Seja bem-vindo. Hoje é

quinta-feira, 29 de março de 2012

MASSA DE AR POLAR CONTINENTAL PROVOCOU FRIO HISTÓRICO PARA MARÇO EM SC

O avanço bastante rápido de uma frente fria pelo território catarinense durante a última terça-feira, fez a chuva que era prevista para o dia, se concentrar em sua maior durante a madrugada. Na animação das imagens do satélite GOES-12 durante a madrugada, manhã, tarde e noite da terça-feira, podemos notar esse breve deslocamento do sistema frontal frio por Santa Catarina.


O sistema chegou a provocar algumas chuvas, com acumulado diário de precipitação entre 5 e 20mm na maioria das regiões (figura abaixo), sendo que na parte onde o oeste catarinense faz divisa com o PR a chuva passou desse valor. Mesmo assim, não foi o suficiente para acabar com a estiagem, pois a chuva caiu em solo e ar muito seco. É preciso bastante chuvas para fazer com que a umidade do solo aumente.

Precipitação acumulada em 24 horas no dia 27/03/2012
A frente fria teve associado um intenso ciclone extratropical sobre o oceano Atlântico na altura da Argentina, o qual foi aprofundado em virtude do deslocamento de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis - VCAN (sistema de baixa pressão em altos níveis da troposfera. Na figura de análise de ventos a 12km de altitude na noite de terça-feira, podemos ver esse VCAN. Note que ele era contornado pelo Jato Polar (ventos fortes na alta troposfera), o que indica que havia bastante diferença de temperatura entre a retaguarda e vanguarda do sistema frontal.


O aprofundamento desse ciclone extratropical e o consequente rebaixamento da pressão central, fez impulsionar grande quantidade de ar frio polar para o continente sul-americano. Na análise de ventos e pressão atmosférica ao nível do mar (figura abaixo), observa-se o ciclone com pressão central de 994 hPa (hectoPascal) e ventos de até 80 km/h. O anticiclone polar é visto pela Argentina, com pressão central de 1024 hPa. O impressionante dessa massa de ar polar, foi principalmente sua continentalidade e sua intensidade para essa época do ano.


Em toda sua passagem, a massa de ar polar nunca deixou de estar sobre o continente, o que é um fato raro, pois em março o comum é esses sistemas desviarem rapidamente para o oceano. Na análise agora de pressão atmosférica ao nível do mar e temperatura a 2m na manhã de ontem, podemos observar essa situação, sendo que o centro do ar polar já estava entre o norte da Argentina e Paraguai, o que novamente impressiona por recentemente termos saído do verão astronômico. Veja que o predomínio grande do ar frio polar nas cores azuis da figura


O frio foi, digamos, bem distribuído em Santa Catarina, tanto temporalmente quanto regionalmente. Ontem, no primeiro dia de atuação do ar polar, as menores temperaturas mínimas se deram nos topos. No Morro da Igreja em Urubici, por exemplo, foi registrado a menor do estado, com -1,1ºC. Em seguida veio São Joaquim com 0,1ºC e Urupema com 0,2ºC. A primeira geada do outono em SC foi observada em São Joaquim e Urupema. Na tabela abaixo, você confere mais valores de temperatura mínima pelo estado. Repare que a maior parte dos valores mais baixos foram dados no Planalto Sul e Meio-Oeste.

Cidade (ESTAÇÃO Temperatura mínima (ºC) em 28/03/2012Região
Morro da Igreja - Urubici (INMET)-1,1Planalto Sul
São Joaquim (CIRAM)0,1Planalto Sul
Urupema (CIRAM)0,2Planalto Sul
Água Doce (CIRAM)1,4Meio-Oeste
Monte Castelo (CIRAM)2,4Planalto Norte
Tangará (CIRAM)2,4Meio-Oeste
Caçador (CIRAM)3,0Meio-Oeste
Papanduva (CIRAM)3,5Planalto Norte
Rio do Campo (CIRAM)5,1Vale do Itajaí
Xanxerê (CIRAM)5,7Oeste
Turvo (CIRAM)8,1Litoral Sul

