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terça-feira, 22 de novembro de 2011

MAIS UM SISTEMA CONVECTIVO DE MESOESCALA PROVOCOU CHUVA FORTE EM SC

Já no fim da noite de domingo e madrugada de segunda-feira, nuvens com alto desenvolvimento vertical se formavam entre a Argentina e Paraguai. Estava em formação o terceiro Sistema Convectivo de Mesoescala (SCM) desta primavera em Santa Catarina. Os SCM's são aglomerados de nuvens do tipo Cumulonimbus, associadas entre si, gerando um poderoso sistema de várias tempestades organizadas. A primeira figura desta postagem, é uma imagem do satélite GOES-12 mostrando o estágio maduro do SCM. Na animação de imagens de satélite abaixo, veja a evolução dele, desde as pequenas células convectivas até o aglomerado completo. 

O que motivou a formação do SCM, foi a aproximação de um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) pela Argentina. Em sua borda nordeste/leste, havia difluência no escoamento de ventos, como pode-se notar na figura de análise das 10h (abaixo). Outro ponto em destaque e chave na formação dos SCM's é a presença do Jato Subtropical ao sul do aglomerado de nuvens, o que também pode ser visto na análise. O cavado é representado pelos traços pretos, a área de difluência é circulada para melhor ilustração e o Jato Subtropical é aquela região avermelhada com orientação noroeste-sudeste (ver legenda de ventos).
Com a difluência no escoamento dos ventos lá no alto da troposfera, houve o aumento na ascensão de ar, o que decaiu a pressão atmosférica e favoreceu a chegada de ventos úmidos da floresta amazônica. Esses ventos úmidos conseguem chegar por uma corrente de ventos chamada de Jato de Baixos Níveis, que é vista na próxima figura na área avermelhada com ventos de noroeste.
Como é comum em SCM's, o movimento vertical ascendente do ar ultrapassou a baixa troposfera a chegou até quase a alta troposfera, como mostra a figura abaixo, onde tem-se o valor de velocidade vertical do ar de oeste a leste sobre Santa Catarina, na latitude 27ºS. Os valores negativos indicam onde o ar está subindo, ao passo que os positivos são movimentos descendentes. Observe que o ar está se elevando principalmente na média troposfera, indicando que aí há forte convergência de ventos.
Com essa grande coluna de ar ascendente, a umidade conseguiu preencher boa parte da troposfera sobre o território catarinense. Na próxima figura, temos também um perfil vertical, só que agora de umidade relativa em SC, na mesma área na figura anterior. Note que os valores acima de 60% vão até 12km de altitude.
Segundo estações meteorológicas monitoradas pelo CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) e INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), a região que mais choveu foi o Oeste do estado, onde a precipitação durou em média 12 horas, com valores de 53,4mm em Dionísio Cerqueira, 51mm em São Miguel do Oeste, 43,4mm em Novo Horizonte e 25,8mm em Xanxerê. O vento mais significativo se deu na primeira cidade citada, tendo rajada de 57,5 km/h.

Nas demais regiões do estado, choveu bem menos e com caráter isolado. Muitas áreas ficaram apenas com céu nublado a encoberto. No meio-oeste o maior valor de precipitação foi de 10,2mm em Joaçaba. No Planalto Serrano choveu mais em Irineópolis com 11,6mm. No Leste quem teve mais chuva foi Criciúma com 3,6mm. Falando no sul do estado, temos uma foto enviada pelo colaborador José Luiz Mattei, mostrando o início da chuva em Orleans. A estação mais próxima de lá é Urussanga, onde precipitou 2,2mm por volta das 14h.

Orleans-SC
No Vale do Itajaí, um cinegrafista amador colocou um vídeo no site Youtube, mostrando uma chuva com ventos ocorrida hoje em Blumenau. Assista abaixo.

No decorrer da noite de ontem, o SCM foi perdendo configuração sobre Santa Catarina em função do influxo de ar frio de sudoeste/sul. Dessa condição se formavaa uma frente fria sobre parte do estado, com seu sistema de baixa pressão ainda sobre o RS, registrando valor mínimo de 1004 hPa as 22h. Veja mais detalhes na figura de análise abaixo naquele horário. 
Na manhã desta terça-feira, a frente fria formada ainda estava sobre o leste catarinense, mantendo uma banda de nebulosidade com certo desenvolvimento vertical, sobretudo no sudeste do estado (imagem de satélite abaixo). De acordo com dadoss de estações, ainda choveu hoje, com acumulado de 22mm em Jacinto Machado, 17,6mm em Itajaí, 14,8mm em Timbé do Sul, 9,8mm em Massaranduba e 7mm em Urussanga.

Com a virada do tempo e o aparecimento rápido do sol durante a tarde, as temperaturas tiveram um "salto" no leste do estado. Em Urussanga, por exemplo, a máxima foi de 29,1ºC as 14h, mas duas horas antes fazia 22,8ºC. A maior máxima foi de 30ºC em Itapoá, seguida de 29,9ºC em Massaranduba, 29,2ºC em São Francisco do Sul e 28,9ºC em Indaial. No decorrer desta noite, a atuação do ar frio está sendo mais significativa, na medida em que a massa de ar polar adentra o estado. As 23h fazia 10,7ºC em São Joaquim, 12,1ºC em Urupema, 12,2ºC em Tangará, 13ºC em Bom Jardim da Serra, 13,7ºC em Campos Novos e 16,4ºC em Timbé do Sul.

Outro fenômeno significativo nesta noite é o vento, devido ao sistema de baixa pressão na frente da costa catarinense, associado a frente fria que outrora influenciava o estado. As rajadas já chegaram aos 74,9 km/h em Laguna e 50 km/h em Florianópolis.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, MARINHA DO BRASIL EPAGRI-CIRAM
Mapas de criação própria

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