Seja bem-vindo. Hoje é

terça-feira, 30 de agosto de 2011

FRENTE ESTACIONÁRIA TRAZ CHUVA FORTE E GRANIZO EM SANTA CATARINA

Entre a sexta-feira e o sábado, acontecia um processo denominado frontogênese na Argentina, o que significa a formação de um sistema frontal, que naquele caso, era uma frente fria. Ao longo do sábado e domingo, a frente fria avançou devagar e foi desviada para o mar ao largo da costa sul brasileira. Isso aconteceu devido a um bloqueio atmosférico estabelecido no oceano Pacífico Sul, que dura desde sexta-feira, e que acaba alterando as correntes de jato, culminando em bloqueio de sistemas transientes e no fortalecimento do ar seco no interior do Brasil. Por isso, a frente fria se tornou estacionária entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul na tarde de domingo, como é representado na imagem de satélite abaixo, ilustrada sinoticamente. A frente estacionária é a linha alternada entre azul e vermelho, com triângulos apontados para norte e semicírculos apontados para sul. 
Como a frente estacionária já é uma área com baixa pressão atmosférica, os ventos quentes e úmidos da floresta amazônica (figura abaixo) começaram a convergir para dentro do território catarinense, o que tornou o ar ainda menos denso, pois o ar úmido diminui a pressão atmosférica.
Com a chegada de calor e umidade e a presença de bastante ascenção do ar ao longo da frente estacionária, nuvens de desenvolvimento vertical se espalharam pelo estado, ficando distribuídas por todas as regiões. Do oeste a Serra, a chuva foi mais tempestuosa e houve granizo. Já nas demais áreas a precipitação aconteceu em forma de pancadas ao longo desta segunda-feira, sendo de intensidade moderada a forte por alguns momentos, com algumas descargas elétricas.
Granizo em Joaçaba em 28/08/2011
A começar pelo oeste e meio-oeste, as 23h vários municípios apresentavam chuvas e temporais isolados, sendo que Joaçaba, Jaborá e Capinzal, houve granizo (foto acima). O granizo foi possível devido a entrada de um pequeno cavado na média troposfera, que declinou as temperaturas neste nível e levou o ponto de congelamento do ar para níveis abaixo dos 4100 metros, além do aumento da umidade nesta altura. Isso pode ser visto na próxima figura.
Associado a queda do nível onde a água congela, bem como aumento de umidade, havia bastante ascenção do ar em algumas áreas, o que é verificado pelo ômega (velocidade vertical do ar) negativo, representado nas cores vermelhas, onde o ar estava subindo (figura abaixo).
Durante a madrugada desta segunda-feira, a chuva com trovoadas ganhou o litoral, onde houve várias descargas elétricas e pancadas fortes de precipitação líquida. Durante o dia, seguiu-se com alternância entre chuviscos e pancadas de chuva por vezes forte. Em Novo Horizonte, além da precipitação de 27mm as 11h da manhã, o vendaval trouxe rajadas de até 122km/h, segundo a estação do CIRAM. Como algumas regiões tiveram aberturas de sol, o ar se aqueceu e assim aumentou a energia potencial disponível para convecção, o que terminou com a formação de mais nuvens verticais, do tipo Cumulunimbos sobre o estado. A imagem de satélite abaixo mostra bem isso, sendo que as cores azul escuro e rosa representam os topos mais altos, com temperatura de até -80ºC. 
Por volta das sete horas desta noite, vários pontos do estado tinham chuva moderada a forte, detectadas pelo radar meteorológico do Morro da Igreja (cores entre amarelo e vermelho na figura abaixo).
Em Campos Novos, Meio-Oeste, a chuva chegou a acumular 28,6mm em menos de uma hora de duração, sendo que perdurou durante o período todo, com registro de granizo. O granizo também foi registrado durante a tarde em Capinzal, Ouro, Erval Velho, Criciúma, Balneário Rincão e Forquilhinha. Veja nas fotos abaixo.
Granizo em Capinzal-SC
Granizo em Erval Velho-SC
Granizo em Forquilhinha-SC
As regiões que mais acumularam chuva nesta segunda-feira foram o Planalto Sul, Litoral Sul, Grande Florianópolis e Alto Vale. Os maiores valores foram de 95,2mm em Urubici, 90,6mm em Urupema e 62,4mm em São Joaquim. Confira mais detalhes na tabela montada pelo blog Paulo Tempo.

Cidade (ESTAÇÃO Precipitação 24h (mm) Região
Urubici (INMET)95,2Planalto Sul
Urupema (CIRAM)90,6Planalto Sul
São Joaquim (INMET)62,4Planalto Sul
Jacinto Machado (INMET)61,4Litoral Sul
Urussanga (INMET)59,0Litoral Sul
Campo Belo do Sul (CIRAM)57,8Planalto Sul
Criciúma (CIRAM)55,4Litoral Sul
Turvo (CIRAM)54,8Litoral Sul
Bom Jardim da Serra  (CIRAM)54,2Planalto Sul
São José (INMET)47,2Grande Fpólis

Além dos estragos pelo granizo e vento forte, a chuva excessiva trouxe deslizamentos de terra e alagamentos. Os maiores problemas com alagamentos foram em Florianópolis, Palhoça, Lages, Balneário Camboriú e Balneário Gaivota. A defesa civil orienta que as pessoas fiquem atentas ao risco de deslizamentos, pois o CIRAM prevê ainda mais chuva para as próximas horas.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, DIÁRIO CATARINENSE, PORTAL EDER LUIZ, PORTAL ENGEPLUS
FOTOS: PORTAL EDER LUIZ, PORTAL ENGEPLUS
Mapas de criação própria

