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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

SCM PROVOCOU GRANIZO EM SC NESTE INÍCIO DE OUTUBRO


Nem bem começou o mês de outubro deste ano de 2012 e já tivemos a formação de mais um SCM (Sistema Convectivo de Mesoescala) sobre o Sul do Brasil, o terceiro desta primavera, como observa-se na imagem de satélite acima. Na literatura meteorológica, os SCM's são definidos como um aglomerado de nuvens de desenvolvimento vertical que apresentam área com precipitação estratiforme e convectiva, estando associados a tempestades severas, granizo e eventualmente tornados. Eles geralmente se formam na madrugada e a maioria tem duração de 12 horas, sendo que 27% dos que ocorrem ultrapassam esse valor. 

O SCM que se formou nesta segunda-feira teve duração em torno de 12 horas, iniciando sua formação por volta das 02h da madrugada. A formação desse SCM se deve ao desprendimento de uma área de baixa pressão proveniente da baixa pressão quente semi-estacionária do norte da Argentina. Isso acaba aumentando a convergência de massa quente e úmido para o Sul do Brasil. Na figura abaixo, vemos a análise de linhas de espessura da camada e de pressão atmosférica em superfície. Note a presença dessa baixa pressão quente representada pela letra B.


O que manteu o SCM mais intenso sobre o RS e parte de Santa Catarina foi também a atuação do Jato Subtropical ao sul do sistema, que gerou bastante divergência de ventos na alta troposfera, como pode-se ver na próxima figura abaixo (valores positivos). 


O SCM, que como visto na animação também abrangeu uma parte de Santa Catarina, provocou queda de granizo no território catarinense. Segundo dados do CIRAM, o granizo foi registrado em Aurora, Rio do Sul, Morro da Fumaça, Cocal do Sul, Jaguaruna, São Miguel do Oeste, Itapiranga, Ituporanga, Braço do Trombudo e Imbituba. No vídeo abaixo, feito pelo cinegrafista Juninho Stepper e postado no site Youtube, podemos ver a queda de granizo em Braço do Trombudo.


O radar meteorológico do Morro da Igreja detectou fortes precipitações. As áreas em vermelho, devido a forte refletividade de ondas eletromagnéticas detectadas, são muito prováveis zonas de queda de granizo naquele horário. 


Note que as cidades onde ocorreram granizo, citadas anteriormente, são das regiões Oeste, Litoral Sul e Alto Vale do Itajaí. A princípio, a causa mais provável de granizo nessas áreas foi abaixamento do nível de congelamento da água e o forte levantamento de ar. O granizo se forma quando pedras pequenas de gelo caem dentro da nuvem de tempestade, aglomeram gotículas de água super-resfriadas. O conjunto sobe várias vezes até o topo da nuvem, onde as gotículas super-esfriadas vão congelando ao redor da pedra principal e fazendo crescer a pedra de granizo. Quando o granizo vence a corrente de ar que sobe, ele cai na no chão. Porém, para chegar até o solo, a queda tem que ser rápida e nível de congelamento do ar tem que estar pelo menos abaixo de 4000 metros de altitude.

Na figura abaixo, temos a análise do nível de congelamento e índice de instabilidade Lifted. O índice Lifted negativo sobre o oeste e meio-oeste indica que a parcela de ar está conseguindo levantar livremente. Como a região já é alta, cerca de 800m, o nível de congelamento não precisa estar tão baixo, sendo que era de 4400m na análise. Já no Alto Vale do Itajaí e Litoral Sul, apesar do Lifted estar pouco negativo, o nível de congelamento era mais baixo, sendo que no Litoral Sul estava abaixo de 4000m.   


Ocorreram também pancadas de chuva além do granizo. Em São Joaquim, o acumulado foi de 11,1mm na estação do CIRAM. Em São Miguel do Oeste, junto ao granizo houve uma chuva que acumulou 9mm no pluviômetro automático do INMET. Em Caçador, no meio-oeste, choveu 10,9mm. Urussanga no litoral sul teve 1,9mm.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, REDEMET, EPAGRI-CIRAM.
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