Com 40 anos de experiência em estudos do clima no planeta, o  meteorologista da Universidade Federal de Alagoas Luiz Carlos Molion  apresenta ao mundo o discurso inverso ao apresentado pela maioria dos  climatologistas. Representante dos países da América do Sul na Comissão  de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Molion  assegura que o homem e suas emissões na atmosfera são incapazes de  causar um aquecimento global. Ele também diz que há manipulação dos  dados da temperatura terrestre e garante: a Terra vai esfriar nos  próximos 22 anos.
O meteorologista defende que a discussão deixou de ser científica para  se tornar política e econômica, e que as potências mundiais estariam  preocupadas em frear a evolução dos países em desenvolvimento.
UOL: Enquanto todos os países discutem formas de reduzir a  emissão de gases na atmosfera para conter o aquecimento global, o senhor  afirma que a Terra está esfriando. Por quê?
Luiz Carlos Molion: Essas variações não são cíclicas, mas são  repetitivas. O certo é que quem comanda o clima global não é o CO2. Pelo  contrário! Ele é uma resposta. Isso já foi mostrado por vários  experimentos. Se não é o CO2, o que controla o clima? O sol, que é a  fonte principal de energia para todo sistema climático. E há um período  de 90 anos, aproximadamente, em que ele passa de atividade máxima para  mínima. Registros de atividade solar, da época de Galileu, mostram que,  por exemplo, o sol esteve em baixa atividade em 1820, no final do século  19 e no inicio do século 20. Agora o sol deve repetir esse pico,  passando os próximos 22, 24 anos, com baixa atividade.
UOL: Isso vai diminuir a temperatura da Terra?
Molion: Vai diminuir a radiação que chega e isso vai contribuir para  diminuir a temperatura global. Mas tem outro fator interno que vai  reduzir o clima global: os oceanos e a grande quantidade de calor  armazenada neles. Hoje em dia, existem boias que têm a capacidade de  mergulhar até 2.000 metros de profundidade e se deslocar com as  correntes. Elas vão registrando temperatura, salinidade, e fazem uma  amostragem. Essas boias indicam que os oceanos estão perdendo calor.  Como eles constituem 71% da superfície terrestre, claro que têm um papel  importante no clima da Terra. O [oceano] Pacífico representa 35% da  superfície, e ele tem dado mostras de que está se resfriando desde 1999,  2000. Da última vez que ele ficou frio na região tropical foi entre  1947 e 1976. Portanto, permaneceu 30 anos resfriado.
UOL: Esse resfriamento vai se repetir, então, nos próximos anos?
Molion: Naquela época houve redução de temperatura, e houve a  coincidência da segunda Guerra Mundial, quando a globalização começou  pra valer. Para produzir, os países tinham que consumir mais petróleo e  carvão, e as emissões de carbono se intensificaram. Mas durante 30 anos  houve resfriamento e se falava até em uma nova era glacial. Depois, por  coincidência, na metade de 1976 o oceano ficou quente e houve um  aquecimento da temperatura global. Surgiram então umas pessoas - algumas  das que falavam da nova era glacial - que disseram que estava ocorrendo  um aquecimento e que o homem era responsável por isso.
UOL: O senhor diz que o Pacífico esfriou, mas as temperaturas  médias Terra estão maiores, segundo a maioria dos estudos apresentados.
Molion: Depende de como se mede.
UOL: Mede-se errado hoje?
Molion: Não é um problema de medir, em si, mas as estações estão  sendo utilizadas, infelizmente, com um viés de que há aquecimento.
UOL: O senhor está afirmando que há direcionamento?
Molion: Há. Há umas seis semanas, hackers entraram nos computadores  da East Anglia, na Inglaterra, que é um braço direto do IPCC [Painel  Intergovernamental sobre Mudança Climática], e eles baixaram mais de mil  e-mails. Alguns deles são comprometedores. Manipularam uma série para  que, ao invés de mostrar um resfriamento, mostrassem um aquecimento.
UOL: Então o senhor garante existir uma manipulação?
Molion: Se você não quiser usar um termo tão forte, digamos que eles  são ajustados para mostrar um aquecimento, que não é verdadeiro.
UOL: Se há tantos dados técnicos, por que essa discussão de  aquecimento global? Os governos têm conhecimento disso ou eles também  são enganados?
Molion: Essa é a grande dúvida. Na verdade, o aquecimento não é mais  um assunto científico, embora alguns cientistas se engajem nisso. Ele  passou a ser uma plataforma política e econômica. Da maneira como vejo,  reduzir as emissões é reduzir a geração da energia elétrica, que é a  base do desenvolvimento em qualquer lugar do mundo. Como existem países  que têm a sua matriz calcada nos combustíveis fósseis, não há como  diminuir a geração de energia elétrica sem reduzir a produção.
UOL: Isso traria um reflexo maior aos países ricos ou pobres?
Molion: O efeito maior seria aos países em desenvolvimento,  certamente. Os desenvolvidos já têm uma estabilidade e podem reduzir  marginalmente, por exemplo, melhorando o consumo dos aparelhos  elétricos. Mas o aumento populacional vai exigir maior consumo. Se minha  visão estiver correta, os paises fora dos trópicos vão sofrer um  resfriamento global. E vão ter que consumir mais energia para não morrer  de frio. E isso atinge todos os países desenvolvidos.
UOL: O senhor, então, contesta qualquer influência do homem na mudança de temperatura da Terra?
Molion: Os fluxos naturais dos oceanos, polos, vulcões e vegetação  somam 200 bilhões de emissões por ano. A incerteza que temos desse  número é de 40 bilhões para cima ou para baixo. O homem coloca apenas 6  bilhões, portanto a emissões humanas representam 3%. Se nessa  conferência conseguirem reduzir a emissão pela metade, o que são 3  bilhões de toneladas em meio a 200 bilhões?Não vai mudar absolutamente  nada no clima.
UOL: O senhor defende, então, que o Brasil não deveria assinar esse novo protocolo?
Molion: Dos quatro do bloco do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o  Brasil é o único que aceita as coisas, que “abana o rabo” para essas  questões. A Rússia não está nem aí, a China vai assinar por aparência.  No Brasil, a maior parte das nossas emissões vem da queimadas, que  significa a destruição das florestas. Tomara que nessa conferência saia  alguma coisa boa para reduzir a destruição das florestas.
UOL: Mas a redução de emissões não traria nenhum benefício à humanidade?
Molion: A mídia coloca o CO2 como vilão, como um poluente, e não é.  Ele é o gás da vida. Está provado que quando você dobra o CO2, a  produção das plantas aumenta. Eu concordo que combustíveis fósseis sejam  poluentes. Mas não por conta do CO2, e sim por causa dos outros  constituintes, como o enxofre, por exemplo. Quando liberado, ele se  combina com a umidade do ar e se transforma em gotícula de ácido  sulfúrico e as pessoas inalam isso. Aí vêm os problemas pulmonares.
UOL: Se não há mecanismos capazes de medir a temperatura média da Terra, como o senhor prova que a temperatura está baixando?
Molion: A gente vê o resfriamento com invernos mais frios, geadas  mais fortes, tardias e antecipadas. Veja o que aconteceu este ano no  Canadá. Eles plantaram em abril, como sempre, e em 10 de junho houve uma  geada severa que matou tudo e eles tiveram que replantar. Mas era fim  da primavera, inicio de verão, e deveria ser quente. O Brasil sofre a  mesma coisa. Em 1947, última vez que passamos por uma situação dessas, a  frequência de geadas foi tão grande que acabou com a plantação de café  no Paraná.
UOL: E quanto ao derretimento das geleiras?
Molion: Essa afirmação é fantasiosa. Na realidade, o que derrete é o gelo flutuante. E ele não aumenta o nível do mar.
UOL: Mas o mar não está avançando?
Molion: Não está. Há uma foto feita por desbravadores da Austrália em  1841 de uma marca onde estava o nível do mar, e hoje ela está no mesmo  nível. Existem os lugares onde o mar avança e outros onde ele retrocede,  mas não tem relação com a temperatura global.
UOL: O senhor viu algum avanço com o Protoclo de  Kyoto?
Molion: Nenhum. Entre 2002 e 2008, se propunham a reduzir em 5,2% as  emissões e até agora as emissões continuam aumentando. Na Europa não  houve redução nenhuma. Virou discursos de políticos que querem ser  amigos do ambiente e ao mesmo tempo fazer crer que países  subdesenvolvidos ou emergentes vão contribuir com um aquecimento.  Considero como uma atitude neocolonialista.
UOL: O que a convenção de Copenhague poderia discutir de útil para o meio ambiente?
Molion: Certamente não seriam as emissões. Carbono não controla o  clima. O que poderia ser discutido seria: melhorar as condições de  prever os eventos, como grandes tempestades, furacões, secas; e buscar  produzir adaptações do ser humano a isso, como produções de plantas que  se adaptassem ao sertão nordestino, como menor necessidade de água. E  com isso, reduzir as desigualdades sociais do mundo.
UOL: O senhor se sente uma voz solitária nesse discurso contra o aquecimento global?
Molion: Aqui no Brasil há algumas, e é crescente o número de pessoas  contra o aquecimento global. O que posso dizer é que sou pioneiro. Um  problema é que quem não é a favor do aquecimento global sofre  retaliações, têm seus projetos reprovados e seus artigos não são aceitos  para publicação. E eles [governos] estão prejudicando a Nação, a  sociedade, e não a minha pessoa.
  FONTE: UOL
