O início desta semana foi com uma mudança no padrão de tempo, em relação aos dias anteriores até o último domingo. Na segunda-feira pela manhã, uma frente fria passou pelo litoral, trazendo vento do quadrante sul, aumento de nebulosidade e chuvas. O sistema além disso, provocou uma diminuição das temperaturas, reduzindo o forte calor que ultrapassava os 30ºC nos dias anteriores. Na região serrana, a mínima caiu para 9,9ºC no Morro da Igreja e 13,2ºC em São Joaquim. A máxima mais alta do estado na terça-feira se deu no oeste, com 30ºC em Caibi. No leste não passou muito dos 28ºC.
Na noite de terça-feira a frente fria já estava no litoral no Paraná e São Paulo, tendo ramo estacionário no continente, como mostra a figura abaixo, que é uma carta meteorológica da Marinha brasileira.
Entretanto, na madrugada de quarta-feira outro sistema passou a atuar. Se trata de um Vórtice Ciclônico, que é um sistema de baixa pressão em altitude, neste caso a 5000 metros. Na figura abaixo, é possível identificar dele entre RS e Uruguai, representado pela sigla VC.
Como o centro do VC possui ar descendo para superfície, a nebulosidade se forma em sua borda leste/nordeste, onde o ar é forçado a se elevar. Esse ar subindo causou uma queda na pressão atmosférica, que por sua vez influenciou no ingresso de ar úmido da Amazônia para o estado catarinense. Aliado a isso, um ciclone extratropical em alto mar trazia umidade marítima também para o litoral. Como resultado dessa configuração, a quarta-feira foi de muitas e poucos períodos de sol, especialmente no leste. Pela manhã, as nuvens ganharam alto desenvolvimento vertical, causando temporais em Sombrio e Jaguaruna, sul catarinense, com queda de granizo (foto abaixo). Segundo o portal Engeplus, um morador observou um tornado na região.
No final da tarde, foi a vez de a grande Florianópolis receber uma intensa linha de instabilidade. Pelas imagens do radar localizado no Morro da Igreja e que detecta o centro-leste catarinense, podemos notar que as chuvas atingiam desde Alfredo Wagner até o sul da ilha de Florianópolis.
Em Santo Amaro da Imperatriz, por exemplo, a chuva começou as 17h:30 e acumulou 13,7 em poucos minutos. No sul de Florianópolis, a chuva chegou com força no mesmo horário, mas sem vento. Pela foto abaixo, pode-se notar a precipitação ao horizonte na praia da Armação.
Mediante a próxima imagem de radar, percebe-se que a linha de instabilidade estava já entre Antônio Carlos e leste da capital.
A parte central de Florianópolis teve chuva forte, acumulando 38,6mm na estação do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) no bairro Itacorubi. Junto com a chuva, ocorreram rajadas de vento, as quais alcançaram 65,9km/h. Essas rajadas provocaram alguns estragos, como destelhamentos no Morro do Quilombo, danos num semáforo na avenida Mauro Ramos e a queda de uma árvore no bairro Trindade. O vídeo a seguir, feito por uma morador e publicado no site youtube, mostra bem a força do vento.
Já na área continental, não houve ventos fortes, mas choveu bastante. No bairro Capoeiras, por exemplo, o pluviômetro de uma estação particular acusou 15mm em poucos minutos. Em São José, município vizinho a capital, a estação do INMET registrou 14,8mm de chuva.
Por volta das 18h:30, a linha de instabilidade já estava mais ao norte, com chuva mais expressiva no norte da ilha de Florianópolis e oceano Atlântico (figura abaixo).
No Alto Vale do Itajaí, outra célula convectiva formada pelo Vórtice Ciclônico, causou a formação de nuvens com desenvolvimento vertical. No Município de Rio do Oeste choveu 17mm. Já em Aurora, a precipitação somou 10mm. Pela imagem de radar percebemos a chuva sobre a região.
DADOS: INMET, EPAGRI-CIRAM, CPTEC/INPE, MARINHA DO BRASIL, ENGEPLUS, DIÁRIO CATARINENSE.
