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sábado, 31 de dezembro de 2011

COM CHUVA, BLOG VEM DESEJAR A VOCÊ UM FELIZ 2012!

Está certo que o tempo não está ajudando muito quem gostaria de passar o Réveillon na praia ou qualquer outro local ao ar livre, pelo menos no leste e parte da serra catarinense. O último dia de 2011 está sendo de chuva nessas áreas, como mostra a imagem de radar abaixo, do horário das 15h:45min (local). 


Nesta postagem, quero agradecer a você leitor deste blog, por ter ajudado a fazer deste espaço um lugar de análise e conhecimento meteorológico durante 2011, visando melhorar a visão da meteorologia no Brasil e tentando modificar a cultura meteorológica de que previsão do tempo é apenas saber se vai chover ou não. Por isso, o blog Paulo Tempo tem o orgulho de dizer que recebeu aproximadamente 192 mil acessos de página durante 2011, sendo em média mais de 500 acessos por dia. Se este blog está ainda na internet, um dos principais motivos é a sua visita!

Em 2012, continuarei firme com esse trabalho aqui no blog, que faço profissionalmente por gosto, sem qualquer ganho financeiro. Para finalizar, desejo a todos um excelente ano de 2012, com bastante saúde, paz nos corações e determinação para vencer os obstáculos. Lembre-se, o melhor da virada de ano não são as festas ou presentes, mas sim a companhia de quem amamos, seja a família, amigos, etc.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

CIRCULAÇÃO DE UMIDADE MARÍTIMA NA ÚLTIMA SEMANA DE 2011 EM SC

A frente fria se afastou para alto mar ao longo do último fim de semana natalino. No entanto, o anticiclone pós frontal (letra A) com pressão central de 1024 hPa se posicionou também no oceano próximo da costa do Sul do Brasil, ao mesmo tempo que um sistema de baixa pressão com 1012 hPa estava na área oceânica (letra B). A diferença de pressão entre os dois sistemas, provocaram advecção de umidade marítima para o estado através dos ventos de sudeste a leste. Na figura de análise de ventos abaixo, temos essa situação. 


As cores na figura representam o relevo catarinense, sendo que quanto mais próximo do vermelho, mais alta é a altitude. Note que o relevo acima de 200m (cor verde) cobre áreas bem próximas do litoral, o que faz com que os ventos de sudeste úmidos já encontrem barreiras físicas logo de início. Essa condição faz com que esse ar frio e úmido tenha que se elevar para transpor as montanhas, condensando o vapor d'água e assim gerando nuvens, as chamadas nuvens orográficas. Na imagem visível do satélite GOES-12 as quatro horas da tarde, vemos que realmente a nebulosidade predominou apenas da Serra ao Litoral. 


Na figura abaixo, temos a análise do perfil troposférico de temperatura (linha azul) e umidade relativa do ar (linha verde) em Orleans, litoral sul catarinense as 10h de hoje. Veja que a camada de umidade acima de 80% vai da superfície até aproximadamente 3km.


Juntando o perfil troposférico de umidade em Orleans com a imagem de satélite no canal visível mostrada antes, é possível perceber que haviam nuvens do tipo nimbostratus sobre boa parte do centro-leste catarinense. As nimbostratus possuem um leve desenvolvimento vertical e deixam o céu completamente encoberto, além de provocar chuvas intermitentes e até algumas pancadas moderadas. Na imagem do radar meteorológico da aeronáutica, por volta das 13h:15min, vemos áreas com cores amarelas no Planalto Sul, indicando chuva moderada naquele horário por lá.


Para haver a formação das nimbostratus nesta quarta-feira, não foi necessário apenas a circulação de umidade marítima como nos dias anteriores, mas também outro "ingrediente", o Jato Subtropical (ventos fortes na alta troposfera da zona subtropical). Esses ventos lá no alto provocam vorticidade relativa negativa nos baixos níveis, favorecendo com que as nuvens cresçam um pouco mais além da altitude das montanhas onde o ar úmido transpôs. Na figura de análise de ventos a 12km de altitude as 10h de ontem, percebe-se que os ventos do Jato estavam com velocidade entre 140 a 200 km/h, principalmente no Planalto Sul e extremo sul catarinense. 


