Depois do calor pré frontal no sábado, quando fez até 33,5ºC em Criciúma, a frente fria se aproximou do estado de Santa Catarina ao longo da madrugada de domingo. No entanto, ao entrar no estado, o sistema acabou adquirindo características estacionárias, como mostra a imagem de satélite com ilustração sinótica (acima).
A chuva começou já pela madrugada no sul do estado e toda a fronteira catarinense com o RS. Ao longo da manhã, começou a chover no restante do oeste, meio-oeste e planalto sul. Por fim, durante a tarde e principalmente a noite, o restante do estado registrou precipitação.
Entre a noite de domingo e madrugada de ontem, a chuva aumentou de intensidade e ocorreram alguns temporais pelo estado. Isso aconteceu pela influência de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis - VCAN (sistema de baixa pressão acima dos 10km de altitude), que mediante sua advecção de vorticidade ciclônica, acabou formando um cavado (área alongada de baixa pressão) na mesma altitude sobre o norte da Argentina. Os dois sistemas são visto na figura de análise de ventos nos altos níveis da troposfera (abaixo), onde o cavado é representado sinoticamente pelos traços pretos.
Na borda do cavado, o ar é impulsionado a ascender a partir da superfície, criando diferença de pressão entre a vizinhança e favorecendo uma frontogênese, ou seja, formação de uma nova frente fria.
As tempestades anunciadas anteriormente, aconteceram principalmente no oeste, meio-oeste e vale do Itajaí. Em Rio do Campo (Vale do Itajaí), as 6 horas de chuva acumularam 72mm. Em Campos Novos (Meio-oeste), o valor de chuva foi de 37,2mm e a rajada de vento alcançou os 80km/h na primeira hora de hoje. No município de Água Doce (Meio-Oeste) também houve vento forte, acusando rajada de 56km/h com precipitação de 53mm. Irineópolis (Planalto Norte) não teve vento forte, mas precipitou 38,4mm no mesmo tempo de duração. Já no sul do estado, o destaque não foi os temporais, mas sim a chuva constante e acumulativa durante o domingo, ontem e um pouco da madrugada desta terça-feira. Em Timbé do Sul, por exemplo, chegou a chover 137,8mm nesse período, o que é superior ao esperado para o mês de julho inteiro. Na tabela a seguir, você confere os maiores valores de precipitação acumulada nas últimas 50 horas.
Cidade (ESTAÇÃO | Precipitação acumulada (mm) 50 horas | Região |
Timbé do Sul (CIRAM) | 137,8 | Litoral Sul |
Turvo (CIRAM) | 91,8 | Litoral Sul |
Jacinto Machado (CIRAM) | 89,6 | Litoral Sul |
Meleiro (CIRAM) | 80,0 | Litoral Sul |
Criciúma (CIRAM) | 75,0 | Litoral Sul |
Rio do Campo (CIRAM) | 72,0 | Vale do Itajaí |
Dionísio Cerqueira (CIRAM) | 67,0 | Oeste |
Novo Horizonte (CIRAM) | 65,4 | Oeste |
Morro Grande (CIRAM) | 64,2 | Litoral Sul |
Araranguá (CIRAM) | 61,3 | Litoral Sul |
Água Doce (CIRAM) | 53,0 | Meio-oeste |
Rio do Oeste (CIRAM) | 43,6 | Vale do Itajaí |
No entanto, apesar dos valores altos de chuva no oeste, muitas cidades desta respectiva região sequer acumularam mais que 5mm. Ou seja, grandes precipitações de caráter isolado. Tudo em função da baixa extensão vertical da camada úmida, que é vista na figura abaixo, onde tem-se um perfil da troposfera, mostrando valores de umidade relativa do ar (%) em cada altitude. Veja que entre a longitude 54ºW e 53ºW, ou seja, oeste catarinense, a umidade cai abaixo dos 50% a partir de uma altitude de 5km.
DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASILMapas de criação própria