Entretanto, foi nesta quinta-feira que a maioria dos recordes de temperatura foram quebrados, sendo que não fazia tanto frio em março pelo menos nos últimos 80 anos. As menores temperaturas mínimas do estado foram de -2,8ºC em Bom Jardim da Serra, -1,7ºC em Urupema e -1ºC em São Joaquim. O frio de hoje foi principalmente o das baixadas e vales, pois o ar frio é mais denso e se deposita nesses locais na segunda noite de frio. Em São Joaquim, por exemplo, o valor de -1ºC apresentado neste parágrafo foi numa estação do CIRAM numa baixada, ao passo que a estação do INMET num topo de montanha registrou 6ºC positivos. Confira detalhes das temperaturas mínimas de hoje na segunda tabela (abaixo), notando que a maior parte das menores temperaturas foram no Planalto Sul e Planalto Norte.

Cidade (ESTAÇÃO Temperatura mínima (ºC) em 29/03/2012Região
Bom Jardim da Serra (CIRAM)-2,8Planalto Sul
Urupema (CIRAM)-1,7Planalto Sul
São Joaquim (CIRAM)-1,0Planalto Sul
Rio Negrinho (INMET)0,9Planalto Norte
Caçador (CIRAM)1,4Meio-Oeste
Monte Castelo (CIRAM)2,5Planalto Norte
Itaiópolis (CIRAM)2,6Planalto Norte
Major Vieira (INMET)2,7Planalto Norte
Campos Novos (CIRAM)2,8Meio-Oeste
Papanduva (CIRAM)3,0Planalto Norte
Morro da Igreja - Urubici (INMET)3,3Planalto Sul
São Bento do Sul (CIRAM)3,7Planalto Norte
Rio do Campo (CIRAM)3,9Vale do Itajaí
Porto União (CIRAM)4,0Planalto Norte
Lebon Régis  (CIRAM)4,6Meio-Oeste
Timbé do Sul (CIRAM)7,8Litoral Sul
Turvo (CIRAM)8,0Litoral Sul
Itapoá (CIRAM)9,9Litoral Norte

Falando em superação de recordes, a estação meteorológica convencional do INMET em Lages registrou 2,3ºC na manhã de hoje, sendo o novo recorde de temperatura mínima para março e superando o de março de 1964 que era de 3ºC. Como o início das observações por lá começaram em 1927, temos que hoje foi o dia mais frio para os lageanos em 85 anos. Em Videira, foi registrado 1,4ºC hoje, sendo este valor o novo recorde do município, superando o de março de 1976 que era de 2,3ºC. Em Campos Novos, o valor de 3,9ºC nessa manhã superou o recorde de 1976. A estação meteorológica do INMET em São josé na Grande Florianópolis, teve sua segunda menor temperatura em março nos últimos 101 anos, com 11,9ºC. Na estação convencional do CIRAM no bairro Itacorubi em Florianópolis, a mínima foi de 10,7ºC, sendo a mais baixa em março desde o ano de 2000. Vale ressaltar que essa estação da capital não tem mais que 20 anos de dados. Já em Indaial, o valor de 9,7ºC desta quinta-feira superou o recorde de março de 1976 que era de 10ºC. Todos os dados apresentados acima são de estações convencionais, ou seja, aquelas onde os instrumentos são analógicos e a leitura dos mesmos são feitas por observadores meteorológicos.

Novamente ocorreu geada nesta quinta-feira no território catarinense, sendo a segunda geada do outono. O fenômeno foi registrado em São Joaquim, Urupema e curiosamente no interior de Joinville, já na área da Serra Dona Francisca, pelo colaborador Diego Soares. Veja nas fotos abaixo.

Geada em Urupema-SC

Geada na serra Dona Francisca no interior de Joinville-SC, por Diego Soares 
Durante o dia de hoje, a presença do anticiclone polar diretamente sobre Santa Catarina, deixou o ar bastante seco e consequentemente o céu claro, permitindo a subida das temperaturas a tarde, fazendo até calor, porém sem exagero. No geral fez entre 20 e 25ºC na maioria das cidades. No Planalto Sul foi diferente, com máxima de 19ºC em Urupema. A máxima do estado foi de 29,4ºC em Tubarão.

