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domingo, 6 de novembro de 2011

APÓS CIRCULAÇÃO MARÍTIMA, CALOR E TEMPORAIS VOLTARAM A SANTA CATARINA

Durante a sexta-feira, a formação de áreas de baixa pressão no interior da Argentina, bem como a nova posição do anticiclone subtropical do Atlântico Sul teve deslocamento, fizeram os ventos virarem drasticamente para norte/nordeste em Santa Catarina, desconfigurando o padrão de circulação de umidade entre o mar e leste catarinense, com exceção de uma pequena parte do Litoral Norte. Na figura de análise de pressão atmosférica e ventos a superfície (abaixo), pode-se notar essa situação.
O colaborador José Luiz Mattei, enviou uma foto tirada na manhã de sexta-feira, mostrando o céu com poucas nuvens em Orleans, sul de Santa Catarina. A predominância era de nebulosidade alta, do tipo Cirrus e Cirrustratus, constituídas por cristais de gelo.
Orleans-SC
As temperaturas, em função do ingresso de ar quente de norte, se elevaram bastante. Segundo as estações do CIRAM e INMET, chegou a fazer na sexta-feira 29,3ºC em Urussanga, 28,7ºC em Criciúma, 27,5ºC em Abdon Batista, 27,3ºC em Xanxerê e 27ºC em Dionísio Cerqueira. Ontem, o calor ficou ainda mais intenso, alcançando 31,5ºC em Urussanga.

Apesar desse calorão durante o dia, fez frio nas madrugadas, sobretudo nas baixadas da região do Planalto Sul. Para se ter uma idéia, na própria quinta-feira São Joaquim teve -0,1ºC, a temperatura mais baixa em novembro desde 1996. Na sexta-feira, a menor se deu em Bom Jardim da Serra com 2,2ºC.
No decorrer da noite de ontem, um cavado (área de baixa pressão alongada) na média troposfera (em torno de 6km de altitude) se posicionava entre o Paraguai e Sul do Brasil, favorecendo o levantamento do ar desde a superfície até esse nível. Consequentemente, os ventos quentes e úmidos da floresta amazônica convergiram para a região em questão. A figura acima mostra o tal cavado (traços pretos) na manhã deste domingo. Já na imagem de satélite abaixo, podemos ver a nebulosidade gerada já ontem a noite, com topos frios de temperaturas de até -70ºC.


No Oeste do estado, o município de Dionísio Cerqueira teve temporal por volta das 23h de ontem, acumulando no total 28,4mm, sendo que na primeira hora de precipitação havia caído 16mm, com vento de 56,9 km/h associado. Foi registrado temporal também em São Miguel do Oeste com 24,1mm e Novo Horizonte com 13,8mm.
Orleans-SC
No sul do estado, a chuva chegou entre a manhã e a tarde. Na foto acima, vê-se como estava o céu de Orleans, tirada por José Luiz Mattei. O temporal mais significativo foi em Jacinto Machado, onde precipitou 37,2mm em duas horas de chuva. Em Timbé do Sul, por volta das 10h uma pancada de chuva fez o pluviômetro do CIRAM acusar 15mm. No Planalto Sul, a maior chuva foi de 15,8mm em Bom Jardim da Serra e 13,4mm em São Joaquim. O radar meteorológico da aeronáutica no Morro da Igreja, detectava essa chuva, sendo que estava entre moderada (amarelo) e forte (vermelho). 

Radar da aeronáutica as 15h00min
Em Florianópolis o temporal chegou por volta das 17h. Apesar da pouca intensidade na chuva e nas descargas elétricas, houve a formação de nuvem arco, o que representava fortes rajadas de vento na retaguarda da tempestade. A foto abaixo, tirada por mim no bairro Campeche, mostra bem essa nuvem (clique nela para ampliar). Na cidade vizinha, São José, choveu tão somente 1mm, na forma de chuvisco. 
Florianópolis-SC
Veja na imagem do radar, que a chuva se concentrava no interior da Grande Florianópolis, mas não atingia com força a parte litorânea, onde apenas houve chuvisco ou então céu encoberto com raros relâmpagos.

Radar da aeronáutica as 17h:30min
Durante a atuação dessas instabilidades geradas pela área de baixa pressão recém formada, houve granizo em São Joaquim, Sombrio e Taió. A última cidade, teve registro do fenômeno em vídeo, postado pelo usuário James no site Youtube.


Ainda fixando no caso de Taió, separei uma figura com análise do perfil vertical troposférico, mostrando valores de temperatura e umidade relativa hoje. Veja que a umidade relativa decai a partir 4500m de altitude. Isso indica que havia uma camada mais úmidade nos baixos níveis, ao passo que na média troposfera uma camada muito fria e seca predominava. Como o ar ascendia bastante, houve favorecimento na formação do granizo. 
Entre o Vale do Itajaí e Planalto Norte, choveu menos que nas demais regiões, somando valores entre 3 e 7mm em geral. Principalmente as cidades próximas do mar obtiveram valores muito baixos de precipitação, sendo que muitas cidades sequer tiveram ela.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, REDEMET, MARINHA DO BRASIL, CLIMATERRA.
VÍDEO: James, Youtube
FOTOS: José Luiz Mattei, Blog Paulo Tempo
Mapas de criação própria

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