SÁBADO COM CHUVA PERSISTENTE NO NORDESTE CATARINENSE E REGISTRO DE NUVEM FUNIL NO SUL

Chuva em Barra Velha - SC

Esse segundo sábado de março foi de muita chuva em Santa Catarina, assim como está sendo esse mês. Só para se ter uma idéia, o litoral norte já está com acumulado mensal superior a 200 milímetros! Na estação meteorológica do CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) no bairro Quiriri em Joinville, o acumulado dos últimos três dias já somam 329,3mm, sendo que em todo esse mês o valor ultrapassa os 500mm!

Durante este sábado, a chuva mais intensa e persistente se concentrou no Litoral Norte e Grande Florianópolis, sendo que em Brusque e Massaranduba o acumulado diário alcançou os 101,8mm e 89,2mm, respectivamente.  Na primeira cidade citada, houve alagamentos, como é visto na foto a seguir.

Brusque - SC

Em muitas dessas áreas o sol praticamente nem apareceu hoje. No gráfico a seguir, temos as medições de radiação solar média no município de São Francisco do Sul. Perceba que o valor não ultrapassou os 240 watts por metro quadrado, o que comparado com o dia 10, nos dá uma noção da participação que nebulosidade teve. 

Radiação solar em São Francisco do Sul - SC

 Confira na tabela abaixo, os valores de chuva acumulada no dia de hoje em algumas cidades do estado.

Cidade (ESTAÇÃO	Precipitação sábado (mm)
Brusque (CEOPS)	101,8
Massaranduba (CIRAM)	89,2
Itapoá (CIRAM)	69,2
Joinville (INMET)	62,4
Itajaí (CIRAM)	53,6
Blumenau (CEOPS)	51,3
Florianópolis (CIRAM)	36,1
Jacinto Machado (CIRAM)	29,8
Canoinhas (CIRAM)	25,6
Laguna (CIRAM)	19,8
Lontras (CIRAM)	15,8

No sul do estado, apesar de ter chovido menos, como mostra a própria tabela acima, a junção de ar muito úmido a grandes diferenças de ventos entre altitudes diferentes acabou formando uma nuvem funil, registrada em Forquilhinha. O fenômeno é o começo da formação de um tornado, mas que não chega a tocar o solo, como mostra as duas fotos abaixo.

Forquilhinha - SC

No oeste e em boa parte do meio-oeste, não foi registrado chuva. Observando a imagem de satélite a seguir, nota-se que a nebulosidade mais desenvolvida estava concentrada no leste catarinense, principalmente nas regiões onde realmente mais choveu. 

Isso acontece em virtude de um cavado (área alongada de baixa pressão) nos altos níveis da troposfera ter se deslocado e posicionado seu eixo central sobre o oeste catarinense, o que acaba causando descendência do ar até a superfície e inibição de nuvens mais bem desenvolvidas nessa região, bem como parte do meio-oeste catarinense. Já nas bordas, ou seja, restante do estado, o ar é forçado a subir, levando a umidade marítima junto e formando assim nuvens. A próxima figura nos mostra esse cavado, representado pelos traços pretos.

O segundo fator é a presença de um sistema de baixa pressão na Argentina associado a uma frente fria, que também é vista na imagem de satélite mostrada anteriormente, representada pela linha azul com vários triângulos de mesma cor. Esses dois sistemas acabam atraindo os ventos úmidos da Amazônia por diferença de pressão, não deixando que eles cheguem com mais intensidade no oeste catarinense. 

Por falar em frente fria, esse sistema está acompanhado de uma significativa massa de ar frio. sobre a Argentina. Veja na figura abaixo a diferença de temperatura entre o sul e o norte desse sistema na análise das 9 horas da manhã de hoje.

Para o domingo, a previsão segue indicando chuva no leste do estado por conta do cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) em altitudes superiores. Entre o fim do domingo e segunda-feira, a frente fria que está na Argentina deve passar pelo oceano atingindo o litoral catarinense e contribuindo para manutenção e organização das chuvas. Quanto a massa de ar frio, ela deve chegar mais enfraquecida, contudo, pode provocar temperaturas em torno do 10ºC na madrugada de terça e quarta-feira na serra.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, CEOPS, MARINHA DO BRASIL, TERRA WAVES, ENGEPLUS, TERRA