Realmente, pelos dados apresentados e análises mostradas nesta postagem do blog Paulo Tempo, essa massa de ar polar está entre as mais intensas em março nos últimos 100 anos em Santa Catarina, com recordes de temperaturas quebrados em 80 anos. Segundo o CIRAM, a tendência é que ocorram temperaturas baixas para essa época nas próximas duas madrugadas, com novamente chance de geada isolada nas baixadas e vales do Planalto Sul. As temperaturas mínimas e máximas tendem a aumentar, mas não se espera uma onda de calor, pelo menos na próxima semana.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, CLIMATERRA, PREFEITURA DE URUPEMA

sexta-feira, 23 de março de 2012

DIA METEOROLÓGICO MUNDIAL 2012: O TEMPO, O CLIMA E A ÁGUA

Hoje, dia 23 de março, os Meteorologistas de todo o mundo estarão comemorando o 62º aniversário do Dia Meteorológico Mundial. Essa data é comemorada desde 1950, quando foi criada a OMM (Organização Mundial de Meteorologia) pelas Nações Unidas (ONU), com ênfase ao tempo, ao clima, a hidrologia e ciências afins correlatadas. A sede da OMM fica em Genebra, na Suíça.

Neste ano o tema escolhido pela OMM é “o tempo, o clima e a água: motores do nosso futuro”. Salientando o papel cada vez mais decisivo que as informações meteorológicas e hidrológicas desempenham como motores de um futuro sustentável, bem como destacar a importância dos Serviços Nacionais de Meteorologia e Hidrologia neste contexto.

FONTE: EPAGRI-CIRAM

Nota do blog Paulo Tempo: A meteorologia realmente é uma ciência espetacular e de suma importância para a sociedade, visto que os profissionais da área, os meteorologistas, desempenham o papel de analisar e prever o tempo e clima, ajudando muitas áreas como Agricultura, Aviação, Pesca, Navegação, Risco de Enchentes, Construção Civil, Turismo, Industrias Têxteis, e outras atividades que dependam de condições meteorológicas especiais. Muitas vidas seriam perdidas se não houvesse o alerta de furacões e tornados na América do Norte, por exemplo. Isso é um dos vários exemplos que podemos citar e que muitas vezes a população em geral não se dá conta. Gostaria de parabenizar todos os meteorologistas, tanto os da área de monitoramento e previsão, quanto os que atuam nas pesquisas, fazendo com que cada vez mais criemos caminhos para entender a formação e atuação dos sistemas meteorológicos, o que vem a servir de melhoramento das previsões do tempo. 

quinta-feira, 22 de março de 2012

CAVADO E FRENTE FRIA PROVOCARAM VENDAVAIS E GRANIZO

Durante a quarta-feira, dia 21 de março, o céu claro e a presença de uma massa de ar quente favoreceram forte aquecimento diurno sobre todo o estado de Santa Catarina. Para se ter uma ideia, chegou a fazer 36,5ºC em Tubarão. Ao longo da tarde, um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) adentrava o estado catarinense nos baixos níveis da troposfera (da superfície até 1500m de altitude). Na figura de análise de ventos e pressão atmosférica ao nível médio do mar (abaixo), vemos o eixo desse cavado representado pelos traços pretos.


O cavado, por ser uma área com baixa pressão atmosférica, possui ar ascendendo. Para substituir esse ar que subiu, há uma forte convergência de ventos nos baixos e médios níveis da troposfera, que por sua vez traz umidade para o sistema, fazendo com que o ar que está subindo possa gerar nuvens, quando encontra pressões menores e se resfria por expansão adiabática. Esses ventos úmido aos quais me refiro, são provenientes da floresta amazônica, principalmente a 1500m de altitude (figura abaixo), onde já há poucas barreiras topográficas que possam causar atrito. 


Juntamente a atuação do cavado, havia uma frente fria de fraca intensidade passando pelo mar junto ao litoral gaúcho e litoral sul catarinense. Na primeira figura desta postagem, podemos ver a mudança dos ventos de oeste/noroeste para sul/sudoeste sobre o mar na altura já de Laguna. Na imagem do satélite GOES-12 infravermelha com realce, as seis horas da tarde, podemos notar a formação das nuvens com alto desenvolvimento vertical sobre Santa Catarina.

Essas nuvens, chamadas de Cumulunimbos, provocaram tempestades pelo estado, sobretudo no Vale do Itajaí, Grande Florianópolis e Litoral Norte. No Vale do Itajaí, o município de Rio do Sul teve falta de energia em 80% da cidade em virtude de um vendaval associado ao temporal. No vídeo abaixo, postado no site Youtube, podemos ver a força dos ventos por lá.


Infelizmente não há estação meteorológica por lá para que possamos saber a velocidade do vento. No entanto, pela imagem do radar meteorológico da aeronáutica, observa-se que antes de chegar em Rio do Sul, a célula convectiva apresentava uma curvatura na retaguarda, o que indica fortes ventos nesse local, sinalizado pela seta na figura do radar abaixo.


No Litoral Norte, os maiores estragos pelo temporal foram em Jaraguá do Sul e Corupá, onde o vendaval destelhou casas e derrubou árvores. O vendaval foi tão rápido e isolado, que a estação meteorológica da Defesa Civil na Barra do Rio Cedro em Jaraguá do Sul registrou velocidade do vento de apenas 20,9 km/h. Choveu 21,6mm em menos de duas horas de duração.

Na Grande Florianópolis, o que impressionou foram os vários registros de granizo, como em Florianópolis nos bairros Itacorubi, Trindade e Capoeiras, em São José no bairro Praia Comprida e em Palhoça nos bairros Madri, Passa Vinte, Pedra Branca e Caminho Novo. O de São José foi gravado e pode ser visto abaixo, retirado do site Youtube.


O vento também foi intenso no momento da tempestade, porém bastante variado e isolado. Em Florianópolis, a estação meteorológica particular localizada no bairro Capoeiras registrou rajada de 61,1 km/h, enquanto que outra na Lagoa da Conceição teve 42,6 km/h e o aeroporto Hercílio Luz detectou 26 km/h. Em São José, a estação do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) no bairro onde aconteceu o granizo, registrou rajada de vento de 84,2 km/h. Houve queda de energia elétrica por conta do vento em São José nos bairros Kobrasol, Barreiros, Floresta, Bosque das Mansões, Roçado, Forquilhinhas e Areias. Na imagem do radar meteorológico da aeronáutica por volta das 17h:30, podemos notar que essa tempestade também possuía uma curvatura em forma de arco na retaguarda (sinalizado para ilustração), o que condiz com ventos fortes, como de fato ocorreu na passagem do sistema.


Como visto, foi registrado granizo em oito localidades, nos municípios de Florianópolis, São José e Palhoça, sendo que outras áreas também podem ter presenciado o fenômeno. Olhando a análise de altura do nível de congelamento da água na troposfera, mostrada na figura abaixo, vemos que ela se encontrava em torno de 4300m sobre a região da Grande Florianópolis, sendo que a umidade relativa nesse nível estava de 90%, ou seja, quase na saturação.


Ao mesmo tempo, a análise do índice de instabilidade Lifted mostrava valores negativos sobre a região. Como a análise é das 21h, a parte mais negativa outrora estava mais recuada, ou seja, exatamente sobre a Grande Florianópolis.


O índice Lifted negativo indica que a parcela de ar que ascendia estava com temperatura bem mais alta que o ar ao seu redor, o que denota que ela ascendia com força. Isso causa grandes fluxos de ventos ascendentes e descendentes dentro da nuvem Cumulunimbos, fazendo as pedras de granizo "viajarem" verticalmente várias vezes e assim aglomerar mais gotículas que se congelarão e aumentarão o tamanho do granizo. O nível de congelamento mais baixo, por sua vez, faz com que o granizo se mantenha quase intacto antes de vencer as correntes ascendentes e cair sobre a superfície.

