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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

ANÁLISE DO MÊS DE OUTUBRO-2010 EM SANTA CATARINA

Na figura acima podemos ver a anomalia média de temperatura superficial do mar durante o mês de Outubro. A área circulada representa o fenômeno La Niña, que é o resfriamento anormal do oceano Pacífico Equatorial e costa do Equador e Peru. As cores em azul nessa área circulada mostram que o fenômeno está com intensidade forte, pois a temperatura do oceano nessa região está até 3ºC abaixo da normal climatológica.

A presença do fenômeno La Niña provoca uma alteração na circulação dos ventos sobre o planeta. Como as águas quentes vão se acumular na costa da Oceania (áreas vermelhas na figura anterior) e as águas frias estão na região equatorial e costa nordeste da América do Sul, há uma mudança na posição das células de circulação de massas de ar. Sobre o norte e nordeste do Brasil, tem-se maior ascenção do ar e com isso mais chuvas que o normal. Já no Sul do Brasil, temos predominância de correntes de ar descendentes, ou seja, que descem de camadas superiores para superfície. Com isso a chuva fica menos frequente, salvo os temporais que acontecem devido ao encontro do ar amazônico com as massas de ar frio remanescentes do inverno astronômico.

No mês de Outubro deste ano, as chuvas novamente ficaram entre normal e abaixo da normal climatológica em Santa Catarina. A diferença foi que em setembro a anomalia negativa (onde choveu abaixo da média) de precipitação ficou apenas no norte do estado, ao passo que em Outubro ela também foi registrada no sul catarinense. Em Urussanga por exemplo, choveu 84,7mm durante todo o mẽs de Outubro, quando o normal é chover 130mm. Essa anomalia pode ser notada mais claramente no mapa abaixo, mediante as cores avermelhadas.
Nas demais áreas os totais de chuva acima dos 200mm, o que está dentro da média, se deram na forma de temporais localizados, associados as comuns formações de sistemas convectivos. Um exemplo é São Miguel do Oeste, onde houve acumulado diário de 88,8mm no dia 15, ou seja, um pouco mais que um terço do que choveu no mês inteiro naquele município. Acompanhe na tabela a seguir, alguns valores totais de chuva em Outubro em Santa Catarina, nas estações do CIRAM ( Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) e INMET (Instituto Nacional de Meteorologia).

Cidade (ESTAÇÃO)Chuva Total (mm) de Outubro-2010
Rio Negrinho (INMET)235,0
São Miguel do Oeste (INMET)225,6
Ponte Serrada (INMET)214,4
Major Vieira (INMET)212,1
Matos Costa (CIRAM)202,0
Rio do Campos (INMET)200,0
Joinville (CIRAM)189,6
Ituporanga (INMET)180,5
Videira (INMET)178,6
Itapiranga (CIRAM)176,7
Indaial (INMET)166,9
Chapecó (CIRAM)157,7
Campos Novos (INMET)155,8
São Joaquim (CIRAM)153,8
Blumenau (CIRAM)147,5
Caçador (INMET)143,5
Campo Erê (CIRAM)139,1
São José (INMET)134,0
Florianópolis  (CIRAM)122,5
Itajaí (INMET)121,9
Urussanga (INMET)84,7
Lages (INMET)69,0

Como foi mencionado anteriormente, o La Niña provoca maior frequência de massas de ar frio tardias, trazendo fortes quedas de temperatura. Foi exatamente o que se observou durante as noites e manhãs de Outubro. Já no início do mês, mais particulamente no feriado do Dia das Crianças, o município de Urupema na Serra catarinense registrou temperatura mínima de -4,7ºC. Um valor digno de meses como junho e julho. De acordo com Ronaldo Coutinho da Climaterra, Outubro deste ano em São Joaquim foi o terceiro mais frio desde 1963 e o quinto mais frio na série história que vai de 1955 até 2010. Em Urussanga, não se tinha um Outubro tão ameno desde 1982. Aliado ao frio, tivemos as geadas também tardias, as quais atrapalharam a agricultura prejudicando as culturas de estação quente. 

Apesar de também ter aumentado a frequência de dias quentes, as temperaturas máximas ficaram abaixo do normal no planalto e sul do estado, ficando dentro da média climatológica no restante do território catarinense, como vê-se no próximo mapa.
Assim como agosto e setembro, Outubro também foi marcado pelos ciclones extratropicais, os quais são mais comuns nesta época. No dia 08, por exemplo, um ciclone se formou entre o litoral norte gaúcho e litoral sul catarinense, provocando rajadas de vento de 89,2km/h em Laguna, 72,3km/h em Siderópolis, 68,4km/h em Araranguá, 64,2km/h em São Francisco do Sul, 61,9km/h em Itajaí e 52,5km/h em São José.

A previsão, segundo o CIRAM, é que novembro e dezembro sejam de chuva abaixo da média climatológica em  Santa Catarina, com períodos mais prolongados de dias com sol. Novembro ainda pode registrar temperaturas baixas para essa época, com geadas tardias.

DADOS: EPAGRI-CIRAM, INMET, CPTEC/INPE, CLIMATERRA

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