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

MAIS DE 70 MILÍMETROS DE CHUVA DESDE SEGUNDA-FEIRA EM SC

Na segunda-feira, você acompanhou aqui no blog a análise da chuva que estava sendo provocada pelo cavado (área alongada de baixa pressão) na média troposfera associado ao Jato Subtropical (ventos fortes na alta troposfera) sobre SC, principalmente no centro-norte do estado. Até o final da terça-feira, o cavado acabou se aprofundando e deslocando-se para a costa paulistana, onde formou um centro de baixa pressão em superfície. Com isso, a diferença de pressão atmosférica entre esse sistema e o anticiclone polar de 1032 hPa sobre o oceano Atlântico, acarretou em ventos de leste sobre o litoral catarinense, culminando em transporte de umidade marítima. 

Na figura abaixo, da análise de ontem a noite, podemos ver o anticiclone advectando umidade pelos ventos de leste na costa catarinense. 
O efeito do relevo acidentado favorece o levantamento do ar úmido, que expande-se e resfria por expansão adiabática, formando nuvens de chuva. Na figura a seguir, tirada do artigo "GÊNESE E FORMAS DE RELEVO CONDICIONADAS PELA ESTRUTURA GEOLÓGICA: PERFIL FLORIANÓPOLIS – LAGES/SC", podemos observar bem os acidentes geográficos que vão desde a Grande Florianópolis até a Serra Geral, neste corte que abrange em linha reta de oeste a leste.
Sendo assim, as chuvas desde ontem ficaram restritas ao leste do estado. A imagem do satélite ao meio-dia de ontem, mostrava a nebulosidade estratiforme que cobria parte do estado.
Até a manhã de hoje, o acumulado de chuva chegava a passava dos 70 milímetros em SC desde segunda-feira, sendo que as regiões mais chuvosas foram o Norte e Grande Florianópolis (cor azul no mapa abaixo).
Na tabela abaixo, você confere os maiores valores de precipitação acumulada entre as 0h de terça-feira e 23h de hoje, nas estações do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) e INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). 
Cidade (ESTAÇÃO Precipitação terça até hoje (mm) Região
Florianópolis (CIRAM)73,6Grande Fpólis
São Francisco do Sul (INMET)61,9Litoral Norte
São José (INMET)52,2Grande Fpólis
Urubici (INMET)51,7Planalto Sul
Massaranduba (CIRAM)44,3Litoral Norte
São Joaquim (CIRAM)40,0Planalto Sul

Nesta quinta-feira, o dia ainda amanheceu com chuva em alguns pontos do leste. No entanto, com excessão de algumas áreas do Litoral e Planalto Sul, o sol voltou a aparecer. Se olharmos os dados de direção do vento veremos que eles viraram rapidamente de nordeste para noroeste, como mostra o gráfico da estação de Florianópolis (abaixo).
Isso se deve a aproximação de uma nova frente fria. As instabilidades pré frontais trouxeram alguns temporais isolados hoje em algumas cidades. No oeste, Xanxerê teve chuva moderada por volta das 13h, acumulando 14,2mm. Já no Meio-Oeste, Planalto Sul e Litoral Sul, as chuvas vieram no meio da tarde. Nesta hora, o radar meteorológico do Morro da Igreja, detectava refletividade de até 45 dBZ em alguns pontos dessas regiões, o que estima uma chuva moderada. Na região de Curitibanos, a refletividade chegava até aproximadamente 55 dBZ (cor vermelho escuro), o que aponta chuva forte. 
Radar meteorológico Morro da Igreja - 14h (local)
Acompanhado a chuva, os detectores de descargas elétricas apontaram muitos raios (abaixo) seguindo a linha de instabilidade associada a banda frontal. 
Em Curitibanos, choveu 13mm e o vento na hora do temporal chegou a 74km/h. Fora do domínio da estação, pode ter havido precipitação maior, vista no radar. Em Lébon Regis, precipitou 15,8mm as três horas da tarde. Em Urupema, apesar de ter ter chuviscado pela manhã e a chuva ter retornado após o meio-dia, esta se intensificou mais a partir das 14h.

Uma hora depois, era a vez do Vale do Itajaí registrar precipitação, sendo que o maior valor foi de 13,8mm em Ituporanga. Na Grande Florianópolis, após bons momentos de aparecimento do sol, o aquecimento associado a alta umidade e aproximação do ramo frontal frio, culminaram em chuva com descargas elétricas. Houve divergência nos valores, semelhante ao que acontece no verão. Enquanto choveu 9,4mm em São José, a capital teve apenas 3,6mm. Porém, até dentro de Florianópolis aconteceram divergências, pois no bairro Capoeiras o acumulado foi de 5,6mm. Em Santo Amaro da Imperatriz, uma estação particular registrou 3mm.

Falando em descargas elétricas, as duas sequências de imagens de satélite abaixo com detecção de raios, no mostra que eles acompanharam quase toda a precipitação da banda frontal.

