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terça-feira, 6 de agosto de 2013

DO FRIO PARA AS TEMPESTADES


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A segunda-feira iniciou com o predomínio de uma massa de ar frio polar em Santa Catarina, que havia entrado no domingo a tarde em todo o território catarinense. As temperaturas mínimas foram bastante baixas em algumas áreas, sendo que nas partes mais altas do Planalto Sul e Meio-Oeste os valores foram negativos. A menor foi em Urupema, onde a estação meteorológica do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) registrou -4,1ºC. Em seguida, ainda no Planalto Sul, tivemos -3,3ºC em Bom Jardim da Serra. Na estação monitorada pela CLIMATERRA na localidade de Pericó em São Joaquim, a mínima chegou a -2,3ºC. No Meio-Oeste o valor negativo foi em Água Doce onde fez -1,8ºC.

Pelo Leste catarinense também fez frio, com mínimas em sua maioria na casa dos 10ºC. Na capital, o valor variou bastante entre os locais. No bairro Capoeiras, parte continental, a estação do Blog Paulo Tempo registrou 11,1ºC. Já na estação particular do Sapiens Park em Canasvieiras, norte da ilha, o valor foi de 8,7ºC. Oficialmente, a temperatura mínima de Florianópolis se deu no bairro Itacorubi, com 10,4ºC na estação do CIRAM. Em Criciúma, litoral sul do estado, a temperatura mínima chegou a 9,6ºC.

Ainda na segunda-feira, durante a tarde nuvens com desenvolvimento vertical começaram a se formar na fronteira de Santa Catarina com o RS e Argentina. Enquanto isso, o Litoral Norte e Grande Florianópolis tinham um manto de nuvens baixas e horizontais, do tipo Stratus e Stratocumulus. A imagem do satélite GOES-13 abaixo mostra bem essa situação.


Essa nebulosidade tinha como causa a presença de um cavamento de pressão na média e baixa troposfera (traços pretos na figura acima), associado a incursão de umidade e calor da floresta amazônica em baixos níveis da troposfera. Na imagem abaixo temos a radiossondagem de Florianópolis (balão de gás hidrogênio com uma sonda meteorológica remota a bordo), realizada duas vezes por dia no aeroporto Hercílio Luz, onde é possível ver um perfil vertical de temperatura, vento e pressão atmosférica da troposfera na noite de segunda-feira.


Note na coluna de barbelas (indicadores de direção e intensidade de vento) a direita do diagrama (área circulada para ilustração), que os ventos na baixa troposfera estavam de noroeste, o que comprova os ventos úmidos provenientes da floresta amazônica. No momento da radiossondagem o cavado ainda não estava bem encima de Florianópolis, mas a sondagem já mostra na média troposfera ventos de noroeste, indicando curvatura ciclônica nessa região, que na verdade é o próprio cavado mencionado.

A medida que ia anoitecendo, a nebulosidade vertical sobre o oeste catarinense ganhava altura e extensão, ao mesmo tempo que se deslocava para leste, em direção ao litoral. Na imagem abaixo, vemos a chuva detectada as 21h de segunda-feira pelo radar meteorológico da aeronáutica, localizado no Morro da Igreja em Urubici. Veja que chovia moderado a forte no Meio-Oeste.

Radar Meteorológico da aeronáutica as 21h de segunda-feira. Fonte: Redemet

Algumas das estações meteorológicas do CIRAM e INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) registraram chuva nessas no Meio-Oeste, onde o radar meteorológico da aeronáutica detectou precipitação de moderada a forte. Em Campos Novos, por exemplo, choveu 52mm durante a tempestade, com registro de descargas elétricas. Curitibanos não foi muito diferente, com acumulado de 49mm. Joaçaba teve 46mm. No oeste, onde começou toda a chuva, tivemos 29mm acumulados em Novo Horizonte. Infelizmente essa região está fora da área de abrangência do radar. Também no oeste, dados de Metar indicaram queda de granizo na região do aeroporto de Chapecó por volta das 22h. O vento por lá chegou a 42 km/h na hora do temporal.

Na próxima imagem, também do radar, vemos a detecção de chuva três horas depois em relação a imagem anterior. Veja que naquele horário já chovia de moderada a forte no Planalto Sul, Vale do Itajaí e uma pequena parte do Litoral Sul.

Radar Meteorológico da aeronáutica as 00h de terça-feira. Fonte: Redemet

Nessas regiões citadas no parágrafo anterior, onde o radar meteorológico detectou precipitação moderada a forte, as estações meteorológicas do CIRAM e INMET também registraram a respectiva chuva. Em Rio do Campo, chegou a acumular incríveis 85mm em menos de 6 horas de duração. Ainda no Vale, o município de Presidente Getúlio teve acumulado de 38mm. Já Corupá registrou 40mm. Assim como o oeste, no Planalto Norte a chuva forte não é detectada pelo radar por estar fora do raio de alcance. Nas estações meteorológicas da respectiva região, choveu 35mm em Canoinhas.

Por volta das 01h:30min da madrugada de hoje, a chuva e temporais atingiram a Grande Florianópolis e Litoral Norte, como é visto na próxima imagem do radar meteorológico da aeronáutica.

Radar Meteorológico da aeronáutica as 01h:30min de terça-feira. Fonte: Redemet

Nas estações meteorológicas, o maior acumulado na Grande Florianópolis foi 27mm em Alfredo Wagner. Em Rancho Queimado, o temporal que acumulou 22mm de chuva, veio acompanhado de fortes rajadas de vento, que chegaram a 62,8 km/h. Na capital, a estação do CIRAM registrou 13mm na parte central. Já no Litoral Norte o maior valor de precipitação durante as tempestades, se deu em Guaramirim com 20mm.

FONTE DOS DADOS: EPAGRI-CIRAM, INMET, CLIMATERRA, CPTEC/INPE, REDEMET.

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