Na tabela abaixo, você confere os valores de chuva acumulada entre ontem e hoje em SC, nas estações do CIRAM, INMET e Defesa Civil. Lembrando que a maior parte da chuva se concentrou entre a noite e manhã.
Cidade (ESTAÇÃO) Precipitação 72 horas (mm) Região
Itapoá (INMET)30,2Litoral Norte
Rio do Sul (CEOPS)26,7Vale do Itajaí
Jacinto Machado (CIRAM)24,4Litoral Sul
Florianópolis (CIRAM)22,1Grande Florianópolis
Timbé do Sul (CIRAM)20,0Litoral Sul
São José (INMET)18,2Grande Florianópolis
Massaranduba (INMET)13,8Litoral Norte
Jaraguá do Sul (DEFESA CIVIL)10,9Litoral Norte

No oeste e Meio-Oeste, houve predomínio de sol devido ao ressecamento do ar marítimo ao transpor toda a Serra Geral. Por lá, já são 19 cidades agora em situação de emergência em virtude da estiagem, sendo elas: Coronel Freitas, Iraceminha, Planalto Alegre, São Carlos, Passos Maia, Ponte Serrada, Anchieta, Guarujá do Sul, Ouro Verde, São Miguel da Boa Vista, Sul Brasil, São José do Cedro e Saudades. Tudo reflexo do fenômeno La Niña (resfriamento anômalo do oceano Pacífico equatorial e leste).

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, DEFESA CIVIL, MARINHA DO BRASIL.
Mapas de criação própria

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A VIRADA DO TEMPO NA VÉSPERA DO NATAL

Depois de uma semana intensamente quente, com até 40,5ºC em Itapiranga e 38ºC em Itapoá, o tempo mudou bruscamente em Santa Catarina na véspera do natal, sobretudo quando se fala em temperatura. Isso tudo por conta de entrada de uma frente fria. Na imagem do satélite GOES-12 na tarde de sábado, podemos notar a banda de nebulosidade frontal sobre o estado catarinense.


Perceba que a nebulosidade era mais significativa no norte do estado e algumas áreas que fazem divisa com o PR. Isso aconteceu por que a frente fria passou pelo leste e deixou um cavado (área alongada de baixa pressão) no interior. Na figura de análise abaixo, temos os valores de espessura da camada. Veja que o ar mais frio, ou seja, áreas com espessura da camada menor (o ar frio é denso e assim não se expande), está concentrado entre o sudeste catarinense, RS e oceano Atlântico adjacente, indicando que se trata de uma massa de ar frio marítima.


Na próxima figura temos uma análise de perfil vertical da troposfera sobre Joinville, mostrando valores de umidade (cor verde) e temperatura (cor azul) nas camadas troposféricas. Veja que sobre aquela cidade, a umidade relativa estava acima de 80% desde a superfície até 8km de altitude.


Essa camada bem espessa de umidade provocou grandes acumulados de chuva em poucas horas no norte catarinense e parte do Vale. A imagem do radar meteorológico da aeronáutica as 20h30min de sábado, mostra uma grande área com chuva nessas áreas, sendo moderada na região de Joinville e também entre Doutor Pedrinho e Luiz Alves.


Segundo a estação meteorológica particular do colaborador Diego Soares em Joinville, choveu 33mm. Na estação da Defesa Civil em Jaraguá do Sul, precipitou 53,3mm. Já em Blumenau, a estação do CIRAM registrou 8mm. Nas outras áreas do Oeste e Meio-Oeste próximas da divisa com o PR, houve chuva, com 2,4mm em Itapiranga e 4mm em Caçador.

No domingo de natal, a frente fria se deslocou para o alto mar na altura do litoral norte catarinense, como mostra a figura de análise de ventos abaixo.


Note nesta mesma figura, que os ventos ficam de sudeste e com intensidade no leste catarinense, o que reforçou as nuvens com umidade marítima, além de deixar a sensação térmica mais baixa devido ao vento. O resultado foi um domingo natalino chuvoso e ameno, sobretudo no centro-leste do estado, como mostra a imagem do satélite GOES-12 abaixo.