Segundo previsões do CIRAM, a sexta-feira deve ser de variação de nuvens e períodos de sol em todo o estado. No nordeste catarinense pode ainda chover na madrugada. As temperaturas máximas alternam entre 21 e 23ºC.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL
Mapas de criação própria

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

SEGUNDA-FEIRA CHUVOSA E FRIA EM SC

Esta segunda-feira foi um verdadeiro dia de inverno em Santa Catarina, ou seja, houve a combinação de chuva mais frio. Como a maior parte do estado teve um domingo ameno mesmo com sol, bem como apresentaram queda de temperatura durante a noite, a entrada da nebulosidade contribuiu para "estancar" a variação térmica. Para se ter uma idéia, do oeste a serra, as temperaturas máximas nesta segunda-feira não passaram dos 10ºC em todas as cidades dessas regiões. Em São Joaquim, por exemplo, a temperatura nesta tarde não passou dos 8,4ºC. No município de Campos Novos, a máxima registrada pelo termômetro foi de apenas 6ºC! Mesmo valor foi medido em Itaiópolis no Planalto Norte. No Leste, nenhuma cidade teve temperatura superior a 14ºC. Na capital, por exemplo, a máxima de apenas 13,5ºC foi a menor de 2011. Em Massaranduba no Litoral Norte, não fez mais que 10,5ºC! Já Meleiro no Litoral Sul, obteve 11ºC.

Na imagem do satélite Terra com o sensor Modis em super alta resolução, podemos observar a cobertura de nuvens, comentada no parágrafo anterior, sobre todo o território catarinense na período diurno.
De acordo com dados do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) e INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), todas as estações meteorológicas acusaram chuva nesta segunda-feira. As regiões onde ocorreram os maiores acumulados de precipitação foram o Litoral Norte, Planalto Norte, Meio-Oeste, Oeste e parte do Alto Vale do Itajaí. Em Major Vieira, por exemplo, a chuva que começou na metade da madrugada, já acumulou 48mm. Na maior parte das regiões citadas os valores oscilaram entre 20 e 50mm. Confira mais detalhes na tabela abaixo.
Cidade (ESTAÇÃO Precipitação 24h (mm) Região
Major Vieira (INMET)48,0Planalto Norte
Irineópolis (CIRAM)47,6Planalto Norte
Monte Castelo (CIRAM)47,2Planalto Norte
Canoinhas (CIRAM)43,4Planalto Norte
Porto União (CIRAM)41,4Planalto Norte
Rio do Campo (CIRAM)36,0Alto Vale
Novo Horizonte (CIRAM)33,6Oeste
Campos Novos (CIRAM)33,0Meio-Oeste
Massaranduba (CIRAM)32,0Alto Vale

A vinda da chuva foi provocada pelo avanço de um Vórtice Ciclônico (Sistema de baixa pressão atmosférica) na média troposfera para o Sul do Brasil, o qual causa advecção de vorticidade ciclônica, contribuindo para forçar o ar a subir sobre o Sul do Brasil, formando nuvens. Esse sistema pode ser visto na figura de análise abaixo, representado pela sigla VC, onde encontra-se o eixo da circulação ciclônica naquele nível.
Aliado a esse VC, tinhamos a atuação do Jato Subtropical, que são ventos fortes na alta troposfera, a mais de 10km de altitude. Essa corrente de ventos contribui para dar suporte a nebulosidade. Para ter uma idéia da velocidade desse vento, como não há dados da sondagem atmosférica de hoje no aeroporto Hercílio Luz em Florianópolis, podemos pegar a do aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre, onde apontava vento de 274,3km/h a aproximadamente 12780m de altitude. Na figura abaixo, tem-se uma visão ampla em escala sinótica, mostrando a área de atuação do Jato Subtropical, onde os ventos mais fortes estão mais próximos da cor vermelha na legenda.

Segundo o CIRAM, a terça-feira deve ser de tempo instável com chuva em boa parte do dia. As temperaturas não passam dos 16ºC na maior parte do estado, sendo que no Planalto Serrano não deve fazer mais que 11ºC.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, NOAA
Mapas de criação própria


domingo, 21 de agosto de 2011

TEMPERATURAS NEGATIVAS, GEADA E SINCELO NESTE DOMINGO EM SC

Com o deslocamento do ciclone extratropical para alto mar, bem como sua intensificação, a massa de ar polar de forte intensidade ingressou em território catarinense ao longo deste final de semana, declinando as temperaturas em todo o estado. As 9 horas de hoje, o centro do sistema de alta pressão polar encontrava-se sobre o leste da Argentina, com pressão muito alta de 1036 hPa (Hectopascais). A medida que o sistema avançava, a pressão atmosférica ia se elevando sobre Santa Catarina. Em Florianópolis, por exemplo, a pressão que durante a madrugada era de 1024,9 hPa, subiu para 1030 hPa agora a noite. Veja o sistema (letra A) na figura de análise abaixo.
Com predomínio de pressões atmosféricas altas, o céu ficou claro a permitiu maior queda de temperatura, pois boa parte da radiação infravermelha conseguiu evacuar para o espaço. Isso associado ao ar frio de forte intensidade, fez com que 24 estações meteorológicas do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) e INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) em SC tivessem temperaturas mínimas negativas. A menor foi em Urupema, onde fez -5,1ºC. Em seguida tem-se o Morro da Igreja em Urubici onde foi medido -4,6ºC. Outras muitas cidades que não possuem estações, podem ter apresentado valores abaixo de zero grau. Veja mais detalhes na tabela abaixo.