Em relação a chuvas, os maiores valores no leste foram de 34mm em São José, 22,6mm em Massaranduba e 17,8mm em Lontras. No Oeste, apesar das nuvens bem desenvolvidas vistas na imagem de satélite, não houve registro de chuvas nas estações meteorológicas. No Meio-Oeste, o maior valor foi de 32,2mm em Caçador. Durante a quinta-feira, a frente fria se deslocou para alto mar, porém mesmo assim o vento de sul adentrou a costa leste catarinense, dificultando a convecção e deixando no mais as chuvas estratiformes. 

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, REDEMET, DIÁRIO CATARINENSE, JORNAL PALAVRA PALHOCENSE.

quinta-feira, 15 de março de 2012

APÓS MUITOS DIAS SECOS, FRENTE FRIA TROUXE CHUVA E GRANIZO EM SC

Desde o último evento de chuva, lá no início de desse mês de março, tivemos dias com tempo seco devido a influência de uma massa de ar seco, a qual era favorecida pelo ar descendente sobre o estado. As temperaturas facilmente ultrapassavam os 30ºC, chegando a superar 35ºC nas áreas mais quentes do Vale, extremo Oeste e Litoral Sul catarinense. Na terça-feira, a estação meteorológica do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) chegou a registrar temperatura máxima de 38,9ºC. Na quarta-feira, Indaial no Vale do Itajaí teve máxima de 37ºC. Durante a tarde de domingo, a capital teve 34ºC no bairro Itacorubi. 

O mesmo ar seco que provocava o calorão durante o dia, favorecia a diminuição da temperatura durante as noites devido a quase ausência de nuvens, que causa grande perda da radiação infravermelha para o espaço. Na Serra catarinense, apesar do "calorzinho", houve registro de temperaturas mínimas de 8,7ºC em Bom Jardim da Serra e 9,2ºC em São Joaquim. Em Florianópolis por exemplo, podemos ver no gráfico de temperaturas abaixo, que apesar dos mais de 30ºC de máxima, as mínimas caíam para 22ºC, geralmente registradas nesta época no fim da madrugada antes do sol nascer. 

Na terça-feira, apesar do predomínio do ar seco em todo o território catarinense e as temperaturas muito altas a tarde, a aproximação de uma frente fria favoreceu o fluxo de umidade da floresta amazônica para o estado em virtude do aumento no gradiente de pressão atmosférica. Somado a isso, temos os efeitos locais para formação de células convectivas, como proximidade com superfícies líquidas (rios, lagos, oceano) e montanhas. Na imagem do satélite GOES-12 no canal infravermelho com realce na noite da terça-feira, vemos as células convectivas formadas no Oeste e Sul do estado. 


No Oeste, de acordo com informações oficiais, o município mais atingido foi Itapiranga (fotos abaixo), onde a tempestade destruiu um aviário de 124 metros de comprimento e matou cerca de 17 mil frangos, na localidade de Linha Cotovelo. O Ginásio de esportes de Santa Fé Alta também foi totalmente destruído pelo vento. Árvores foram derrubadas. A estação meteorológica do CIRAM em Itapiranga infelizmente não possui anemômetro, mas em relação a chuva o pluviômetro registrou 12,4mm durante o evento. No sul do estado houve informação de chuva forte em Lauro Muller, mas sem estragos. Em Criciúma, apesar de as duas estações do CIRAM não terem detectado vento forte, o internauta Darci Ant. Althoff via Twitter informou sobre vendaval no bairro São Defende.

