Frio de 2ºC na serra catarinense, enchentes no RJ e ondas gigantes na costa brasileira.
Quem acompanhou o tempo e os jornais dessa semana, sabe da agitação que foi este período. Tudo começou com a entrada de uma frente fria no domingo de Páscoa. Antes dela o céu se apresentava limpo como mostra a foto abaixo tirada no dia 02 de abril em Orleans, sul catarinense.
Após a passagem do sistema frontal frio, as temperaturas consequentemente declinaram em virtude da entrada de uma massa de ar frio, considerada até agora a mais significativa desse ano. Em Santa Catarina as temperaturas mínimas decairam bastante em diversas áreas, chegando a marcar 2,0ºC em Urupema, no Planalto Sul. Na tabela abaixo você confere as temperaturas mínimas mais baixas dessa semana observadas em algumas estações meteorológicas de Santa Catarina.
Urupema | 2,0ºC |
São Joaquim | 2,8ºC |
Três Barras | 4,2ºC |
Lages | 5,7ºC |
Canoinhas | 5,8ºC |
Major Vieira | 6,4ºC |
Curitibanos | 6,5ºC |
Joaçaba | 7,3ºC |
Anitápolis | 10,1ºC |
São Miguel do Oeste | 10,5ºC |
Urussanga | 13,6ºC |
Indaial | 13,6ºC |
Florianópolis (Ciram) | 15,7ºC |
São José | 16,4ºC |
Fpolis (Paulo Tempo) | 17,2ºC |
Durante toda a semana as temperaturas permaneceram baixas, inclusive durante o dia. No leste catarinense, a associação de um intenso sistema de alta pressão sobre o oceano Atlântico e a intensificação de uma baixa pressão em alto mar na altura do PR, causaram ventos moderados e as vezes fortes de sudeste em toda a costa catarinense, trazendo assim ar frio e úmido marítimo e provocando chuvas isoladas e passageiras. A população já coloca o tempo como maluco, pois num mesmo dia, fazia sol, chuva e ainda havia vezes em que chovia com sol. Porém já se sabe que é isso é comum em situações de circulação de umidade.
Enquanto isso, já no início da semana, quem sofria com a enchente e deslizamentos de terra era o Rio de Janeiro. Desde a grande enchente de 1966 não chovia tanto no Estado. Para se ter uma idéia, houve cidades que em 24 horas choveu quase 300 milímetros de chuva, ou seja, quase o dobro do mês em 1 dia! O motivo foi a frente fria que impulssionada por um centro de baixa pressão em alto mar, avançou e encontrou um ambiente muito quente e úmido, com convergência de umidade e calor da floresta amazônica, a qual mantinha a Zona de Convergência de Umidade - ZCOU (classificação feita apenas pelo Cptec/Inpe).
Veja na imagem de satélite abaixo, ilustrada pelo blog Paulo Tempo, os sistemas atuantes durante o começo dessa semana. Note que os ventos eram de sudeste no litoral catarinense, o que perdurou durante toda essa semana.
No decorrer da semana, a frente fria se deslocou e chegou a Bahia com forte intensidade, o que não é muito comum nessa época do ano. O ar frio consequentemente atingiu todo o centro-sul do Brasil, em pleno começo do outono. Também, segundo a MetSul, poucas vezes um ciclone extratropical, agora formado, ficou tão ao norte que a climatologia. Mas lembre-se, isso não tem nada a ver com o aquecimento global, o qual virou motivo de tudo hoje em dia. O que pode ter ocasionado esse posicionamento do ciclone é a anomalia de temperatura do mar, que estava mais alta que o normal. Essa anomalia vem persistindo e foi crucial na tempestade tropical Anita, em março desse ano.
A intensificação desse ciclone em associação a diferença de pressão entre este e o anticlone pós frontal, gerou ondas muito altas na costa catarinense. Em Balneário Camboriu a praia foi tomada pela água. No porto de Itajai e Navegantes os navios ficaram parados devido as ondas de até 4 metros de altura, isso mesmo: 4 metros!
Para o domingo e início da semana, de acordo com o CPTEC e CIRAM, o tempo segue instável, com aberturas rápidas de sol e chuvas rápidas ao longo de todo o dia, assim como vem ocorrido. A excessão fica no oeste catarinense, onde o sol predomina.
DADOS: CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, METSUL, INMET, CLIMATERRA, DIÁRIO CATARINENSE