Durante o fim de semana tivemos a influência da circulação de umidade marítima a partir de um sistema de alta pressão pós frontal a leste da costa de Santa Catarina, cuja situação já havia sido descrita no sábado e que não foi muito diferente ontem. Nesta segunda-feira, os dois pontos importantes e que servem de chave para essa postagem, são o vento intenso, o aumento de temperatura e a persistência da circulação marítima.
Partindo dos pontos chave, podemos iniciar pelo vento. Tivemos velocidades altas de vento hoje em quase todo o Planalto e Litoral Sul catarinense, com valores ao redor dos 60km/h. No Morro da Igreja em Urubici, a 1822m, a rajada máxima registrada pela estação meteorológica do INMET (Instituto Nacional e Meteorologia) foi de 96km/h. Em Laguna, litoral sul, a rajada mais forte acusada pela estação do mesmo instituto referido foi de 71,3km/h. No município de Novo Horizonte, oeste, o vento máxima acusado pela estação foi de 58,6km/h. Confira mais detalhes das velocidades do vento na tabela abaixo.
Cidade (ESTAÇÃO | Vento máximo (km/h) | Região |
Morro da Igreja - Urubici (CIRAM) | 96,0 | Planalto Sul |
Laguna (INMET) | 71,3 | Litoral Sul |
Novo Horizonte (CIRAM) | 58,6 | Oeste |
Campos Novos (INMET) | 56,0 | Meio-oeste |
Campo Belo do Sul (CIRAM) | 54,3 | Planalto Sul |
Sãi Miguel do Oeste (INMET) | 50,7 | Oeste |
A presença desses ventos mais intensos, principalmente de norte e nordeste, foram permitidas pelo aumento de pressão atmosférica dentro do sistema de alta pressão pós frontal, que agora está mais configurado como subtropical. Isso faz aumentar a diferença de pressão entre esse sistema e as baixas pressões de uma frente fria no litoral da Argentina. Na figura de análise abaixo, vemos o sistema (letra A) sobre o oceano com pressão de 1036 hPa (hectoPascal). Perceba que a diferença de pressão chega a 30 hPa entre ambos os sistemas.
O que fortaleceu o sistema de alta pressão no oceano atlântico, foi a presença de um dipolo entre 6 e 12km de altitude. Tal configuração é quando temos um conjunto com circulação ciclônica (letra B) ao norte e circulação anticiclônica ao sul (letra A). Isso bifurca os ventos de oeste na alta troposfera, fazendo estacionar os sistemas transientes (frentes frias, cavados, etc), além de fortalecer os sistemas de alta pressão na superfície.
Esse mesmo fator faz adentrar ar quente, como aconteceu hoje em parte de Santa Catarina. Olhando a análise de ventos numa altitude de 1500m, vemos que eles já predominam de noroeste e que o ar quente (cores vermelhas) se alastra pelo Sul do Brasil, Uruguai e litoral norte da Argentina.
Em Santa Catarina também houve acréscimo de temperatura. No sul do estado, as temperaturas se aproximaram dos 26ºC. As maiores foram de 25,6 ºC em Criciúma, 25,1ºC em Turvo e 24,7ºC em Urussanga. No oeste e meio-oeste, ficou mais agradável. Já no restante do território catarinense, ainda teve-se a influência da circulação de umidade do oceano, pelos mesmos ventos de nordeste. Por isso, não fez mais que 22ºC em muitas áreas. Na imagem do satélite GOES-12 no canal visível (abaixo), vemosa cobertura de nuvens desde o planalto serrano até o litoral norte.
DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL
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