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domingo, 5 de dezembro de 2010

QUASE UM MÊS EM CINCO DIAS!


Os últimos dias foram novamente de atuação do jato de baixos níveis (setas vermelhas na figura acima), que é um vento a 1500 metros de altitude e que transporta grande quantidade de ar quente e úmido para o território catarinense. Esse transporte era garantido pela pressão baixa sobre o Sul do Brasil, a qual havia sido estimulada pelo jato subtropical (setas pretas na figura), que também são ventos fortes, mas a uma altitude superior a 10km.

Essa configuração dos sistemas, acabou formando nuvens de desenvolvimento vertical associadas a temporais isolados em território catarinense. Em Caçador no meio-oeste, por exemplo, a chuva na tarde de quinta-feira durou 15 minutos e acumulou 6,3mm, porém devido a um córrego, cem casas tiveram problemas com alagamentos, além de deslizamentos por conta do solo encharcado. Também no meio-oeste, houve prejuízo com queda de granizo e duas pessoas morreram ao serem atingidas por raios. Nas demais áreas da região, os acumulados de precipitação foram altos, como em Xanxerê onde em menos de duas horas choveu 32,8mm.

Ainda na quinta-feira, só que pela manhã, a chuva intensa provocou alagamentos em Balneário Camboriu. Como lá não há estação meteorológica, pegamos a de Itajaí que fica próximo e obteve 19,8mm durante o temporal. Em Araquari, perto de Joinville, um raio causou incêndio de uma casa em função de um curto-circuito. Em São José na Grande Florianópolis, no mesmo horário cairam 11mm de chuva, causando alguns transtornos. No Alto Vale, o município de Rio do Sul teve acumulado pluviométrico de 27,3mm, o que causou alagamentos, como mostra a foto abaixo. 


Na sexta-feira a mesma combinação, associada agora a entrada de um ar muito frio na média troposfera, formou um Complexo Convectivo de Mesoescala (CCM). Esse sistema é um aglomerado de nuvens do tipo Cumulunimbos, que se unem e adotam um formato circular na imagem de satélite, como é visto abaixo.


Perceba que a cor rosa na imagem atinge o oeste e meio-oeste catarinense, o que representa que as nuvens nessa área estavam com topos frios de -80ºC, estando estes topos numa altitude de 15km. Em Chapecó, o temporal associado ao CCM, despejou 27,6mm no pluviômetro da estação meteorológica do CIRAM, com ventos de até 60km/h. No município de Piratuba, choveu 20mm. É comum também chover muito em regiões localizadas durante a atuação dos CCM's. Por exemplo, enquanto Chapecó teve 27,6mm, São Miguel do Oeste que fica na mesma região não teve mais que 1mm! Além da chuva houve relato de granizo isolado.

Pela análise dos índices de instabilidade (valores numéricos que denotam o grau de instabilidade atmosférica) K e Cape, percebemos que o primeiro estava com 40 sobre o oeste e meio-oeste de SC, significando que havia bastante umidade e variação vertical de temperatura na troposfera (ar quente embaixo e ar frio encima). O índice Cape apresentava valor superior a 2000, o que indica grande energia potencial disponível para o levantamento do ar.


No sábado, os temporais se concentraram novamente do oeste ao norte do estado. Em José Boiteux, por exemplo, o acumulado total foi de 72mm, porém em menos de 1 hora já havia chovido 27,4mm! No interior de Joinville, a estação localizada no bairro Quiriri obteve 39,4mm de precipitação.

Durante esses primeiros 5 dias de dezembro, já tivemos mais de 100 milímetros de chuva acumulados em boa parte de Santa Catarina, sendo que o total esperado para o mês de dezembro no estado fica entre 130 e 170mm, segundo a média climatológica. Tais valores estiveram associados principalmente a pancadas de chuva e não chuva constante. No mapa abaixo pode-se ver que entre o dia primeiro e hoje (domingo), já tivemos máximos de 200mm acumulados no oeste, sendo 30% a mais que a média climatológica. Nas outras áreas houve picos de 100mm, como no Vale do Itajaí.

No Vale do Itajaí e Litoral Norte, a preocupação é com o solo que já está encharcado e os rios que estão em elevação. Já houve alagamentos e deslizamentos de terra nessa área durante a semana. A defesa civil está em alerta e retirando quem está em áreas consideradas de risco. 

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, O RIOSSULENCE, DIÁRIO CATARINENSE

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