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A segunda-feira iniciou
com o predomínio de uma massa de ar frio polar em Santa Catarina,
que havia entrado no domingo a tarde em todo o território
catarinense. As temperaturas mínimas foram bastante baixas em
algumas áreas, sendo que nas partes mais altas do Planalto Sul e
Meio-Oeste os valores foram negativos. A menor foi em Urupema, onde a
estação meteorológica do CIRAM (Centro de Informações de
Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina)
registrou -4,1ºC. Em seguida, ainda no Planalto Sul, tivemos -3,3ºC
em Bom Jardim da Serra. Na estação monitorada pela CLIMATERRA na
localidade de Pericó em São Joaquim, a mínima chegou a -2,3ºC. No
Meio-Oeste o valor negativo foi em Água Doce onde fez -1,8ºC.
Pelo Leste catarinense
também fez frio, com mínimas em sua maioria na casa dos 10ºC. Na
capital, o valor variou bastante entre os locais. No bairro
Capoeiras, parte continental, a estação do Blog Paulo Tempo
registrou 11,1ºC. Já na estação particular do Sapiens Park em
Canasvieiras, norte da ilha, o valor foi de 8,7ºC. Oficialmente, a
temperatura mínima de Florianópolis se deu no bairro Itacorubi, com
10,4ºC na estação do CIRAM. Em Criciúma, litoral sul do estado, a
temperatura mínima chegou a 9,6ºC.
Ainda na segunda-feira,
durante a tarde nuvens com desenvolvimento vertical começaram a se
formar na fronteira de Santa Catarina com o RS e Argentina. Enquanto
isso, o Litoral Norte e Grande Florianópolis tinham um manto de
nuvens baixas e horizontais, do tipo Stratus e Stratocumulus. A
imagem do satélite GOES-13 abaixo mostra bem essa situação.
Essa nebulosidade tinha
como causa a presença de um cavamento de pressão na média e baixa
troposfera (traços pretos na figura acima), associado a incursão de
umidade e calor da floresta amazônica em baixos níveis da
troposfera. Na imagem abaixo temos a radiossondagem de Florianópolis
(balão de gás hidrogênio com uma sonda meteorológica remota a
bordo), realizada duas vezes por dia no aeroporto Hercílio Luz, onde
é possível ver um perfil vertical de temperatura, vento e pressão
atmosférica da troposfera na noite de segunda-feira.
Note na coluna de
barbelas (indicadores de direção e intensidade de vento) a direita
do diagrama (área circulada para ilustração), que os ventos na baixa troposfera estavam de noroeste, o
que comprova os ventos úmidos provenientes da floresta amazônica.
No momento da radiossondagem o cavado ainda não estava bem encima de
Florianópolis, mas a sondagem já mostra na média troposfera ventos
de noroeste, indicando curvatura ciclônica nessa região, que na
verdade é o próprio cavado mencionado.
A medida que ia
anoitecendo, a nebulosidade vertical sobre o oeste catarinense
ganhava altura e extensão, ao mesmo tempo que se deslocava para
leste, em direção ao litoral. Na imagem abaixo, vemos a chuva
detectada as 21h de segunda-feira pelo radar meteorológico da
aeronáutica, localizado no Morro da Igreja em Urubici. Veja que
chovia moderado a forte no Meio-Oeste.
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Radar Meteorológico da aeronáutica as 21h de segunda-feira. Fonte: Redemet |
Algumas das estações
meteorológicas do CIRAM e INMET (Instituto Nacional de Meteorologia)
registraram chuva nessas no Meio-Oeste, onde o radar meteorológico
da aeronáutica detectou precipitação de moderada a forte. Em
Campos Novos, por exemplo, choveu 52mm durante a tempestade, com
registro de descargas elétricas. Curitibanos não foi muito
diferente, com acumulado de 49mm. Joaçaba teve 46mm. No oeste, onde
começou toda a chuva, tivemos 29mm acumulados em Novo Horizonte.
Infelizmente essa região está fora da área de abrangência do
radar. Também no oeste, dados de Metar indicaram queda de granizo na
região do aeroporto de Chapecó por volta das 22h. O vento por lá
chegou a 42 km/h na hora do temporal.
Na próxima imagem,
também do radar, vemos a detecção de chuva três horas depois em
relação a imagem anterior. Veja que naquele horário já chovia de
moderada a forte no Planalto Sul, Vale do Itajaí e uma pequena parte
do Litoral Sul.
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Radar Meteorológico da aeronáutica as 00h de terça-feira. Fonte: Redemet |
Nessas regiões citadas
no parágrafo anterior, onde o radar meteorológico detectou
precipitação moderada a forte, as estações meteorológicas do
CIRAM e INMET também registraram a respectiva chuva. Em Rio do
Campo, chegou a acumular incríveis 85mm em menos de 6 horas de
duração. Ainda no Vale, o município de Presidente Getúlio teve
acumulado de 38mm. Já Corupá registrou 40mm. Assim como o oeste, no
Planalto Norte a chuva forte não é detectada pelo radar por estar
fora do raio de alcance. Nas estações meteorológicas da respectiva
região, choveu 35mm em Canoinhas.
Por volta das 01h:30min
da madrugada de hoje, a chuva e temporais atingiram a Grande
Florianópolis e Litoral Norte, como é visto na próxima imagem do
radar meteorológico da aeronáutica.
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Radar Meteorológico da aeronáutica as 01h:30min de terça-feira. Fonte: Redemet |
Nas estações
meteorológicas, o maior acumulado na Grande Florianópolis foi 27mm
em Alfredo Wagner. Em Rancho Queimado, o temporal que acumulou 22mm de chuva, veio acompanhado de fortes rajadas de vento, que chegaram a 62,8 km/h. Na capital, a estação do CIRAM registrou 13mm na
parte central. Já no Litoral Norte o maior valor de precipitação
durante as tempestades, se deu em Guaramirim com 20mm.
FONTE DOS DADOS: EPAGRI-CIRAM, INMET, CLIMATERRA, CPTEC/INPE, REDEMET.