Seja bem-vindo. Hoje é

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

INVERNO ASTRONÔMICO SE DESPEDE COM TEMPESTADES E VENTOS FORTES EM SC

O inverno astronômico se despede hoje com a presença de um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) entre o RS e SC, associado ao Jato de Baixos Níveis, que pode ser visto na figura a seguir, onde as areas mais avermelhadas representam onde o vento está mais forte, isso a 1500 metros de altitude:

Por isso, houve novas formações de sistemas convectivos e células de tempestade intensas em Santa Catarina. Como é comum nessa época, essas tempestades costumam acontecer durante a noite, madrugada e início da manhã. Por isso, pela madrugada desta quarta-feira, houve chuva forte acompanhada de trovoadas em boa parte do sul e extremo oeste catarinense. Por volta das 4 horas da manhã um intenso temporal despejou sobre Urussanga 41,7 milímetros de chuva em poucas horas de duração. Sobre o oeste e meio-oeste a chuva não era tão intensa, mas as rajadas de vento estavam muito intensas, com registro de incríveis 116km/h em Celso Ramos e 72,3km/h em Xanxerê. Logo depois as áreas com nuvens de maior desenvolvimento vertical cresceram mais e se aproximaram da Grande Florianópolis, como mostra a imagem de satélite abaixo:


Os topos frios das nuvens Cumulunimbos (nuvens de tempestade) estavam com temperatura de até -70ºC, o que indicava tempo severo. Haviam muitas descargas elétricas acompanhadas, as quais deixaram regiões sem energia alétrica. Na imagem de detecção de raios abaixo, é evidenciado as descargas na região, principalmente no horário compreendido entre 6:30 e 7 horas da manhã.

Toda a região teve chuva moderada a forte por algumas horas, pegando inclusive o horário de pico, onde o transito ficou um caos, principalmente na entrada da capital catarinense e nas pontes que ligam o continente a ilha. Segundo a equipe do Jornal Diário Catarinense online, houve vários acidentes na região. Um raio atingiu a rede telefônica da defesa civil no bairro Capoeiras em Florianópolis, dificultando a comunicação com moradores que tinham problema com a chuva. Ao todo, foram acumulados 35,6mm de precipitação na estação meteorológica do CIRAM localizada no bairro Itacorubi. Na estação PAULO TEMPO em Capoeiras, choveu 42,5mm. Em São José, 39,2mm. Nas fotos abaixo, capturadas da transmissão do telejornal Jornal do Almoço da RBSTV, podemos ver o caos que estava a cidade logo ao amanhecer desta quarta-feira.

Bom mas por que as nuvens cresceram mais no leste? A resposta está lá no alto da atmosfera. Pois sem muito calor, o que funciona para elevar o ar e formar nuvens são sistemas mais dinâmicos, além do ingresso de ar quente a 1500 metros, proveniente da Amazônia. Na figura abaixo, podemos ver uma mancha vermelha sobre a região da Grande Florianópolis.
Essa mancha representa a área onde os ventos estão se desencontrando lá no alto da atmosfera. Ou seja, está saindo ar de um centro, o qual localiza-se sobre altos níveis acima da Grande Florianópolis. Isso acaba fazendo com o ar aqui de baixo suba, gerando uma pequena área de baixa pressão atmosférica sobre a região em superfície. Nos gráficos abaixo, percebemos no primeiro a queda de pressão atmosférica pela manhã, chegando a 1010,6 hPa, com desconto devido a maré barométrica (variação normal da pressão em 4 períodos do dia). No segundo gráfico, percebemos em seguida uma rajada mais intensa de vento em virtude da pressão menor do ar.

Na figura com ventos abaixo, podemos notar que eles começam a se encontrar aqui nos baixos níveis da troposfera, justamente na região onde a pressão decaiu devido a divergência lá do alto. Esses ventos posteriormente também sobem e continuam o ciclo até a dissipação da célula de tempestade. Veja:

Na imagem abaixo, podemos ter uma visão tridimensional da circulação sobre a região da Grande Florianópolis e parte do Sul. Perceba a subida do ar até as camadas superiores da troposfera, onde aparece aquela mancha vermelha, indicando a divergência dos ventos lá encima.


De uma maneira geral, as regiões catarinenses onde mais choveu foi parte do oeste, do meio-oeste, no Planalto Sul, Sul e Grande Florianópolis. Durante a noite a instabilidade avançou novamente para o oeste-meio-oeste vinda do RS. No norte do estado, houve ocorrência de granizo miúdo, segundo informações dos observadores Matheus Henrique Borger e David de Andrade. Acompanhe mais detalhes dos valores de chuva em 24 horas na tabela abaixo.

Cidade/EstaçãoChuva 24h (mm)
São Joaquim (CIRAM)79,8
Lages (INMET)57,8
São José (INMET)39,2
Florianópolis (CIRAM)35,6
Campos Novos (CIRAM)28,3
Indaial (INMET)22,3
Urussanga (INMET)19,5
Blumenau (CIRAM)17,3

Segue a condição de chuva e tempestades isoladas em SC. Mais informações em breve.

DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, CPTEC/INPE, MARINHA DO BRASIL, DIÁRIO CATARINENSE

Obs: Os mapas da postagem são de geração própria.

Nenhum comentário: