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sábado, 8 de janeiro de 2011

SENSAÇÃO TÉRMICA BEIRA OS 40ºC E CÉLULAS CONVECTIVAS SE FORMAM POR SC

Hoje o forte calor e as tempestades de verão foram novamente os protagonistas em se tratando do tempo no território catarinense. Começando pelas altas temperaturas, essas superaram facilmente os trinta graus na maior parte das regiões, chegando a fazer 35,5ºC em Criciúma e 35,1ºC em Caibi. Na tabela a seguir você confere os maiores valores pelo estado.

Cidade (ESTAÇÃO)Temperatura máxima (ºC)
Criciúma (CIRAM)35,5
Caibi (CIRAM)35,1
Indaial (INMET)34,4
Urussanga (CIRAM)33,8
Concórdia (CIRAM)33,0
Celso Ramos (CIRAM)32,5

Além das altas temperaturas, a combinação desta com a alta umidade, favoreceu mais uma vez o abafamento. Em Criciúma, já pelas 11 horas da manhã fazia 32ºC, mas com a umidade de 64%, a sensação térmica chegou a 38ºC! Neste sábado, o sistema de baixa pressão no oceano não nos influenciou. Entretanto, por outro lado um aumento da divergência dos ventos numa altitude de 10km, mostrada na figura a seguir pela área contornada, onde parte dos ventos vai para norte/nordeste e outra vai para leste/sudeste.

Essa divergência de ventos nos altos níveis da troposfera causou maior levantamento do ar quente e úmido no centro sul catarinense, favorecendo a queda de pressão atmosférica em baixos níveis e consequentemente aumento dos ventos de norte/noroeste, que trazem umidade da floresta amazônia para o estado. Na figura abaixo, que mostra os ventos a 1500 metros de altitude, pode-se perceber esses ventos. 


Esse sistema todo aliado a uma nova injeção de ar frio na média troposfera (5km de altitude), favoreceu o crescimento de fortes células convectivas no fim da tarde, as quais geraram temporais. Na animação de imagens do satélite GOES 12, podemos notar mais um dia com formação rápida de nuvens de trovoadas entre o início e final da tarde.


Perceba que as nuvens no sul catarinense explodiram em convecção, apresentando topos frios de até -70ºC. Isso acabou provocando tempestades com altos acumulados de chuva em pouco tempo. O céu de Criciúma, mostrado na foto abaixo, anunciava as tempestades. 


Criciúma em si teve 10mm. Porém o maior ficou para o município de Meleiro, onde choveu 40,6mm. Chuva forte também em Morro Grande com acumulado de 38mm.

Na serra catarinense, outra célula convectiva provocou temporais. Em Ponte Alta, por exemplo, precipitou 30,2mm. Em Lages, a tempestade que provocou uma chuva acumulada de 22,8mm, foi registrada em fotos pelo colaborador Thiago Paes.


No meio-oeste, novamente Curitibanos teve o maior valor de chuva durante o temporal, com 34,8mm. Além da precipitação, o vento foi forte e alcançou 65,5km/h em uma única rajada. No planalto norte, o município de Canoinhas também registrou chuvas e trovoadas isoladas, acumulando no pluviômetro 36,2mm.

O radar meteorológico do Morro da Igreja detectava nuvens com reflexão de 35 a 40dBZ, (cor amarela) indicando intensidade moderada nas tempestades de Curitibanos e no interior do sul do estado. Veja:


Na Grande Florianópolis, através das primeiras imagens de satélite da animação apresentada anteriormente, percebe-se o desenvolvimento de uma pequena célula de convecção no sudoeste da região, na metade da tarde, que inclusive trouxe chuva de 4,8mm para Anitápolis. Na foto abaixo, tirada por mim na divisa de Florianópolis com São José, é possível ver a chegada da nuvem Cumulunimbo associada a célula.

Havia alguns raios ao horizonte, que podiam ser ouvidos pelos trovões. Apesar da ameaça, não choveu na capital e nem em São José. Porém em Santo Amaro da Imperatriz, interior da região, uma estação meteorológica particular registrou 21mm de chuva. Isso mostra o quanto são isoladas esses temporais de verão. Através de observações, pude perceber que as nuvens convectivas tinham dificuldade em crescer e deslocar-se, inclusive a que estava acima de mim. Isso tem uma explicação. Veja abaixo o que acontece com essa nuvem convectiva do tipo Cumulo Congestus em formação.


Note que ela se inclina para a esquerda. Isso é provocado pela intensa variação vertical de velocidade do ventos em altitudes diferentes, chamado cisalhamento. A seta maior no topo da nuvem indica vento forte, que vai diminuindo de velocidade a medida que se aproxima da superfície (setas mais pequenas). Como a subida do ar dentro da nuvem não é suficiente, esse cisalhamento acaba deformando a parte de cima dela, como mostra a próxima foto.


O domingo deve ser de sol e bastante calor, além da alta sensação térmica. No fim do dia pode haver temporais isolados. Na segunda-feira pela madrugada uma frente fria passa pelo mar, o que deixará o dia mais nublado, mas ainda com calor.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, REDEMET, METSUL, ENGEPLUS

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