Sinoticamente, novembro de 2010 foi caracterizado por poucos sistemas frontais atravessando o estado de Santa Catarina. Apenas duas frentes frias passaram pelo estado vindas do sul da Argentina, todas no início do mês, nos dias 5 e 9. A segunda frente fria provocou um alto aquecimento pré frontal, com até 40,4ºC em Criciúma antes da virada dos ventos, sendo a maior temperatura do estado. A massa de ar frio em sua retaguarda foi responsável por deixar as temperaturas baixas para essa época do ano, além de formação de geada. Na serra catarinense, as mínimas no dia 10 chegaram a -1,8ºC em Urupema e -0,5ºC em São Joaquim. Na capital catarinense o valor de 11,7ºC foi o menor em novembro desde 1979.
Do dia 11 em diante, o estado passou a ter o predomínio de incursões constantes de umidade e calor da Amazônia pelo Jato de Baixos Níveis (ventos fortes de noroeste a 1500 metros de altitude), o que aliado a áreas de bloqueio atmosférico no sudeste do oceano Atlântico e a própria época do ano, acabaram contribuindo para manter o ar quente e consequentemente as temperaturas máximas dentro e levemente acima da média pelo estado, como mostra a figura a seguir.
Da interação do ar quente e úmido com o Jato Subtropical (ventos fortes a 10km de altitude), diversas áreas alongadas de baixa pressão (cavado) se formaram ou avançaram para o estado durante o mês de novembro de 2010, o que implicou em vários temporais. O granizo foi o grande vilão do mês, com 13 registros oficiais, sendo eles nas cidades: São Lourenço do Oeste, Joaçaba, Palmeira, Alto Bela Vista, Criciúma, Forquilhinha, Campos Novos, São Joaquim, Urubici, Bom Jardim da Serra, Jaborá e São José.
Como os temporais são muito localizados e provocam em muitas vezes mais destruição do que chuva, a precipitação pluviométrica ficou abaixo da média climatológica para novembro. Em Videira no meio oeste, por exemplo, choveu quase 60% a menos que a média. Porém no mapa abaixo, perceba que por outro lado o planalto sul, litoral sul e Alto Vale do Itajai tiveram valores de precipitação mensal acima da média.
No litoral sul e interior de Joinville, os acumulados variaram entre 215 e 280mm, sendo que no fim do mês o município de Timbé do Sul teve 125mm despejados em um único dia devido a interação de um cavado com a umidade marítima que encontrava a encosta da serra geral. Tanto que em Joinville, o bairro Quiriri que fica perto da encosta da serra obteve 278mm nos trinta dias do mês.
Na tabela abaixo, você confere os valores totais de chuva em novembro e a anomalia de precipitação em relação a média climatológica. Algumas cidades não tem dados de anomalia porque a respectiva estação meteorológica não possui tempo suficiente de operação.
Cidade | Precipitação Acumulada (mm) Nov/2010 | Anomalia de precipitação (%) Nov/2010 |
Joinville | 278,0 | S/D |
Urussanga | 217,9 | +62,4% |
Matos Costa | 215,6 | S/D |
Ituporanga | 208,9 | +53,4% |
Lages | 207,8 | +51,5% |
São Joaquim | 180,2 | +19,7% |
Rio do Campo | 170,4 | S/D |
São José | 156,3 | +7,5% |
Rio Negrinho | 155,8 | +9,8% |
Florianópolis | 150,7 | S/D |
Ponte Serrada | 136,1 | -26,5% |
Blumenau | 135,4 | S/D |
Indaial | 122,8 | -4,1% |
Itajaí | 121,5 | -12,0% |
Caçador | 117,6 | -12,9% |
Chapecó | 115,8 | -32,7% |
São Miguel do Oeste | 109,8 | -36,7% |
Major Vieira | 89,2 | -33,7% |
Campos Novos | 82,0 | -47,1% |
Itapiranga | 75 | -47,8% |
Videira | 64,6 | -59,8% |
DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM,