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quinta-feira, 23 de junho de 2011

MUITA CHUVA E SUSPEITA DE TORNADO NO OESTE CATARINENSE

Na noite de terça-feira, a postagem do blog Paulo Tempo havia informado sobre os altos valores de precipitação acumulada no oeste catarinense, sobretudo em em São Miguel do Oeste, onde em 24 horas havia chovido 109mm. Na madrugada de ontem, os temporais continuaram a afetaram também Xanxerê. O município, que até então somara 50mm no dia anterior, passou por uma forte tempestade durante a madrugada da quarta-feira. Durante todo o dia, foi somado 135,6mm por lá, o que somado ao da terça-feira, revela que em apenas 48 horas precipitou 185,6mm, o que é superior e média mensal de junho! Houve registro de alagamentos e foi decretado situação de emergência.

Porém, na madrugada de ontem, o pior dos temporais ficou para o município de Galvão. De acordo com a defesa civil, 800 moradores foram afetados e 200 casas foram danificadas. Agora chamo a atenção para um dado interessante. Como em Galvão não existe estação meteorológica, podemos pegar a mais próxima que fica em Novo Horizonte para ter uma noção dos ventos e da chuva. No entanto, o vendaval foi tão localizado, que a estação de Novo Horizonte não teve mais que 40km/h naquele momento. Há muitas suspeitas de que tenha sido um tornado que atingiu a região de Galvão, pois o estragos são muito localizados. Um morador inclusive relata que o vento era "diferente" aos outros. Em situações de tornados, é comum árvores serem arrancadas pela raiz, como mostra a foto abaixo tirada lá.
Galvão-SC
Houve estragos pela chuva também em Romelândia, Galvão, Marema, Santa Terezinha do Progresso e Lageado Grande, cujos quais decretaram também situação de emergência.

Se olharmos a imagem de satélite da madrugada ontem, por volta das 3 horas, veremos que o formato da nebulosidade de desenvolvimento vertical assume um formato aproximadamente triangular, a começar pelo nordeste da Argentina. 
Isso indica que havia intensa divergência de ventos em altitudes superiores. Na figura a seguir, vemos bem essa divergência na área circulada, onde parte dos ventos vai para o sentido nordeste e a outra parte vai para sudeste.
Com a forte divergência dos ventos lá no alto da troposfera, o ar dos baixos níveis acaba ganhando vorticidade ciclônica e ascendendo rapidamente, formado nuvens com alto desenvolvimento vertical. Para que se forme um tornado, é preciso que haja bastante cisalhamento vertical, que é a diferença entre a direção e velocidade dos ventos entre altitudes diferentes. O índice de instabilidade Sweat indica esse potencial. Nas primeiras 9 horas de ontem esse índice apontava um valor entre 240 e 270 sobre o oeste do estado, o que implicava em intenso cisalhamento, compatível com condição tornádica.
No meio-oeste, ontem choveu 61,7mm em Água Doce, sem notícias de danos pela precipitação. Nas outras regiões catarinenses, os valores de chuva na quarta-feira não ultrapassaram muito os 50mm, a exemplo dos baixos valores apresentado na terça-feira. Na serra catarinense, choveu 28,7mm em Campo Belo do Sul. No litoral sul, houve acumulado de 22,9mm. No litoral norte e Grande Florianópolis, as maiores pancadas de chuva foram hoje pela manhã, com 16,3mm em Itajaí e 9,6mm em São José.

A divergência dos ventos estava associada com um Vórtice Ciclônico, que nesta quinta-feira gerou um ciclone extratropical sobre o estuário do rio da Prata. Na imagem do satélite GOES-12 nesta noite, é possível ver o sistema já no mar.


DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, PORTAL EDER LUIZ
FOTO: DIÁRIO CATARINENSE
Mapas de criação própria

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