Seja bem-vindo. Hoje é

sábado, 26 de novembro de 2011

CAVADO E UMIDADE MARÍTIMA PROVOCARAM TEMPORAIS E GRANIZO EM SC

Entre ontem e e este sábado, um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) nos altos níveis da troposfera (acima de 10km de altitude)se deslocava pela Argentina, como pode-se acompanhar na figura de análise das 10h da manhã de hoje. O referido sistema é representado pelos traços pretos.
O cavado estimulava a ascendência do ar em sua borda leste, favorecendo a queda da pressão atmosférica e assim convergência de ventos úmidos. Essa umidade desta vez veio do oceano Atlântico, desde a superfície até uma altitude de aproximadamente 1500 metros. Na próxima figura, temos uma análise de ventos e umidade relativa a 1500m de altitude. Note que esses ventos provêm do oceano Atlântico tropical, passam pelo interior do Brasil e vem a convergir sobre Santa Catarina, onde fazem uma curva em direção novamente ao oceano.
No dia de ontem, as pancadas se limitaram ao centro-norte do estado, com acumulados baixos e muito isolados. Já neste sábado, a chuva ocorreu no Meio-Oeste, Planalto Norte, Planalto Sul, Vale do Itajaí, Litoral Norte e encosta da Serra Geral. O dia abafado como o de hoje, já prenunciava algum temporal. Tal abafamento era provocado pela temperatura e umidade altas. Na animação de imagens de satélite abaixo, podemos notar o rápido desenvolvimento de nuvens com desenvolvimento vertical entre o Meio-Oeste e Litoral catarinense, na forma de várias células convectivas.

O destaque foram acumulados de chuva bem altos num curto período de tempo em algumas cidades. Foi o caso de Bom Jardim da Serra, onde choveu incríveis 91,2mm, em forma de fortes pancadas ocorridas num espaço de tempo inferior a 6 horas. Em Timbó, nosso colaborador Carlos Grothoff relatou via twitter, um forte temporal que ocorreu no município por volta das 19h20min, que segundo ele foi com chuva bastante forte, como não se via há tempos. Infelizmente não há estação meteorológica por lá e comparar com outras estações próximas seria um grande equívoco, pois o temporal foi de caráter isolado.

Enquanto algumas áreas o destaque foi a chuva, outras o vento. Em Joaçaba, um forte temporal provocou destelhamentos de casas e queda de algumas árvores, como vê-se na foto abaixo. Segundo dados da estação meteorológica do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina), o vento alcançou 101,5 km/h na noite de ontem lá em Joaçaba, em apenas uma rajada.

Vendaval em Joaçaba-SC
Outro destaque nos temporais deste sábado foi a queda de granizo, nos municípios de São Joaquim, Rio Negrinho, Joaçaba, Herval do Oeste, Timbó, Lontras e Alfredo Wagner. No município de Joaçaba, o granizo (foto abaixo) ocorreu junto aquele vento forte relatado anteriormente. Em São Joaquim, a engenheiro agrônomo e climatologista Ronaldo Coutinho, filmou (vídeo abaixo) as pedras de gelo precipitando sobre as roseiras. Em Rio Negrinho, um cinegrafista amador também filmou (vídeo abaixo) o granizo por lá. Mesmo caso de Lontras.

Granizo em Joaçaba-SC



Granizo em São Joaquim-SC



Granizo em Lontras-SC
 


Granizo em Rio Negrinho-SC

Para entender porque houve a formação do granizo, veja as duas figuras abaixo.

A primeira, nos mostra os valores de umidade relativa no nível de congelamento, ou seja, onde a temperatura do ar é igual ou menor que zero grau. Note que entre o Meio-Oeste e Litoral, a umidade estava acima de 50% onde a temperatura era de zero grau, numa altitude entre 4000 e 4200m. Na segunda figura, temos um perfil vertical da troposfera de oeste a leste sobre SC, mostrando os valores ômega (velocidade vertical), sendo que os negativos (cor vermelha) são onde o ar sobe. Perceba que há várias células nessa linha de análise, ou seja, regiões onde o ar sobe, diverge lá no alto e desce logo ao lado onde havia ascendência. 

Como havia ascendência do ar, aliado ao nível de congelamento entre 4000 e 4200m de altitude com umidade relativa acima de 50%, deu-se condições para a formação do granizo. Como o leste do estado fica ao nível do mar (tirando as montanhas claro), as pedras de gelo acabam derretendo no meio do caminho até o chão, caindo sob a forma de chuva. Em Timbó no Vale do Itajaí, o colaborador Carlos afirmou que o granizo foi pequeno e leve, isto porque a cidade está localizada numa altitude de 68m, ou seja, o granizo mesmo quase todo derretido ainda conseguiu precipitar nessa altitude. Já no Meio-Oeste e Planalto Serranos, as altitudes superam facilmente os 800m, dando mais condições a queda quase intacta das pedras de gelo.

Muitas descargas elétricas foram registradas durante a atuação das células convectivas. O número delas impressionava durante a tarde, principalmente por volta das 14h45min, como mostra a imagem abaixo. A detecção é feita pelo Rindat e a imagem de satélite como plano de fundo é do satélite GOES-12.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL E CLIMATERRA
FOTOS: CARLOS GROTHOFF E PORTAL EDER LUIZ.
VÍDEOS: RONALDO COUTINHO E CINEGRAFISTA AMADOR
Mapas de criação própria

Nenhum comentário: