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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

CALOR DE UM LADO E CIRCULAÇÃO MARÍTIMA NO OUTRO

Nesta sexta-feira, o nordeste e extremo sul catarinense amanheceram com cobertura de nuvens estratiformes, que impediram o sol de aparecer por boa parte do dia, senão ele por inteiro. Na imagem do satélite Terra com o sensor Modis em alta resolução (abaixo), pode-se ver essa condição.
Essa cobertura de nuvens era provocada por dois fatores, sendo um geográfico e outro meteorológico. Ou seja, tinhamos circulação de umidade entre o oceano Atlântico e o leste catarinense, por ventos de leste provenientes de um anticiclone em alto mar na altura do leste argentino (letra A na figura abaixo).
A umidade ao ser advectada para o nosso litoral, acaba encontrando um relevo formado por montanhas e serras, forçando o ar a se elevar e resfria-se por expansão adiabática, o que culmina com a formação de nuvens. Na próxima figura de análise temos o perfil vertical de umidade (linha verde) em Joinville as 9h de hoje. Veja que antes de diminuir, a umidade relativa do ar tem uma inversão no nível de 900 hPa, o que representa uma altitude de aproximadamente 1km. É justamente nessa altitude que se encontra a base das nuvens, provando que elas são mesmo baixas pois a umidade logo volta a declinar acima deste nível. Na alta troposfera, no nível de 200 hPa (12km de altitude) tem-se outra subida repentina de umidade, o que indica nuvens altas constituídas por cristais de gelo. Perceba também, que a temperatura (linha azul) fica estável na área onde há as nuvens, até porque a condensação do vapor d'água libera calor latente.
Apesar de receber a umidade, o sul do estado não teve tantas nuvens pois os ventos úmidos marítimos entravam de norte/nordeste, o que associado a maior distância entre a Serra Geral e o mar, determinou um tempo mais estável, exceto no extremo sul. Na foto abaixo, tirada por nosso colaborador José Luiz Mattei, vemos essa condição em Orleans.
Orleans-SC
Juntamente ao sul do estado, boa parte do oeste, meio-oeste e planalto sul tiveram tempo bom e as temperaturas se elevaram bastante. As máximas mais altas foram de 31,2ºC em São Miguel do Oeste, 30,4ºC em Joaçaba e 30,1ºC em Urussanga (perto de Orleans). Acompanhe na tabela a seguir mais detalhes, notando as temperaturas máximas mais baixas na região onde havia céu encoberto.
Cidade (ESTAÇÃO Temperatura Máxima (ºC) Região
São Miguel do Oeste (INMET)31,2Oeste
Criciúma (CIRAM)30,4Litoral Sul
Abdon Batista (INMET)30,1Meio-Oeste
Dionísio Cerqueira (INMET)29,7Oeste
Xanxerê (INMET)29,5Oeste
Três Barras (CIRAM)29,4Planalto Norte
Abdon Batista (CIRAM)29,2Meio-Oeste
Rio Negrinho (INMET)26,1Planalto Norte
Massaranduba  (CIRAM)24,0Litoral Norte
Jacinto Machado (CIRAM)24,0Oeste
São Francisco do Sul (INMET)23,4Litoral Norte
Itajaí (INMET)23,2Litoral Norte
Florianópolis (CIRAM)21,8Grande Fpólis

Esse ar quente que predomina entre o oeste e sul catarinense, provêm do interior do Brasil. Numa altitude de 1500m, esse ar quente também vem com bastante úmidade da floresta amazônica, que dá suporte termodinâmico a um cavado na Argentina. São os chamados Jatos de Baixo Níveis, que aparece mais avermelhado na figura abaixo, onde estão os ventos mais fortes.
Inclusive, com esse ingresso de umidade e calor, os índices de instabilidade atmosférica K e Totals já aumentaram no oeste catarinense (área mais vermelha), sendo até já consistentes com alguma pancada de chuva com trovoadas. A área verde sobre o centro-leste na figura abaixo, indica índice Totals moderado, porém com o K muito baixo, o que se explica pelo fato de a camada úmidade ser muito rasa.
Segundo o CIRAM, a previsão é que o sábado seja de sol, calor e aumento de nuvens, com chance de chuva e temporais isolados no fim do dia em todas as regiões. Risco de granizo e vendavais. No domingo, tempo abafado com chuva e melhoria no fim do dia.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, NOAA.
Mapas de criação própria

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