Cidade (ESTAÇÃO Temperatura mínima (ºC)  Cidade (ESTAÇÃOTemperatura mínima (ºC)
Urupema  (CIRAM)-5,1Abdon Batista (CIRAM-0,6
Urubici - Morro da Igreja (INMET)-4,6Bom Jardim da Serra (CIRAM)-0,4
São Joaquim (INMET)-3,8Curitibanos (CIRAM)-0,4
Caçador (INMET)-2,5Novo Horizonte (CIRAM)0,0
Major Vieira (CIRAM)-2,3Ituporanga (INMET)0,4
Três Barras (CIRAM)-2,2Xanxerê (INMET)0,6
Itaiópolis (CIRAM)-2,0Rio do Campo (INMET)0,7
Monte Castelo (CIRAM)-2,0Chapecó (INMET)1,7
Rio Negrinho
(INMET)
-2,0Dionísio Cerqueira (INMET)1,8
Canoinhas (CIRAM)-1,7Timbé do Sul (CIRAM)1,9
Papanduva (CIRAM)-1,5São Miguel do Oeste (CIRAM)2,1
Campo Belo do Sul (CIRAM)-1,3Lontras  (CIRAM)2,9
Porto União (INMET)-1,3Urussanga (INMET)3,2
Campos Novos (CIRAM)-1,2Turvo (CIRAM)5,4
São Bento do Sul (CIRAM)-1,1Meleiro (CIRAM)5,7
Campo Alegre (INMET)-1,0Massaranduba (CIRAM)5,8
Joaçaba (CIRAM)-0,9Criciúma (CIRAM)5,9
Lages (INMET)-0,8Araranguá (INMET)6,4
Rio das Antas (CIRAM)-0,6Santo Amaro da Imperatriz (PARTICULAR)7,2
Lebon Régis (CIRAM)-0,6São José (INMET)7,9

Com a perda radiativa favorecida pela quase total ausência de nuvens, além da temperatura do ar na altura do abrigo, a temperatura da relva caiu bastante, o que determinou condições para formação de geada. De acordo com o INMET, a geada aconteceu hoje pela manhã em Lages, São Joaquim, Chapecó e Campos Novos. Essas informações provém de observações visuais, realizadas pelos observadores meteorológicos que trabalham para o instituto em questão. 
Nevoeiros em SC as 7h de hoje
Em alguns pontos do Oeste, Meio-Oeste e Planalto Sul, a geada não ocorreu por conta da formação de nevoeiros (cores em azul na figura acima). Em Urupema, o nevoeiro acabou se cristalizando ao encontrar temperaturas negativas nas superfícies, dando origem ao fenômeno Sincelo, que é raro no Brasil mas acontece todos os anos no alto da Serra Catarinense. As fotos abaixo, tiradas pela prefeitura de Urupema, mostram os efeitos do Sincelo, que dá a impressão de que nevou.
Urupema-SC
Urupema-SC
Se olharmos o perfil vertical de temperatura as 9h em Urupema, veremos a chamada inversão térmica de baixos níveis, ou seja, ar menos frio acima do ar mais frio. Veja que a temperatura chega a aumentar até 4ºC com a altura. Esse tipo de inversão, quando associado a umidade relativa mais elevada durante as primeiras horas do dia pode dar início a nevoeiros do tipo radiativos, como o que ocorreu em Urupema.
Durante a tarde, a maioria das regiões catarinenses não tiveram mais que 15ºC de temperatura máxima, mesmo com a presença do sol. A única área a quebrar essa marca foi no Litoral Norte, onde fez 16ºC em Itapoá. No Litoral Sul, até Criciúma teve valores baixos sob presença de céu claro, registrando 15,1ºC. Em Urupema, a umidade relativa do ar abaixo dos 40% durante a tarde, acabou aumentando a amplitude térmica, sendo que enquanto a mínima havia sido -5,1ºC, a máxima chegou aos 12,5ºC, uma diferença de 17,6ºC entre a mínima e a máxima. Mesma situação em São Joaquim, onde a máxima não ultrapassou os 12,1ºC. 

Na costa, principalmente Litoral Sul, a presença do ciclone extratropical no oceano Atlântico com pressão mínima de 956 hPa, ainda deixou e provocou ressaca, como no Balneário Rincão, que pode ser visto na foto abaixo.

Balneário Rincão-SC
Segundo o CIRAM, a previsão é que o frio ainda se mantenha na segunda-feira, podendo fazer até -3ºC no Planalto. A nebulosidade deve estar mais presente, intercalando com períodos de sol. Ao longo do dia deve chover com descargas elétricas em todas as regiões. Apesar da chuva a noite, há risco de geada em alguns pontos pela manhã onde o céu estiver mais limpo.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL
FOTOS: PREFEITURA DE URUPEMA, PORTAL ENGEPLUS
Mapas de criação própria

sábado, 20 de agosto de 2011

ÁREA DE BAIXA PRESSÃO ALONGADA PROVOCOU CHUVAS INTENSAS EM SC

Uma área de baixa pressão alongada (cavado) se deslocou ontem pelo território catarinense, a começar pelo oeste do estado. Esse cavado é representado na figura abaixo pelos traços pretos. 
Com a presença desse sistema, que induz a ascenção do ar, acontece um aumento na convergência de umidade entre a floresta amazônica e o nosso estado. Esses ventos são denominados Jato de Baixos Níveis, sendo que sopram de noroeste numa altitude de aproximadamente 1500m. Na figura abaixo, vemos esse Jato pelas cores vermelhas, avançando pelo Paraguai e parte do Sul do Brasil e ainda sudoeste do MS.
Na animação de imagens do satélite GOES-12 no canal infravermelho realçado, podemos acompanhar a nebulosidade vertical formada pelo cavado, avançando de oeste para leste sobre Santa Catarina.


