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terça-feira, 9 de agosto de 2011

ALTOS ACUMULADOS DE CHUVA, REGISTRO DE GRANIZO E VENDAVAIS EM SC

A área de baixa pressão (cavado) de superfície na noite de ontem e madrugada de hoje, acabou se intensificando sobre Santa Catarina. Isso foi provocado pelo avanço de outro cavado, sendo este localizado na alta troposfera, numa altitude de mais ou menos 12km. O referido sistema é visto na figura abaixo pelos traços pretos.
Com a intensificação, a área de baixa pressão de superfície se converteu em um sistema de baixa pressão, onde a circulação é fechada, ou seja, os ventos giram completamente em torno de um centro com menor pressão atmosférica. Isso é verificado na próxima figura.
Veja que com essa configuração, os ventos úmidos de sudeste/leste adentraram mais o estado, ao mesmo tempo que ventos quentes de noroeste entravam ainda pelo oeste. O primeiro trazia umidade marítima, ao passo que o segundo umidade amazônica. A 1500m de altitude (figura abaixo), ainda nos baixos níveis da troposfera, os ventos de noroeste estão mais dentro do estado, o que implica que tivemos avanço de ar quente sobre a rampa de ar mais frio.
Com essa intensificação, principalmente sobre do oeste ao litoral norte, onde ainda não havia estragos, as chuvas aumentaram e os temporais aconteceram. Na madrugada de hoje, era possível ver nuvens com alto desenvolvimento vertical, com topos frios de temperatura de até -70ºC sobre o estado. Aconteciam muitas descargas elétricas também.
Segundo a defesa civil e o portal de comunicação Eder Luiz, houve estragos devido a vendavais nos municípios de Xaxim, Xanxerê, Ouro, Monte Carlo, Lages, Cordilheira Alta, Chapecó, Capinzal, Campos Novos, Piratuba e Alto Bela Vista, todos localizados no oeste e meio-oeste catarinense. Em Campos Novos, os ventos registrados pela estação automática do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) na hora da tempestade, alcançaram os 117km/h por volta das 9 horas da manhã, resultando em destelhamentos e quedas de árvores, como mostram as fotos abaixo. Pelas características da destruição, como árvores quebradas na mesma direção, é possível que tenha ocorrido o fenômeno chamado microexplosão, cujo qual acontece quando o ar descende de altitudes superiores com tanta força que diverge junto ao solo e provoca rajadas fortes de vento.
Campos Novos-SC
Campos Novos-SC
Campos Novos-SC
Verificando os índices de instabilidade K e Totals (figura abaixo), podemos notar na próxima figura, que sobre o oeste, meio-oeste  e planalto norte, o índice Totals está com valor de até 54 sobre essas áreas, o que já é considerado forte. Ao mesmo tempo, o índice K estava com valor entre 25 e 30, considerado fraco. Essa conjunção nos mostra que a atmosfera sobre estas regiões citadas estava quente e bastante úmida apenas nos baixos níveis, apresentando uma camada bastante seca e fria a partir de uma altitude de 3km. Isso tornou o tempo mais severo por lá, com registro até de granizo. Já sobre as outras áreas, a coluna de ar úmido se estendia até altas altitudes, porém os valores dos índices estão mais baixos devido a pouca variação vertical de temperatura.
O sudeste catarinense voltou a experimentar chuva constante e por vezes intensa nesta terça-feira, sendo já completadas 48 horas seguidas de precipitação. Os valores já beiram os duzentos milímetros e passam dos 150mm em muitas cidades. Em Urupema, a estação particular do fórum Abaixo de Zero, registrou já 205,4mm desde ontem. Em Urubici, a estação meteorológica do INMET instalada no Morro da Igreja já acusou 186,4mm no mesmo período. A terceira cidade que mais choveu foi Timbé do Sul, com acumulado de 182,4mm na estação do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina). Confira mais detalhes na tabela abaixo.
Cidade (ESTAÇÃO Chuva 48h (mm) Região
Urupema (PARTICULAR)205,4Planalto Sul
Urubici  (INMET)186,4Planalto Sul
Timbé do Sul (CIRAM)182,4Litoral Sul
São Joaquim (CIRAM)153,7Planalto Sul
Florianópolis (CIRAM)153,6Grande Fpólis
Turvo (CIRAM)152,8Litoral Sul
Jacinto Machado (CIRAM)152,1Litoral Sul
São José (CIRAM)145,8Grande Fpólis
Meleiro (INMET)128,8Litoral Sul
Ituporanga (INMET)121,4Alto Vale
Araranguá  (INMET)119,6Litoral Sul
Criciúma (CIRAM)111,6Litoral Sul
Criciúma (INMET)103,0Litoral Sul

Com a chuva dos últimos dois dias, o nível dos rios subiu bastante, levando atenção as comunidades próximas. Segundo a Plantar Agronomia, o nível do rio Tubarão chegava a 4,41m nesta noite, o que já é consideração estado de atenção. Na foto abaixo, enviada pelo colaborador José Luiz Mattei, podemos ver como estava este rio sobre o município de Orleans.
Orleans-SC
Outro rio preocupante é o rio Araranguá, que na tarde de hoje estava quase 2,40m acima do nível normal, deixando em alerta a defesa civil. Como visto na tabela anterior, dentro da bacia do rio Araranguá, já choveu desde ontem 152,1mm em Jacinto Machado, 128,8mm em Meleiro e 119,6mm em Araranguá. Além disso, próximo de sua nascente na divisa da serra gaúcha com a catarinense, os acumulados de chuva foram significativos desde ontem, com até 153,7mm em São Joaquim, denotando que a área que corta o rio recebeu mais de cento e cinquenta milímetros de precipitação. Alguns afluentes do rio Araranguá chegaram a transbordar, alagando algumas comunidades do sul do estado.
Araranguá-SC
Ao todo 21 municípios do sudeste catarinense foram afetados por enchente e deslizamentos de terra. Os escorregamentos terrestres foram registrados principalmente em Florianópolis e Brusque. Em Santo Amaro da Imperatriz uma ponte chegou a cair. No estado inteiro, 28 municípios já sofreram danos por conta da chuva intensa, vendavais e queda de granizo. Esses são dados atuais da defesa civil, portanto podem se alterar ao longo das próximas horas.

Ao longo da tarde, a evolução do sistema de baixa pressão e seu deslocamento em direção ao alto mar, provocou a incursão de ar frio de sudoeste, formando uma frente fria. Na imagem de satélite das 15h, podemos observar o ramo frio frontal sobre o litoral do Paraná e São Paulo, com o sistema de baixa pressão na frente da costa catarinense. Isso resultou em diferença de pressão atmosférica, culminando em aumento na velocidade dos ventos no fim de tarde. As rajadas já alternavam entre 40 e 50km/h pelo litoral. Na imagem do satélite GOES-12, podemos observar as nuvens e os sistemas sinóticos comentados neste parágrafo.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, CORREIO DO SUL, PORTAL ENGEPLUS, PORTAL EDER LUIZ
FOTOS: COLABORADOR JOSÉ LUIZ MATTEI, PORTAL ENGEPLUS, PORTAL EDER LUIZ.
Mapas de criação própria

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