Desde 1979, a
meteorologia passou a contar com dados de temperatura do ar global
por satélites da NOAA, que conseguem abranger tanto continentes
quanto oceanos. Os satélites conseguem medir a temperatura global de
forma indireta, usando radiômetros para realizar na medição de
microondas termais naturais de oxigênio, as quais são proporcionais
a temperatura da superfície. Esses radiômetros já são calibrados
em laboratório por meio de termômetros de precisão, antes do
lançamento do satélite. Para saber as anomalias, esses dados são
comparados com a série histórica de temperatura de estações
meteorológicas entre 1981 e 2010.
Na imagem abaixo, temos
o gráfico com esses dados de temperatura medidos pelo satélite. O
mês de março deste ano de 2013 fechou com anomalia positiva de
+0,18ºC em relação a média histórica. Segundo o gráfico, a
última vez que o planeta Terra teve em março uma anomalia assim bem
positiva foi no ano de 2010, quando chegou a +0,58ºC. Já em 2011, a
anomalia de temperatura em março ficou negativa, com valor de
-0,07ºC. De acordo ainda com o gráfico, não só março mas como a
maioria dos meses do período entre 2001 e 2007 tiveram anomalias
positivas, sendo que só voltou a variar significativamente de 2008
em diante.
Avaliando por regiões
do planeta, percebe-se que quem mais contribuiu para essa anomalia
positiva de março de 2013 foi o hemisfério norte, que sozinho teve
anomalia de +0,34ºC. No hemisfério sul a anomalia ficou em +0,03ºC,
mostrando que tivemos um março quase dentro do normal por aqui. Como
os oceanos ocupam 71% do planeta e são grandes armazenadores de
calor, eles interferem e muito na temperatura global. Olhando o
gráfico abaixo, que mostra a anomalia de temperatura das águas
superficiais dos oceanos, vemos que março de 2013 ficou com anomalia
negativa. Isso pode explicar a anomalia de temperatura do ar mais
próxima de zero no hemisfério sul, visto que aqui temos mais
superfície líquida do que continentais.
Não podemos também
ignorar os episódios pontuais de frio aqui na América do Sul em
março. Na metade do mês, muitas cidades da Argentina, Uruguai, sul
do Brasil e até áreas altas do sudeste brasileiro tiveram
temperaturas baixas para o mês em questão. Bagé-RS teve sua menor
temperatura do verão, com 4,2ºC. Em Santa Catarina, chegou a fazer
2ºC em Urupema. Mas o impressionante ficou para Mar del Plata na
Argentina, que teve 0,2ºC. Olhando o mapa de anomalia de temperatura
mínima média do ar por estações meteorológicas, feito pelo CPTEC
(Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos) com base nas
estações do INMET e de centros regionais de meteorologia, notamos
que quase toda a região sul do Brasil fechou com anomalia negativa
em março. Porém a maior parte do Brasil ficou entre normal e
positiva.
FONTE DOS DADOS
UTILIZADOS: CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, NOAA, UNIVERSIDADE DO
ALABAMA, METSUL.