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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

ANÁLISE SINÓTICA E OBSERVACIONAL DA TEMPESTADE DO DIA 18/01/2013

ANÁLISE SINÓTICA - 18/01/2013

Na análise sinótica (figura acima) elaborada pelo técnico em meteorologia Paulo Hames, referente as 17h (hora de Brasília) desta sexta-feira (18/01/2013), vemos uma banda de nebulosidade vertical entre MG e oceano Atlântico com orientação noroeste-sudeste, provocada pela presença da ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul), que é um canal de confluência de umidade amazônica que persiste por dias. Em alto mar associado a esse sistema, temos uma frente estacionária, que também gera nebulosidade nessa área. Um outro sistema frontal recém-formado aparece sobre o oceano junto ao Sul do Brasil, com o ramo frio frontal atingindo o litoral catarinense. Seguindo desse ramo, tem-se um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) que gera células convectivas no interior de SC e PR. O anticiclone pós frontal encontra-se sobre o centro da Argentina, com pressão central de 1019 hPa, mantendo uma massa de ar seco e mais frio, que se desloca para o Paraguai e parte do Brasil. Nuvens convectivas se desenvolvem sobre o norte da Argentina e do Paraguai, parte da Bolívia e Centro-Oeste do Brasil, associadas a atuação do Anticiclone Semipermanente da Bolívia em altitudes superiores da troposfera, que gera divergência dos ventos e favorece o movimento ascendente em baixos níveis. Uma faixa de nuvens altas e médias (não verticais) predomina entre o sul da Argentina e leste do RS, provocada pelo Jato Subtropical (ventos fortes na alta troposfera da zona subtropical). Sobre o oceano junto a costa sul do território argentino, um segundo cavado gera nuvens de desenvolvimento vertical.

Em Santa Catarina, a passagem do ramo frio frontal pelo mar, a presença do cavado no interior e fatores termodinâmicos (temperatura alta e umidade da evaporação local) pré frontais, favoreceram o desenvolvimento de temporais isolados junto a esteira frontal e também antes dela. Choveu forte e houve tempestades em muitas áreas do estado, sobretudo na parte leste.

ANÁLISE DAS TEMPESTADES NA GRANDE FLORIANÓPOLIS

Na Grande Florianópolis, o dia que já amanheceu com pouco sol, nebulosidade variável mas muito abafamento, teve temperatura máxima de até 28,8ºC em Tijucas. Entre o período compreendido de 13h:30 até 14h:30, várias cidades foram afetadas pela passagem de uma forte célula convectiva, que gerou até a chamada frente de rajada, que é uma espécie de mini frente fria dentro de uma tempestade. As características de uma frente de rajada são em pouco tempo a mudança rápida da pressão atmosférica, a diminuição brusca da temperatura e a presença de rajada de vento repentina.

Frente de rajada em Capoeiras, Florianópolis-SC, por Paulo Hames

Em Florianópolis, a estação meteorológica do blog Paulo Tempo também localizada no bairro Capoeiras registrou precipitação de 13mm em 15 minutos, vento forte e raios assustadores. Na foto acima tirada por mim, vemos a entrada da frente de rajada, sobretudo em São José, que fica ao longe na imagem. As nuvens parecidas com franjas na dianteira indicam vento forte na traseira, o que de fato aconteceu no município de São José, onde também teve granizo. O vento forte, arrancou coberturas de estacionamentos, postos de gasolina e destelhou cerca de 100 casas. No Norte da ilha de Florianópolis, a colaboradora do blog Paulo Tempo e também caçadora de tempestades Jaqueline Estivallet, fotografou em Canasvieiras uma descarga elétrica atmosférica (foto abaixo). Segundo ela, houve granizo miúdo e o acumulado de chuva em seu pluviômetro somou 34mm em 40 minutos.

Raio em Canasvieiras, Florianópolis-SC, por Jaqueline Estivallet

Pela detecção de descargas elétricas do Rindat composta com a imagem do satélite GOES-12 do CPTEC/INPE na hora do temporal, vemos muitos raios em SC, sobretudo no leste. Veja que na região de Florianópolis, havia 20 a 25 descargas por cada pixel da imagem.

Fonte dos dados utilizados: CPTEC/INPE, REDEMET, RINDAT, INMET, EPAGRI-CIRAM, DIÁRIO CATARINENSE.

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