Os últimos dias tem sido de calor e abafamento em Santa Catarina, condição esta permitida pela circulação de umidade e calor provindos da floresta amazônica nos baixos níveis da camada troposférica. Tal condição alimentou as chances de dos famosos temporais típicos de verão, onde esse ar quente e úmido por ser leve acaba subindo num processo denominado convecção, gerando as famosas nuvens do tipo Cumulunimbos, provocadoras de chuva forte, granizo, raios e até em certas condições tornados.
Na segunda-feira em minha estação particular localizada no bairro Capoeiras, região continental de Florianópolis, durante uma tempestade pela noite, obtive 39,4 milímetros de chuva, o que mostra ser significativo em função da duração do fenômeno. Houve muitas descargas elétricas, sendo que algumas interromperam o fornecimento de energia elétrica em alguns pontos da capital. Observe abaixo, a imagem do satélite GOES-12 no canal infravermelho realçado, mostrando o forte núcleo de convecção, se estendendo desde Florianópolis até o norte catarinense.
Ontem, terça-feira, o dia foi muito quente e também com umidade alta. Os indices de instabilidade atmosférica estavam já apontando para um cenário mais crítico durante o decorrer da tarde e noite. Era a aproximação de uma frente fria, a qual teve associado o forte ingresso de umidade e calor da Amazônia. Não deu em outra. Formaram-se vários núcleos convectivos pré frontais, como pode ser observado na imagem de satélite GOES-12 abaixo.
Observe bem o circulo feito na imagem sobre um núcleo na região de Laguna, Litoral sul catarinense. Note as cores em rosa, indicando que o topo das nuvens Cumulunimbos estão com temperatura de -80ºC. Esse era o céu de Laguna neste mesmo instante. As fotos foram enviadas pelo nosso colaborador do blog Paulo Tempo, André Padilha.
De acordo com o radar meteorológico localizado no Morro da Igreja em Urubici, a precipitação na região de Laguna era estimada em 25 milímetros por hora. Veja a imagem abaixo, mostrando a detecção de chuva pelo radar.
Na estação automática do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) em Laguna, foram acumulados 27,0 milímetros de chuva durante todo o temporal. As rajadas de vento chegaram aos 64,8Km/h.
Logo depois, este mesmo núcleo foi se deslocando mais intensamente pela área litorânea (imagem acima), até alcançar a Grande Florianópolis. Abaixo você confere fotos da chegada do temporal em São José, tiradas pelo colaborador André Padilha.
Outro colaborador do blog, Jhonatas, enviou fotos da chegada do temporal no centro da capital catarinense. Confira:
As imagens de radar apontavam para uma chuva estimada de 50 milímetros por hora na região! Observe abaixo:
A estação do INMET em São José, registrou uma precipitação acumulada de 32,0 milímetros. Em minha estação particular no bairro Capoeiras em Florianópolis, registrei 32,5 milímetros. Nas outras regiões da capital houve também registros de chuva com a passagem do sistema. Na estação automática do nosso colaborador do blog Paulo Tempo Piter Rafael Scheuer do blog Tempoclimet, localizada no bairro Campeche, sul de Florianópolis, os ventos alcançaram os 76,8Km/h, tendo uma precipitação de 37,2 milímetros. Na estação convencional didática do Instituto Federal Santa Catarina, as rajadas de vento acusaram 50,4Km/h e a precipitação acumulou 26,7 milímetros. No aeroporto da capital, as rajadas chegaram aos 100Km/h!
Pois é, o sistema, como pôde ser visto, entrou com rajadas fortes de vento, geradas pelas chamadas Frentes de Rajada, as quais antecedem a frente fria, ou seja, é uma instabilidade pré frontal, podendo provocar tornados em alguns casos.
A tendência agora é que hoje ainda fique instável, porém já com previsão de melhoria a partir de amanhã, tendo tempo mais aberto, bem como uma certa queda nos valores de temperatura e umidade relativa do ar.
DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, CPTEC-INPE
AGRADECIMENTOS: Piter, Jhonatas e André pelas fotos e dados cedidos.