Com a intensificação do cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) na alta troposfera, este se converteu em um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis - VCAN (sistema de baixa pressão fechado na alta troposfera), observado na figura acima. Isso favoreceu também a intensificação do ciclone extratropical, que teve decréscimo de sua pressão atmosférica, sendo que na análise de ontem pela manhã, o valor era de 996 hPa (figura abaixo).
Veja que a posição do ciclone extratropical, fazia com que os ventos predominassem de oeste a sudoeste em Santa Catarina. Esses ventos tem origem num anticiclone frio na Argentina. Como o ciclone está no oceano, esses ventos além de serem frio, são também úmidos, cujo os quais entravam em Santa Catarina pelo Oeste e Meio-Oeste (região de planalto), formando nuvens, como vê-se na imagem do canal visível do satélite GOES-12.
Aquela nebulosidade mais significativa entre o Planalto Sul e Litoral Sul catarinense, é a parte oclusa do sistema frontal, ou seja, a área onde há o encontro do ar mais fresco oceânico com o ar frio advindo da Argentina, fazendo todo o ar quente se elevar e formar nuvens, que inclusive eram até bem desenvolvidas. Tivesse mais frio, poderia até acontecer neve. Olhando um perfil vertical de umidade relativa (linha verde) em Orleans (litoral sul), vemos que os valores mais altos alcançavam iam dos baixos níveis até uma altitude de 6km, ou seja, o topo das nuvens.
Como a neve não ocorreu, a chuva foi registrada, sobretudo logicamente na parte de oclusão frontal. Os acumulados mais altos do estado foram de 23,2mm em São Joaquim, 13,6mm em Urupema, 12,2mm em Nova Veneza, 7,2mm em Curitibanos e 7,1mm em Tangará. Em Araranguá, o céu depois da pancada de chuva era esse, na foto de Filipe de Souza, colaborador do blog Paulo Tempo.
Araranguá-SC |
Com o avanço do ciclone extratropical no sentido sudeste um pouco mais para alto mar (figura abaixo), os ventos acabaram virando para sul no Planalto e sudoeste em todo o Litoral catarinense, fazendo o ar frio ingressar, primeiramente do Oeste a Serra. A parte oclusa do ciclone, que estava no Planalto Sul e Litoral, migrou e se posicionou entre a Grande Florianópolis e oceano Atlântico adjacente. Isso resultou em aumento de nuvens e pancadas de chuva, como aconteceu na capital por volta das 13:30, onde a estação do CIRAM no bairro Itacorubi registrou 1,8mm. Na imagem de satélite abaixo, observa-se essas nebulosidade.
Na noite de ontem, a análise (figura abaixo) mostrava o ciclone extratropical deslocado um pouco para sul, sobre o oceano Atlântico. A pressão atmosférica central havia caído para 990 hPa. Note que os ventos viraram ao ponto de entrarem de sudeste entre Florianópolis e o Litoral Norte.
No entanto, hoje pela manhã, o ciclone extratropical havia se deslocado anormalmente para sudoeste, ou seja, não estava indo para o alto mar. A pressão central havia caído bastante, estando com 986 hPa, como mostra a próxima imagem de análise.
O ar frio pós frontal conseguiu adentrar o interior catarinense, provocando declínio das temperaturas, porém nada de espetacular. Fez mínima de 1,5ºC em Urupema e 4ºC em Bom Jardim da Serra. Entre o Oeste e Meio-Oeste, as menores temperaturas foram de 7,5ºC em Caçador, 8,0ºC em Água Doce, 10,8ºC em Xanxerê e 10,9ºC em Dionísio Cerqueira.
DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL
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