Segundo as estações meteorológicas do INMET e CIRAM, em 24 horas precipitou 48mm em Timbé do Sul, 29,2mm em Itapoá, 29mm em Urubici, 20,2mm em Nova Veneza, 19,3mm em Tangará, 18,2mm em Massaranduba, 17,2mm em São José e 16,4mm em Itajaí. As temperaturas máximas não ultrapassaram os 21,1ºC em Itajaí, 20,6ºC em São José, 19,6ºC em Urussanga, 15,3ºC em São Joaquim, 12,9ºC em Bom Jardim da Serra e 11,1ºC em Urubici.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL
Mapas de criação própria

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

INSTABILIDADES PRÉ FRONTAIS NO FIM DA SEMANA MAIS QUENTE DO ANO

Esse final da semana mais quente do ano está sendo marcado por instabilidades pré frontais em Santa Catarina. Na figura de análise de ventos e pressão ao nível médio do mar as 22h de ontem, percebe-se no sul do RS e oceano adjacente, uma área com fronteira de ventos, mudando bruscamente de norte/noroeste para sudoeste/sul. Essa área é uma frente fria.


Essa frente fria, por ser uma área com baixa pressão atmosférica, favorecia o ingresso de mais ar quente e úmido para o território catarinense. Juntamente a esse fator, um cavado (área alongada de baixa pressão) na média troposfera formou-se sobre o leste catarinense entre ontem e hoje (traços pretos na próxima figura).

Esse cavado ajudou a aumentar o fluxo de umidade na média troposfera. Na figura abaixo, temos os valores dos índices de instabilidade K e Totals na noite de ontem. Veja que ambos estão com valores altos sobre o leste catarinense, sendo o K acima de 36 e o Totals acima de 50. Isso denota bem a característica de uma troposfera com camada de umidade desde a superfície até bem além da média troposfera.
Como essa semana mais quente do ano ainda não acabou, tivemos forte calor, tanto ontem quanto hoje. Ontem, foi registrado incríveis 40,9ºC no município de Itapiranga no oeste, segundo dados da estação do senhor Wolfgang Lengert. Esse senhor mede temperaturas regularmente desde o ano de 1935 e já registrou 42,5ºC em 9 de dezembro de 1985. Nem a serra escapou das altas temperaturas, sendo registrado 29,4ºC em Bom Jardim da Serra e 29,7ºC em São Joaquim. Esse forte aquecimento, aliado ao fluxo convergente de ar na média troposfera, favorecia intenso levantamento convectivo do ar quente e úmido. Isso pode ser visto na figura de análise abaixo, onde temos os valores de velocidade vertical do ar, sendo que negativo significa ar subindo.

Esse intenso levantamento convectivo, se somou ao abaixamento do nível de congelamento para até 4200m de altitude (figura abaixo) e favoreceu a formação e queda de granizo ontem no leste de SC, nos municípios de Orleans, Morro da Fumaça, Anitápolis e São Bento do Sul. As informações vieram de nosso colaborador José Luiz Mattei e de parceiros via Twitter.

No vídeo seguinte, vemos a precipitação de granizo em São Bento do Sul, filmada por um cinegrafista amador e posta no site Youtube.


Granizo em São Bento do Sul-SC

Com uma camada maior de umidade, choveu bastante em pontos isolados do estado, como foi o caso de Urussanga, onde a estação meteorológica do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) teve acumulado de 38,6mm de precipitação em 2 horas. O vento chegou a 59,8 km/h durante o temporal. Essa tempestade era detectada pelo radar meteorológico da aeronáutica, com chuva moderada a forte (amarelo ao vermelho) por volta das 19h.


Nessa mesma imagem de detecção de chuva pelo radar, vemos precipitações isolados de outras células convectivas no Meio-Oeste, Planalto Norte e interior da Grande Florianópolis. Em Caçador, choveu 24,6mm na zona leste da cidade. Em Curitibanos 15,6mm. Em Campo Alegre, precipitou 12mm. Foram boas chuvas, mas muito isoladas.