A primeira região a receber as chuvas foi o oeste catarinense, por volta das 6 horas da manhã. As precipitações foram aumentando de intensidade, ficando moderada próximo do meio-dia, se estendendo para as demais áreas. A última região a ter chuva foi o leste do estado, onde o fenômeno foi acusado pelas estações meteorológicas a partir das cinco horas da tarde.

Em muitos municípios, a chuva se tornou mais intensa na virada de ontem para hoje. O radar meteorológico localizado no alto do Morro da Igreja em Urubici (figura abaixo), identificava  refletividade de até 40 dBZ (entre amarelo e laranja claro) nas gotículas de água por volta das 00h:30 de hoje sobre parte do Litoral Sul, Planalto Sul e Vale do Itajaí, o que estima uma precipitação moderada sobre estas áreas. Como a cobertura desse radar não abrange o oeste, vamos pelas estações, as quais tiveram uma taxa de mais ou menos 8mm/h, porém vale ressaltar que a chuva moderada durou alguns minutos.
Imagem do Radar Morro da Igreja as 00h30 local
Um pouco antes, por volta das 22h de ontem, o mesmo radar detectava chuva também moderada no Meio-oeste, mais precisamente entre os municípios de Celso Ramos e Abdon Batista, como mostra a figura abaixo. Nas últimas 24 horas, essa mesma área teve entre 20 e 30mm acumulados de chuva.

Imagem do radar Morro da Igreja as 22h local
Nesta sexta-feira, durante o dia ainda houve outros episódios de pancadas de chuva. perto do meio-dia, municípios do oeste e meio-oeste voltavam a ter precipitação moderada. Olhando o radar meteorológico do Morro da Igreja as 12h:00, nota-se novamente núcleos com refletividade próxima de 40 dBZ sobre o meio-oeste, indicando chuva moderada. No oeste, para termos uma idéia podemos pegar a estação do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) em São Miguel do Oeste, que teve precipitação de 10,6mm as 11h.
Imagem do radar Morro da Igreja as12h local
Esse acréscimo na intensidade das chuvas se deu em virtude do deslocamento do cavado para o mar a leste da costa gaúcha. Com o avanço de um outro cavado, este nos altos níveis da troposfera pela Argentina (figura abaixo), bem como o aumento na intensidade do Jato Subtropical (Ventos fortes na alta troposfera), o cavado de baixos níveis que havia ido para o mar, sofreu ciclogênese e se converteu em um ciclone extratropical. 
O ciclone acabou formando um ramo frontal frio, cujo qual entrou no estado e aumentou a intensidade das chuvas. Na imagem de satélite abaixo, vemos a nebulosidade e os sistemas descritos na análise, ou seja a frente fria, representada pela linha com triângulos em azul, bem como o ciclone extratropical representado pela letra B circulada.
Outro ponto interessante a analisar e que contou na intensidade das chuvas, foi a diminuição drástica da umidade acima dos 3km de altitude. Nas figuras abaixo, temos o perfil de umidade entre baixos e altos níveis da troposfera sobre SC. A primeira figura mostra a análise de ontem as 21h. Já a segunda é a análise das 9h de hoje. Compare e veja o ressecamento da troposfera. 
Perfil de umidade ontem a noite
Perfil de umidade hoje pela manhã
Essa situação, como descreve a meteorologista do DCA (Departamento de Ciências Atmosféricas) Maria Assunção F. Silva Dias em seu artigo, faz com que o ar só seja levantado a partir desse nível por um sistema frontal ou montanhas. Quanto mais a nuvem cresce, maiores também são as chances de granizo e vendavais. Até o momento não houve notícia de granizo. Já o vento associado aos temporais, alcançou algumas rajadas de 60 a 70km/h. Em Florianópolis, por exemplo, na hora da chuva a rajada máxima chegou a 64,2km/h.

O último episódio de pancadas de chuva durante a permanência da nebulosidade formada pelo cavado, foi ao longo do fim da tarde e início da noite, principalmente da serra ao litoral, quando a frente fria já estava no norte do estado.

Somando as pancadas de chuva e também a precipitação mais constante e fraca, tivemos acumulados bem próximos dos 100mm, principalmente no Oeste, Meio-oeste e Planalto Norte, regiões que mais tiveram chuva nas últimas 48 horas, sendo que o maior valor foi de 89mm em Novo Horizonte. Acompanhe mais detalhes na tabela abaixo. 

Cidade (ESTAÇÃO Precipitação 48h (mm) Região
Novo Horizonte (CIRAM)89,0Oeste
Porto União (CIRAM)80,6Planalto Norte
Água Doce (CIRAM)77,7Meio-Oeste
Canoinhas (CIRAM)72,0Planalto Norte
Irineópolis (CIRAM)69,2Planalto Norte
Dionísio Cerqueira (CIRAM)68,8Oeste
Major Vieira (INMET)66,2Planalto Norte
Rio das Antas (CIRAM)62,4Meio-Oeste
São Miguel do Oeste (INMET)61,8Oeste
Caçador (INMET)59,6Meio-oeste
Joaçaba (INMET)55,8Meio-Oeste
Campos Novos (INMET)52,4Meio-Oeste

Nesta noite, com o ciclone atuando e o ar frio polar incursando, os ventos se intensificaram e as temperaturas seguem diminuindo a cada região. O interessante foi o gradiente térmico entre o sul do estado e demais áreas do leste catarinense. Por volta das 22h, chegava a fazer 12,7ºC em Criciúma, ao passo que São José tinha 20,5ºC, sendo que a distância entre ambas as cidades não passa de 200km. O vento, como comentado, apresenta rajadas por vezes fortes. As mais altas foram de 86,4km/h em Laguna, 66,9km/h em Novo Horizonte,  63,3km/h em Siderópolis, 61,5km/h em Joaçaba, 57,6km/h em São José e 57,2km/h em Araranguá.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL
Mapas de criação própria

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

CADÊ O AQUECIMENTO GLOBAL? - CIDADE DA NOVA ZELÂNDIA TEVE NEVE PELA PRIMEIRA VEZ DESDE 1939

Neve em Auckland-Nova Zelândia
Essa postagem é mais uma das tantas provas que o planeta vem resfriando nos últimos 10 anos e que as ondas de frio do passado estão se repetindo mundo a fora. Desta vez foi o caso de Auckland na Nova Zelândia, que nesta segunda-feira teve queda de neve pela primeira vez desde 1939. Insisto em repetir, já aconteceu em 1939, portanto não tem nada de aumento e sim repetição natural. Esses fenômenos dependem de aquecimento ou resfriamento do planeta. 

Tal oscilação térmica global é regulada pelo ciclo solar, oceanos e erupções vulcânicas. Se quiser saber mais, procure nos sites de busca sobre o climatologista Luiz Carlos Molion e veja os artigos dele sobre a farsa do aquecimento global antropogênico. A ciência não é um consenso, como tantos cientistas gostam de dizer. Sempre há um contra-argumento que pode destruir uma idéia, assim como aconteceu com Isaac Newton e outros tantos.

DADOS: R7, METSUL

domingo, 14 de agosto de 2011

ANÁLISE DO MÊS DE JULHO-2011

Para início de análise, o mês de julho deste ano de 2011 em Santa Catarina foi marcado pelo número de dias com temperatura muito baixa, bem como registro de geadas amplas, inclusive no litoral. Outro ponto de destaque foi nas chuvas, que ficaram acima da média climatológica em todo o território catarinense. Nesta postagem abordarei esses pontos, com auxílio de mapas, dados e gráficos. 

Como comentado, as temperaturas foram extremamente baixas no mês de julho. Ao todo, três massas de ar polar ingressaram no estado. Já no início do mês, houve oito dias consecutivos com temperatura negativa no estado, assim como a presença de formação de geada. Esse período foi compreendido do dia 02 até 10, quando Urupema saiu na frente e registrou -6,9ºC no dia 5 (veja aqui a postagem), sendo esta a menor do mês em SC. Outras 18 estações meteorológicas espalhadas pelo planalto também tiveram valores abaixo de zero grau. Onde não negativou, as temperaturas também ficaram baixas. No leste, a menor daquela semana e também do mês de julho, foi em Criciúma onde fez 0,4ºC. O Oeste e extremo Norte, foram as únicas regiões a não ter valores tão expressivos de temperaturas mínimas, somando uma anomalia de até 2ºC acima da média, como mostra a figura abaixo. Em contrapartida, perceba nesta mesma figura que entre o Planalto Sul e parte da Grande Florianópolis as temperaturas ficam até dois graus abaixo da média.
Anomalia de Temperatura Mínima Mensal
As temperaturas máximas oscilaram, ficando bastante baixas no início do mês e tendo alguns picos acima dos 25ºC entre dia 10 e 17, além do dia 27. No início do mês, mais especificamente no dia 4, o estado teve sua tarde mais fria sob a presença de sol. Em Florianópolis, por exemplo, mesmo com o dia ensolarado, a temperatura máxima não havia passado dos 14,4ºC. Na Serra, ao redor do meio-dia não fazia mais que 2ºC, também com sol. Já a maior temperatura máxima do mês foi no dia 16, quando o maior valor foi medido em Criciúma com 33,5ºC, sendo este um evento pré frontal. Analisando as anomalias de temperatura máxima, é possível notar que o Oeste e boa parte do Leste tiveram valores mensais até 3ºC abaixo do normal.
Anomalia de Temperatura Máxima Mensal
Analisando as geadas, este fenômeno aconteceu de forma significativa, sobretudo nos oito dias consecutivos de frio extremo. Pelo menos mais da metade dos dias de julho apresentaram geada. No dia 5, geou amplamente, inclusive no litoral, como foi o caso de Joinville, Criciúma, Sombrio e Florianópolis. Porém as mais fortes se deram no Planalto Sul, onde fica Urupema, São Joaquim, Lages, Urubici e Bom Jardim da Serra. Nos oito dias de frio intenso, a Serra do Rio do Rastro, que liga Lauro Müller até Bom Jardim da Serra, ficou congelada e atraiu vários turistas.