Ginásio destruído pelo vento em Itapiranga-SC
Árvore caiu encima de uma moto na rodovia em Itapiranga-SC
Durante a quarta-feira, a entrada da frente fria no extremo sul catarinense contribuiu para gerar o aquecimento pré frontal, que é aquele pico de calor antes da chegada do sistema. Isso acontece devido ao fato de o ar quente convergir e se concentrar na vanguarda do sistema frontal. Como de costume nesta época do ano, a frente fria passou apenas pelo litoral catarinense, desta vez pelo extremo litoral sul. Na figura de análise abaixo, onde temos os valores de temperatura a 1500m de altitude, nota-se que o ar frio pós frontal estava quase todo concentrado no oceano Atlântico.


Na imagem do satélite GOES-12 no canal infravermelho com realce as 17h, pode-se observar a frente fria passando pelo litoral sul do estado, quase desviando para o oceano Atlântico. Uma linha de instabilidade (linha de nuvens com vários temporais aglomerados) associada ao sistema frontal. 


O que também contribuiu para a instabilidade sobre o estado mesmo sem a chegada ainda da frente fria, foi a presença de um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) na média troposfera (6km de altitude) sobre o Paraguai e nordeste da Argentina, visto na figura de análise abaixo (os traços pretos representam o eixo do cavado, onde o ar é seco).


Mais depois, já por volta das 17h:45min, a mesma linha de instabilidade chegava a região do Vale do Itajaí. No município de Mirim Doce o temporal provocou destelhamentos e queda de parte da fiação elétrica devido o vento. Em Blumenau, apesar dos poucos 5,2mm de precipitação acumulada na estação meteorológica do Grupo RBS, o colaborador do blog Paulo Tempo Marcos Gall registrou granizo do tamanho de bolas de ping-pong, como pode-se ver nas fotos abaixo.

Granizo em Blumenau-SC
O radar meteorológico da aeronáutica detectou o granizo (área vermelha circulada) na região de Blumenau naquele horário, como vê-se abaixo. 


Para a formação do granizo, é preciso que o nível de congelamento da água caia para altitudes mais baixas, a umidade esteja alta e o ar esteja com forte ascendência. Isso faz com que o granizo faça várias "viagens" verticais dentro da nuvem de tempestade, onde vai agregando novas gotículas de água que congelam ao redor e fazem o granizo aumentar de tamanho. O nível de congelamento mais baixo permite que esse granizo consiga cair quase integro na superfície, que nesse caso era Blumenau. Nas duas figuras  abaixo, temos em uma a análise de nível de congelamento e na outra o índice Lifted. O nível de congelamento havia caído para menos de 4500m. O índice Lifted estava justamente mais negativo sobre o Vale, além do litoral e parte do meio-oeste, o que indica que a temperatura da parcela estava mais alta do que a do ar vizinho, favorecendo sua ascensão devido a diferença de densidade. Por essas duas figuras, também é notável que muitas partes do leste podem ter registrado também granizo, sobretudo no litoral sul.


Na mesma imagem do radar mostrada anteriormente, vemos uma linha de chuvas moderadas a fortes em formato de arco sobre a Grande Florianópolis (ilustradamente circulada), o que era uma frente de rajada, ou seja, uma "mini frente fria" dentro de uma linha de tempestade. O mecanismo de funcionamento dela é: a descendência do ar frio na sua retaguarda provoca forte levantamento do ar remanescente, provocando as chamadas nuvens Shelf Cloud (nuvem de prateleira), que se assemelham rolos escrespados na frente da cortina de chuva. As características de uma frente de rajada são a brusca que da temperatura em menos de uma hora, aumento rápido da pressão atmosférica e variação violenta na velocidade e direção do vento instantâneo. Isso pôde ser verificado por exemplo em Santo Amaro da Imperatriz, onde em poucos minutos o vento virou de norte/noroeste para sudoeste, a velocidade subiu para 68,5 km/h, a temperatura caiu de 27,0ºC para 21,5ºC e a pressão atmosférica (ao nível da estação) teve aumento de 989,1 hPa para 991,8 hPa. Choveu 8,9mm durante a tempestade por lá.