Já hoje, sexta-feira, o calor não deu trégua e foram registradas temperaturas ainda mais altas. A maior foi em Itapiranga com 40,1ºC. Na capital, a estação meteorológica do CIRAM no bairro Itacorubi registrou 37,9ºC, sendo a maior do ano. Na tabela abaixo, você confere mais detalhes.
Cidade (ESTAÇÃO) Temperatura máxima (ºC) Região
Itapiranga (CLIMATERRA)40,1Oeste
Joinville (PARTICULAR)39,4Litoral Norte
Florianópolis (CIRAM)37,9Grande Florianópolis
Jaraguá do Sul (DEFESA CIVIL)37,6Litoral Norte
Indaial (CIRAM)37,0Vale do Itajaí
Florianópolis - Capoeiras (PARTICULAR)36,9Grande Florianópolis
Massaranduba (INMET)36,9Litoral Norte
São José (INMET)36,5Grande Florianópolis
Itajaí (INMET)36,5Litoral Norte
Balneárrio Camboriú (PARTICULAR)36,0Litoral Norte
Criciúma (CIRAM)34,7Litoral Sul

Na imagem de satélite abaixo, vemos a nebulosidade da banda frontal no RS, ao passo que em Santa Catarina é observado várias células convectivas associadas a temporais isolados pelo território catarinense durante a tarde desta sexta-feira.


Foi registrado novamente granizo, desta vez em Joinville, norte catarinense. Um cinegrafista amador filmou o fenômeno e colocou no site Youtube. O vídeo segue abaixo.

Granizo em Joinville-SC

Onde não houve granizo, teve chuva, sendo significativa isoladamente. Na imagem do radar meteorológico da aeronáutica as 18h, percebe núcleos de precipitação moderada/forte no Planalto Sul, Grande Florianópolis e parte norte do Litoral Sul.


Logo depois, o resultado aparecia nas estações meteorológicas, como em Itajaí, onde a estação do CIRAM registrou 36,6mm de chuva em um pouco mais de 3 horas de duração. Já em São José, não mais que 2,6mm. Na foto abaixo, tirada por mim centro de Florianópolis, é possível a chuva ao sul/sudoeste.

No Meio-oeste e Planalto Norte, as tempestades aconteceram um pouco antes, por volta das quatro horas da tarde. Na imagem de radar abaixo, vemos 4 células de chuva modera e até forte, circuladas para melhor ilustração. Segundo estações meteorológicas do CIRAM e INMET, durante os temporais choveu 42,7mm em Campos Novos e 28,8mm em Lebon Régis e Papanduva. Na primeira cidade citada, ventou e o anemômetro local mediu rajada máxima de 65 km/h.


No Oeste, apenas alguns poucos municípios conseguiram sair dos 150 dias consecutivos sem chuva acima de 10mm, que caracteriza estiagem agrícola. Foi o caso de Dionísio Cerqueira, que teve temporal com chuva de 13mm, segundo a estação do INMET.

DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, CPTEC/INPE, MARINHA DO BRASIL, CLIMATERRA
Mapas de criação própria

LA NIÑA JÁ FAVORECE ESTIAGEM AGRÍCOLA NO OESTE CATARINENSE

Segundo informações da empresa Agritempo, a estiagem agrícola, ou seja, ausência de chuvas diárias acima de 10mm, já completa até 150 dias consecutivos no oeste catarinense. As piores situações estão nos municípios de Campo Erê, São Bernadino, Saltinho e Santa Terezinha do Progresso. A figura abaixo mostra bem essa condição.


Neste mês de dezembro, está chovendo tãao pouco no oeste, que em Xanxerê o acumulado até ontem não ultrapassava 30mm, segundo dados da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia. Como mostra a próxima figura, nos últimos quatro dias, não houve chuva na região, ficando esta mais concentrada entre o Meio-Oeste e Litoral.


Esta estiagem faz parte de um dos principais efeitos do fenômeno natural La Niña (resfriamento anômalo das águas superficiais do oceano Pacífico equatorial e leste), que causa uma mudança de posição da célula de circulação atmosférica de Walker e assim altera a distribuição de chuvas pelo Mundo. No sul do Brasil o fenômeno provoca diminuição das chuvas, com estiagens nos interiores da região. 

