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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

ÁREA DE BAIXA PRESSÃO TROUXE TEMPORAIS COM VENDAVAIS E GRANIZO PARA SC

Na primeira figura dessa postagem, temos a análise da circulação dos ventos na alta troposfera as 10h da manhã desta quarta-feira. Como vê-se na legenda, as áreas com ventos mais mais intensos é a de cor avermelhada. Veja que há uma faixa com ventos fortes com orientação quase zonal (oeste para leste), passando pelo Sul do Brasil, principalmente Santa Catarina. Essa corrente de ventos fortes é denominada Jato Subtropical, que acontece somente em altas altitudes, acima de 10km. Tal Jato, induziu o movimento vertical ascendente do ar e assim a formação de uma área de baixa pressão atmosférica nos médios e baixos níveis da troposfera.

Com a formação da área de baixa pressão, uma massa de ar quente e úmido ingressou sobre Santa Catarina. Isso pode ser notado na figura abaixo, onde vemos o campo de espessura da camada entre os baixos e médios níveis, bem como valores de pressão atmosférica reduzida ao nível médio do mar. Note que a espessura da camada está mais alta (áreas próximas da cor vermelha) e que a pressão é baixa de aproximadamente 1012 hPa, o que prova a característica de massa de ar quente úmida com baixa pressão atmosférica, pois o ar quente e úmido é menos denso e ocupa maior espessura.

Na animação de imagens do satélite GOES-12 (abaixo), vemos o desenvolvimento das nuvens verticais em forma de células por Santa Catarina. Veja que elas seguem a orientação do Jato Subtropical.
Como mostra a animação acima, as primeiras células convectivas formadas foram em parte do Oeste, Meio-Oeste, Planalto Sul e Litoral Sul catarinense. As chuvas foram intensas localmente, além de terem sido mal distribuídas. Em Caçador, por exemplo, choveu 17mm na parte oeste da cidade, ao passo que no setor leste precipitou apenas 3,4mm. Ainda focando no Meio-Oeste, o município de Água Doce teve temporal, com acumulado significativo de chuva de 40,1mm em poucos minutos. Chuva forte associada a tempestade também em Joaçaba, com registro de 33,6mm. O vento por lá chegou a 59,4 km/h. No Oeste, o maior valor foi apenas em São Miguel do Oeste com 26mm.

No Planalto Sul, o valor mais significativo foi de 26,4mm de chuva em Urubici. O engenheiro agrônomo e climatologista Ronaldo Coutinho observou trovoadas e chuva fraca em São Joaquim, como de fato aconteceu, com apenas 0,4mm. No Litoral Sul, já houve valores de chuva maiores em boa parte das cidades. Em Orleans, a foto abaixo enviada pelo nosso colaborador José Luiz Mattei, mostra a intensidade da chuva, com alguns alagamentos relâmpagos. Em Jacinto Machado, a chuva foi forte, com acumulado de 38,4mm em pouco tempo. Logo depois quem registrava temporal era Turvo, com até 32,6mm. 

Temporal em Orleans-SC, por José Luiz Mattei
Na Grande Florianópolis, os valores de chuva foram também significativos. Em São José ficou chovendo por mais de uma hora, acumulando 38,4mm. Na capital a mesma situação, porém com chuva de até 18mm no bairro Itacorubi. Outros bairros de Florianópolis tiveram mais chuvas, como Capoeiras, onde precipitou 49mm numa estação particular.

Esses valores significativos de chuva podem ser explicados pela pela coluna de umidade ao longo da camada troposférica, que ia até quase os altos níveis. A figura abaixo, com análise de perfil de umidade sobre SC de oeste a leste, vemos bem essa característica. 


Além das chuvas, houve vendavais e granizo. Em Nova Veneza, de acordo com o portal Engeplus, houve vendaval, causando destelhamentos, como mostra a foto abaixo

Vendaval em Nova Veneza-SC
A estação meteorológica com anemômetro mais próxima de Nova Veneza era a de Araranguá, onde o vento alcançou 61,5 km/h. Na foto abaixo, enviado pelo nosso colaborador Filipe de Souza, podemos ver as nuvens Cumulunimbus avançando sobre Araranguá.

Temporal em Araranguá-SC, por Filipe de Souza
Se olharmos a imagem do radar meteorológico da aeronáutica instalado no Morro da Igreja, veremos que a célula de chuva sobre o Sul do Estado as 15h:30 apresentava uma forma de arco, com a parte aberta para sul, o que indicava a presença de ventos fortes, como realmente aconteceu em Nova Veneza. Dei um zoon na célula, para melhor visualização. 


Em Urussanga, o vento também foi forte, chegando a 50,8 km/h na estação meteorológica do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). Na imagem do mesmo radar, por volta das 16h, percebemos novamente a forma de arco, porém agora mais aberto para oeste/sudoeste.


Houve registro de granizo junto ao temporal de Nova Veneza. Pela característica da célula convectiva, outras cidades também apresentaram granizo. A queda de granizo foi motivada por alguns fatores como:

A entrada de ar frio na camada média troposférica devido a uma frente fria no mar. A próxima figura mostra que o nível de congelamento do ar caiu para 4000 metros de altitude somente no Sul do Estado, bem como havia bastante umidade neste nível, que foi congelada.


Intenso movimento ascendente do ar concentrado sobre o Sul do Estado, como vê na parte vermelha da figura abaixo. Isso fez com que as pedras de granizo subissem e descessem várias vezes dentro da nuvem.


As temperaturas máximas no Sul catarinense foram as maiores do estado, com até 32,3ºC em Urussanga, 30,1ºC em Turvo e 30ºC em Meleiro.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, REDEMET, PORTAL ENGEPLUS, CLIMATERRA
FOTO: JOSÉ LUIZ MATTEI, FILIPE DE SOUZA, PORTAL ENGEPLUS
Mapas de criação própria

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