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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

FRENTE DE RAJADA ATINGIU O LITORAL SUL DE SC



Analisando o dia 13 de fevereiro de 2013, percebe-se que sinoticamente não havia sistemas transientes passando por Santa Catarina. Pela imagem de satélite mostrada acima, registrada no período da tarde, vemos células convectivas desorganizadas e espalhadas pelo território catarinense, abrangendo o Oeste, Meio-Oeste, Planalto Norte e Litoral.

Na próxima figura mostrada abaixo, vemos o diagrama atmosférico Skew-T, que mostra um perfil vertical da troposfera sobre Florianópolis, representando bem o que estava ocorrendo na parte litorânea. Os dados provem de radiossondagem realizada diariamente no aeroporto da capital, por meio de uma sonda meteorológica (conjunto de instrumentos que medem temperatura, umidade, pressão e vento) remota a bordo de um balão grande de gás hidrogênio. Nela pode-se perceber a direita barbelas que indicam velocidade e direção do vento em cada altitude. Veja que lá embaixo na superfície o vento registrado era de sudoeste. Porém desde aproximadamente 2042m até 5830m de altitude, ele predomina de noroeste, o que indica a presença de uma circulação ciclônica, que era um pequeno cavamento de pressão nessa camada citada. Do oeste ao planalto norte, essa condição permitiu entrada de umidade da floresta amazônica. Já no leste do estado, tivemos bastante contribuição da evaporação local junto a umidade marítima. Note também na parte direita da figura, que o índice Lifted estava negativo e o K e o Totals estavam altos. Isso sugere uma atmosfera bastante úmida embaixo e com ascendência.

Focando na nossa região de interesse, ou seja, o Litoral Sul, tivemos formação de células convectivas bem isoladas nessa região. Como enfatizado na análise, o que contribuiu para a formação de tais células nessa área foi a umidade local, umidade do mar e a presença de um cavamento de pressão entre 2042m e 5830m de altitude. Outro fator, porém estático, mas não menos importante, foi o relevo. As montanhas tem um papel fundamental na formação das células. Pela imagem do radar meteorológico da aeronáutica (figura abaixo) localizado no Morro da Igreja, vemos através do Zoom a presença de uma célula com refletividade máxima de 55 dBZ, que a classifica como forte. Percebe-se que ela tem uma formato de arco com a parte aberta para oeste, deslocando-se para leste.
Radar Redemet - Morro da Igreja. 13/02/2013 as 16h:45 UTC.
Esse arco detectado pelo radar, foi visto a olho nu em Orleans pelo colaborador do blog José Luiz Mattei, que registrou em fotos. Note na foto que há uma espécie de franja contornando o arco.

Orleans-SC, por José Luiz Mattei
Com essa percepção de um formato de arco por radar e fotos, junto aos dados meteorológicos da região, conclui-se que o que passou por essa pequena área do Zoom foi uma frente de rajada, que é uma espécie de frente fria em miniatura. As características da passagem dela são: aumento repentino da pressão atmosférica, queda brusca da temperatura em minutos e aumento significativo nas rajadas de vento. A estação meteorológica do INMET em Urussanga registrou exatamente essas condições requeridas, como pode-se notar na figura abaixo. Veja que o vento atingiu 83,9 km/h.


Segundo essa mesma estação, choveu 24,4mm em Urussanga, sendo 18,2mm em menos de uma hora. Em Braço do Norte, a nordeste de Orleans, choveu 31,4mm, sendo 25,4mm em menos de 2 horas. Infelizmente Orleans não possui estação meteorológica ativa.   

DADOS UTILIZADOS: CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, REDEMET, INMET, WYOMING.

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