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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

APÓS CALOR DE 37ºC, FRENTE FRIA TROUXE CHUVA E GRANIZO PARA SC

Nas primeiras horas da manhã, a imagem do satélite Terra com sensor Modis em alta resolução, mostrava a banda de nuvens com desenvolvimento vertical, associadas a uma frente sobre o RS e oceano Atlântico adjacente.


O sistema tinha em altitude um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) frontal de ondas curtas, o que denotava característica de catafrente, ou seja, uma frente fria que passa rápido. Esse cavado é visto na figura de análise das 10h abaixo, sendo contornado pelo Jato Subtropical (ventos fortes na alta troposfera), o que correspondia a significativo gradiente térmico.


Aqui em Santa Catarina, a aproximação da frente fria causava intensa advecção positiva de temperatura, ou seja, ingresso de calor que ia de encontro a depressão frontal. Isso causava o que chamamos de aquecimento pré frontal, motivo de ter feito tanto calor hoje no território catarinense. Já pela manhã, o aquecimento já era notado, sendo que as 10 horas as temperaturas já estavam acima de 27ºC em muitas áreas, como mostra a figura de análise abaixo.


Se já fazia mais de 27ºC pela manhã, as temperaturas no começo da tarde subiram ainda mais e se aproximaram dos trinta e cinco graus. Em Urussanga, chegou a superar isso, registrando máxima de 37ºC na estação meteorológica do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). Em Jacinto Machado, fez calor de 34,8ºC na tarde desta quarta-feira. Na tabela abaixo, você confere as maiores temperaturas de hoje em SC.

Cidade (ESTAÇÃO Temperatura máxima (ºC) Região
Urussanga (INMET)37,0Litoral Sul
Jacinto Machado (CIRAM)34,8Litoral Sul
Turvo (CIRAM)34,6Litoral Sul
Indaial (INMET)33,9Vale do Itajaí
Meleiro (CIRAM)33,5Litoral Sul
Massaranduba (CIRAM)33,2Litoral Norte
Porto União (CIRAM)32,3Planalto Norte
Itajaí (INMET)31,8Litoral Norte
Irineópolis (CIRAM)31,0Planalto Norte
Abdon Batista (INMET)30,4Meio-Oeste
São Miguel do Oeste (INMET)30,2Oeste
Lontras (CIRAM)30,0Vale do Itajaí

Com a aproximação do sistema frontal, a nebulosidade ia aumentando em Santa Catarina, a começar pela divisa com o RS e quase todo o sul do estado. Na próxima imagem, agora do satélite Aqua com o sensor Modis em alta resolução, vemos a banda de nebulosidade da frente fria sobre parte de Santa Catarina.

A chuva, de maneira geral, não foi tão acumulativa nas cidades catarinenses. Porém, pelo tempo que durou em algumas regiões, pôde ser considerada significativa no sentido de intensidade, na forma de temporais acompanhados de vento forte. Em Morro da Fumaça, o vendaval provocou alguns destelhamentos e queda de árvores, como mostra a foto abaixo.
Vendaval em Morro da Fumaça-SC
No sul do estado, o município de Jacinto Machado, teve chuva de 8mm em menos de uma hora de duração na estação meteorológica do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina). Em Laguna, a rajada de vento chegou a 78,8 km/h e precipitou 9,8mm. Timbé do Sul teve 12,2mm, mas distribuídos em duas pancadas alternadas.

Próximo da divisa com o RS, temos São Miguel do Oeste onde choveu 9,8mm num período de tempo inferior a duas horas, além de o vento ter alcançado 72,3 km/h. Em Tangará, choveu 10mm na primeira hora de precipitação, com rajada de vento de 75 km/h. São Joaquim apresentou chuva, com acumulado de 11,8mm, também distribuído em duas pancadas se paradas.



Temporal em Blumenau-SC

Ao longo do final da tarde e noite, a chuva e os temporais isolados atingiram as demais regiões catarinenses. A foto e o vídeo acima, enviada pelo colaborador Rudolfo Nolli, mostra momentos antes de começar o temporal em Blumenau.  Em Lontras no Vale do Itajaí, o temporal veio e choveu 9,8mm. Em Três Barras no Planalto Norte, uma só pancada de chuva acumulou 11,9mm no pluviômetro. Em Florianópolis, a chuva começou próximo das sete horas da noite, em forma de duas pancadas, acumulando no total 15,5mm. Essa chuva na capital, foi detectada pelo radar meteorológico da aeronáutica no Morro da Igreja. Veja que a linha de chuvas avançava com mais intensidade pelo sul da ilha. Note também que havia outras linhas de chuva pelo leste do estado, sobretudo em parte do Meio-Oeste, Vale, parte do Litoral Sul e do Litoral Norte. Note que a linha que se aproximava de Blumenau no radar, apresentava uma forma de arco. Por isso no vídeo do colega Rudolfo está ventando bastante.