Na próxima figura, com valores de anomalia de temperatura do mar global, nota-se anomalias negativas de até -3ºC sobre o Pacífico equatorial (área circulada), caracterizando o fenômeno La Niña.
Como em situações de La Niña os ventos alíseos de sudeste/leste sopram com maior velocidade, as águas quentes ficam represadas no Pacífico oeste e assim ocorre a ressurgência no Pacífico leste e equatorial, onde as águas ficam frias. Águas quentes significam baixas pressões atmosféricas, sendo o contrário para as águas frias. Por isso, a diferença de pressão atmosférica aumenta entre as duas partes do oceano Pacífico. No gráfico abaixo, temos o chamado ìndice de Oscilação Sul, que mede a diferença de pressão atmosférica entre Tahiti na Polinésia Francesa e Darwin na Austrália. Valores positivos significam La Niña. Veja nesse gráfico que os valores de diferença estão em 22 hPa, sendo que o La Niña do início deste apresentou diferença de 35 hPa.
Segundo o CIRAM, o La Niña deve se estender pelo início de 2012, com intensidade fraca a moderada. Por isso, as chuvas ficarão menos frequentes e ainda mais irregulares. Quem deve continuar sofrendo com a seca é o oeste. As temperaturas médias devem ficar abaixo do normal, não descartando tanto picos de frio quanto de calor. Como disse Ronaldo Coutinho da Climaterra, não se espante se você tiver que puxar um edredom em pleno mês de janeiro.

DADOS: INMET, AGRITEMPO, EPAGRI-CIRAM, NOAA, INSTITUTO DE METEOROLOGIA DA AUSTRÁLIA.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

FORTE MASSA DE AR SECO E QUENTE LEVA TEMPERATURAS A QUASE QUARENTA GRAUS EM SC

Na segunda-feira, a baixa pressão subtropical com pressão atmosférica central de 1000 hPa, se afastou para o alto mar (letra B na figura de análise abaixo) e assim favoreceu a entrada de uma forte massa de ar seco em Santa Catarina. Para se ter uma idéia, depois da alta umidade e das fortes tempestades, muitas cidades tiveram medição de umidade relativa abaixo dos 30% no território catarinense, como foi o caso de Joaçaba onde o valor caiu para 24%. Por essa característica, as temperaturas tiveram uma leve queda pela noite e início da manhã, sobretudo claro na Serra, em relação aos dias anteriores. Na madrugada de segunda-feira, a temperatura mínima foi de 5,4ºC em Urupema.

Por outro lado, como o ar é seco e estamos numa estação do ano onde os raios solares incidem mais diretamente, o espaço foi cedido ao calor duranta a tarde. Na própria segunda-feira, Itapiranga no oeste teve temperatura máxima de 36,1ºC. Neste momento dia, Criciúma no Litoral Sul teve máxima de 35ºC. Contudo, o maior número de cidades com registros próximos de quarenta graus foram na terça-feira quando foi registrado 38ºC em Itapoá, 37,9ºC em Jaraguá do Sul e 37,1ºC em Massaranduba. Neste mesmo dia, Urupema registrou 4,6ºC de frio pela manhã. Já a maior temperatura da semana foi hoje, com incríveis 39,5ºC lá em Itapiranga.

Confira na tabela abaixo, os maiores valores de temperatura máxima entre a segunda e quarta-feira em Santa Catarina, dando destaque claro, para a terça-feira onde fez quase quarenta graus em muitas cidades.

Cidade (ESTAÇÃO) Temperatura máxima (ºC) Data
Itapiranga (CLIMATERRA)39,521/12/2011
Itapoá (CIRAM)38,020/12/2011
Jaraguá do Sul (DEFESA CIVIL)37,920/12/2011
Joinville (PARTICULAR)37,520/12/2011
Massaranduba (INMET)37,120/12/2011
Indaial (INMET)36,920/12/2011
São Francisco do Sul (INMET)36,720/12/2011
Rio das Antas (CIRAM)36,620/12/2011
São José (INMET)35,521/12/2011
Florianópolis (BLOG PAULO TEMPO)35,221/12/2011
Criciúma (CIRAM)35,019/12/2011
Urussanga (INMET)33,519/12/2011

Hoje, a análise de ventos na alta troposfera das 10h horas da manhã (figura abaixo) mostrava a presença de máximos de ventos chegando próximos de Santa Catarina, sendo parte do Jato Subtropical. Esse fator associado a uma intensa frontogênese (formação de frente fria) na Argentina, fez com que a pressão do ar abaixasse mais e o ar quente e agora mais úmido chegasse aos poucos da floresta amazônica a 1500m de altitude.


