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sábado, 29 de outubro de 2011

SISTEMA CONVECTIVO DE MESOESCALA TROUXE TEMPORAIS PARA SC

Entre a noite de ontem e durante este sábado, Santa Catarina teve a atuação de um Sistema Convectivo de Mesoescala - SCM, que é um aglomerado de tempestades unidas entre si, com explosivo desenvolvimento vertical. Os SCM's duram em média entre 10 e 20 horas, desde sua formação até a dissipação. O que impulsionou a formação desse sistema foi a atuação do Jato Subtropical (ventos fortes em altos níveis da troposfera) e a corrente de jato em baixos níveis da troposfera advinda da floresta amazônica. O primeiro agente, provoca difluência no escoamento de ventos na alta troposfera, que pode ser identificada na figura abaixo, onde os ventos divergem em sentido sobre o Sul do Brasil.
Essa divergência estava aliada com circulação ciclônica em baixos níveis, que favorecia a atuação da corrente de jato de baixos níveis, a qual transportava uma massa de ar quente e úmido da floresta amazônica para a área do SCM. Esse vento amazônico, é visto na próxima figura, onde os ventos mais fortes estão na cor avermelhada.
Na animação de imagens de satélite abaixo, no canal infravermelho realçado do satélite GOES-12, podemos ver a evolução do SCM, que começou como uma pequena célula convectiva por volta das 23h:30 de ontem.

Os SCM's não só provocam temporais, mas também grandes acumulados de chuva em poucas horas. Isso acontece porque a camada úmida é bastante espessa nesses sistemas, chegando a avançar até acima da média troposfera. Na figura abaixo, temos um perfil vertical de umidade relativa de oeste a leste sobre o estado catarinense na análise das 10h deste sábado, formando uma linha sobre a latitude 27ºS. Veja que os valores superiores a 60% vão desde a superfície até uma altitude de 12km.
Em Joaçaba, por exemplo, chegou a precipitar 105mm entre as 00h e 11h de hoje, ou seja, quase a precipitação do mês em menos da metade de um dia. O vento por lá alcançou os 68 km/h durante duas rajadas. O radar meteorológico da aeronáutica (figura abaixo), localizado no Morro da Igreja em Urubici, detectava refletividade de até 60 dBZ (cor vermelho escuro) as 05 horas da manhã em alguns pontos do Meio-Oeste, indicando chuva muito forte naquele momento. Na área havia chuvas fracas (verde) e moderadas (amarelo) também.

Na tabela abaixo, vocẽ confere outros valores de precipitação em 24 horas, nas estações do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) e INMET (Instituto Nacional de Meteorologia).
Cidade (ESTAÇÃO Chuva 24 horas Região
Joaçaba (INMET)113,6Meio-Oeste
Dionísio Cerqueira (INMET)77,6Oeste
Novo Horizonte (CIRAM)74,6Oeste
Rio das Antas (CIRAM)69,4Meio-Oeste
Caçador (CIRAM)64,8Meio-Oeste
Tangará (INMET)64,8Meio-Oeste
Porto União (CIRAM)59,0Planalto Norte
Major Vieira (INMET)59,0Planalto Norte
Água Doce (CIRAM)58,2Meio-Oeste


Houve granizo isolada em algumas cidades do Oeste e Meio-Oeste. O número de descargas elétricas, comuns obviamente em SCM's, foi grande. A imagem de detecção de raios pelo CPTEC (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos) em conjunto aos detectores da rede RINDAT (Rede Integrada de Detecção de Descargas Atmosféricas), nos mostra claramente a situação.

No leste do estado, o SCM provocou mais nebulosidade do que chuva, sendo que em muitas áreas sequer choveu. Foi o caso de Orleans, que teve tempo encoberto, mas sem qualquer registro de precipitação. Acompanhe na foto abaixo, enviada por nosso colaborador José Luiz Mattei.

Orleans-SC
Nesta noite, o sistema ainda vem provocando tempestades, porém mais concentradas entre o PR e Sudeste do país. O SCM está se convertendo a uma onda frontal, devido a advecção de ar frio em sua retaguarda.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL.
Mapas de criação própria

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