Radar meteorológico da aeronáutica as 18h:45min
Além da chuva e dos ventos fortes, o destaque mais uma vez foi o granizo, que ocorreu em nove cidades, sendo elas Forquilhinha, Morro da Fumaça, Araranguá, Balneário Gaivota, Sombrio, Biguaçu, Florianópolis, Caçador e Joaçaba. No Morro da Fumaça, o granizo foi acompanhado de vento forte e queda de árvores (foto abaixo). Em Joaçaba o granizo (foto abaixo) não causou estragos. Na capital catarinense, a colaboradora Maria Eduarda Kamers registrou fotos (abaixo) do granizo no bairro Capoeiras. Em Caçador e Biguaçu, o fenômeno foi registro em vídeos (abaixo) por cinegrafistas amadores do site Youtube. O terceiro vídeo, feito em Araranguá, foi feito pelo colaborador Felipe de Souza.

Granizo em Joaçaba-SC
Granizo em Florianópolis-SC




Granizo em Caçador-SC




Granizo em Biguaçú-SC




Granizo em Araranguá-SC

O motivo de ter chovido pouco e mal distribuído, é quase o mesmo de ter ocorrido granizo: Coluna mais baixa de umidade. Na figura abaixo, temos um perfil vertical da troposfera mostrando os valores de umidade relativa e temperatura do ar sobre Santa Catarina, de oeste a leste. 
Veja que a maior parte do estado tinha umidade relativa até uma altitude de 6km, que corresponde a camada média da troposfera. Veja nessa figura, que a altura onde a temperatura é de 0ºC, a umidade relativa estava elevada, o que favoreceu o congelamento das gotículas de gelo, processo inicial do granizo. Mas para que o granizo se desenvolva e fique maior, é necessário que ele vá até o topo das nuvens várias vezes, agregando cristais de gelo e gotículas super resfriadas no caminho, tanto para descer quanto para subir. Para essas idas e voltas do granizo, é preciso que se tenha intensa velocidade vertical ascendente do ar, o que é bem verificado no sul do estado na figura de análise abaixo. Os valores negativos representam a subida do ar, ao passo que os positivos são a descida.

O forte calor em especial no sul do estado e parte da Grande Florianópolis, também ajudou no fornecimento de energia potencial para convecção, tanto que a maioria dos casos de granizo foram nessas áreas citadas no presente parágrafo.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, NOAA, REDEMET, PORTAL ENGEPLUS, PORTAL EDER LUIZ.
Agradecimentos aos colegas Rudolfo Nolli, Felipe de Souza e Maria Eduarda Kamers pelas fotos e vídeos cedidos.
Mapas de criação própria

sábado, 26 de novembro de 2011

CAVADO E UMIDADE MARÍTIMA PROVOCARAM TEMPORAIS E GRANIZO EM SC

Entre ontem e e este sábado, um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) nos altos níveis da troposfera (acima de 10km de altitude)se deslocava pela Argentina, como pode-se acompanhar na figura de análise das 10h da manhã de hoje. O referido sistema é representado pelos traços pretos.
O cavado estimulava a ascendência do ar em sua borda leste, favorecendo a queda da pressão atmosférica e assim convergência de ventos úmidos. Essa umidade desta vez veio do oceano Atlântico, desde a superfície até uma altitude de aproximadamente 1500 metros. Na próxima figura, temos uma análise de ventos e umidade relativa a 1500m de altitude. Note que esses ventos provêm do oceano Atlântico tropical, passam pelo interior do Brasil e vem a convergir sobre Santa Catarina, onde fazem uma curva em direção novamente ao oceano.
No dia de ontem, as pancadas se limitaram ao centro-norte do estado, com acumulados baixos e muito isolados. Já neste sábado, a chuva ocorreu no Meio-Oeste, Planalto Norte, Planalto Sul, Vale do Itajaí, Litoral Norte e encosta da Serra Geral. O dia abafado como o de hoje, já prenunciava algum temporal. Tal abafamento era provocado pela temperatura e umidade altas. Na animação de imagens de satélite abaixo, podemos notar o rápido desenvolvimento de nuvens com desenvolvimento vertical entre o Meio-Oeste e Litoral catarinense, na forma de várias células convectivas.

O destaque foram acumulados de chuva bem altos num curto período de tempo em algumas cidades. Foi o caso de Bom Jardim da Serra, onde choveu incríveis 91,2mm, em forma de fortes pancadas ocorridas num espaço de tempo inferior a 6 horas. Em Timbó, nosso colaborador Carlos Grothoff relatou via twitter, um forte temporal que ocorreu no município por volta das 19h20min, que segundo ele foi com chuva bastante forte, como não se via há tempos. Infelizmente não há estação meteorológica por lá e comparar com outras estações próximas seria um grande equívoco, pois o temporal foi de caráter isolado.

Enquanto algumas áreas o destaque foi a chuva, outras o vento. Em Joaçaba, um forte temporal provocou destelhamentos de casas e queda de algumas árvores, como vê-se na foto abaixo. Segundo dados da estação meteorológica do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina), o vento alcançou 101,5 km/h na noite de ontem lá em Joaçaba, em apenas uma rajada.

Vendaval em Joaçaba-SC
Outro destaque nos temporais deste sábado foi a queda de granizo, nos municípios de São Joaquim, Rio Negrinho, Joaçaba, Herval do Oeste, Timbó, Lontras e Alfredo Wagner. No município de Joaçaba, o granizo (foto abaixo) ocorreu junto aquele vento forte relatado anteriormente. Em São Joaquim, a engenheiro agrônomo e climatologista Ronaldo Coutinho, filmou (vídeo abaixo) as pedras de gelo precipitando sobre as roseiras. Em Rio Negrinho, um cinegrafista amador também filmou (vídeo abaixo) o granizo por lá. Mesmo caso de Lontras.

Granizo em Joaçaba-SC



Granizo em São Joaquim-SC



Granizo em Lontras-SC
 


Granizo em Rio Negrinho-SC

Para entender porque houve a formação do granizo, veja as duas figuras abaixo.

A primeira, nos mostra os valores de umidade relativa no nível de congelamento, ou seja, onde a temperatura do ar é igual ou menor que zero grau. Note que entre o Meio-Oeste e Litoral, a umidade estava acima de 50% onde a temperatura era de zero grau, numa altitude entre 4000 e 4200m. Na segunda figura, temos um perfil vertical da troposfera de oeste a leste sobre SC, mostrando os valores ômega (velocidade vertical), sendo que os negativos (cor vermelha) são onde o ar sobe. Perceba que há várias células nessa linha de análise, ou seja, regiões onde o ar sobe, diverge lá no alto e desce logo ao lado onde havia ascendência. 

Como havia ascendência do ar, aliado ao nível de congelamento entre 4000 e 4200m de altitude com umidade relativa acima de 50%, deu-se condições para a formação do granizo. Como o leste do estado fica ao nível do mar (tirando as montanhas claro), as pedras de gelo acabam derretendo no meio do caminho até o chão, caindo sob a forma de chuva. Em Timbó no Vale do Itajaí, o colaborador Carlos afirmou que o granizo foi pequeno e leve, isto porque a cidade está localizada numa altitude de 68m, ou seja, o granizo mesmo quase todo derretido ainda conseguiu precipitar nessa altitude. Já no Meio-Oeste e Planalto Serranos, as altitudes superam facilmente os 800m, dando mais condições a queda quase intacta das pedras de gelo.

Muitas descargas elétricas foram registradas durante a atuação das células convectivas. O número delas impressionava durante a tarde, principalmente por volta das 14h45min, como mostra a imagem abaixo. A detecção é feita pelo Rindat e a imagem de satélite como plano de fundo é do satélite GOES-12.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL E CLIMATERRA
FOTOS: CARLOS GROTHOFF E PORTAL EDER LUIZ.
VÍDEOS: RONALDO COUTINHO E CINEGRAFISTA AMADOR
Mapas de criação própria

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

PLANETA TERRA VEM RESFRIANDO DESDE 2002

Apesar de vários cientistas acreditarem e defenderem fielmente que existe aquecimento global e que este é provocado pelo ser humano, quero mostrar que nosso planeta não está ficando mais quente que o normal. Para isso, trouxe um gráfico de anomalia de temperatura global, medida por satélite desde 1979 até o mês de outubro deste ano de 2011. A medição por satélite é muito mais sensata porque faz uma cobertura total do globo terrestre, ou seja, consegue medir temperatura também dos oceanos, o que estações meteorológicas e bóias não conseguem realizar amplamente. A figura do gráfico segue abaixo.

Veja que tivemos realmente um aquecimento global, porém natural e perdurando até o ano de 2001. Entretanto, note que desde 2002, a tendência mostra um resfriamento do planeta. Se contarmos os anos com menores anomalias desde 2002, vemos que 2011 está entre os menos quentes (em média) nos últimos 9 anos. 

Aquele aquecimento um pouco maior no ano de 2010 pode explicado pelo fato de ter ocorrido o fenômeno El Niño, cujo qual aquece o oceano Pafícico equatorial e leste. Como esse oceano é o maior da Terra, isso acaba refletindo na temperatura do ar sobre essas águas aquecidas. A mesma situação ocorreu no grande El Niño de 1998. Como se sabe, El Niño nada tem a ver com aquecimento global, muito menos provocado pelo ser humano. Vários estudos mostram que o El Niño, assim como a La Niña, são naturais e podem estar ligados com o ciclo de manchas solares.

Analisando a anomalia de temperatura do ar apenas do mês de outubro deste ano de 2011, também por medição de satélite, vemos na próxima figura que as anomalias mais positivas (desde a cor verde até amarelo) se concentraram no leste dos EUA, do Canadá e boa parte da Rússia. Ou seja, são áreas densamente povoadas e com muitas ilhas de calor, que é o aquecimento local provocado pela retirada de vegetação e rios, substituindo-os por asfalto e prédios. Na maior parte do planeta, a predominância em outubro foram de temperaturas dentro (branco) e abaixo do normal (azul).
Anomalia global de temperatura do ar em outubro-2011
Enquanto a temperatura global vem diminuindo desde 2002, o nível de CO2 vem aumentando (gráfico abaixo). O que os cientistas que defendem o aquecimento global antropogênico vão dizer agora? Vão inverter suas teorias?
Estarei acompanhando o monitoramento dessas temperaturas, levando a você todas as informações técnicas e científicas, sem fanatismo e polêmica.

