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sexta-feira, 1 de abril de 2011

ANÁLISE DO MÊS DE MARÇO-2011

O mês de março deste ano de 2011 teve como principais características as massas de ar frio mais significativas do ano até o momento e o acumulado mensal de chuva acima da média em Santa Catarina. Vamos aqui analisar os valores de temperatura, precipitação acumulada e insolação diária, com base em estações meteorológicas automáticas oficiais, do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) e INMET (Instituto Nacional de Meteorologia)

Analisando de uma forma global, tivemos ainda atuação do fenômeno La Niña (resfriamento anormal das águas do oceano Pacífico equatorial), apesar de estar em fase de enfraquecimento. Devido a esse sistema, o Outono começou mais cedo, com madrugadas mais amenas e até frias. Na figura abaixo, vemos as anomalias de temperatura superficial do mar no dia 9. Note a região circulada onde localiza-se o La Niña.
Em média, o estado catarinense teve um mês com temperaturas abaixo da normal climatológica para março, tanto nas mínimas como nas máximas. Ocorreram ingressos de quatro massas de ar frio. A primeira adentrou bem no início do mês, sendo a que provocou a menor temperatura de 2011: 3,9ºC em Urupema. No entanto em se tratando de abrangência de ar frio mais significativo, a segunda e a terceira onda de frio ficou na frente, sobretudo a primeira, a qual deixou a madrugada do dia 15 com temperaturas mínimas abaixo dos 14ºC inclusive no leste, onde o município de Jacinto Machado anotou 12,7ºC. A última madrugada de frio de março iniciou com a chegada de um novo anticiclone polar, mas que devido a influência da nebulosidade acabou não apresentando marcas tão baixas. 

As temperaturas máximas obtiveram três grandes picos, normalmente associado a ingresso de ar quente pré frontal ou associado a áreas de baixa pressão. A temperatura mais alta do mês se deu em Itapiranga com 36,0ºC no dia 5. As anomalias negativas das máximas aparecem justamente no leste, onde a insolação média mensal ficou mais baixa devido aos dias mais nublados. Olhando no gráfico de insolação diária abaixo, notamos quem em Florianópolis houve apenas 7 dias com predomínio maior do sol, enquanto no resto ficou mais nublado ou parcialmente nublado, sobretudo no fim do mês.
Por falar em nuvens, como foi dito na introdução, o mês de março foi com chuvas acima da média em Santa Catarina, sobretudo no oeste, meio-oeste e litoral norte. Apenas parte do litoral sul e do planalto norte tiveram deficiência de precipitação em relação a climatologia. Veja mais na figura abaixo:
No oeste e meio-oeste, apesar da grande quantidade de chuvas, essas acabaram se concentrando no fim do mês, além também dos dias 11 e 12. Em Chapecó, por exemplo, o acumulado mensal de precipitação foi de 227,9mm, mas até o dia 25 o acumulado parcial não passava dos 76mm!. No gráfico abaixo você percebe bem essa situação descrita neste parágrafo.
Já no litoral norte, o mês como um todo foi chuvoso. Em Joinville, dos trinta e um dias de março, apenas 7 não apresentaram registro de chuva, mas sim nebulosidade variável. A cidade mais populosa do estado teve um acumulado mensal de precipitação bastante elevado: 529,7mm. Para se ter uma idéia, o normal é chover em torno dos 280mm em março.

Na tabela abaixo, você confere alguns valores de precipitação mensal de março de 2011 em solo catarinense.

Cidade (ESTAÇÃO Precipitação acumulada (mm) em março-2011
Joinville (Litoral Norte)529,7
Florianópolis (Grande Fpólis)331,8
Blumenau  (Vale do Itajaí)295,5
Indaial (Vale do Itajaí)293,5
São Miguel do Oeste (Oeste)264,6
Itajaí (Litoral Norte)255,0
Chapecó (Oeste)227,9
Ponte Serrada (Oeste)200,3
Lages (Planalto Sul)168,9
Major Vieira (Planalto Norte)162,7
Urussanga (Litoral Sul)153,5

O que atuou para a ocorrência dessas chuvas foram principalmente a formação e passagem de cavados (áreas alongadas de baixa pressão), que causavam ingresso de umidade marítima que já vinha a partir da circulação de anticiclones pós frontais, e também umidade da floresta amazônica. Algumas frentes frias litorâneas também contribuíram para chuvas. No sul do estado um Vórtice Ciclônico provocou mais de 100mm de chuva em 24 horas no dia 10. Inclusive dois dias depois, o município de Forquilhinha registrou uma nuvem funil (formação tornádica que não chega a tocar o solo). Já no fim do mês, uma frente semi-estacionária trouxe chuva de uma forma mais abrangente, o que motivou a chegada das precipitações no oeste e meio-oeste, regiões que estavam com estiagem.

Voltando a escala global, esse excesso de chuvas mesmo com a chegada do outono, é explicado ainda pelo fato de o oceano Atlântico a leste do Sul do Brasil, Uruguai e Argentina, estar com temperatura da água acima da normal climatológica, o que gera mais evaporação e mais vapor d'água na troposfera. Na figura de temperatura superficial do mar, mostrada no início dessa postagem, é possível observar claramente esse aquecimento anormal.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, AGRITEMPO, NOAA

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