumento da urbanização, começaram obviamente a registrar aquecimentos locais, os quais numa média representam uma falsa idéia de aquecimento do planeta, induzindo a um erro gravíssimo e disseminado mundo a fora.

De fato o planeta aqueceu sim entre entre 1975 até meados de 2001, segundo dados confiáveis de satélite. Porém, esse aquecimento não foi provocado por ações humanas, até porque o CO2 não está em suas maiores concentrações. Mesmo se tivesse, não há correlação entre esse gás e o aumento da temperatura. O fator independente seria a temperatura dos oceanos, que quando aumenta acaba causando maior liberação de gás carbônico na atmosfera, sendo a mesma coisa que acontece com um refrigerante quente sem a tampa. De 2002 para cá, a Terra vem resfriando. Em Março deste ano, a temperatura média global medida por satélite, ficou 0,1ºC abaixo do normal, como é visto na figura abaixo. Note que o único pico de aquecimento no início de 2010 foi devido ao El Niño e o aquecimento do oceano Atlântico associado a precessão da Lua, mas que não interfere na tendência geral de resfriamento global.
Essa variação natural de temperatura é controlado praticamente pelo sol, que possui um ciclo de 90 anos, onde aumenta e diminui sua atividade, ou seja, as explosões solares. Dentro dos 90 anos, há um outro ciclo solar de 11 anos onde ocorre também um mínimo e um máximo solar. Se olharmos o gráfico abaixo, vemos que o sol começou a ter diminuição de atividade justamente a partir de 2002, coincidindo com o declínio da temperatura global. Note que a linha vermelha representa a previsão de um pequeno máximo de atividade em 2013, mas muito menor do que o de 2002. Nos próximos 80 anos a tendência é termos menos períodos de máximos solares, o que implica em um resfriamento do planeta nesse tempo.
Com a atividade solar baixa, os oceanos tendem a ficar menos quentes. O oceano Pacífico possui um ciclo chamado PDO (Oscilação Decadal do Pacífico), onde a cada 30 anos ele possui um aquecimento e um resfriamento, chamados de fase positiva e negativa. Nos últimos 10 anos, o Pacífico entrou numa fase negativa, o que acarreta em mais eventos de La Niña (resfriamento anômalo do oceano Pacífico Equatorial e costa oeste da América do Sul). Você pode comprovar isso com o forte La Niña que estamos tendo, o qual começou em meados de 2010 e até agora ainda está na ativa. Esse La Niña é o responsável pelas enchentes na Austrália e Venezuela.

O resfriamento do planeta também é comprovado pelo rigoroso inverno deste ano no hemisfério norte. Segundo o site Voz da Rússia, Moscou teve o inverno mais frio desta década: "O fevereiro de 2011 pode ficar "laureado" entre os meses mais frios da última década". Nos Estados Unidos, a cidade de International Falls, localizada em Minesota registrou -43ºC, sendo a menor temperatura desde o ano de 1897. Na Espanha, não se via tantos dias frios nos últimos 20 anos. A neve foi abundante, invadiu cidades e provocou transtornos. Nos EUA, foi a quinta maior nevasca dos últimos anos. Até onde fazia anos que não ocorria neve, o fenômeno se fez presente. Na Alemanha, o derretimento da neve chegou a causar inundações, segundo site Bom Dia Brasil.


DADOS: NOAA, UAH, APOLO 11, VOZ DA RÚSSIA, DIÁRIO DE NOTÍCIAS, BOM DIA BRASIL

quarta-feira, 6 de abril de 2011

URUPEMA REGISTRA A MENOR TEMPERATURA DO ANO ATÉ O MOMENTO

A massa de ar frio na retaguarda da frente fria que passou ontem pelo litoral catarinense, acabou entrando no Sul do Brasil. O interessante é a característica mais continental dela, ou seja, o centro de alta pressão ficou sobre a Argentina enquanto sua crista ingressava com força sobre Santa Catarina. Na imagem de satélite  podemos notar melhor. 

Isso nos mostra que o padrão de sistemas de alta pressão mais marítimos está dando espaço a uma característica mais outonal e também invernal, onde massas de ar frio derrubam as temperaturas mais fortemente quando vem pelo continente, sendo obviamente mais secas e frias. Essa situação proporcionou uma perda de radiativa diurna significativa durante a madrugada, o que associado ao ingresso de ar mais frio, levou as temperaturas próximas de zero. Por volta das 4 horas da manhã, Urupema no Planalto Sul, registrava a menor temperatura do ano em SC, com 1,1ºC na estação do CIRAM. Em São Joaquim, a mínima variou bastante, muito por conta da diferença em acúmulo de ar frio entre vales e montanhas. Por exemplo, na estação Cetrejo, que fica a 1184m de altitude, fez 2,5ºC. Já na estação do INMET localizada num topo (1376m de altitude), o valor medido foi de 7,9ºC. Uma diferença de 5,4ºC entre pontos de uma mesma cidade!

