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quinta-feira, 14 de abril de 2011

ADVECÇÃO DE AR QUENTE E ÚMIDO DÁ CONDIÇÕES PARA TEMPORAIS EM SC

Na imagem de satélite acima, é possível ter uma noção da tamanha instabilidade que se estabeleceu sobre o Sul do Brasil. Note que a temperatura de topo das nuvens chega a alcançar os -80ºC no oeste e meio-oeste catarinense. Essas nuvens com alto desenvolvimento vertical, ou seja, as chamadas Cumulunimbos, provocaram temporais isolados em algumas partes do estado. A maior parte dessas chuvas aconteceram entre o final de tarde e início da noite desta quinta-feira. 

Em Chapecó, por exemplo, a tempestade veio por volta das 19h, com ventos fortes de 66,6km/h. Só na primeira hora de chuva o pluviômetro automático do CIRAM já havia registrado um acumulado superior a 15mm, sendo no total 38,3mm durante toda a precipitação. Ainda no oeste, porém mais no extremo da região, o município de Dionísio Cerqueira teve temporal a partir das 21h, com ventos de 68,4km/h, tendo chovido 25,6mm. Seguindo até o meio-oeste, Caçador apresentou chuva forte entre as 19 e 20h, acumulando altos 33,6mm. O vento por lá chegou a 59km/h.

No Vale do Itajaí, um dos municípios mais atingidos foi Blumenau, onde choveu 51,5mm em pouco tempo, o que resultou em alagamentos, como mostra a foto a seguir, registrada pelo colaborador Jaime Batista da Silva.

Blumenau-SC
No Alto Vale, quem teve também chuva forte foi Rio do Oeste, onde precipitou 31mm. No Sul do estado, um dos municípios que mais registrou chuva forte em poucas horas foi Turvo, com 32,1mm. O vento mais intenso se deu em Siderópolis, com 58km/h. Na Grande Florianópolis, a chuva foi até bem uniforme, sendo que choveu 17,8mm em São José e 17,5mm em Florianópolis. Na capital catarinense, as rajadas de ventos no aeroporto Hercílio Luz alcançaram  56km/h no início da noite. A temperatura que marcou 32,4ºC, foi caindo com a nebulosidade, até registrar 22,3ºC no início da chuva.

O motivo para a formação desses temporais é a aproximação de uma frente fria pelo RS (vista na primeira figura desse post). Como esse sistema gera uma rampa onde o ar quente é forçado a subir, cria-se uma área com baixa pressão, que mesmo estando mais significativa sobre o estado gaúcho, acaba aumentando a advecção de calor e umidade da floresta amazônica para Santa Catarina. Na figura abaixo, esses ventos úmidos amazônicos são vistos na cor avermelhada sobre o Paraguai até o oeste catarinense, sendo sua direção noroeste.
Além desse fator na baixa troposfera, temos ainda a presença de um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) de onda curta em altitudes superiores sobre os Andes, que gera divergência de ventos na sua borda leste e assim aumenta ascenção do ar nos baixos níveis troposféricos, o que favorece a "esteira" de ar quente e úmido amazônico para o Sul do Brasil. Tal cavado é visto na próxima figura, representado pelos traços pretos.
Para a sexta-feira, o CIRAM prevê um dia com sol, variação de nuvens e chance de temporais isolados.

DADOS: CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRA, INMET, MARINHA DO BRASIL
Mapas de geração própria.

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