Hoje novamente fez frio na madrugadas e primeiras horas da manhã em Santa Catarina. Contudo, os valores mais próximos de zero aconteceram apenas acima de 1000m de altitude. Mais uma vez o "efeito baixada" prevaleceu em virtude de o ar frio mais denso se acumular nessas áreas. Inclusive negativou!. Como o município de Urupema já é localizado totalmente numa baixada, a menor temperatura foi lá, com -2,8ºC. Em São Joaquim, a menor temperatura se deu na estação do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) onde foi anotado -1,5ºC. Apesar desse valor, a estação do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) localizada num topo registrou 4,6ºC. Ou seja, 5,1ºC de diferença numa mesma cidade!. Segundo a Climaterra, geou nos dois municípios citados.
No Planalto Norte, o nevoeiro outra vez atrapalhou o declínio das temperaturas, ficando com máxima regional de 5,7ºC em Três Barras. No litoral o menor valor acusado foi de 5,9ºC em Araranguá, no sul.
Apesar de o litoral sul ter se destacado no frio pelo leste do estado, a região também foi a mais quente dentro do território catarinense nesta quinta-feira. Com isso, a amplitude térmica (diferença entre a temperatura mínima e a máxima) disparou. Em Urussanga, por exemplo, apesar de ter feito 8,8ºC pela manhã, a máxima alcançou os 26ºC durante a tarde. Diferença de 17,2ºC num mesmo dia!.
Quem observou o céu hoje no litoral do estado, presenciou mais uma dia embaçado, dando a impressão que haviam nuvem altas ou então névoa. Porém, se fosse nuvem altas do tipo cirrustratus, haveria o fenômeno halo no sol pelo efeito de refração nos cristais de gelo que tal nebulosidade contêm. O halo não foi verificado, logo não eram cirrustratus. Se fosse névoa, não duraria o dia inteiro, pois nem em época de queimadas fica assim. O que era observado são a pluma de cinzas do vulcão chileno Puyehue, que há 12 dias entrou em erupção e segue expelindo cinzas e larvas. Na foto abaixo, vemos como estava o céu embaçado em São José e Florianópolis.
São José, com Florianópolis ao fundo |
Essas cinzas, diferentemente de ontem, não estão chegando pelos ventos de sudoeste em altitude, pois estes mudaram para oeste/noroeste nesta quinta-feira (figura de análise abaixo). Então de onde vem?
A resposta está no oceano Atlântico. Como a pluma de cinzas está mais concentrada neste oceano, os ventos combinados entre 2 e 6km de altitude acabam mantendo-a na costa. Na figura abaixo, vemos a análise de ventos numa altitude de 6km. Perceba que há um anticiclone (área com ventos circulando no sentido anti-horário) a leste do litoral de SC. A presença de sistema, acaba causando circulação das cinzas pelo leste do estado.
Olhando a imagem de satélite, vemos que essa pluma de cinzas vulcânicas está presente apenas no leste. As nuvens observadas ao norte catarinense são misturas de nuvens baixas com nevoeiros, sobretudo no planalto norte.
A mudança dos ventos em altitude para oeste/noroeste está associada com uma frontogênese, ou seja formação de uma frente fria, neste caso entre a Argentina e Uruguai. Na imagem de satélite mostrada acima, é possível ver a nebulosidade com forma anticiclônica aberta sobre essa região, indicando tal processo.
Nas próximas horas a frente fria estará formada e avançará para o sul do Brasil. Em Santa Catarina, a sexta-feira começa com muitas nuvens e há chance de chuva com temporais isolados a partir da tarde. Associados a esses temporais, podem ocorrer rajadas de vento isoladas de até 60km/h, ou superior a isso.
DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, CLIMATERRA
FOTO: BLOG PAULO TEMPO
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