DADOS: NOAA, CLIMATE4YOU

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

COMO ESTÁ A PREVISÃO DO TEMPO NAS EMISSORAS DE TV

Sabemos que cada vez mais as previsões do tempo estão ganhando qualidade, a medida que mais estações meteorológicas são instaladas, mais radares e satélites no monitoramento, maior qualidade e capacidade de modelos numéricos de previsão do tempo, além da capacitação de novos meteorologistas e técnicos em meteorologia

No entanto, não basta apenas a previsão do tempo ser melhorada, mas sim que elas também sejam mais e melhores propagadas pelos diversos meios de comunicação. Por isso, essa postagem de hoje aqui no blog não é uma análise do tempo, mas sim de como estão as previsões do tempo nas grandes emissoras de televisão, meio de comunicação ainda considerado mais usado pela população. Segundo pesquisa feita pelo CEEP (Centro de Educação, Estudos e Pesquisas) em fevereiro, 96,6% dos entrevistados assistem TV.

A avaliação aqui nesta postagem sobre a previsão do tempo na TV, parece muito simplória, mas mostra muito bem qual emissora dá mais importância, qualidade e duração das previsões nos telejornais. Vale ressaltar que não quero aqui fazer propaganda para tal emissora e desmerecer outra, mas sim mostrar e deixar você tirar suas próprias conclusões. 

Retirei do site youtube, vídeos de previsão do tempo de telejornais de cincos emissoras de televisão do país, sendo elas a Rede Globo, Rede Record, Band, SBT e Gazeta. Por mais incrível que pareça ao leitor, a emissora que menos tem tempo de duração nas previsões do tempo é a Rede Globo com apenas 47 segundos. A emissora que mais deu espaço para a previsão do tempo foi o SBT com 1 minuto e 54 segundos, seguido da Rede Record com 1 minuto e 36 segundos. Para não restar mais dúvidas, acompanhe cada vídeo abaixo, todos deste ano.

SBT:


BAND


GAZETA


RECORD


GLOBO

Em minha opinião pessoal, a melhor previsão no sentido de qualidade, duração e compromisso foi a da Rede Record, seguida da Band que também apresentou bons resultados. No entanto, eu penso que o ideal seria os próprios meteorologistas apresentarem as previsões nos telejornais e não as atuais "mocinhas do tempo". Nada contra elas, mas ficaria muito melhor.

Lembrando mais uma vez, que esta postagem teve apenas o intuito de mostrar a você como estão as previsões nos telejornais, servindo como crítica construtiva e avaliação pessoal, que cabe apenas ao caro leitor. Por favor, dê sua opinião nos comentários. Participe!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

MAIS UM SISTEMA CONVECTIVO DE MESOESCALA PROVOCOU CHUVA FORTE EM SC

Já no fim da noite de domingo e madrugada de segunda-feira, nuvens com alto desenvolvimento vertical se formavam entre a Argentina e Paraguai. Estava em formação o terceiro Sistema Convectivo de Mesoescala (SCM) desta primavera em Santa Catarina. Os SCM's são aglomerados de nuvens do tipo Cumulonimbus, associadas entre si, gerando um poderoso sistema de várias tempestades organizadas. A primeira figura desta postagem, é uma imagem do satélite GOES-12 mostrando o estágio maduro do SCM. Na animação de imagens de satélite abaixo, veja a evolução dele, desde as pequenas células convectivas até o aglomerado completo. 

O que motivou a formação do SCM, foi a aproximação de um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) pela Argentina. Em sua borda nordeste/leste, havia difluência no escoamento de ventos, como pode-se notar na figura de análise das 10h (abaixo). Outro ponto em destaque e chave na formação dos SCM's é a presença do Jato Subtropical ao sul do aglomerado de nuvens, o que também pode ser visto na análise. O cavado é representado pelos traços pretos, a área de difluência é circulada para melhor ilustração e o Jato Subtropical é aquela região avermelhada com orientação noroeste-sudeste (ver legenda de ventos).
Com a difluência no escoamento dos ventos lá no alto da troposfera, houve o aumento na ascensão de ar, o que decaiu a pressão atmosférica e favoreceu a chegada de ventos úmidos da floresta amazônica. Esses ventos úmidos conseguem chegar por uma corrente de ventos chamada de Jato de Baixos Níveis, que é vista na próxima figura na área avermelhada com ventos de noroeste.
Como é comum em SCM's, o movimento vertical ascendente do ar ultrapassou a baixa troposfera a chegou até quase a alta troposfera, como mostra a figura abaixo, onde tem-se o valor de velocidade vertical do ar de oeste a leste sobre Santa Catarina, na latitude 27ºS. Os valores negativos indicam onde o ar está subindo, ao passo que os positivos são movimentos descendentes. Observe que o ar está se elevando principalmente na média troposfera, indicando que aí há forte convergência de ventos.
Com essa grande coluna de ar ascendente, a umidade conseguiu preencher boa parte da troposfera sobre o território catarinense. Na próxima figura, temos também um perfil vertical, só que agora de umidade relativa em SC, na mesma área na figura anterior. Note que os valores acima de 60% vão até 12km de altitude.
Segundo estações meteorológicas monitoradas pelo CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) e INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), a região que mais choveu foi o Oeste do estado, onde a precipitação durou em média 12 horas, com valores de 53,4mm em Dionísio Cerqueira, 51mm em São Miguel do Oeste, 43,4mm em Novo Horizonte e 25,8mm em Xanxerê. O vento mais significativo se deu na primeira cidade citada, tendo rajada de 57,5 km/h.

