Este início de mês está sendo marcado pela variedade de eventos meteorológicos em Santa Catarina. Primeiro foi a chuva persistente, que aumentou nível dos rios, deixou e ainda deixa cidades em alerta, causou deslizamentos de terra. Já hoje, segundo dia de agosto, o destaque não foi a chuva. O que marcou esta terça-feira foram os fortes ventos, o gradiente térmico e a tão esperada neve.
Tudo isso foi motivado pela presença de um ciclone extratropical na costa gaúcha, que trazia ventos fortes para o estado. O gradiente térmico fez com que cidades do Planalto e Serra tivessem temperaturas em torno dos dois graus, enquanto o leste apresentava valores superiores a 19ºC no mesmo horário. Para se ter uma idéia, ao meio-dia, São Joaquim registrava 1,4ºC, ao passo que São Francisco do Sul acusava 19,4ºC! Olhando a figura de análise de ventos e pressão atmosférica abaixo, podemos entender essa diferença de temperatura.
Veja que o centro do ciclone extratropical se encontrava um pouco ao sul de Porto Alegre. Note que devido a essa posição, os ventos entravam intensos de oeste/noroeste sobre Santa Catarina, sendo que a velocidade alta se deve a grande diferença de pressão atmosférica entre esse sistema e o centro da massa de ar polar. Por isso, o ar frio entrava úmido no estado devido ao fato de provir do oceano Atlântico a partir da circulação ciclônica. Ao passar pelo planalto, proporciona temperaturas muito baixas e cobertura de nuvens. Já ao descer a serra em direção ao leste, esse ar frio e úmido sofre compressão e acaba aquecendo e secando. Por isso a grande diferença de temperatura. Na imagem de satélite em alta resolução abaixo, feita pelo satélite de órbita polar Terra, vemos o efeito dessa configuração, ou seja, céu encoberto do oeste a serra e pouquíssimas nuvens sobre o leste e Baixo Vale do Itajaí.
As fortes rajadas de vento provocadas pelo tal ciclone, iniciaram já pela madrugada no sul do estado. Em Laguna, por exemplo, a maior rajada de hoje foi as cinco horas da madrugada, com 83,1km/h. Um pouco depois das oito horas da manhã, quem começava a registrar intensas rajadas de vento era a Grande Florianópolis. Até as dez horas, os ventos mais fortes passaram da casa dos 60km/h, podendo ter atingido picos de 90km/h em alguns locais. No aeroporto Hercílio Luz em Florianópolis, o anemômetro chegou a medir 67km/h. Durante a tarde o vento persistiu, sendo que durante todo o dia de hoje, as mais fortes rajadas foram de 126,6km/h em Siderópolis (estação a 135m de altura), 106,2km/h em Araranguá e 83,1km/h em Laguna, 75,6km/h em Criciúma e 69,2km/h em Santo Amaro da Imperatriz. Na tabela abaixo, você confere mais detalhes do vento hoje em SC.
Cidade (ESTAÇÃO | Vento máximo (km/h) | Região |
Siderópolis (INMET) | 126,6 | Litoral Sul |
Araranguá (INMET) | 106,2 | Litoral Sul |
Laguna (INMET) | 83,1 | Litoral Sul |
Criciúma (RBS) | 75,6 | Litoral Sul |
São Joaquim (INMET) | 75,2 | Planalto Sul |
Santo Amaro da Imperatriz (PARTICULAR) | 69,2 | Grande Fpólis |
Florianópolis - Aeroporto (INMET) | 67,0 | Grande Fpólis |
Itajaí (CIRAM) | 64,4 | Litoral Norte |
Florianópolis - Lagoa da Conceição (PARTICULAR) | 61,1 | Grande Fpólis |
Florianópolis - Capoeiras (PARTICULAR) | 59,5 | Grande Fpólis |
Lages (RBS) | 51,5 | Planalto Sul |
Florianópolis - Itacorubi (CIRAM) | 50,1 | Grande Fpólis |
Com essa ventania toda, o resultado foram estragos. Na Grande Florianópolis, a cidade mais afetada foi Palhoça, onde árvores caíram, 20 mil residências ficaram se energia elétrica, casas foram destelhadas e inclusive duas acabaram tombando devido as fortes rajadas de vento. Na BR-101, a força do vento arremessou pedras contra os veículos e pedestres. Uma delas atingiu e trincou o vidro de um carro. Em São José, Florianópolis, Angelina, Tijucas e Biguaçu, também houve queda de energia. Na capital catarinense, foi registrado a queda de uma árvore no bairro Santa Mônica. Na Lagoa da Conceição, as rajadas de vento de 61,6km/h registradas por uma estação particular, formaram ondas e até um pouco de ressaca, como mostra a foto abaixo.
Lagoa da Conceição - Florianópolis-SC |
O que favoreceu essa precipitação de neve, foi a presença de grande umidade. Aliado a isso, o ar frio fez com que o nível de congelamento da água caísse para altitudes de até 1600m (figura abaixo), favorecendo inclusive a presença do fenômeno no Meio-Oeste, vide Água Doce.
Ainda no Planalto, o vento forte aliado as temperaturas baixas, provocou uma sensação térmica de mais frio ainda. Em São Joaquim, por exemplo, vimos que fazia 1,4ºC ao meio-dia, porém o vento de 67km/h levou a sensação térmica a gelados -18ºC. No Morro da Igreja, fazia -0,8ºC as 14h, mas devido ao vento de 109km/h, a sensação foi a -23ºC.
Ainda no Planalto, o vento forte aliado as temperaturas baixas, provocou uma sensação térmica de mais frio ainda. Em São Joaquim, por exemplo, vimos que fazia 1,4ºC ao meio-dia, porém o vento de 67km/h levou a sensação térmica a gelados -18ºC. No Morro da Igreja, fazia -0,8ºC as 14h, mas devido ao vento de 109km/h, a sensação foi a -23ºC.
DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, CLIMATERRA, DIÁRIO CATARINENSE, PORTAL EDER LUIZ.
FOTO: DIÁRIO CATARINENSE
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