Com isso, células convectivas voltaram a se formar pelo estado, sobretudo na Grande Florianópolis e nordeste catarinense. Ontem, aqui da capital fotografei a única nuvem Cumulunumbus pela região, que provocava chuvas e trovoadas no em áreas de montanhas da Grande Florianópolis, onde é mais fácil ocorrerem levantamentos de ar. A primeira foto mostra a chegada da célula e a segunda já apresenta ela com aguaceiros a oeste de Florianópolis.

Célula convectiva em Florianópolis-SC
Chuva a oeste de Florianópolis-SC
Como o radar meteorológico da aeronáutica estava fora de operação durante esta quarta-feira, recorri a imagem do satélite GOES-12 para mostrar ao leitor as nuvens convectivas geradas pela tal célula. Não foi registrado chuva nas estações meteorológicas da região, mas esta mesma célula provocou chuva de 0,6mm em Itajaí no litoral norte. 


Outras células convectivas são vistas na imagem de satélite acima, além de outras em outro horários da tarde, sendo que foi registrado chuvas isoladas nelas, com 14,6mm em Irineópolis, 8,6mm em Porto União, 2,4mm em São Bento do Sul, 2,2mm em Papanduva e Rio do Campo, 1,8mm em São Joaquim e 1,2mm em Lontras.

No Vale do Itajaí, segundo a Climaterra e Rádio Sintonia, foi registrado granizo nos municípios de Salete e Chapadão do Lageado. Na Grande Florianópolis, houve granizo em Rancho Queimado, como mostra o vídeo abaixo.

Granizo em Rancho Queimado-SC


DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, CLIMATERRA, DEFESA CIVIL, MARINHA DO BRASIL
Mapas de criação própria

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

BAIXA PRESSÃO SUBTROPICAL PROVOCOU TEMPORAIS ISOLADOS NO SUL CATARINENSE

O sistema de baixa pressão que se formou no ao largo da costa gaúcha e uruguaia persistiu durante o fim de semana nessa área, devido a um bloqueio atmosférico. O sistema foi classificado pelo blog como baixa pressão subtropical, pois seu núcleo estava imerso no ar quente embaixo, mas tinha ar frio encima. Nas duas figuras abaixo podemos ver bem essa característica. 


Na primeira temos a análise de espessura da camada entre a alta e média troposfera. Veja que a baixa pressão (letra B) está imersa numa área com espessura baixa, indicando presença de ar frio, pois este é mais denso. Já na segunda figura, temos a análise de espessura da camada entre a baixa e média troposfera. Note que a baixa pressão está imersa numa área com espessura alta, indicando ar quente, pois este é menos denso e tende a se expandir e ocupar uma camada maior. Lembrando que a baixa pressão representada está na baixa troposfera e que pertence a um conjunto de vórtices ciclônicos em fase nas altitudes superiores a esta.

Com a presença da baixa pressão subtropical por lá, houve ingresso de umidade e calor para parte de Santa Catarina entre o sábado e domingo, mais precisamente no Planalto Sul, Litoral Sul e sul da Grande Florianópolis, regiões onde houve temporais isolados. Olhando a análise dos índices de instabilidade K e Totals, percebe-se que o K estava baixo com valor de 24 sobre o centro-leste catarinense, ao mesmo tempo que o Totals estava moderado com valores entre 44 e 50. Isso sugere que a camada quente e úmida ia até uma altitude de aproximadamente 3km, secando e esfriando rapidamente o ar acima disso. Isso favorece temporais isoladamente mais severos, até com chance de granizo também isolado.