Nas demais regiões do estado, choveu bem menos e com caráter isolado. Muitas áreas ficaram apenas com céu nublado a encoberto. No meio-oeste o maior valor de precipitação foi de 10,2mm em Joaçaba. No Planalto Serrano choveu mais em Irineópolis com 11,6mm. No Leste quem teve mais chuva foi Criciúma com 3,6mm. Falando no sul do estado, temos uma foto enviada pelo colaborador José Luiz Mattei, mostrando o início da chuva em Orleans. A estação mais próxima de lá é Urussanga, onde precipitou 2,2mm por volta das 14h.

Orleans-SC
No Vale do Itajaí, um cinegrafista amador colocou um vídeo no site Youtube, mostrando uma chuva com ventos ocorrida hoje em Blumenau. Assista abaixo.

No decorrer da noite de ontem, o SCM foi perdendo configuração sobre Santa Catarina em função do influxo de ar frio de sudoeste/sul. Dessa condição se formavaa uma frente fria sobre parte do estado, com seu sistema de baixa pressão ainda sobre o RS, registrando valor mínimo de 1004 hPa as 22h. Veja mais detalhes na figura de análise abaixo naquele horário. 
Na manhã desta terça-feira, a frente fria formada ainda estava sobre o leste catarinense, mantendo uma banda de nebulosidade com certo desenvolvimento vertical, sobretudo no sudeste do estado (imagem de satélite abaixo). De acordo com dadoss de estações, ainda choveu hoje, com acumulado de 22mm em Jacinto Machado, 17,6mm em Itajaí, 14,8mm em Timbé do Sul, 9,8mm em Massaranduba e 7mm em Urussanga.

Com a virada do tempo e o aparecimento rápido do sol durante a tarde, as temperaturas tiveram um "salto" no leste do estado. Em Urussanga, por exemplo, a máxima foi de 29,1ºC as 14h, mas duas horas antes fazia 22,8ºC. A maior máxima foi de 30ºC em Itapoá, seguida de 29,9ºC em Massaranduba, 29,2ºC em São Francisco do Sul e 28,9ºC em Indaial. No decorrer desta noite, a atuação do ar frio está sendo mais significativa, na medida em que a massa de ar polar adentra o estado. As 23h fazia 10,7ºC em São Joaquim, 12,1ºC em Urupema, 12,2ºC em Tangará, 13ºC em Bom Jardim da Serra, 13,7ºC em Campos Novos e 16,4ºC em Timbé do Sul.

Outro fenômeno significativo nesta noite é o vento, devido ao sistema de baixa pressão na frente da costa catarinense, associado a frente fria que outrora influenciava o estado. As rajadas já chegaram aos 74,9 km/h em Laguna e 50 km/h em Florianópolis.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, MARINHA DO BRASIL EPAGRI-CIRAM
Mapas de criação própria

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

QUINTA-FEIRA DE FRIO, GEADA, NEVOEIROS E ALTA AMPLITUDE TÉRMICA EM SC

Essa segunda metade de novembro começou fria, pelo menos nas manhãs em Santa Catarina. Hoje, foi o segundo dia consecutivo de frio no estado, sendo que as menores temperaturas mínimas desta quinta-feira foram de 1,1ºC em Urupema, 1,8ºC em São Joaquim e 2,5ºC em Bom Jardim da Serra. No leste, cidades que ontem não tiveram tanto frio, hoje amanheceram bem geladas para essa época do ano, como foi o caso de Florianópolis onde fez 12,7ºC. Até em Itapoá, localizada junto ao mar, obteve 12,1ºC pela manhã. 

Vale a pena comentar sobre o efeito baixada nesse frio sobre o Planalto Serrano. Isso acontece porque o ar frio mais denso se deposita em vales e baixadas na segunda noite de atuação da massa de ar frio, valendo para qualquer época do ano. Foi o caso de São Joaquim, onde a mínima de 1,8ºC foi numa baixada (1184m de altitude), enquanto no topo (1376m de altitude) daquela cidade fez 7,5ºC. Ainda focando em São Joaquim, houve novamente geada (foto abaixo), que se forma quando a temperatura junto ao solo fica em zero ou abaixo de zero grau. É a oitava geada de novembro por lá, superando as 7 ocorridas em novembro de 2007.

Geada em São Joaquim-SC
Para ocorrerem estas temperaturas baixas e formação de geada, o ar esteve seco durante a quinta-feira. Na próxima figura de análise das 10h de hoje, vemos um perfil vertical de umidade relativa sobre Santa Catarina de oeste a leste, sobre a latitude 27ºS. Note que a camada úmida estava limitada apenas ao baixos níveis e mesmo assim não se tinha valores maiores que 80% na maioria das regiões, o que permite-nos considerar que esses valores decorriam apenas da própria que de temperatura do ar, que facilita o encontro com a do ponto de orvalho. 
Esse céu mais limpo durante a madrugada, causa inversão térmica, ou seja, o ar mais frio fica abaixo do ar menos frio. Isso favoreceu saturação do ar sobre o Planalto Norte catarinense, onde havia um pouco mais de umidade específica no ar, o que culminou na formação de nevoeiros. Na animação de imagens de satélite no canal visível abaixo (satélite GOES-12), desde as 8h até as 12h, observa-se os nevoeiros sobre o Planalto Norte, bem como sua gradativa dissipação.

