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sábado, 29 de janeiro de 2011

DA INSUFICIÊNCIA AO EXCESSO DE CHUVA

A primavera e o final do ano de 2010 foram marcados pela chuva abaixo do normal no sul do estado de Santa Catarina, motivado pelo fenômeno La Niña, que é o resfriamento anormal das águas superficiais do oceano Pacífico equatorial. Com a presença desse fenômeno, o sul do Brasil apresenta insuficiência de chuvas. No oeste e meio-oeste, as tempestades da primavera, associdas com Complexos Convectivos de Mesoescala, acabaram "mascarando" os efeitos do La Niña. No entanto se pensarmos a fundo, é possível notar irregularidade na distribuição espacial dessas chuvas, o que mostra não ser um fator bom.

Durante todo o mês de Outubro de 2010, as chuvas ficaram muito abaixo da média climatológica no sul do estado. Em Urussanga, por exemplo, o mês teve um total de 84,7mm quando o normal era 150mm. Em Turvo, o rio Amola Faca chegou a ficar somente no leito cheio de pedra (foto abaixo), o que dificultou o abastecimento de água e a irrigação do arroz.

Rio Amola Faca em Outubro-2010
No entanto com as chuvas da semana passada, Turvo teve acumulados 266mm de precipitação entre os dias 17 até 22. O rio Amola Faca, que outrora estava seco, agora transbordou, deixou pontes submersas e invadiu áreas ribeirinhas, como é visto na foto abaixo.

Rio Amola Faca em Janeiro-2011
A causa para esse súbito aumento na quantidade de chuvas, mesmo com o La Niña atuando, está no Atlântico. Segundo dados da NOAA, a água do oceano Atlântico Sul está mais quente que a média desde o litoral do RJ até parte da costa da Argentina (área entre o laranja e roxo na figura abaixo).
Especificamente no litoral catarinense, a anomalia está entre 1 e 1,5ºC. Isso está sendo causado pelo ciclo lunar de 19 anos, que agora está em seu pico. Assim o nível do mar fica acima da média entre os trópicos, acelerando as corrente marítimas quentes provenientes do equador, que conseguem assim chegar a latitudes mais altas que o comum. A nossa corrente quente é chamada Corrente do Brasil, que em virtude desse ciclo lunar, está mais ao sul. Esse também é o motivo das águas mais quentes que o normal entre a América do Sul e África ao longo da latitude de 40º até 60º. O que mais comprova isso é olhar para as mesmas latitudes no Atlântico Norte e ver a mesma anomalia.

Com oceano Atlântico Sul mais aquecido sobre o litoral catarinense, haverá mais evaporação e consequentemente mais disponibilidade de vapor d'água na atmosfera, o que culmina em chuvas mais abundantes. O mapa abaixo mostra o total de chuva precipitada neste mês de janeiro até o dia 27, com destaque para o sul e litoral norte do estado.



DADOS: CPTEC/INPE, NOAA, METSUL, ENGEPLUS

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