No sábado, foi a vez apenas da Grande Florianópolis, onde uma célula convectiva se formou e pode ser vista na imagem de satélite abaixo, com temperatura de topo das nuvens de até -50ºC, o que indicava que esses topos atingiam uma altitude entre 8km e 10km.


O radar meteorológico da aeronáutica instalado no Morro da Igreja, detectava chuva moderada a forte no norte dessa célula, além de algumas outras isoladas no Vale do Itajaí. Veja na imagem abaixo.

No domingo, os temporais foram mais abrangentes em parte de SC, mesmo isolados. Por volta das 17h, três células convectivas eram detectadas no planalto sul e sul do estado pelo radar meteorológico da aeronáutica, uma sobre a região de São Joaquim, outra sobre a de Criciúma e a última sobre a de Tubarão, como mostra a imagem abaixo.


Note que a que estava na região de Criciúma, apresentada chuva moderada a forte (ver legenda no radar) e tinha um formato de arco no radar, o que implicava em ventos fortes em sua retaguarda. De fato ocorreram mesmo ventos fortes, de até 70km/h em Criciúma, com chuva de 7,6mm. O nosso colaborador José Luiz Mattei afirmou que sua mãe viu granizo pequeno e rápido em Orleans, por feito dessa célula. Ali perto, a estação meteorológica do INMET em Urussanga registrou chuva de 8,8mm acumulados. Como vimos, essas chuvas são bastante isoladas, tanto que em Araranguá choveu apenas 0,4mm. Na imagem também é possível ver pontos de chuva na Serra, sendo que São Joaquim teve precipitação de tão somente 0,8mm.

Outra célula convectiva pode ser vista naquela imagem de radar, sobre a região de Tubarão e Capivari de Baixo, onde provocou algumas tempestades. Logo depois, ela se dividiu em duas, sendo uma parte indo em direção a Imbituba e a outra a Laguna. A imagem de radar abaixo, mostra essa situação, com detecção de chuva fraca a moderada.


De acordo com uma estação também do INMET em Laguna, choveu 8,2mm durante o temporal, com ventos de 65,2km/h. O colaborador José Luiz Mattei, que estava aproveitando o domingo por lá, tirou fotos da chegada do temporal, que segundo ele, passou no sul de lagunense.

Temporal passando por Laguna-SC
Temporal se concentrou ao sul de Laguna, como mostra a foto
DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL.
Mapas de criação própria

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

VCAN PROVOCOU MAIS TEMPESTADES, GRANIZO E TORNADO EM SC

O Vórtice Ciclônico de Altos Níveis - VCAN (sistema de baixa pressão atmosférica em altos níveis da troposfera) teve um deslocamento do litoral do Uruguai para o sul do RS durante a quarta-feira, como pode-se ver na figura de análise de ventos em 200 hPa (12km de altitude).


Na próxima figura abaixo, temos de um lado a análise de ventos na média troposfera e do outro na baixa troposfera. Perceba que o Vórtice Ciclônico que estava somente nos altos níveis, se aprofundou para as demais altitudes troposféricas, exceto a superfície.


Com essa situação, uma banda mais organizada de nebulosidade avançou pelo leste catarinense durante a madrugada e logo depois células convectivas alinhadas durante a tarde da quarta-feira. A animação de imagens do satélite GOES-12 (abaixo) nos mostra essa condição.

No mapa abaixo, onde tem-se o acumulado de chuva em Santa Catarina nas 24 horas do dia 14, vemos que a região onde mais precipitou foi a Grande Florianópolis, parte do Litoral Sul e do Planalto Sul. A única região onde não houve alguma chuva foi o oeste catarinense.


Mais uma vez houve registro de queda de granizo, em São Joaquim, Rio do Sul e Taió. De fato, o nível de congelamento estava bem abaixo do comum nessas áreas, como vê se no mapa de análise abaixo. Veja que a altitude onde a temperatura era de zero grau estava abaixo de 3800m, bem como a umidade também apresentava valores elevados.


Em conjunto, tínhamos bastante levantamento de ar quente e úmido, que é visto pelos valores negativos de omega (cor vermelha), ou seja, velocidade vertical do ar. É claro que isso muda no decorrer do deslocamento das células convectivas, sendo que uma hora o ar sobe na região e outra o ar desce. Situação típica de verão.


Pela madrugada, como mostrou a animação de imagens de satélite, uma linha grande tempestades avançava pelo sul do estado. Em Orleans, o nosso colaborador José Luiz Mattei registrou chuva com trovoadas por volta das 3 horas da madrugada. Em Laguna, choveu 24mm na estação meteorológica do INMET. A imagem de radar meteorológico do Morro da Igreja mostrava as áreas de chuva moderada a forte (ver legenda).


Já durante a tarde, vemos as 14h a detecção de chuvas pelo radar no estado, sendo moderada a forte (entre amarelo e vermelho) no Planalto Sul, Litoral Sul e parte do Vale do Itajaí, organizadas de acordo com as várias células de convecção. 


Em Laguna, onde o radar mostrava chuva considerável, a estação do INMET confirmou a detecção, registrando 8,6mm em menos de uma hora. Urussanga, ainda no Litoral Sul, registrou naquela tarde 11mm. Em Araranguá, choveu 4,8mm.

Em Rio do Sul, onde houve granizo, a chuva também foi forte, sendo precipitado 51,5mm em poucos minutos, o que já se considerado chuva forte. Em Taió, mesmo sem foto do funil de vento, os estragos são bem característicos com um tornado, pois o vento forte destelhou casas, quebrou e arrancou árvores pela raiz na SC-403 e acabou com duas granjas de criação de frangos. Moradores locais afirmaram que o vento vinha em forma de círculos, parecendo um redemoinho. Nas duas fotos abaixo, podemos ver esses estragos.

Estragos do tornado que passou por Taió-SC
Árvores caídas após a passagem do tornado em Taió-SC
Granja destruída pelo tornado em Taió-SC
O evento foi muito localizado e com efeito característicos de um tornado. Até a imagem do radar minutos depois, mostrava a célula que passou por Taió, em forma de gancho (em cores amarelo e vermelho), bem característico de tornado, com centro de chuva forte sobre Presidente Nereu. O triângulo de ponta cabeça é uma representação de onde poderia estar se formando um tornado naquele instante, da mesma forma que havia ocorrido quando tal célula estava sobre a região de Taió.


Um bom índice de instabilidade usado para previsão de tornados, sendo apenas um deles, é o índice Sweat, que avalia o cisalhamento vertical do vento, ou seja, a variação brusca da velocidade e direção do vento com a altitude. Na figura abaixo, vemos que na análise das 10h, o índice sweat era considerável sobre o leste catarinense, com valores  de 190 a 270.

Um pouco mais tarde, por volta das 17h, a célula convectiva chegava a Grande Florianópolis, com chuva isolada e mal distribuída. Em São José choveu 6,8mm. Já na Lagoa da Conceição em Florianópolis precipitou 2,3mm numa estação particular. Na foto abaixo, vemos nuvem cumulunimbus se aproximando do bairro Capoeiras na capital, onde choveu 15,2mm.
Temporal em Florianópolis-SC
Na quinta-feira, dia 15, ocorreram novas quedas de granizo, sendo o fenômeno registrado em Joinville e Nova Trento. Em Joinville, o vídeo abaixo, feito pelo portal Joinville SC, mostra a queda das pedras de gelo. Em Nova Trento o granizo foi miúdo e de curta duração.

Granizo em Joinville-SC

Na Grande Florianópolis, o fim de tarde da quinta-feira teve chuvas e trovoadas isoladas. Em Santo Amaro da Imperatriz, um cinegrafista amador filmou (vídeo abaixo) a chegada do temporal. Choveu pouco, com 0,3mm, segundo uma estação particular. Já em Capoeiras, Florianópolis, choveu 16mm.

 Tempestade chegando em Santo Amaro da Imperatriz-SC

No decorrer do dia de quinta-feira,a união em fase dos vórtices ciclônicos desde os baixos até os altos níveis da troposfera, formaram um ciclone extratropical em superfície.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, CLIMATERRA, JORNAL O RIOSSULENSE, JORNAL VALE OESTE PORTAL JOINVILLE SC.