O mesmo ar seco que provocou céu quase limpo em Santa Catarina, fez com que as temperaturas logo subissem ao longo do período diurno, o que culminou numa grande diferença entre as temperaturas mínima e máxima, chamada amplitude térmica. Para se ter uma idéia, em Urupema onde fez 1,1ºC pela manhã, a tarde foi registrado 21,1ºC. São Joaquim que apresentou 1,8ºC de mínima, obteve máxima de 21,7ºC. No sul do estado, Urussanga amanheceu com 11,2ºC, mas a máxima do dia chegou aos 27ºC. Em Itapoá, litora norte, a temperatura que pela manhã foi de 12,1ºC, subiu para 25,8ºC a tarde.

Na figura de análise de ventos e pressão atmosférica ao nível médio do mar (abaixo), veja que o anticiclone pós frontal (centro do ar frio) já estava no oceano a leste da Argentina as 10h. Observe que os ventos desse sistema convergem para o leste catarinense, chegando de sudeste, o que proporciona o ingresso de umidade marítima ao longo do dia.
No final da tarde, a imagem do satélite GOES-12 também no canal visível, mostrava o aumento de nuvens na faixa leste catarinense, provocada pela umidade marítima comentada no parágrafo anterior. Não houve chuva.



DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, CLIMATERRA
FOTO: SÃO JOAQUIM ONLINE
Mapas de criação própria

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

APÓS FERIADÃO CHUVOSO, TEMPERATURA DECLINA E SERRA REGISTRA 0,1ºC

O tempo instável que havia iniciado no último domingo, comentado aqui no blog, perdurou durante a segunda-feira e o feriado de Proclamação da República. O Vórtice Ciclônico de Altos Níveis - VCAN, se converteu para um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica), porém mesmo assim atuou com intensidade e favoreceu a ascenção de ar sobre Santa Catarina. Na figura abaixo podemos ver esse cavado representado pelos traços pretos, sendo que a instabilidade se forma na borda leste do seu eixo.
No geral, entre a segunda-feira e ontem choveu com maior quantidade no centro-norte catarinense, sobretudo próximo a divisa com o PR. Nessa área, os valores ficaram em torno dos 50mm, como mostra a próxima figura.


Entretanto, houve alguns picos maiores de precipitação em algumas cidades, como foi o caso de São Francisco do Sul no litoral norte, onde choveu 104,1mm em menos de 48 horas, sendo 60,2mm somente ontem. No mesmo período, Major Vieira no planalto norte teve 77,4mm. Veja na tabela abaixo, alguns valores de chuva acumulada nas 24 horas do feriado em Santa Catarina, em estações do CIRAM  e INMET.
Cidade (ESTAÇÃO Precipitação no feriado (mm) Região
Major Vieira (INMET)65,0Planalto Norte
São Francisco do Sul  (INMET)60,2Litoral Norte
Papanduva (CIRAM)45,2Planalto Norte
Tangará (CIRAM)40,6Meio-Oeste
Campos Novos (INMET)39,2Meio-Oeste

Se analisarmos o mapa com análise dos índices de instabilidade K e Totals (figura abaixo), veremos que ambos estavam com valores mais altos justamente onde mais choveu ontem. Isso indica que havia bastante umidade ao longo da camada atmosférica. 
Essa grande coluna úmida pode ser percebida também na próxima figura de análise, que mostra um perfil vertical de umidade relativa sobre Joinville (litoral norte), entre a superfície e 16km de altitude. Veja que até quase 8km de altitude os valores (linha verde) estão acima de 70%, sendo que a proximidade com 100% é onde havia nuvens no gráfico. 
Ao longo da noite da terça-feira de feriado, um ciclone extratropical de fraca intensidade se formava a leste da costa Sul brasileira. Na figura de análise de vento e pressão atmosférica das 22h, pode-se observar esse ciclone (letra B). Os ventos, como era de se esperar, não foram significativos, sendo que no máximo foram registradas rajadas de 43,5 km/h em São José, 43,2 km/h em Itapoá e 37,4 km/h em Laguna.
Com a formação do ciclone extratropical, uma massa de ar frio e seco adentrou Santa Catarina, fazendo declinar as temperaturas ao longo da madrugada desta quarta-feira, culminando pela manhã quando se deu o máximo de frio. A menor temperatura mínima se deu em Urupema com 0,1ºC, seguida de Urubici com 1,6ºC e Bom Jardim da Serra com 2,7ºC. No restante do planalto, as menores foram em Campos Novos e Abdon Batista com 7,4ºC e São Bento do Sul com 9,7ºC. Nem o litoral escapou do frio, sendo que Jacinto Machado teve 11,5ºC e Criciúma registrou 12,5ºC. 

De acordo com o engenheiro agrônomo Ronaldo Coutinho da Climaterra, houve geada por volta das 6 horas da manhã entre São Joaquim e Urupema. Já é a décima quarta geada nesta primavera na região. Além da geada, houve nevoeiro isolados entre o Meio-Oeste e Planalto Norte.

