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terça-feira, 18 de outubro de 2011

DAS CHUVAS AO FRIO E CINZAS VULCÂNICAS

O fim de semana foi de tempo instável em Santa Catarina, devido a atuação de um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica). No vídeo abaixo, podemos ver um pouca dessa chuva na BR-116 em Canoinhas, planalto norte catarinense. De acordo com a estação meteorológica do CIRAM no município em questão, choveu 9,6mm entre as 00h e 09h de domingo. Três barras teve 12,4mm acumulados no mesmo período.




Na imagem de satélite de domingo, com a análise sinótica feita pela TECTEMPO Meteorologia (visite aqui), nota-se o cavado pelos traços pretos.
Os maiores valores de chuva entre sexta-feira a noite e domingo, ficaram concentrados desde o oeste até o planalto norte, com até 75mm na divisa com o PR. Nas demais áreas, valores de até 50mm. Veja mais detalhes na figura abaixo.
Ontem, após a passagem de uma frente fria sobre o oceano, uma nova massa de ar frio e seco ingressou em Santa Catarina. A menor temperatura se deu em Urupema, planalto sul, com 0,9ºC. Fazia alguns dias que não se registrava temperaturas próximas de zero grau no estado. Na tabela abaixo, você confere as temperaturas mínimas em outras cidades catarinenses, nas estações do CIRAM e INMET.
Cidade (ESTAÇÃO Temperatura Mínima (ºC) Região
Urupema (CIRAM)0,9Planalto Sul
São Joaquim (CIRAM)3,4Planalto Sul
Bom Jardim da Serra (CIRAM)4,1Planalto Sul
Morro da Igreja - Urubici (INMET)5,3Planalto Sul
Campo Belo do Sul  (CIRAM)9,0Planalto Sul
Curitibanos (INMET)10,7Meio-Oeste
Timbé do Sul (CIRAM)10,9Litoral Sul
Florianópolis (CIRAM)13,0Grande Fpólis

Com o deslocamento do anticiclone para o oceano Atlântico, os ventos acabaram virando para sudeste/leste na costa catarinense, o que provocou advecção de umidade marítima e formação de nuvens, culminando em algumas chuvas fracas e isoladas, como aconteceram nessa madrugada e manhã de terça-feira. Na figura de análise abaixo, nota-se claramente esses ventos no nosso litoral.
Segundo dados de estações meteorológicas, as chuvas mais significativas hoje, inclusive durante a segunda metade da tarde, foram de 9,8mm em Jacinto Machado, 5,6mm em Timbé do Sul, 8,4mm em Ituporanga, 7,6mm em Florianópolis e 6,8mm em Itajaí.  

Outro fenômeno chamou bastante a atenção das pessoas que olhavam para o céu durante esta terça-feira. Se tratava de névoa seca, provocada pela presença de cinzas vulcânicas em suspensão na atmosfera sobrejacente ao estado. Nas fotos abaixo, uma em Blumenau e outra em Criciúma, é possível notar o céu "embaçado".
Cinzas vulcânicas em Blumenau-SC
Cinzas vulcânicas em Criciúma-SC
O aeroporto Hercílio Luz na capital, chegou a reportar no código Speci as 12h:35 (local), a sigla VA, que significa Volcanic Ash, ou Cinzas Vulcânicas.
SBFL 1435 13008KT 4000 VA BKN030 22/14 Q1020
As imagens de satélite comprovavam a presença da nuvem de cinzas vulcânicas sobre o sul do estado, Grande Florianópolis e oceano adjacente. Na que você vê abaixo, é do satélite AQUA com o sensor Modis em alta resolução, onde também aparecem misturadas as nuvens comuns geradas pela umidade marítima.
Essas cinzas vulcânicas são provenientes do vulcão chileno Puyehue, que vem tendo erupções desde meados de 2011. As partículas conseguiram alcançar o estado catarinense devido a mudança dos ventos na média troposfera, que começaram a vir de sudoeste. Isso é bem notável na próxima figura de análise de ventos a 6km de altitude.
No leste, a umidade marítima acabou provocando chuva fraca novamente na segunda metade da tarde, o que fez com que as cinzas vulcânicas precipitassem junto as gotículas de água. Nos carros e alguns objetos, era observado fuligem acumulada, como mostra a foto abaixo em Araranguá, tirada pelo colaborador Filipe de Souza.
Acumulação de fuligem nos carros em Araranguá-SC
O aeroporto Hercílio Luz, agora além de reportar a sigla VA no código Speci, colocou também RA, ou seja, chuva moderada com cinzas vulcânicas. Veja:
SBFL 1750 18008KT 2900 VA RA BKN025 18/16 Q1020
As cinzas vulcânicas podem ter contribuído para a formação rápida das nuvens, visto que funcionam como núcleos de condensação, ou seja, a umidade resfria e condensa ao redor de cada partícula, formando gotículas de chuva maiores e assim conseguem vencer as correntes ascendentes de ar, precipitando sobre a superfície juntamente com as próprias cinzas que ajudaram no processo. Isso acontece bastante na floresta amazônica, com a poeira que vêm do deserto do Saara.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, REDEMET, EPAGRI-CIRAM, METSUL, CPTEC/INPE
FOTOS: FILIPE DE SOUZA, DIÁRIO CATARINENSE
VÍDEO: YOUTUBE

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