Na análise sinótica
(figura acima) elaborada pelo técnico em meteorologia Paulo Hames, referente as 20h
(hora de Brasília) desta segunda-feira (14/01/2013), temos sobre o
oceano Atlântico a leste do Brasil um sistema frontal, cujo qual
apresenta um ramo frio em alto mar e um ramo semi-estacionário entre
o sul de SP e oceano adjacente. Esse sistema gera uma faixa de
nebulosidade, que consegue atingir parte da região Sul do Brasil,
além também de parte do RJ. Continente adentro há a presença da
Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que é um canal de
confluência de umidade da floresta amazônica com orientação
noroeste-sudeste, ligado a um sistema frontal estacionário, sendo
bastante comum no verão. A ZCAS forma nuvens com desenvolvimento
vertical desde o norte do Brasil até o estado de SP, sendo que na
imagem do satélite GOES-12 usada para a análise, podemos notar que
os topos congelados dessas nuvens apresentam temperatura de até
-80ºC (oitenta graus negativos). Sobre o oceano junto a costa de Mar
del Plata na Argentina, temos um anticiclone frio pós frontal, com
pressão central de 1017 hPa. Na borda norte desse sistema, temos a
atuação de um fraco cavado (área alongada de baixa pressão
atmosférica) invertido, que forma células convectivas sobre o
litoral norte da Argentina. Nota-se que essas células parecem se
ondular de oeste para leste com curvatura ciclônica. Isso acontece
devido aos ventos fortes na alta troposfera, que moldam o topo das
nuvens verticais. Mesma situação acontece com outro cavado no sul
da Argentina. Sobre o oeste-noroeste argentino seguindo até a
Bolívia, vê-se a presença de uma faixa de nebulosidade vertical,
formada pela presença do Anticiclone Semipermanente da Bolívia ou
Alta da Bolívia (AB), que gera difluência do ar em altos níveis
da troposfera sobre seu centro e áreas juntas ao centro. Como o
centro real desse sistema encontra-se entre o frio oceano Pacífico e
o deserto do Atacama, há nuvens apenas a leste da Cordilheira dos
Andes. O Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) encontra-se
afastado da costa, quase fora do domínio da figura, com pressão
central de 1020 hPa.
Em Santa Catarina, a
presença do ramo semi-estacionário do sistema frontal provocou
formação de nuvens bastante desenvolvidas verticalmente sobre o
norte do estado. Durante esta segunda-feira, principalmente agora a
noite, choveu bastante nessas áreas. As estações meteorológicas
do CIRAM e INMET registraram 95,2mm em Joinville, 57,4mm em Garuva e
53,2mm em Itapoá. Nas outras áreas do leste catarinense a chuva foi
mais provocada pelo vento úmido marítimo de sudeste associado ao
aumento da temperatura durante a tarde. Chegou a chover 8,6mm em
Santo Amaro da Imperatriz, sendo a chuva distribuída pela manhã e
agora a noite. Nas outras áreas do estado o tempo ficou bom. Fez
calor hoje no estado, porém a sensação mesmo de calor ficou melhor
para o interior, onde o vento sudeste não chega. As máximas
alcançaram 29,4ºC em São Miguel do Oeste, 29,1ºC em Joaçaba,
29ºC em Jacinto Machado, 28,5ºC em Indaial, 28,3ºC em Santo Amaro
da Imperatriz e 28,1ºC em Porto União.
Análise sinótica elaborada pelo técnico em meteorologia Paulo Hames
Fonte dos dados utilizados: EPAGRI-CIRAM, INMET, CPTEC/INPE, REDEMET