A capital catarinense teve seu menor registro de temperatura de 2011, com 14,7ºC no bairro Itacorubi. Esse valor foi permitido por conta da localidade ficar mais no interior da ilha, ou seja, o fator continentalidade. Já no bairro Capoeiras, que fica mais próximo do mar, a estação do blog Paulo Tempo registrou mínima de 16,7ºC. Na Lagoa da Conceição, a estação que fica na beira da lagoa, teve 18,5ºC, ou seja, uma considerável diferença em se tratando de uma ilha.

Na tabela abaixo, você confere as demais mínimas pelo estado.

Cidade (ESTAÇÃO Temperatura mínima (ºC
Urupema (CIRAM)1,1
São Joaquim (CIRAM)2,5
Caçador (INMET)6,0
Lages (INMET)6,3
Morro da Igreja - Urubici (INMET)6,8
Abdon Batista (CIRAM)6,9
Curitibanos (CIRAM)7,6
Rio das Antas (CIRAM)7,7
Celso Ramos (CIRAM)7,8
Campo Belo do Sul (CIRAM)8,4
Canoinhas (CIRAM)8,8
Ituporanga  (CIRAM)11,0
Caibi (CIRAM)11,1
Timbé do Sul (CIRAM)11,3
Concórdia  (CIRAM)11,6
Jacinto Machado (CIRAM)12,0
Turvo (CIRAM)12,6

Como antecipado, houve a primeira ocorrência de geada em 2011, sendo registrada em São Joaquim e em Urupema, ambas estações localizadas em baixadas do Planalto Sul.
Durante o dia, o predomínio do sol e as pouquímas nuvens, marcaram o clima de outono. A umidade relativa caiu bastante em relação aos dias anteriores. Até o litoral secou hoje. Isso por que os ventos predominaram de sudoeste (figura acima), impedindo avanço de umidade marítima. Os menores valores registrados foram de 31% em Florianópolis e Urussanga, 32% em São Joaquim, 39% em Xanxerê, 40% em Urupema e 41% em Itajai.

Os índices de instabilidade, como era de se esperar, cairam bastante. O K ficou negativo e o Totals ficou abaixo de 40, o que juntos indicam pouca umidade na troposfera e pouca variação vertical de temperatura. No gráfico (abaixo) de umidade relativa em Criciúma na análise das 9 horas da manhã, o leitor pode notar que a umidade estava abaixo de 50%, decaindo bastante a medida que aumentava a altitude. (clique na foto para ampliar)

Como o ar está muito seco, as temperaturas logo sobem durante a tarde, se distanciando das registradas pela manhã. Em Urupema onde fez 1,1ºC de mínima, teve 19,5ºC a tarde. Porém não chegou a fazer calor, sendo que a maior parte das máximas no oeste, meio-oeste e planalto serrano não passaram dos 25ºC. No litoral sim fez um pouco de calor, principalmente no norte onde foi anotado 28,3ºC em Massaranduba.

Para a quinta-feira, o CIRAM prevê mais um dia ensolarado em Santa Catarina. Faz frio pela manhã, mas esquenta a tarde. O ar seco predomina.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM MARINHA DO BRASIL, CLIMATERRA

terça-feira, 5 de abril de 2011

DO FRIO PARA OS TEMPORAIS, DOS TEMPORAIS NOVAMENTE PARA O FRIO!

Granizo ontem em Criciúma-SC
No domingo a postagem do blog mostrava a entrada do ar frio que provocou a temperatura mais baixa do ano em Santa Catarina. Ainda no domingo, instabilidades geradas pela passagem de um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) provocaram pancadas isoladas de chuva no oeste do estado.

Já ontem, segunda-feira, três sistemas atuaram no território catarinense para provocar chuvas e temporais isolados. Um deles era o Jato Subtropical (ventos fortes no alto da troposfera), que na figura acima é representado pelas áreas coloridas. Olhando a legenda, vemos que os ventos sobre boa parte do estado chegava a 200km/h (em altitudes superiores!). A comprovação da presença desses fortes ventos na alta troposfera, era a formação de nuvens do tipo cirrus (Cirrus Uncinus e Cirrus Flocus), como pode-se ver na foto a seguir tirada por mim em Florianópolis.
Florianópolis-SC
Outro sistema atuante era um novo cavado (área alongada de baixa pressão) formado na média troposfera (entre 5 e 6km de altitude), o qual é representado na figura abaixo pelos traços pretos.(clique na foto para ampliar)

O último e importante sistema era uma frente fria na costa gaúcha, que juntamente ao decréscimo de pressão atmosférica provocada pelo cavado, aumentava a convergência de umidade entre a floresta amazônica e SC. Veja na próxima imagem, que na análise de ontem as 9 horas da manhã, os vetores de vento se direcionavam para Santa Catarina. (clique na foto para ampliar)

Ontem entre a tarde e noite, a frente fria alcançou o extremo litoral sul catarinense, alinhando a convergência de umidade nessa área e formando nuvens com desenvolvimento vertical, vistas na imagem de satélite abaixo, na qual também está ilustrada sinoticamente a posição da frente fria. 


Com esta situação, houve pancadas de chuva isoladas, como em Timbé do Sul onde choveu 8,6mm. Em Turvo, a moderada pancada de chuva por volta das 15h, despejou 23,2mm no pluviômetro automático do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina). Já em Criciúma, além da chuva de até 21mm, houve registro de queda de granizo, como pode ser visto no vídeo abaixo feito por um morador.




Houve também queda de granizo em Blumenau, Lages e Erval Velho. Em Blumenau onde choveu 22mm, o granizo e o vento forte provocaram estragos, como é visto nas duas fotos abaixo, tiradas pelo colaborador Jaime Batista da Silva.
Granizo em Blumenau-SC
Estragos do temporal em Blumenau-SC
As regiões mais afetadas em questão de estragos pelo granizo e ventos fortes, foram o Vale do Itajaí e Oeste. Na última região, os municípios mais atingidos são Herval do Oeste, Tangará, Coronel Martins, Novo Horizonte e São Lourenço do Oeste. Em Novo Horizonte, os estragos estiveram mais relacionados com o fim da noite de domingo, quando choveu 17mm em apenas uma pancada.

Analisando a figura com valores de índices de instabilidade as 9 horas de ontem (abaixo), percebemos que o índice Totals (colorido) e K (contorno) estavam realmente mais altos desde o oeste ao sul do estado, passando por parte do Vale (cores entre roxo e amarelo queimado). Isso significa que havia bastante calor e umidade nos baixos níveis até uma altitude de 3000 metros. Entre essa altitude até a troposfera média, predominava um ar bastante frio, que aliado a forte ascendência do ar, acabou causando o granizo. Perceba que a medida que se aproxima para leste, o K vai diminuindo mas o Totals continua alto, o que indica uma chance boa para tempestades mais severas.
Nesta terça-feira, a presença dos mesmos sistemas atmosféricos permitiram a formação de mais nuvens de desenvolvimento vertical. Novamente, em Timbé do Sul choveu consideravelmente, com até 15,8mm. Nas outras cidades choveu, 12mm em Turvo, 9,4mm em Araranguá, 8mm em Jacinto Machado e 2,8mm em São Joaquim. No decorrer da tarde e noite, a frente fria se deslocou para o mar e permitiu a entrada de um novo pulso de ar frio no estado catarinense. Para se ter uma idéia, já fazia 2,7ºC em Urupema até o fim dessa noite, mostrando que se houver ausência de nuvens, a queda na madrugada será significativa.

O CIRAM prevê uma quarta-feira com bastante sol e poucas nuvens em Santa Catarina. Pela manhã as temperaturas se aproximam de zero (podendo chegar a zero). Há chance de acontecer a primeira geada do ano no Planalto Sul. Faz frio pela manhã, mas esquenta a tarde, bem típico de outono.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, ENGEPLUS, BLOG FOTOS E NOTÍCIAS DE BLUMENAU

domingo, 3 de abril de 2011

PRIMEIRO DOMINGO DE ABRIL COM FRIO PELA MANHÃ E CALOR A TARDE

Ontem tivemos a passagem de uma frente fria pelo parte costeira de Santa Catarina. Na imagem de satélite abaixo, é possível ver as poucas nuvens formadas pelo sistema.


