No início dessa semana, o território catarinense e notadamente a região serrana, experimentaram um frio intenso. Segundo dados das estações monitoradas pelo INMET e CIRAM, as temperaturas mínimas foram de -4,4ºC em Urupema, -3,1ºC em Bom Jardim da Serra, 2,4ºC em Caçador e 6,9ºC em Rancho Queimado. Houve geada em Urupema, como mostra a foto abaixo, tirada do site da prefeitura.
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| Geada em Urupema-SC |
Apesar de o fenômeno La Niña (resfriamento anômalo das águas superficiais do oceano Pacífico equatorial e leste) ter já se finalizado, as interações oceano-atmosfera ainda mostram reflexos característicos do fenômeno. Só neste mês, foram registradas 17 geadas na Serra. No final de março e início de abril presenciamos também dias bastante frios, até com geada bem adiantada no planalto sul.
Na figura abaixo, temos a imagem do satélite GOES-12, no canal visível na tarde de quarta-feira, o dia mais chuvoso.
Note que boa parte da nebulosidade se concentrava no leste catarinense. São nuvens baixas, predominantes do tipo Stratus e Stratocumulus. Por isso, não foi verificado grandes volumes de precipitação e nem tampouco de caráter contínuo, sendo essas últimas mais atuantes nos tipos de nuvem Nimbostratus. Segundo dados de estações meteorológicas do CIRAM e INMET, os maiores acumulados de chuva entre quarta-feira e hoje, foram de 27,4mm em Itapoá, 7,7mm em Florianópolis, 4,8mm em Itajaí e 1,2mm em Indaial.
A figura abaixo mostra o perfil de umidade relativa do ar entre os baixos e altos níveis da troposfera sobre Santa Catarina de oeste a leste, na latitude de 27.5º.
Note que a camada úmida sobre o leste (parte direita) se limita até no máximo os 1500 metros de altitude, secando rapidamente após tal nível. Isso condiz com o que estava atuando, ou seja circulação de umidade em baixos níveis a partir de um anticiclone pós frontal sobre o oceano Atlântico, que é aquele mesmo que outrora deslocara o ar frio do início da semana. Na próxima figura abaixo, temos a presença de três variáveis juntas: espessura da camada, vento e pressão atmosférica ao nível do mar. A baixa espessura da camada sobre o centro do anticiclone, prova a característica ainda frio dele. Veja que seus ventos chegam de leste-sudeste, principalmente na Grande Florianópolis e Litoral Norte.
Entrando no leste catarinense, esse ar úmido por ser frio já tem fácil saturação. Encontrando um relevo acidentado (montanhas, serras), esse ar sobe e se resfria ainda mais por expansão adiabática, onde é saturado e ocorre a formação de nuvens de chuva. Logo que chove, o mesmo ar chega seco no Meio-Oeste e Oeste.
DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, CLIMATERRAPREFEITURA DE URUPEMA.
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