Após o feriado ensolarado de independência do Brasil, o céu do sábado já mostrava mudanças no tempo. A formação de nuvens Altocumulus, Altostratus, Cirrus e Cirrustratus, denunciava a entrada de um sistema frontal, que por sua vez tornou-se semi-estacionário sobre Santa Catarina. Afinal, estava na hora de setembro mostrar sua chuva.
Na figura de análise abaixo, vemos os valores de espessura da camada e pressão atmosférica ao nível médio do mar.
Note que um anticiclone de origem fria, ou seja, espessura da camada mais baixa, se deslocava para o oceano ao longo da costa argentina. Já ao norte desse anticiclone, vemos uma área de cor mais avermelhada, inclusive sobre o território catarinense, o que denota uma espessura mais alta, acusando a presença de uma atmosfera mais quente sobre o estado. Vale ressaltar que o ar úmido presente nessa análise, pode ter também contribuído para aumentar a espessura da camada, uma vez que este é menos denso. Entre as duas massas, temos a frente semi-estacionária.
O motivo de a frente fria se tornar semi-estacionária sobre Santa Catarina, estava nos altos níveis da troposfera. Na figura abaixo, vemos a análise de ventos numa altitude de 12km. Note que as correntes de vento estão praticamente zonais, principalmente abaixo da latitude de 32ºN.
Isso torna os sistemas mais lentos. pois há quase ausência de cavados que possam propagar a instabilidade. Assim, muitas vezes ficam provocando chuvas por dias, as vezes em forma de pancadas e por horas intermitentes.
O maior atuação dessa frente semi-estacionária foi entre a noite de sábado e madrugada de domingo. No meio-oeste e sul do estado, formara-se células convectivas por volta das 00h de domingo, como mostra a imagem abaixo, que é a detecção de refletividade através do radar meteorológico do Morro da Igreja em Bom Jardim da Serra. Veja que na região de Tubarão chovia moderado naquela hora.
Entre a tarde do domingo e madrugada de segunda-feira, tinhamos apenas chuvas fracas a moderadas em forma de pancadas ao longo do leste catarinense, mal distribuídas. Ao mesmo tempo, acontecia uma mudança nos níveis mais altos da troposfera. Era a formação e deslocamento de um cavado (área alongada de baixa pressão) de altitude. Esse cavado, gerou bastante difluência no escoamento dos ventos sobre o sul e sudeste catarinense, como podemos observar na figura de análise abaixo, que mostra os ventos e valores de diffluência dos ventos a 10km de altitude (valores positivos).
Essa condição gerou maior ascendência do ar de baixos níveis da troposfera, ocasionando a formação de uma área de baixa pressão sobre o Sul do Brasil. Na próxima imagem, temos a análise vertical de umidade relativa na troposfera sobre Santa Catarina, de oeste a leste, fazendo uma comparação entre o domingo e esta segunda-feira. Note que a camada úmida já ganhou mais altura em relação ao domingo, em função da maior confluência de ventos úmidos, gerada pelo gradiente de pressão atmosférica.
No sul e sudeste catarinense, os maiores valores de difluência favoreceram a maior precipitação acumulada. Também a elevação do topo das nuvens, contribuiu para bastante descargas elétricas sobre o estado. Na imagem de satélite abaixo vemos a intensificação da nebulosidade, com as descargas atmosféricas, detectadas pela rede Rindat.
Em Orleans, o colaborador do blog Paulo Tempo, José Luiz Mattei, tirou uma foto do céu na manhã desta segunda-feira, quando chovia moderado com descargas elétricas na região, segundo informações do próprio José.
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| Orleans-SC |
Muitas cidades do sul e sudeste do estado tiveram valores de chuva próximas aos cem milímetros. Os maiores foram de 83,8mm em Timbé do Sul, 78,6mm em Criciúma, 73,8mm em Laguna, 68mm em Urussanga e Jacinto Machado, 65,2mm em Bom Jardim da Serra e 62,4 em Turvo. Em Timbé do Sul, somando o valor de hoje com a chuva do domingo, temos um acumulado de 116,2mm em 48 horas, o que superou a média mensal climatológica para setembro que é de 110mm.
Nas outras regiões catarinenses, os acumulados de chuva nas últimas 24 horas foram de 38,1mm em Campos Novos, 33mm em Alfredo Wagner, 30,4mm em Tijucas, 28,8mm em Irineópolis, 28,4mm em São José, 28mm em Florianópolis (Estação Paulo Tempo em Capoeiras) e 25,8mm em Major Vieira.
DADOS: CIRAM, INMET, CPTEC/INPE, MARINHA DO BRASIL.
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