Nas primeiras horas da manhã, a imagem do satélite Terra com sensor Modis em alta resolução, mostrava a banda de nuvens com desenvolvimento vertical, associadas a uma frente sobre o RS e oceano Atlântico adjacente.
O sistema tinha em altitude um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) frontal de ondas curtas, o que denotava característica de catafrente, ou seja, uma frente fria que passa rápido. Esse cavado é visto na figura de análise das 10h abaixo, sendo contornado pelo Jato Subtropical (ventos fortes na alta troposfera), o que correspondia a significativo gradiente térmico.
Aqui em Santa Catarina, a aproximação da frente fria causava intensa advecção positiva de temperatura, ou seja, ingresso de calor que ia de encontro a depressão frontal. Isso causava o que chamamos de aquecimento pré frontal, motivo de ter feito tanto calor hoje no território catarinense. Já pela manhã, o aquecimento já era notado, sendo que as 10 horas as temperaturas já estavam acima de 27ºC em muitas áreas, como mostra a figura de análise abaixo.
Aqui em Santa Catarina, a aproximação da frente fria causava intensa advecção positiva de temperatura, ou seja, ingresso de calor que ia de encontro a depressão frontal. Isso causava o que chamamos de aquecimento pré frontal, motivo de ter feito tanto calor hoje no território catarinense. Já pela manhã, o aquecimento já era notado, sendo que as 10 horas as temperaturas já estavam acima de 27ºC em muitas áreas, como mostra a figura de análise abaixo.
Se já fazia mais de 27ºC pela manhã, as temperaturas no começo da tarde subiram ainda mais e se aproximaram dos trinta e cinco graus. Em Urussanga, chegou a superar isso, registrando máxima de 37ºC na estação meteorológica do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). Em Jacinto Machado, fez calor de 34,8ºC na tarde desta quarta-feira. Na tabela abaixo, você confere as maiores temperaturas de hoje em SC.
Cidade (ESTAÇÃO | Temperatura máxima (ºC) | Região |
Urussanga (INMET) | 37,0 | Litoral Sul |
Jacinto Machado (CIRAM) | 34,8 | Litoral Sul |
Turvo (CIRAM) | 34,6 | Litoral Sul |
Indaial (INMET) | 33,9 | Vale do Itajaí |
Meleiro (CIRAM) | 33,5 | Litoral Sul |
Massaranduba (CIRAM) | 33,2 | Litoral Norte |
Porto União (CIRAM) | 32,3 | Planalto Norte |
Itajaí (INMET) | 31,8 | Litoral Norte |
Irineópolis (CIRAM) | 31,0 | Planalto Norte |
Abdon Batista (INMET) | 30,4 | Meio-Oeste |
São Miguel do Oeste (INMET) | 30,2 | Oeste |
Lontras (CIRAM) | 30,0 | Vale do Itajaí |
Com a aproximação do sistema frontal, a nebulosidade ia aumentando em Santa Catarina, a começar pela divisa com o RS e quase todo o sul do estado. Na próxima imagem, agora do satélite Aqua com o sensor Modis em alta resolução, vemos a banda de nebulosidade da frente fria sobre parte de Santa Catarina.
A chuva, de maneira geral, não foi tão acumulativa nas cidades catarinenses. Porém, pelo tempo que durou em algumas regiões, pôde ser considerada significativa no sentido de intensidade, na forma de temporais acompanhados de vento forte. Em Morro da Fumaça, o vendaval provocou alguns destelhamentos e queda de árvores, como mostra a foto abaixo.
Vendaval em Morro da Fumaça-SC |
Próximo da divisa com o RS, temos São Miguel do Oeste onde choveu 9,8mm num período de tempo inferior a duas horas, além de o vento ter alcançado 72,3 km/h. Em Tangará, choveu 10mm na primeira hora de precipitação, com rajada de vento de 75 km/h. São Joaquim apresentou chuva, com acumulado de 11,8mm, também distribuído em duas pancadas se paradas.
Temporal em Blumenau-SC
Ao longo do final da tarde e noite, a chuva e os temporais isolados atingiram as demais regiões catarinenses. A foto e o vídeo acima, enviada pelo colaborador Rudolfo Nolli, mostra momentos antes de começar o temporal em Blumenau. Em Lontras no Vale do Itajaí, o temporal veio e choveu 9,8mm. Em Três Barras no Planalto Norte, uma só pancada de chuva acumulou 11,9mm no pluviômetro. Em Florianópolis, a chuva começou próximo das sete horas da noite, em forma de duas pancadas, acumulando no total 15,5mm. Essa chuva na capital, foi detectada pelo radar meteorológico da aeronáutica no Morro da Igreja. Veja que a linha de chuvas avançava com mais intensidade pelo sul da ilha. Note também que havia outras linhas de chuva pelo leste do estado, sobretudo em parte do Meio-Oeste, Vale, parte do Litoral Sul e do Litoral Norte. Note que a linha que se aproximava de Blumenau no radar, apresentava uma forma de arco. Por isso no vídeo do colega Rudolfo está ventando bastante.
Radar meteorológico da aeronáutica as 18h:45min |
Granizo em Joaçaba-SC |
Granizo em Florianópolis-SC |
Granizo em Caçador-SC
Granizo em Biguaçú-SC
Granizo em Araranguá-SC
Granizo em Araranguá-SC
O motivo de ter chovido pouco e mal distribuído, é quase o mesmo de ter ocorrido granizo: Coluna mais baixa de umidade. Na figura abaixo, temos um perfil vertical da troposfera mostrando os valores de umidade relativa e temperatura do ar sobre Santa Catarina, de oeste a leste.
Veja que a maior parte do estado tinha umidade relativa até uma altitude de 6km, que corresponde a camada média da troposfera. Veja nessa figura, que a altura onde a temperatura é de 0ºC, a umidade relativa estava elevada, o que favoreceu o congelamento das gotículas de gelo, processo inicial do granizo. Mas para que o granizo se desenvolva e fique maior, é necessário que ele vá até o topo das nuvens várias vezes, agregando cristais de gelo e gotículas super resfriadas no caminho, tanto para descer quanto para subir. Para essas idas e voltas do granizo, é preciso que se tenha intensa velocidade vertical ascendente do ar, o que é bem verificado no sul do estado na figura de análise abaixo. Os valores negativos representam a subida do ar, ao passo que os positivos são a descida.
O forte calor em especial no sul do estado e parte da Grande Florianópolis, também ajudou no fornecimento de energia potencial para convecção, tanto que a maioria dos casos de granizo foram nessas áreas citadas no presente parágrafo.
DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, NOAA, REDEMET, PORTAL ENGEPLUS, PORTAL EDER LUIZ.
Agradecimentos aos colegas Rudolfo Nolli, Felipe de Souza e Maria Eduarda Kamers pelas fotos e vídeos cedidos.
Mapas de criação própria