Uma área de baixa pressão atmosférica se formou entre o Paraguai, Argentina e oeste do Sul do Brasil. Esse sistema foi gerado a partir da forte área com divergência de ventos em altitude, que estimulam a subida do ar que está em superfície, criando uma área com menos pressão. Na figura abaixo, que mostra os ventos a 10km de altitude, essa divergência é representada na região circulada, onde uma parte dos ventos vai para sudeste e a outra para nordeste.
Com essa queda de pressão, os ventos aumentam sua velocidade a passam a soprar na direção norte/noroeste, chegando até o centro de baixa pressão. Esse vento de norte é mais sentido a 1500 metros de altitude onde a força de atrito causada por montanhas é menor. Com isso, neste nível da atmosfera temos o chamado Jato de Baixos Níveis, que traz considerável quantidade de umidade da floresta amazônica para a região onde a pressão caiu drasticamente. Esse jato é notado na figura a seguir, mediante as cores vermelhas onde o vento é mais forte.
A partir dessa situação, temos constante subida do ar, ingresso de umidade e formação de nuvens com alto desenvolvimento vertical, as quais provocam tempestades severas e possíveis granizos nesta noite naquela região, além do oeste catarinense. A imagem de satélite abaixo impressiona, mostrando nuvens com topos frios de até -80ºC (rosa) e pontos com -100ºC (brancos), associadas a baixa pressão (traços pretos).
Repare bem que a nebulosidade carregada toma a forma de um triângulo, com uma ponta no Paraguai e as duas outras pontas no oeste do Sul do Brasil. Se olharmos novamente a figura com ventos a 10km de altitude, veremos que as nuvens no satélite tomam o formato de um triângulo justamente devido a divergência das direções dos ventos.
Há registro já de raios no oeste, planalto sul e algumas partes no norte catarinense, como mostra a imagem abaixo.
Até o fim da noite desta sexta-feira, o oeste e meio-oeste catarinense já havia recebido um acumulado de chuva superior a 30 milimetros. Em Celso Ramos, por exemplo, a tempestade começou por volta das 19h e acumulou 38,4mm até o fim da noite. O vento na hora da chuva alcançou os 66,6km/h, como mostra o gráfico abaixo.
Confira na tabela, os maiores acumulados de chuva esta noite em algumas cidades catarinenses.
Cidade (ESTAÇÃO) | Chuva 24 horas (mm) |
Celso Ramos (CIRAM) | 38,4 |
Dionísio Cerqueira (INMET) | 36,8 |
Chapecó (CIRAM) | 34,0 |
São Miguel do Oeste (INMET) | 31,2 |
Caibi (CIRAM) | 31,0 |
Campos Novos (INMET) | 27,6 |
Joaçaba (INMET) | 24,2 |
Campo Belo do Sul (CIRAM) | 23,0 |
Caçador (CIRAM) | 21,3 |
Rio do Oeste (CIRAM) | 20,8 |
Naquela imagem de satélite apresentada anteriormente, temos um ciclone extratropical (letra B) se intensificando lá no leste da Argentina, estendendo uma frente fria até o Uruguai (aquela banda de nuvens orientada de sul a norte) onde se associa a área de baixa pressão. Segundo a Marinha do Brasil, o ciclone apresentava pressão atmosférica central de 996 hPa as 22h.
A tendência é que amanhã pela manhã o ciclone esteja no mar a leste da costa argentina, provocando rajadas de ventos mais fortes em alto mar. Em SC os ventos devem ser menos sentidos devido a distância. Além dos ventos, o ciclone extratropical deve impulsionar a entrada da frente fria no estado catarinense, provocando um sábado chuvoso. Na figura abaixo, podemos notar esses sistemas descritos, onde a frente fria é a divisa entre o vento de sudoeste e o de norte.
Na retaguarda, temos o avanço do ar frio pela Argentina o qual vai deixar a manhã de domingo de eleição com frio em SC. Segundo a empresa Climaterra, a temperatura mínima deve alternar entre 2 e 4ºC no Planalto Serrano. Na segunda-feira o frio aumenta, com previsão de mínimas negativas.
DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, CLIMATERRA