Por isso, de uma forma geral, a passagem do sistema frontal não trouxe muita chuva para o estado, ficando mais é com aumento de nebulosidade. A excessão fica por conta de Joinville no litoral norte, onde precipitou 61,2mm durante o sábado. Olhando a figura com índices de instabilidade, é possível ver índice K (contorno) acima de 36 em Joinville, além do Totals (colorido) entre 48 e 50 (cor vermelha). Isso indica uma atmosfera com mais calor e umidade nos baixos níveis nessa região, e ar na média troposfera sobrejacente.
Como a frente fria teve rápido deslocamento, uma massa de ar frio conseguiu adentrar em território catarinense, causando queda das temperaturas mínimas. Na madrugada deste domingo, foi registrada a menor temperatura mínima de 2011 no estado: 2,1ºC em Urupema no Planalto Sul catarinense. Na tabela a seguir, você confere mais detalhes das mínimas mais baixas anotadas hoje em SC, nas estações do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) e CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina).
Cidade (ESTAÇÃO Temperatura mínima (ºC
Urupema (CIRAM)2,1
São Joaquim (CIRAM)4,9
Morro da Igreja - Urubici (INMET)7,8
Campo Belo do Sul l (CIRAM)9,8
Abdon Batista (CIRAM)11,3
Celso Ramos (CIRAM)11,8
Três Barras (CIRAM)12,2
Campos Novos (INMET)12,3
Água Doce  (CIRAM)12,8
Timbé do Sul (CIRAM)13,3
Jacinto Machado  (CIRAM)13,9
Concórdia  (CIRAM)14,8

O dia na maior parte do estado foi de bastante sol e poucas nuvens, como mostra a foto abaixo tirada por mim em Florianópolis. Na capital catarinense a mínima foi de 16,3ºC hoje de manhã.

Florianópolis-SC
O que chamou a atenção foi a considerável amplitude térmica (diferença entre a temperatura mínima e a máxima) em muitas cidades catarinenses. Em Urupema, onde fez 2,1ºC, a temperatura chegou 21,9ºC a tarde, ou seja, uma diferença de 20,8ºC em apenas um dia! Em Jacinto Machado (litoral sul), a mínima foi 13,9ºC e a máxima 27,2ºC, tendo uma amplitude de 13,3ºC. As temperaturas máximas subiram ao ponto de até fazer calor, como em Caibi e Indaial, com 29,7ºC e 28,2ºC, respectivamente.

Na divisa do oeste catarinense com o estado do PR, os índices de instabilidade K e Totals voltaram a se elevar no decorrer da manhã e tarde de hoje. Isso é provocado pela passagem de um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) na média troposfera (entre 5 e 6km de altitude), o qual provoca ascenção do ar em sua parte leste, decaindo a pressão em superfície e assim aumentando a convergência de umidade. Esse cavado é representado por traços pretos na próxima figura.
Os efeitos desse sistema já surtiram nesta noite, com a formação de mais nuvens na divisa com o PR. No oeste catarinense uma célula convectiva (satélite abaixo) provocou pancadas de chuva em Novo Horizonte, com acumulado de 17,6mm em menos de 2 horas.


Nas demais estações meteorológicas não há registro de chuva até o momento.


DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL.

AQUECIMENTO GLOBAL? TEMPERATURA NA ANTÁRTIDA ESTÁ CAINDO NOS ÚLTIMOS 32 ANOS

Para os que adoram afirmar em alto e bom som que existe aquecimento global, eu vos apresento o gráfico abaixo, com anomalias de temperatura na Antártida, baseadas em medições por satélite entre 1979 e 2011.
Veja que a linha de tendência (traço vermelho) indica que as anomalias de temperatura estão ficando mais negativas desde 1979 no continente antártico. Em outras palavras, a Antártida está resfriando nos últimos 32 anos. Juntamente a esse resfriamento, a cobertura de gelo no hemisfério sul segue aumentando nesse mesmo período entre 1979 e 2011, contrariando as previsões de que tudo vai derreter.
DADOS: NOAA (Agência Nacional de Administração Oceânica e Atmosférica), UAH (Universidade de Huntsville no Alabama)

Para acompanhar ao vivo o tempo na Antártida, acesse a página de Webcams aqui do blog. Clique aqui

sexta-feira, 1 de abril de 2011

ANÁLISE DO MÊS DE MARÇO-2011

O mês de março deste ano de 2011 teve como principais características as massas de ar frio mais significativas do ano até o momento e o acumulado mensal de chuva acima da média em Santa Catarina. Vamos aqui analisar os valores de temperatura, precipitação acumulada e insolação diária, com base em estações meteorológicas automáticas oficiais, do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) e INMET (Instituto Nacional de Meteorologia)