Com a presença do ar seco na maior parte do território catarinense, a quarta-feira teve predomínio do sol, como mostra a foto abaixo, tirada em Timbó (Vale do Itajaí) por nosso colaborador Carlos Grothoff. Nela pode-se perceber apenas nuvens do tipo Cúmulos Humilis, que indicam bom tempo.

Timbó-SC
Na figura abaixo, temos a animação das imagens do satélite GOES-12 no dia ontem e no de hoje. Compare a diferença de cobertura de nuvens, notando claramente a melhora nas condições meteorológicas. A exceção ficou por conta das áreas próximas ao PR, que hoje ainda ficaram nubladas.

Com o sol, as temperaturas que estavam baixas pela manhã, aumentaram rapidamente no período vespertino, porém sem nada de calor. As maiores temperaturas máximas de hoje foram de 25,7ºC em Abdon Batista, 25,3ºC em Indaial, 25,2ºC em Urussanga e 24,5ºC em Massaranduba.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL
FOTO: Carlos Grothoff
Mapas de criação própria

domingo, 13 de novembro de 2011

SEGUNDO SISTEMA CONVECTIVO DE MESOESCALA DESTA PRIMAVERA EM SC

Após a formação de um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) ontem sobre Santa Catarina, o qual provocou chuvas principalmente no Sul do estado e divisa com o PR, a instabilidade no ar aumentou consideravelmente sobre a Argentina e Paraguai. Na análise de ventos a 12km de altitude as 22h de ontem (figura abaixo), podemos notar a presença de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis - VCAN (sistema fechado de baixa pressão em altitudes superiores) entre o território chileno e argentino. Esse VCAN propagava ondas atmosféricas ciclônicas para o nordeste da Argentina, intensificando o cavado.
Durante a madrugada, esse reforço do VCAN, contribuiu para que os ventos úmidos e quentes da floresta amazônica convergissem para o Sul do Brasil, incluindo Santa Catarina. No gráfico abaixo, vemos as velocidades e direções do vento na estação meteorológica do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) no Morro da Igreja em Urubici, a 1810m de altitude. Note que durante a madrugada, o vento teve brusca virada de Sudoeste para Norte/noroeste, ou seja, ventos amazônicos.
Tudo isso acabou culminando na formação de um SCM (Sistema Convectivo de Mesoescala), que é um aglomerado de nuvens verticais que se unem, sendo que a dissipação de uma ajuda na intensificação de outra. É o segundo SCM dessa primavera (veja o primeiro aqui). Na animação de imagens do satélite GOES-12 no canal infravermelho com realce, podemos ver a evolução do sistema, explodindo em convecção ao longo do dia, sobretudo no fim da manhã e início da tarde.

Na próxima imagem, vemos a quantidade de descargas elétricas que havia nas nuvens de desenvolvimento vertical associadas ao SCM por volta das 11h:30min. Veja que elas se concentravam mais no oeste catarinense.
Em relação as chuvas, elas ocorreram em algumas cidades de quase todo o estado, com exceção do Alto Vale do Itajaí e boa parte do Litoral. As mais intensas, segundo estações meteorológicas monitoradas pelo CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) e INMET, foram no Oeste e encosta da Serra Geral. Chegou a chover 19,8mm em Dionísio Cerqueira e 20mm em Timbé do Sul.

Comparando as análises de perfil vertical de umidade (linha verde) em Dionísio Cerqueira (oeste) e Orleans (sul), vemos que a camada úmida difere em espessura entre ambas as cidades, sendo que Dionísio Cerqueira tinha a camada mais espessa, com valor de umidade relativa acima 60% até um pouco mais de 6km de altitude. Já Orleans, tinha umidade mais alta até 2500m, sendo que nem sequer choveu.
Ainda no oeste, Novo Horizonte também teve chuva considerável, com 13,4mm. Pelos dados vindos de estações, não houve registro de vendavais. Também nenhuma notícia de granizo foi publicada nos meios de comunicação. Os demais acumulados de chuva pelo estado foram de 9,6mm em Canoinhas, 9,4mm em Três Barras, 7,8mm em Itapoá e 7,3mm em Massaranduba.

Com a cobertura de nuvens e a presença ainda de ar frio marítimo, as temperaturas subiram pouco durante o domingo, com máximas de 20,9ºC em São José, 19,9ºC em São Miguel do Oeste, 18,4ºC em Joaçaba e 16,7ºC em Canoinhas.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL.
Mapas de criação própria

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

FRENTE FRIA CHEGOU COM TEMPORAIS EM SANTA CATARINA

Durante a quarta-feira e madrugada desta quinta-feira, ventos quase que constantes norte predominavam em Santa Catarina, favorecidos pela queda de pressão atmosférica sobre o estado. Na figura abaixo, vemos dois gráficos de dados meteorológicos de São José, um mostrando o vento e o outro os valores de pressão atmosférica.
A queda de pressão atmosférica era provocada pela aproximação de uma frente fria de forte intensidade pelo Sul do Brasil. Com isso, ventos quentes iam em direção ao sistema, fazendo concentrar o calor na região dianteira da frente fria, o que causou aquecimento pré frontal. As maiores temperaturas de hoje foram de 32ºC em Indaial, 30,8ºC em Rio Negrinho, 30,7ºC em Urussanga, 30,6ºC em Três Barras e 30,3ºC em Massaranduba. A umidade relativa alta, fazia a sensação de calor ser ainda maior, causando abafamento.

