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terça-feira, 9 de novembro de 2010

DOS 40ºC PARA OS VENDAVAIS E GRANIZO

Criciúma-SC
O forte calor que foi sentido e medido nesta terça-feira, já era um prenúncio da chegada de uma frente fria, sendo chamado na meteorologia de aquecimento pré-frontal. Ele ocorre quando massa de ar frio provoca a ascenção do ar quente em sua dianteira, criando uma área com baixa pressão atmosférica, para onde vão os ventos quentes que se originam no norte do país. Como o ar quente fica acumulado nessa área, as temperaturas se elevam bastante, como foi o caso hoje de Criciúma onde fez 40,4ºC na estação meteorológica do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina). Em todo o sul do estado, as máximas variaram entre 36 e 40ºC. Na tabela a seguir você confere os valores nessa região e também nas outras localidades do território catarinense.

Cidade (ESTAÇÃO)Temperatura máxima (ºC)
Criciúma (CIRAM)40,4
Urussanga (INMET)38,3
Turvo (CIRAM)38,2
Jacinto Machado (CIRAM)37,8
Meleiro (CIRAM)37,1
Indaial (CIRAM)32,6
Abdon Batista (CIRAM)32,3
Massaranduba (CIRAM)31,7
Concórdia (CIRAM)31,7
Florianópolis (CIRAM)30,8
Itajaí (CIRAM)30,4

A frente fria se deslocou muito rápido pelo Sul do Brasil. Para se ter uma idéia, a nebulosidade associada a ela estava no sul do RS as 10 horas da manhã. Porém por volta das 14h, o sistema já estava entre o oeste catarinense e leste gaúcho. Pela animação de imagens de satélite capturadas a cada 1 hora, é possível ter uma noção do rápido deslocamento.


No entanto, no oeste de Santa Catarina, as chuvas iniciaram-se no final da manhã devido a uma célula convectiva formada na dianteira da frente fria, como mostra a imagem de satélite abaixo.


No início da tarde, ventos fortes de 82,9km/h atingiram Chapecó no oeste, provocando queda de árvores e destalhamento em 25 residências segundo o corpo de bombeiros (foto abaixo).


Houve também registro de destelhamentos em Pinhalzinho e São Miguel do Oeste onde a rajada de vento alcançou 74,1km/h. De acordo com o jornal Diário Catarinense, ocorreu queda de granizo em São Lourenço do Oeste. Também os acumulados de chuva foram significativos na região oeste, com 43,2mm em Dionísio Cerqueira e 23,4mm em Chapecó.


No meio-oeste, um torre de telefonia caiu sobre uma escola devido o vento forte em Piratuba (foto acima). Como não há medição de vento lá, podemos pegar os dados da estação do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) em Campos Novos que fica próximo e registrou 80,7km/h. Também em função dos vendavais, uma árvore caiu sobre a pista da SC-135 em Machadinho e galhos de árvores interromperam o fornecimento de energia elétrica no município de Ipira. O maior acumulado de chuva na região foi de 22,1mm em Água Doce, seguido de Caçador com 18,0mm.

Na Serra catarinense, a estação meteorológica do CIRAM em Campo Belo do Sul registrou rajadas de vento de 103km/h. Em São Joaquim e interior de Urubici houve queda de granizo isolado, segundo Ronaldo Coutinho da Climaterra. De maneira geral, choveu pouco no Planalto Sul.

Situação semelhante foi verificada hoje sobre o sul catarinense onde a chuva não foi a grande protagonista. Em Orleans, segundo informações do colaborador do blog Paulo Tempo José Luiz Mattei, a chuva esporádica e irregular veio com vento forte de sul. Em Siderópolis, a estação do CIRAM mediu uma rajada de 113km/h por volta das 5 horas da tarde. No sul de Criciúma houve queda de granizo isolado, sendo que o vento de 71,6km/h causou a queda de cinco postes na Rua Jorge Lacerda e destelhamento parcial de uma creche no bairro Verdinho, como é visto na foto abaixo.


No município de Araranguá no litoral sul, as rajadas de vento chegaram a 95,4km/h. Próximo dali, houve estragos no Balneário Arroio Silva, com destelhamento de casas e o desabamento do telhado de um supermercado, segundo o portal Engeplus.

Na Grande Florianópolis, o observador do blog Paulo Tempo Luan registrou um temporal na Enseada de Brito em Palhoça. O fenômeno foi tão isolado, que na própria capital e até São José não tiveram chuva expressiva. No Litoral Norte e Planalto Norte, tanto a chuva como os ventos foram consideráveis, porém sem registro de danos. Por volta das 8 horas da noite, o temporal chegou a Itapoá com rajadas de vento de 69,4km/h, acumulando 20,4mm em poucos minutos. Em Rio Negrinho, o vento máximo alcançou os 89,6km/h. Na imagem de satélite abaixo, percemos que uma parte intensa da frente fria atravessou o norte catarinense, daí a chuva e vento forte por lá.


Analisando os indices de instabilidade atmosférica, ou seja, valores numéricos representativos do grau de instabilidade da atmosfera, pode-se concluir que estavam bastante significativos. Na figura abaixo, do modelo numérico MBAR, temos o índice K (contorno) e Showalter (colorido).


Perceba na área quadrada ilustrada sobre o oeste, que as linhas do índice K com valor de 40, fazem intersecção com os valores de de Showalter muitos negativos. Isso explica o granizo ocorrido em São Lourenço do Oeste e áreas próximas, pois essa situação vista na figura indica que havia alta concentração de umidade na atmosfera e grande liberdade das parcelas de ar para subir e formar nuvens. O índice K alto indica que havia um ar muito quente em superfície e um ar muito frio a 3000 metros de altitude, o que colaborou para o congelamento continuo das góticulas de água e a queda de granizo. A mesma situação foi verficada sobre parte do Planalto Sul e Sul do estado, onde também ocorreu o granizo. Veja na próxima figura.


Agora em diante é a vez do ar frio polar entrar com tudo em solo catarinense. Durante essa quarta-feira, a previsão é que o vento continua intenso de sul com rajadas de até 70km/h, provocando mar bastante agitado. O vento deve trazer o ar bastante frio para essa época do ano, declinando as temperaturas para valores negativos na serra catarinense na manhã de quinta-feira. A geada deve estar presente, atrapalhando as culturas de estação quente.

DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, CPTEC/INPE, CLIMATERRA, METSUL, ENGEPLUS, DIÁRIO CATARINENSE.

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