Esse começo de dezembro está sendo marcado pela entrada de uma massa de ar frio e seco em Santa Catarina. Após a saída da frente fria, o ciclone extratropical associado a ela impulsionou a incursão do ar frio polar pelo continente sul-americano, alcançando boa parte do centro-sul do Brasil. Esse ciclone (letra B) ontem a noite estava no mar na altura de Mar del Plata na Argentina, com pressão atmosférica central de 990 hPa, como mostra a figura de análise abaixo.
A presença do ciclone extratropical gerou gradiente de pressão atmosférica em relação ao anticiclone polar, o que provocou ventos mais intensos no leste catarinense, com rajadas de 64,4 km/h em Laguna (INMET), 61,2 km/h em Criciúma (RBS), 54,7 km/h em São José (INMET) e 50 km/h na capital (PARTICULAR). Como o mar responde um pouco de pois, as ondas de 2 a 3 metros de altura foram registradas no início da manhã de hoje, o que pode ser visto na foto abaixo tirada na praia da Joaquina em Florianópolis.
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| Ondas de 3m na praia da Joaquina em Florianópolis-SC |
| Cidade (ESTAÇÃO | Temperatura mínima (ºC) | Região |
| Urupema (CIRAM) | 0,1 | Planalto Sul |
| São Joaquim - Cruzeiro (CIRAM) | 0,6 | Planalto Sul |
| Urubici - Morro da Igreja (INMET) | 2,6 | Planalto Sul |
| Bom Jardim da Serra (CIRAM) | 3,8 | Planalto Sul |
| Caçador (CIRAM) | 5,1 | Meio-Oeste |
| Abdon Batista (CIRAM) | 6,4 | Meio-Oeste |
| Campos Novos (CIRAM) | 6,5 | Meio-Oeste |
| Xanxerê (INMET) | 9,8 | Meio-Oeste |
| Major Vieira (CIRAM) | 10,6 | Planalto Norte |
| Jacinto Machado (CIRAM) | 11,3 | Litoral Sul |
| Urussanga (INMET) | 11,8 | Litoral Sul |
| Turvo (CIRAM) | 12,5 | Litoral Sul |
Boa parte desse frio foi registrado nos vales e baixadas, que fazem parte do relevo catarinense. O ar frio, mais denso, tende a escoar para esses locais. Isso foi bem evidente em São Joaquim, que teve 0,6ºC a 1156m de altitude, ao passo que a 1376m o valor foi de 4,0ºC. Situação semelhante em Caçador, onde a mínima de 5,1ºC foi a 960m de altitude, mas a 980m outro termômetro registrou 6,3ºC. Urupema não teve grandes diferenças, pois a cidade em si fica numa grande baixada.
Com o céu limpo, vento fraco e acumulação de ar frio nas baixadas e vales, a geada se formou. O fenômeno foi registrado em São Joaquim, onde a temperatura de relva, ou seja, aquela registrada na altura do solo, chegou a -3,4ºC, fazendo congelar o orvalho e assim formar a geada. Ela pode ser vista nas fotos abaixo, tiradas pelo engenheiro agrônomo e climatologista Ronaldo Coutinho.
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| Geada em São Joaquim-SC |
A característica seca da massa de ar frio em Santa Catarina era determinada pela presença de cristas (áreas alongadas de alta pressão atmosférica) em altitudes superiores, que podem ser notadas abaixo através dos ventos predominantes de sudoeste a 12km de altitude.
No entanto, a única exceção durante o dia de hoje foi o norte catarinense, onde houve maior predomínio de nuvens. O motivo está em superfície, onde os ventos sopravam de sudeste, trazendo umidade marítima para aquela região, o que associado ao relevo acidentado, causou o levantamento do ar úmido e assim a formação de nuvens por expansão adiabática. Esses ventos de sudeste atingindo o norte do estado podem ser vistos na figura de análise das 10h desta sexta-feira.
No decorrer desta noite, os ventos viraram para sudeste a leste nas demais áreas do litoral, provocando o mesmo resultado. Na capital começou a chover por volta das 22h. De acordo com dados do CIRAM e INMET, já choveu agora a noite 7,9mm em Florianópolis, 5,2mm em Timbé do Sul, 2,8mm em Urussanga e 0,4mm em Itapoá.
DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, CLIMATERRA, MARINHA DO BRASIL
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