Com relação a precipitação acumulada, julho de 2011 não pode ser considerado chuvoso pois teve 12 dias com chuva, sendo que o mês teve 31 dias. O que enfatiza as chuvas do mês foram os altos acumulados, chegando a chover mais que 200 milímetros acima da média (figura abaixo), sobretudo no Oeste, parte do Meio-Oeste e do Planalto Serrano. O dois picos de chuva aconteceram no dia 01 e 11, quando Chapecó, por exemplo, teve até 65mm registrados pelo pluviômetro do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia).
Os sistemas meteorológicos atuantes durante o mês para provocar as referidas chuvas, foram frente frias, frentes estacionárias e cavados (área de baixa pressão alongada). A precipitação dos dias 1,2 e 3, foi provocada por uma frente estacionária, que viria a converter-se para frente fria e trazer o ar polar intenso. Entre o dia 17 e 18, a chuva foi acompanhada de temporais, pela associação de outra frente estacionária com um cavado na média e alta troposfera que avançava da Argentina. O evento mais tempestuoso ficou para o fim do mês, quando também outra frente estacionária e um cavado trouxe chuvas fortes, granizo e raios entre o dia 29 e 30. Por fim, o único evento provocado pela passagem livre de uma frente fria foi dia 21, sendo que a alta velocidade de deslocamento do sistema foi responsável pelos ventos de até 156km/h em Curitibanos, provocando destelhamentos, além de danos em outros municípios.
Analisando as anomalias de temperaturas da superfície do mar sobre o globo, (figura acima) é possível ver desvios negativos (cor azul) ainda sobre o oceano Pacífico equatorial e costa oeste da América do Sul. Esse resfriamento, associado ao fenômeno La Niña, vem ficando menos significativo a medida que caminha-se para uma fase neutra. As anomalias, como percebe-se em tal figura, são de -1,5ºC, bem diferente dos -3ºC acusados no auge do fenômeno no ano passado. A presença do La Niña, vem influenciando ainda o clima de SC, trazendo várias ondas de frio de forte intensidade. Como mais próximo da costa a água do mar sofre um pouco mais variação de temperatura, veja na figura anterior que aparece uma mancha azul na costa do RS e de SC. Isso representa uma área com temperatura abaixo do normal, devido ao constante ingresso de ar frio sobre o continente e oceano. Os eventos maiores de chuva podem estar associados a pequenos bloqueios atmosféricos provocados por águas mais quentes que a média no sul do oceano Atlântico Sul. Tal aquecimento, como diz o climatologista Luiz Carlos Molion, é provocado pelo ciclo lunar de 18 anos, sendo que estamos no perigeu, onde a lua fica mais próxima da Terra.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, NOAA

sábado, 13 de agosto de 2011

INGRESSO DE AR QUENTE PRÉ FRONTAL EM SANTA CATARINA

Na madrugada deste sábado, a formação de uma frente quente (frontogênese) sobre o estuário do rio da Prata, fez aumentar a advecção de ar quente para Santa Catarina, mediante ao aumento do gradiente de pressão atmosférica. Na manhã de hoje, o sistema se converteu para uma frente fria, que segue avançando lentamente pelo Uruguai e Argentina. Como tanto a frente quente quanto a frente fria são áreas com pressão atmosférica baixa, o ar quente de norte seguiu entrando no território catarinense (figura acima), principalmente a medida que o sistema frontal ficava mais próximo. Na figura abaixo, podemos notar que a massa de ar quente avançava até o sul do RS as 9 horas da manhã deste sábado, sendo que as temperaturas no território catarinense estavam entre 21 e 24ºC naquele horário.
As temperaturas máximas hoje em Santa Catarina podiam ser comparadas com as de verão. De acordo com pesquisa feita pelo blog, onze estações meteorológicas catarinenses tiveram temperaturas acima dos trinta graus neste sábado. A maior foi em Criciúma, com 34,9ºC, ou seja, por pouco não chega aos trinta e cinco graus. Até a fria São Joaquim, teve calor de 26,1ºC. Confira mais detalhes na tabela abaixo.

Cidade (ESTAÇÃO Temperatura máxima (ºC) Região
Criciúma (CIRAM)34,9Litoral Sul
São José (INMET)33,5Grande Fpólis
Joinville (PARTICULAR)32,7Litoral Norte
Florianópolis (CIRAM)32,4Grande Fpólis
Jacinto Machado (CIRAM)32,0Litoral Sul
Turvo (CIRAM)31,7Litoral Sul
Meleiro (CIRAM)31,1Litoral Sul
Massaranduba (CIRAM)31,0Litoral Norte
Abdon Batista (CIRAM)30,6Meio-oeste
Joaçaba (INMET)30,4Meio-oeste
Itajaí (INMET)30,2Litoral Norte
São Miguel do Oeste (INMET)29,8Oeste
Indaial (INMET)29,7Vale do Itajaí
Araranguá (INMET)29,0Litoral Sul
Campo Alegre (CIRAM)28,3Planalto Norte

