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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

AGOSTO DE 2010: O MÊS DO FRIO, DA NEVE, DO CALOR, DAS QUEIMADAS E DOS NEVOEIROS



Agosto, como de costume, foi de extremos no Estado. No início do mês o predomínio era do frio intenso, com temperaturas mínimas abaixo de zero grau na maior parte da região serrana, chegando a -3,2ºC em Urupema no dia 02. A expectativa para ocorrência de neve se confirmou. Um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) provocou ascenção do ar úmido, o que associado ao ingresso de uma forte massa de ar polar acabou provocando a neve. Os sistema de alta pressão do ar polar era o segundo neste ano a chegar com pressão acima de 1040 hPa (Hectopascal) na província de Buenos Aires na Argentina.

Os primeiros flocos se precipitaram sobre São Joaquim na noite do dia 03, numa terça-feira. Mas foi no quarto dia do mês que se deu a maior nevada registrada em território catarinense desde o ano 2000. Foram registradas ocorrências de neve em 26 municípios do Estado (São Joaquim, Lages, Urupema, Urubici, Bom Jardim da Serra, São Miguel do Oeste, Anita Garibaldi, Bom Retiro, Curitibanos, Orleans, Urussanga, Grão-Pará, Otacílio Costa, Pouso Redondo, São Bento do Sul, Rancho Queimado, Lebon Régis, Fraiburgo, Monte Carlo, São Cristovão do Sul, Ponte Alta, Santa Cecília, São José do Cerrito, Videira e Lauro Muller), sendo que no alto do Planalto Sul foi medido até 50 cm de acumulação de neve sobre o solo, deixando pistas intransitáveis.

Durante aquela quarta-feira, até cidades como Urussanga e Orleans, localizadas muito próximo do nível do mar tiveram precipitação nival. Onde não nevava, chovia constantemente. As temperaturas máximas foram as mais baixas do ano, tendo o Morro da Igreja em Urubici registrado temperatura negativa durante todo o dia. Pela faixa litorânea as temperaturas durante a tarde estavam em torno dos 10ºC. No oeste, Chapecó não teve mais que 4,8ºC.

Após essa importante onda de frio, tivemos um rápido acréscimo de ar quente vindo de norte, proveniente da Amazônia, que levou as temperaturas próximas dos 30ºC no oeste e deixou o tempo seco na maior parte do Estado. Na sexta-feira, dia 13, um ciclone extratropical que havia se formado sobre o oceano impulsionou ar frio de sul e uma frente fria entrou em Santa Catarina, provocando novamente chuva a queda de temperatura. Criou-se expectativa para neve, no entanto ela não apareceu. A forte massa de ar polar trouxe ar seco e levou as temperaturas mínimas abaixo do zero grau, registrando -3,6ºC no Morro da Igreja e -3,5ºC em Urupema, ambas no Planalto Sul.

Passada a primeira quinzena de agosto, o tempo mudou bruscamente em Santa Catarina. O frio deu lugar ao calor, assim como a chuva definitivamente deu lugar ao tempo muito seco e consequentemente os focos de queimadas. Segundo o banco de dados do CPTEC/INPE (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Santa Catarina teve um total de 553 focos de queimadas durante todo o mês de agosto. Além disso, a fumaça das queimadas ocorridas sobre a Bolívia, norte da Argentina e centro-oeste do Brasil era transportada para o território catarinense a partir de ventos de noroeste a 1500 metros de altitude. 

As temperaturas mais altas do mês e do inverno se deram nesse longo período seco, com registro de 37,5ºC em Criciúma. Porém durante as madrugadas, devido ao céu limpo havia perda de radiação diurna e as temperaturas mínimas caiam, gerando altas amplitudes térmicas. Essa mesma perda de radiação associada ao ar mais úmido próximo do litoral, formou seguidos nevoeiros ao longo da segunda metade do mês

AGOSTO FOI COM CHUVA ABAIXO DA MÉDIA CLIMATOLÓGICA


Analisando o mapa acima, com anomalia de precipitação acumulada, pode-se notar que agosto fechou com saldo negativo em questão de chuva. Em todo o Estado as chuvas ficaram abaixo da média climatológica, sendo que no interior a anomalia alcança os -100mm, ou seja, choveu cem milímetros a menos que o esperado. No gráfico abaixo, é possível ver que na capital o mês de agosto teve apenas 6 dias com chuva, com acumulado mensal de apenas 60,3mm.


Em São Joaquim, onde a média climatológica de chuva em agosto é de 170mm, choveu 91,7 milímetros, como mostra o próximo gráfico.


No mapa abaixo, observe que sobre todo o Estado o número de dias consecutivos sem chuva até o dia 30 era de 15 a 25 dias. Um valor assustador.
Na tabela abaixo, confira o quanto choveu em algumas cidades catarinenses em agosto:

CidadeChuva Mensal (mm)
São Joaquim 91,7
Campos Novos86,8
Joinville82,7
Lages80,8
Urussanga79,5
Itajaí72,8
Chapecó67,6
Florianópolis60,3
Major Vieira55,4
Dionísio Cerqueira31,9

TEMPERATURAS: 


As temperaturas médias mensais ficaram até 2ºC abaixo da média climatológica no litoral e sul catarinense. Por outro lado, no planalto norte elas ficam entre 1 e 3ºC acima da média. No restante do Estado ficou dentro do normal. Veja detalhes no mapa abaixo:


Confira os valores mais baixos de temperatura mínima mensal no Estado:

CidadeTemp. Mín (ºC)
Morro da Igreja -3,6
Urupema-3,6
São Joaquim-2,8
Água Doce-1,8
Ituporanga-0,7
Major Vieira-0,6

E agora os mais altos:

CidadeTemp. Máx (ºC)
Criciúma37,5
Urussanga35,7
Jacinto Machado35,6
Turvo35,4
Massaranduba35,2
Araranguá34,9
Caibi33,8
Florianópolis32,4


DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM

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