De maneira geral, os maiores valores de chuva durante a passagem dos temporais da frente fria e do cavado de médio nível troposférico, foram de 55,6mm em Campos Novos, 24,6mm em São Francisco do Sul, 20,6mm em Major Vieira e 20,5mm em Imbuia. No Oeste, onde a estiagem segue intensa, choveu muito pouco, com apenas 2,2mm em São Miguel do Oeste e nenhuma gota em Xanxerê.

DADOS: CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, INMET, CLIMATERRA, REDEMET, PORTELA ONLINE, DIÁRIO CATARINENSE
FOTOS: COLABORADOR MARCOS GALL

domingo, 11 de março de 2012

A EXPLICAÇÃO REALMENTE CIENTÍFICA PARA O AUMENTO DE CO2 EM MAUNA LOA

Desde o ano de 1955, funciona em Mauna Loa no Havai, o Laboratório de Monitoramento e Diagnóstico do Clima, onde são feitas as medidas das concentrações de dióxido de carbono (CO2). Acredito que muitos dos leitores aqui presentes já se depararam com o gráfico abaixo, onde são mostradas as tais medidas do CO2, em ppm (partes por milhão). 


Como pode-se notar, de 1955 para esse ano de 2012, houve de fato um aumento nas concentrações de CO2 medidas pela estação do laboratório de Mauna Loa, de cerca de 39%. Entretanto, essa estação de medição se encontra no Parque Nacional de Vulcões da Havai, onde se encontram os vulcões Mauna Loa, Kilauea e Hualalai. O Mauna Loa é o maior vulcão ativo do planeta. O Kilauea iniciou suas erupções em 1983 e desde lá vem tendo atividades, sendo considerado o vulcão mais ativo do mundo. O mapa abaixo, ilustra melhor as localizações dos vulcões do Havai.


Durante o período ativo, os vulcões emitem na atmosfera uma imensa quantidade de dióxido de carbono, muito mais que as simples atividades humanas, as quais somam apenas 6% do total de emissões. Como a estação de medição do dióxido de carbono se encontra do lado de vulcões, sendo um deles o mais ativo do mundo e atualmente em erupções, seria válido associarmos o aumento de CO2 a essas atividades vulcânicas e não as atividades humanas. 

Outro fator que sempre é ignorado quando se fala em aquecimento global, mas foi o real motivo da instalação da estação medidora de CO2 em Mauna Loa, é a influência dos oceanos na concentração desse gás na atmosfera. O motivo real da instalação da estação era justamente para estudar essa dúvida, porém logo foi usada, abraçada e adorada pelos "cientistas" do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas). Como o maior oceano da Terra é o Pacífico, nada mais justo colocar no domínio dele, numa ilha como a do Havai. A explicação para a influência oceânica, segundo o físico e meteorologista Luiz Carlos Molion, está na temperatura dos oceanos. Quando as águas estão mais quentes, a capacidade de manter solúvel o CO2 diminui e esse gás é liberado na atmosfera. Acontece o contrário para águas frias. Isso faz parte da Lei de Henry.

No gráfico abaixo, temos os valores de PDO (Oscilação Decadal do Pacífico), que segundo o meteorologista Eugenio Hackbart, é um padrão de temperatura da superfície do mar no Pacífico com escalas temporais médias de 20 a 30 anos. Note no gráfico, que entre 1977 e 1998, a PDO ficou positiva, o que indica que o oceano Pacífico ficou mais quente que a média durante esse período. Como vimos, oceanos mais quentes tem diminuída sua capacidade de manter solúvel o CO2, o que acarreta no aumento desse gás na atmosfera, como realmente mostra o gráfico de Mauna Loa. 


A função dessa postagem foi mostrar quatro observações: 1º: Não se pode medir CO2 global em apenas uma estação. 2º: O aumento de CO2 verificado na estação de Mauna Loa se deve ao aumento da atividade vulcânica (principalmente do vulcão Kilauea) e da temperatura média do oceano Pacífico entre 1977 e 1998, como mostra os valores de PDO. 3º: É ridículo associar o aumento de CO2 desta estação as atividades humanas. 4º: O aumento de CO2 é consequência da temperatura.

DADOS: NOAA, METSUL, APOLO 11.