Como há a presença de um anticiclone na camada média da troposfera entre o PR e SP (figura abaixo), a subsidência intensa do ar culminou em diminuição da umidade relativa no período diurno. Os menores valores foram de 29% em Caçador, 36% em Xanxerê e São José, 37% em São Joaquim e 40% em Criciúma. Esse ar seco e o céu quase limpo, permitiu uma grande amplitude térmica. Em Criciúma onde fez 34,9ºC de máxima, a temperatura mínima observada foi de 14,3ºC, ou seja, uma diferença de 20,6ºC num mesmo dia! Na capital, que teve máxima de 32,4ºC, a menor temperatura do dia foi 13,4ºC por volta das 7 horas da manhã, resultando numa amplitude de 19ºC! Mesma situação em Campo Alegre, que teve entre 9,7ºC e 28,3ºC, dando amplitude de 18,6ºC.
Na quarta-feira, nosso colaborador José Luiz Mattei, direto de Orleans, nos enviou uma foto do rio Tubarão com nível alto devido as chuvas intensas. Hoje, ele enviou outra foto desta manhã, mostrando o rio em seu nível normal. Veja abaixo.
Orleans-SC
Nesta noite, a frente fria se tornou frente semi-estacionária sobre o norte do RS, devido ao bloqueio causado por aquele anticiclone na média troposfera, comentando anteriormente. O sistema frontal já provocou chuvas no Sul do estado, bem como mudança do vento para sul. As rajadas máximas já ultrapassam os 50km/h, como em São José onde foi acusado 55,8km/h. Na imagem do satélite GOES-12, ilustrada sinoticamente pelo blog Paulo Tempo com os sistemas meteorológicos atuantes, vemos nebulosidade fraca, sem sequer possuir topos desenvolvidos.


DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL
FOTO: JOSÉ LUIZ MATTEI
Mapas de criação própria

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CIRCULAÇÃO MARÍTIMA DE UM LADO, CÉU LIMPO E NEVOEIROS DO OUTRO

O relevo de Santa Catarina permite com que o estado fique quase sempre dividido nas condições de tempo. Hoje foi um dia desses. No Vale do Itajaí, parte da encosta da Serra Geral, Litoral Norte e Grande Florianópolis, o tempo ficou instável e com chuviscos ocasionais. Já nas demais regiões o tempo ficou firme, com formação apenas de nevoeiros.

O que atuava para fornecer ar úmido é um sistema de alta pressão atmosférica no oceano Atlântico, com 1030 hPa (Hectopascal), na altura do leste gaúcho. Na figura abaixo, pode-se notar que o sistema referido provoca ventos de nordeste na costa catarinense. 
Na imagem do satélite GOES-12 no canal visível (abaixo), é possível observar a cobertura de nuvens sobre as regiões citadas. 
De acordo com as estações meteorológicas monitoradas do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina), INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) e algumas particulares confiáveis do ponto de vista do blog, houve ocorrência de chuva em Major Vieira, Monte Castelo, Rio Negrinho, Jaraguá do Sul, Massaranduba, São Francisco do Sul, Itajaí, Florianópolis, São José, Blumenau, Indaial, Lontras, Ituporanga, Rodeio, Rio do Campo, Timbé do Sul e Urubici. Os valores de precipitação foram baixos e extremamente mal distribuídos, variando desde 0,4mm a 6mm. Na foto abaixo, tirada por mim no bairro Capoeiras em Florianópolis, vê-se o céu nublado e com chuva muito fraca. De acordo uma estação instalada em tal bairro, o acumulado foi de miseráveis 0,3mm.
Florianópolis-SC
Em Blumenau, onde choveu 2,5mm na estação do CEOPS (Centro de Operação do Sistema de Alerta), um belo arco-íris se formou próximo das cinco horas da tarde, como é visto na foto abaixo, cedida pelo blog Fotos e Notícias de Blumenau (acesse), parceiro do blog Paulo Tempo. O registro foi feito por Shaiana A. da Silva.
Blumenau-SC
Olhando os lugares onde choveu, percebe-se que a camada úmida conseguiu chegar até a encosta da serra geral, onde fica por exemplo, Timbé do Sul, que como vimos teve chuva. Isso se deve ao fato de o vento úmido marítimo também atuar até uma altitude de 2km, como é visto na figura abaixo, onde temos um corte vertical da troposfera mostrando valores de umidade relativa do ar de oeste a leste, desde os baixos níveis até 16km de altitude.
No Oeste, Meio-oeste e boa parte do Planalto Sul e Planalto Norte, o vento úmido vai perdendo umidade a medida que transpõe a Serra Geral. No sul do estado, a característica mais plana da região (tirando as colinas) e a maior distância entre a Serra e o oceano, faz com que os ventos de nordeste não consigam gerar nebulosidade. Nessas áreas onde o tempo ficou bom hoje, houve a formação de nevoeiros. Foi o caso, por exemplo, de Orleans, onde nosso colaborador José Luiz Mattei tirou a foto abaixo.
Orleans-SC
Como resultado dessa divisão do tempo, as temperaturas também ficaram diferentes entre as regiões catarinenses. No Oeste e Litoral Sul, os valores foram os mais altos do estado, sendo que chegou a ser registrado temperatura máxima de 26,4ºC em Urussanga, 24,9ºC em Criciúma e São Miguel do Oeste, 24ºC em Turvo e 23,3ºC em Dionísio Cerqueira. Já nas áreas nebulosas, não fez mais que 21ºC, sendo que a maior foi de 20,9ºC em Itajaí. Pela manhã, a cidade mais fria foi São Joaquim onde fez mínima de 6,8ºC. Porém está longe de ser frio para tal cidade, visto que por lá isso ainda é bastante agradável.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL
FOTOS: JOSÉ LUIZ MATTEI, BLOG FOTOS E NOTÍCIAS DE BLUMENAU, BLOG PAULO TEMPO
Mapas de criação própria