O sistema de baixa pressão que na terça-feira passava pelo litoral catarinense foi para o litoral argentino. Porém outra baixa pressão formada ontem ao largo de nosso litoral e que hoje está na altura da costa gaúcha, provoca ventos de noroeste, os quais trazem ar quente e úmido da floresta amazônica para o sul do Brasil. Na figura abaixo, que mostra os ventos a 1500 metros de altitude, podemos notar essa situação, notando a convergência dos ventos para o sistema (letra B). Clique na imagem para ampliar.
Com a presença de bastante calor e alta umidade, os catarinenses enfrentaram muito abafamento, tanto ontem como hoje. Isso se deve a combinação dessas duas variáveis meteorológicas. Por exemplo, em Indaial ao meio-dia de hoje fazia 31,5ºC, mas a sensação térmica era de 35ºC em função da umidade de 58%. Em Criciúma ontem não foi diferente, sendo que no mesmo horário o termômetro registrava 30,4ºC e o higrômetro 80%, resultando numa sensação térmica calculada de 39ºC.
As temperaturas máximas subiram consideravelmente. Ontem Blumenau registrou 35ºC. Hoje Indaial teve 35,2ºC. Em Caibi no oeste, fez 34ºC ontem e 33,7ºC na tarde de hoje. Na maior parte de SC as máximas ficaram acima dos 30ºC.
Na figura a seguir, você tem o mapa com análise dos índices de instabilidade atmosférica Totals (colorido) e K (contorno).
Em volume de chuva, os índices acertaram em cheio. Ontem no fim da tarde várias nuvens Cumulunimbos associadas a células convectivas, provocaram temporais pelo estado. Uma delas despejou 44,2mm de chuva no município de Água Doce, localizado no meio-oeste. Em Joinville no litoral norte, após o calor de 32ºC, a combinação de maré alta com os 27mm de precipitação acumulada, causaram alagamentos, como é visto na foto abaixo.
No dia de hoje a instabilidade foi ainda maior. Veja na animação de imagens de satélite entre as 13h e 18h, que as células convectivas se formam rapidamente pelo território catarinense, principalmente no leste ao fim da tarde.
Novamente Água Doce teve alto acumulado de chuva, com 40,4mm. Ainda no meio-oeste, um temporal formado sobre Curitibanos provocou ventos de 50,7km/h, com chuva acumulada de 57,3mm em pouco tempo. Para se ter uma idéia, esse valor é um terço do esperado para o mês de janeiro inteiro. Em boa parte do estado os valores de chuva variaram bastante, como é comum no verão. No sul do estado o maior valor se deu em Turvo com 32,2mm durante a tempestade. A foto abaixo, retirada do twitter da Metsul, mostra o céu de Criciúma no final da tarde.
Perceba naquela animação das imagens de satélite, que um forte núcleo convectivo ganha bastante força entre a Grande Florianópolis e norte catarinense. Na foto abaixo, tirada por mim em Florianópolis, é possível acompanhar a chegada da chuva logo após as 17h.
Na capital em si não choveu tanto, mas em Biguaçú somou-se 14,6mm. No alto da região, o núcleo ficou mais intenso e despejou 21,4mm no pluviômetro de Anitápolis. Entretanto, o pior ficou para Blumenau, onde em poucos minutos choveu 48,8mm, o que resultou em alagamentos. A foto abaixo, registrada pelo colaborador Jaime Batista da Silva, mostra o caos que ficou a cidade.
Agora pela noite e próxima madrugada a convecção vai diminuindo e as nuvens vão se dissipando. Porém amanhã é um novo recomeço, devido a persistência do sistema de baixa pressão próximo da costa. O calor continua forte, porém já está sinalizando uma leve queda de temperatura no início da próxima semana.