Analisando de uma forma global, tivemos ainda atuação do fenômeno La Niña (resfriamento anormal das águas do oceano Pacífico equatorial), apesar de estar em fase de enfraquecimento. Devido a esse sistema, o Outono começou mais cedo, com madrugadas mais amenas e até frias. Na figura abaixo, vemos as anomalias de temperatura superficial do mar no dia 9. Note a região circulada onde localiza-se o La Niña.
Em média, o estado catarinense teve um mês com temperaturas abaixo da normal climatológica para março, tanto nas mínimas como nas máximas. Ocorreram ingressos de quatro massas de ar frio. A primeira adentrou bem no início do mês, sendo a que provocou a menor temperatura de 2011: 3,9ºC em Urupema. No entanto em se tratando de abrangência de ar frio mais significativo, a segunda e a terceira onda de frio ficou na frente, sobretudo a primeira, a qual deixou a madrugada do dia 15 com temperaturas mínimas abaixo dos 14ºC inclusive no leste, onde o município de Jacinto Machado anotou 12,7ºC. A última madrugada de frio de março iniciou com a chegada de um novo anticiclone polar, mas que devido a influência da nebulosidade acabou não apresentando marcas tão baixas. 

As temperaturas máximas obtiveram três grandes picos, normalmente associado a ingresso de ar quente pré frontal ou associado a áreas de baixa pressão. A temperatura mais alta do mês se deu em Itapiranga com 36,0ºC no dia 5. As anomalias negativas das máximas aparecem justamente no leste, onde a insolação média mensal ficou mais baixa devido aos dias mais nublados. Olhando no gráfico de insolação diária abaixo, notamos quem em Florianópolis houve apenas 7 dias com predomínio maior do sol, enquanto no resto ficou mais nublado ou parcialmente nublado, sobretudo no fim do mês.
Por falar em nuvens, como foi dito na introdução, o mês de março foi com chuvas acima da média em Santa Catarina, sobretudo no oeste, meio-oeste e litoral norte. Apenas parte do litoral sul e do planalto norte tiveram deficiência de precipitação em relação a climatologia. Veja mais na figura abaixo:
No oeste e meio-oeste, apesar da grande quantidade de chuvas, essas acabaram se concentrando no fim do mês, além também dos dias 11 e 12. Em Chapecó, por exemplo, o acumulado mensal de precipitação foi de 227,9mm, mas até o dia 25 o acumulado parcial não passava dos 76mm!. No gráfico abaixo você percebe bem essa situação descrita neste parágrafo.
Já no litoral norte, o mês como um todo foi chuvoso. Em Joinville, dos trinta e um dias de março, apenas 7 não apresentaram registro de chuva, mas sim nebulosidade variável. A cidade mais populosa do estado teve um acumulado mensal de precipitação bastante elevado: 529,7mm. Para se ter uma idéia, o normal é chover em torno dos 280mm em março.

Na tabela abaixo, você confere alguns valores de precipitação mensal de março de 2011 em solo catarinense.

Cidade (ESTAÇÃO Precipitação acumulada (mm) em março-2011
Joinville (Litoral Norte)529,7
Florianópolis (Grande Fpólis)331,8
Blumenau  (Vale do Itajaí)295,5
Indaial (Vale do Itajaí)293,5
São Miguel do Oeste (Oeste)264,6
Itajaí (Litoral Norte)255,0
Chapecó (Oeste)227,9
Ponte Serrada (Oeste)200,3
Lages (Planalto Sul)168,9
Major Vieira (Planalto Norte)162,7
Urussanga (Litoral Sul)153,5

O que atuou para a ocorrência dessas chuvas foram principalmente a formação e passagem de cavados (áreas alongadas de baixa pressão), que causavam ingresso de umidade marítima que já vinha a partir da circulação de anticiclones pós frontais, e também umidade da floresta amazônica. Algumas frentes frias litorâneas também contribuíram para chuvas. No sul do estado um Vórtice Ciclônico provocou mais de 100mm de chuva em 24 horas no dia 10. Inclusive dois dias depois, o município de Forquilhinha registrou uma nuvem funil (formação tornádica que não chega a tocar o solo). Já no fim do mês, uma frente semi-estacionária trouxe chuva de uma forma mais abrangente, o que motivou a chegada das precipitações no oeste e meio-oeste, regiões que estavam com estiagem.

Voltando a escala global, esse excesso de chuvas mesmo com a chegada do outono, é explicado ainda pelo fato de o oceano Atlântico a leste do Sul do Brasil, Uruguai e Argentina, estar com temperatura da água acima da normal climatológica, o que gera mais evaporação e mais vapor d'água na troposfera. Na figura de temperatura superficial do mar, mostrada no início dessa postagem, é possível observar claramente esse aquecimento anormal.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, AGRITEMPO, NOAA