Começou repentinamente e se estendeu ao longo de toda a tarde e noite de ontem, ainda querendo continuar por toda a madrugada desta quinta-feira, quarto dia do mês de março. Pois é, estou me referindo a chuvarada que se abateu sobre a região litorânea do Estado entre ontem a tarde e madrugada de hoje, sobretudo entre Florianópolis e norte do Estado.
A imagem de radar das 17:30h de ontem mostra claramente a força da chuva na região da Grande Florianópolis, com valores em torno de 15 a 25 milímetros de chuva por hora (em média), estimada pelo próprio radar mediante a refletividade das gotas de chuva. Veja:
Para se ter uma idéia, os acumulados dentro da capital se aproximaram dos 100 milímetros! Em minha estação localizada no bairro Capoeiras em Florianópolis, obtive 90 milímetros de precipitação desde ontem. Confira na tabela a seguir os valores de chuva acumulada entre as 14h (local) de ontem e 14h de hoje:
Florianópolis (Paulo Tempo) | 90,0mm |
| São José (Inmet) | 82,6mm |
Itapoá (Inmet) | 73,6mm |
Florianópolis (Casan) | 47,8mm |
| Florianópolis (ciram) | 43,9mm |
| Timbé do Sul (Ciram) | 25,0mm |
Observe no mapa abaixo, disponível no site do CPTEC/INPE, a precipitação real acumulada entre ontem e hoje no Estado, destacando novamente a região da Grande Florianópolis.
A condição do tempo verificada se deu em virtude de um sistema atmosférico denominado cavado invertido, que é uma baixa pressão na borda de um sistema de alta pressão, que no caso era a poderosa alta pressão do atlântico, a qual transporta umidade para o litoral catarinense. Todos esses fatores foram cruciais para tal formação.
O PIOR AINDA ESTÁ POR VIR!
Há dias, apesar de ainda não ser um meteorologista, venho acompanhando as simulações dos modelos numéricos de previsão de tempo. Dois deles apontam para um mesmo cenário. Um intenso sistema de baixa pressão deve se formar na manhã de sábado na costa do Rio de Janeiro e evoluir para um explosivo ciclone. Em seguida deve seguir para sudoeste, passando muito juntamente a costa catarinense entre domingo e segunda-feira, com pressão atmosférica central de 994 hPa (Hectopascal). Observe as imagens abaixo, do modelo ETA do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, mostrando a pressão atmosférica ao nível médio do mar no domingo a tarde e na segunda imagem para segunda-feira pela manhã.
Observe que na segunda-feira o centro do ciclone toca no sul catarinense. Como as águas do oceano Atlântico sul estão mais quentes que o normal e há um bloqueio atmosférico na Argentina, que impede os avanço de sistemas frontais, esse ciclone deve ser de natureza subtropical (núcleo quente). A Epagri-Ciram, órgão meteorológico de SC, já emitiu um alerta em seu site, sobre chuvas em torno e acima de 100 milímetros e vento de 100Km/h na costa catarinense entre domingo e segunda-feira (clique e veja no site do Ciram). Agora só nos resta esperar as próximas rodadas de previsões e não deixar de alertar a todos quando possível. Mais informações em breve aqui no blog Paulo Tempo.
DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, CPTEC/INPE,