A frente fria, estava associada com forte difluência no escoamento de ventos na alta troposfera (figura abaixo), que proporcionava levantamento do ar dos baixos níveis e a formação intensa de nuvens com desenvolvimento vertical, sobretudo no Paraguai e nordeste da Argentina.
Na imagem do satélite GOES-12 no canal infravermelho com realce as 14h de hoje, vê-se a nebulosidade da banda frontal sobre parte de Santa Catarina. Note que já havia núcleos onde o topo das nuvens alcançavam temperaturas de até -70ºC (cor azul escuro). Note que na região do Paraguai, onde havia mais difluência de ventos em altitude, havia as nuvens mais carregadas, com topos frios de até -80ºC (cor rosa) 

Naquele horário, o radar meteorológico da aeronáutica localizado no Morro da Igreja em Urubici, já detectava refletividade alta sobre as áreas com nebulosidade significativa em Santa Catarina, ou seja, havia chuva. Confira mais detalhes na imagem do próprio radar as 14h.
Veja nessa figura do radar, que chovia entre moderado (amarelo) e forte (vermelho) no Planalto Sul, principalmente a região de Lages. Segundo a estação meteorológica do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina), Urupema teve 22,8mm de chuva em pouco tempo durante o temporal. Houve registro de granizo em Canoinhas, Cerro Negro, Capão Alto e Campo Belo do Sul, de acordo com o site De Olho No Tempo e Correio do Norte. Em Otacílio Costa, a foto abaixo retirada do twitter da Metsul Meteorologia, nos mostra as nuvens com desenvolvimento vertical geradas pela frente fria as 14h:08min.
Temporal em Otacílio Costa-SC
O granizo registrado no Planalto Sul, foi dado pela combinação de grande quantidade de umidade ao longo da camada troposférica, associado a uma camada de ar muito seco e frio em torno de 3 a 4km de altitude, bem como o alto levantamento do ar, que fazia as pedras subirem várias vezes e até crescerem e vencer as correntes ascendentes de ar. A figura abaixo mostra os valores de umidade sobre o Planalto Sul catarinense desde os baixos níveis até 16km de altitude. Para se orientar, coloquei um mapa indicando onde está a região de análise.
Por volta das 16h30min, nosso colaborador José Luiz Mattei, tirou foto do céu de Orleans, mostrando a aproximação da cortina de chuva. Segundo a estação do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), choveu 2,2mm em Urussanga, estação mais próxima de Orleans. Como a chuva foi mal distribuída, o maior valor no Sul do estado acabou ficando com Nova Veneza e Criciúma, que tiveram 6,8mm e 6,2mm, respectivamente.
Temporal chegando em Orleans-SC
A imagem de radar naquele momento, nos mostrava realmente a chuva intensa na região, formando uma linha de instabilidade. José Luiz comentou que a chuva era mais observada a nordeste de Orleans. É justamente o que mostra o radar, ou seja, a chuva que ele via era na Serra.
Próximo das 18h, as nuvens verticais já ganhavam tamanho e intensidade no céu de Florianópolis, como mostra a foto tirada por mim no bairro Trindade.
Florianópolis-SC
A chuva chegou por volta das 18h:20min, com gotas grandes e intensidade moderada, sendo que por algum tempo chegou a ficar forte. A estação do INMET em São José acumulou 9,2mm. No bairro Capoeiras, a estação Paulo Tempo teve 8,5mm durante o temporal. Houve vento muito isolado, associado a nuvens chamadas de nuvem arco. Na Lagoa da Conceição, por exemplo, a rajada chegou a 54km/h. Na imagem do radar meteorológico, podemos observar essa chuva na Grande Florianópolis.
Durante a noite, além de ter voltado a chover na Grande Florianópolis, a precipitação mais intensa se concentrou no Vale do Itajaí, Planalto Norte e Litoral Norte do estado. Em Canoinhas, por exemplo, em menos de uma hora precipitou 24mm, sendo no total 35,4mm durante toda a chuva. Em São Bento do Sul, o acumulado foi de 26mm em pouco tempo.

Acompanhado da chuva, houve bastante descargas elétricas associadas. na animação de imagens com detecção dessas descargas, podemos perceber bem a distribuição delas ao longo do período de atuação da frente fria sobre o território catarinense nesta quinta-feira.

No oeste do estado, apesar do número alto de descargas elétricas, apenas Xanxerê teve chuva, com valor de 4,4mm. Pode ter acontecido de as estações meteorológica não terem conseguido captar a chuva, devido ao caráter isolado delas.
No final desta noite, o ramo frio (frente fria) do sistema frontal estava no mar próximo da costa, com ramo estacionário dentro do Sul do Brasil. O anticiclone pós frontal (massa de ar frio) estava com centro na Argentina (letra A). Veja mais detalhes na figura de análise acima.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, RINDAT, METSUL.
Mapas de criação própria